No evento público que reuniu o maior número de pessoas durante a visita histórica do Papa ao Iraque, cerca de 10 mil participantes, Francisco presidiu a missa no Estádio Franso Hariri, em Erbil. Na homilia, demonstrou como a Igreja no país consegue revelar o poder e a sabedoria de Deus, espalhando a misericórdia junto aos mais necessitados: “este é um dos motivos que me impeliu a vir em peregrinação, ou seja, para agradecer e confirmar na fé e no testemunho”.
Andressa Collet – Vatican News
O último compromisso público do Papa Francisco na sua visita histórica ao Iraque foi a celebração eucarística deste domingo (7) no Estádio Franso Hariri, em Erbil, capital da região autónoma do Curdistão iraquiano e a quarta maior cidade do país, com cerca de 2 milhões de habitantes. A missa presidida pelo Pontífice também foi o momento da viagem apostólica com o maior número de participantes.
Com capacidade para cerca de 28 mil pessoas, o estádio teve lotação limitada a 10 mil por causa da pandemia. Francisco, porém, conseguiu percorrer o espaço com o papa-móvel para saudar os iraquianos que conseguiram marcar presença para rezar junto com o Papa em Erbil, uma das cidades mais antigas do mundo e que acolhe meio milhão de deslocados internos, que fugiram do autoproclamado Estado Islâmico, além dos refugiados sírios.
A tentação do poder e da sabedoria
Na homilia, o Papa Francisco refletiu sobre “o poder e a sabedoria de Deus” revelados por Jesus através da misericórdia e do perdão, e não por “demonstrações de força”, “longos discursos ou exibições de ciência incomparável” que são verdadeiras “armadilhas” para construir “imagens falsas de Deus” para dar segurança. “Na realidade, é o contrário”, disse o Pontífice: o poder e a sabedoria de Deus foram revelados por Cristo dando a sua vida na cruz, oferecendo “ao Pai as feridas pelas quais fomos curados”.
A responsabilidade de purificar Igreja e corações
Ao tratar do Evangelho do dia (Jo 2, 13-25), Francisco lembrou a importância de purificar a Igreja, mas também o coração para que não seja um lugar de “turbulência, desordem e confusão”, livrando-o de “falsidades que o sujam, das simulações da hipocrisia”.
“Mas como purificar o coração?”, questionou o Papa: “sozinhos, não somos capazes; temos necessidade de Jesus”, que tem o poder de “purificar as obras do mal”, curar as doenças e restaurar o templo do nosso coração. Ele nunca nos abandona e chama-nos ao arrependimento e à purificação, “mesmo quando Lhe voltamos as costas”, para “podermos construir uma Igreja e uma sociedade abertas a todos e solícitas pelos irmãos mais necessitados”. Ao mesmo tempo, disse o Pontífice, “revigora-nos para sabermos resistir à tentação de procurar vingança, que nos mergulha numa espiral de retaliações sem fim”.
A sabedoria da cruz da Igreja no Iraque
Com a força de Cristo e do Espírito Santo, então, reforçou Francisco, conseguimos tornar-nos “instrumentos da paz de Deus e da sua misericórdia, artífices pacientes e corajosos de uma nova ordem social”. Comunidades cristãs formadas por pessoas humildes e simples, como acontece na Igreja no Iraque, testemunham que o Evangelho tem o poder de mudar a vida. E é com o poder da Ressureição e os olhos da fé, acrescentou ainda o Papa, que o Senhor promete fazer-nos ressurgir “das ruínas causadas pela injustiça, a divisão e o ódio”, para encontrar “o bálsamo do seu amor misericordioso”.
“A Igreja no Iraque, com a graça de Deus, fez e continua a fazer muito
para proclamar esta sabedoria maravilhosa da cruz, espalhando a
misericórdia e o perdão de Cristo especialmente junto dos mais
necessitados. Mesmo no meio da grande pobreza e tantas dificuldades,
muitos de vós oferecem generosamente ajuda concreta e solidariedade
aos pobres e atribulados. Este é um dos motivos que me impeliu a vir em
peregrinação até junto de vós, ou seja, para agradecer e confirmar na
fé e no testemunho. Hoje, posso ver e tocar com a mão que a Igreja no
Iraque está viva, que Cristo vive e age neste seu povo santo e fiel.”
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