30 novembro 2023

EXALTAÇÃO


 
 
 
 
Comecei o dia como sempre em oração, mas pouco depois uma série de problemas que surgiram levaram-me a um estado de ansiedade, de frustração, quase de irritação.

Rezei, sim rezei, para que a minha confiança estivesse em Deus que nunca me faltou, mas o meu coração, a minha mente, não descansavam e o incómodo, para lhe chamar apenas isso, ia continuando.

Lembrei-me do Advento, e à minha memória veio uma oração em verso escrita há alguns anos atrás.
Procurei-a, encontrei-a, li-a, e fui-me deixando tocar pela certeza de que a espera de Deus é uma espera concretizada, porque Ele já veio e está no meio de nós e em nós.

E algo foi mudando em mim.
A ansiedade acalmou, a frustração desapareceu, a irritação deu lugar à paz e a certeza da presença de Deus na minha vida, foi-se tornando cada vez mais forte e sensível.

E surgiram como sempre aquelas interrogações que eu me faço, ou melhor, que Ele me leva a fazer, tais como: mas Ele nunca te faltou, porque faltaria agora; porque queres tu as coisas resolvidas no teu tempo, quando o tempo d’Ele é com certeza o tempo mais certo; porque confias tanto, ou não confias, no que podes ou queres controlar, em vez de confiar que Ele sabe bem do que precisas e to concede se for o melhor para ti?

E a bonança foi tomando conta de mim.

Depois veio ao meu coração uma canção de Natal e perante uma letra bela, primorosamente cantada, os “glória” nela cantados, foram enchendo o meu coração de paz, de alegria, de vontade de dar glória ao Deus que se fez Homem como nós, que nasceu de uma mulher como nós e se entregou na Cruz para nos salvar.

Então dei por mim a dar graças pelas contrariedades do início do dia que, afinal, foram o motivo para mais uma vez tomar consciência da Sua presença em mim, do Seu amor por mim, e de como a vida só tem sentido vivida por Ele, com Ele e n’Ele.

E então sim, pude cantar em silêncio dentro de mim, alegremente:
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados.



Monte Real, 29 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

29 novembro 2023

Audiência Geral: o Evangelho está vivo hoje para nós

 

Francisco não deixou de estar presente na Audiência Geral desta quarta-feira (29/11). A entrada do Papa na Sala Paulo VI foi aclamada pelos fiéis e peregrinos. No início da catequese o Pontífice saudou os fiéis e passou a palavra ao monsenhor Ciampanelli, que leu o texto preparado para a ocasião.

Realizada na Sala Paulo VI, devido às quedas da temperatura que antecedem o inverno no hemisfério norte, a Audiência Geral desta quarta-feira, 29 de novembro, contou com a presença de inúmeros fiéis e peregrinos que acolheram o Santo Padre com muito afeto durante o seu ingresso para a Audiência Geral.  

O Papa Francisco, que ainda recupera de uma infeção pulmonar, ao saudar os fiéis, afirmou: "ainda não estou bem com esta gripe e a voz não está boa”, e passou a palavra a monsenhor Filippo Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado, que leu o discurso preparado para o ciclo de catequeses sobre a Paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente.

A proclamação é para hoje

“Quase sempre ouvimos coisas más sobre o hoje” - destaca o texto lido por mons. Ciampanelli -   “entre guerras, alterações climáticas, injustiças planetárias e migrações, crise da família e da esperança, não faltam motivos de preocupação. De uma forma geral, o hoje parece habitado por uma cultura que coloca o indivíduo acima de tudo e a tecnologia no centro de tudo, com a sua capacidade de resolver muitos problemas e o seu progresso gigantesco em muitos campos”.

O texto do Papa sublinha que a cultura do progresso técnico-individual leva à afirmação de uma liberdade que não quer impor limites e parece indiferente para com aqueles que ficam para trás. E ao ilustrar a catequese com a história da cidade de Babel, Francisco destaca:

“Ainda hoje a coesão, mais do que a fraternidade e a paz, baseia-se muitas vezes na ambição, nos nacionalismos, na homologação, em estruturas técnico-económicas que inculcam a crença de que Deus é insignificante e inútil: não tanto porque procuramos mais conhecimento, mas sobretudo porque procuramos mais poder. É uma tentação que permeia os grandes desafios da cultura atual.”

 

Não ter medo do diálogo

“Na Evangelii gaudium”, ressalta o texto do Papa, “apelei a uma evangelização que ilumine os novos modos de te relacionares com Deus, com os outros e com o ambiente, e que suscite os valores fundamentais”.

“O zelo apostólico nunca é uma simples repetição de um estilo adquirido, mas um testemunho de que o Evangelho está vivo aqui para nós hoje.”

“Conscientes disto, olhemos, portanto, para a nossa época e para a nossa cultura como uma dádiva. Elas são nossas e evangelizá-las não significa julgá-las de longe, nem ficar numa varanda gritando o nome de Jesus, mas sair às ruas, ir aos lugares onde moramos, frequentar os espaços onde sofremos, trabalhamos, estudamos e refletimos, habitar as encruzilhadas onde os seres humanos partilham o que faz sentido para as suas vidas. Significa ser, como Igreja, «um fermento de diálogo, de encontro, de unidade. Afinal, as nossas próprias formulações de fé são o resultado de um diálogo e de um encontro entre diferentes culturas, comunidades e instâncias. Não devemos ter medo do diálogo: na verdade, são precisamente a comparação e a crítica que nos ajudam a evitar que a teologia se transforme em ideologia»”

“Precisamos de permanecer nas encruzilhadas do hoje. Abandoná-las significaria empobrecer o Evangelho e reduzir a Igreja a uma seita. Frequentá-las, porém, ajuda a nós, cristãos, a compreender de forma renovada as razões da nossa esperança, para extrair e partilhar «coisas novas e velhas» do tesouro da fé.”

 Uma pastoral que incorpore melhor o Evangelho

Na conclusão do texto Francisco ressalta: “em vez de querer reconverter o mundo de hoje, precisamos de converter a pastoral para que ela incorpore melhor o Evangelho”.

“Façamos nosso o desejo de Jesus: ajudar os nossos companheiros de viagem a não perder o desejo de Deus, para que lhes abra o coração e encontrem o único que, hoje e sempre, dá paz e alegria ao homem.”

VN

27 novembro 2023

ADVENTO 2023


 
 
Tinham combinado encontrar-se naquele sítio ermo a uma determinada hora, mas o seu amigo estava muito atrasado.
Realmente o local de encontro não era o mais aconselhável e ele, ali sozinho e com o cair da tarde, ia ficando muito apreensivo, para não reconhecer que no fundo tinha algum medo.

Já se podia ter ido embora, mas tinha ficado num impasse entre esperar e ter companhia e ir embora sozinho, o que não lhe agradava de todo, pois o caminho de regresso estava cheio de eventuais perigos.
Chamou a si todas as suas forças e argumentos racionais e tentou descansar o seu coração, mas a ansiedade e o receio estavam mesmo a tomar conta dele.

Sentiu no peito balançar a cruz que sempre trazia num fio, muito mais por rotina do que por devoção, e pensou que era bem bom se Deus ali estivesse com ele.

Um pouco mais de espera e “arriscou” uma oração, coisa a que nem sequer estava habituado.
“Ó Jesus, se me ouves, vem fazer-me companhia e traz-me paz e alento ao coração, porque eu sinto-me sozinho aqui neste fim de tarde.”

Estranhamente, pensou ele, sentiu uma espécie de tranquilidade, uma espécie de força que, embora não tivesse afastado todo o receio que ele sentia, lhe dava alento para continuar a esperar.
Curiosamente parecia-lhe agora não estar ali sozinho, mas esse pensamento longe de ser assustador, era calmante e acolhedor, por isso rezou novamente.
“Ó Jesus não sei o que fizeste nem como fizeste, mas sinto-me agora mais calmo e até parece que estás aqui junto de mim.”

Bem, pensou mais uma vez, se o meu amigo não vier entretanto, vou-me embora porque já esperei tempo que chegasse por ele.
Passado cerca de um quarto de hora, decidiu que já chegava de espera, e começou a caminhar no regresso a sua casa.

À medida que caminhava e se aproximava de locais onde já não havia tanto a temer, ia reflectindo para si próprio, dizendo interiormente:
Afinal o amigo por quem esperava não apareceu, mas parece-me que Jesus, a quem eu não esperava, se fez presente, não sei como, e fez-me companhia dando-me paz e descanso.

Sentiu uma voz dentro de si que lhe dizia:
Tens a certeza de que não Me esperavas? Não tens andado ultimamente, agora que se aproxima o Natal, a perguntar-te se realmente Eu existo e se estou convosco?

Cada vez mais agradavelmente admirado, respondeu:
Realmente tenho pensado muito nisso e até esperado que no Natal alguma coisa mudasse em mim, e na minha relação conTigo, Jesus.

E a resposta logo surgiu:
Vês, quem espera por Mim sempre alcança, porque Eu me faço sempre presente para todos os que por Mim esperam. Dá-me a mão e caminhemos juntos o teu caminho da vida.

Sentiu de uma forma inexplicável a presença de Jesus junto de si e consigo, mas assustou-se quando percebeu que alguém lhe tocava num ombro.

Voltou-se surpreendido e deu de caras com o seu amigo por quem tanto tempo tinha esperado.

Abraçou-o fortemente, coisa que deixou o outro surpreendido, e disse-lhe:
Obrigado por me teres feito esperar tanto tempo, porque durante esse tempo de espera, Aquele que eu julgava não esperar, veio afinal ter comigo e fez-se presente em mim.




Monte Real, 27 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves

26 novembro 2023

Angelus, Papa: amar Jesus significa servi-lo nos pequeninos e nos pobres

 
Papa Francisco no Angelus da Capela da Casa de Santa Marta. Ao seu lado monsenhor Paolo Braida 
 
 Papa Francisco convida a não te voltares para o outro lado diante dos pobres, dos doentes, dos presos, dos mais fracos. A reflexão que precedeu o Angelus deste domingo foi lida por monsenhor Braida, na Capela da Casa Santa Marta. 
 

Silvonei José – Vatican News

"Hoje não posso assomar à janela porque tenho este problema de inflamação nos pulmões". Foi o que disse o Papa Francisco, em conexão vídeo da Capela da Casa de Santa Marta, para a recitação do Angelus neste domingo, explicando que monsenhor Braida "lerá a reflexão, que a conhece bem porque é ele quem a faz, e sempre a faz muito bem. Muito obrigado pela sua presença". Monsenhor Paolo Braida é chefe do escritório da Secretaria de Estado.

"De acordo com os critérios do mundo, - destaca o texto lido por mons. Braida - os amigos do rei devem ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros governantes, talvez aparecer como uma estrela nas primeiras páginas dos jornais ou nos médias sociais, e a eles ele deveria dizer: "Obrigado, porque vocês me tornaram rico e famoso, invejado e temido". Isto de acordo com os critérios do mundo.

"No entanto, de acordo com os critérios de Jesus, os amigos são outros: são aqueles que o serviram nas pessoas mais frágeis", afirma o Papa, comentando o Evangelho da Solenidade de Cristo Rei, que "nos fala do juízo final e nos diz que será sobre a caridade".

"O Filho do Homem", explicou Francisco, "é um Rei completamente diferente, que chama os pobres de 'irmãos', que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos". "Ele é um Rei que é sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão – continuou - todas realidades que, infelizmente, são sempre muito atuais".


 Angelus - 26 de novembro de 2023 

"Pessoas famintas, sem-teto, muitas vezes vestidas como podem, enchem as nossas ruas: nós encontramo-las todos os dias. E também em relação à enfermidade e à prisão, todos nós sabemos o que significa estar doente, cometer erros e arcar com as consequências".

O Papa enfatizou  no texto lido que "o Evangelho de hoje diz-nos que somos 'benditos' se respondemos a estas pobrezas com amor, com serviço: não olhando para o outro lado, mas dando de comer e beber, vestindo, hospedando, visitando, numa palavra, estando perto dos necessitados".

E isto porque "Jesus, nosso Rei que se define Filho do Homem, tem as suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e homens mais frágeis". "E o estilo com o qual os seus amigos são chamados a distinguirem-se, aqueles que têm Jesus como Senhor, é o seu próprio estilo", acrescentou: compaixão, misericórdia, ternura".

"Então, irmãos e irmãs, perguntemos a nós mesmos", insistiu o Pontífice - acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos no poder do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais real do homem e é uma exigência indispensável para o cristão? E, enfim, uma pergunta particular: sou um amigo do Rei, ou seja, sinto-me envolvido  na primeira pessoa nas necessidades dos sofredores que encontro no meu caminho? O convite final do Papa foi, portanto, "amar Jesus nosso Rei nos seus irmãos mais pequeninos”.

VN

19 novembro 2023

IDOSOS?!



 
 
Não se admirem da imagem que ilustra este texto.
Não dei em crítico de televisão, nem para tal tenho apetência.
A série televisiva “The Closer” é um policial leve e divertido, quanto a mim bem interpretado, e que não nos faz pensar muito, excepto o episódio 5 que passou esta semana.

E este episódio fez-me pensar não pela série em si, mas pelo seu tema, pois passa-se à volta de uma pessoa de idade e do lar onde está “internada”.
Não sei se foi de propósito ou não, mas este episódio retrata muito bem a situação das pessoas de idade, tantas vezes abandonadas nos lares e até nas próprias casas pelos seus familiares.

Claro que isto não é uma regra e há felizmente muitas famílias que continuam a cuidar e a tratar dos seus mais velhos com todo o amor e dignidade.

Mas a verdade, quer queiramos quer não, é que também muitas vezes os lares e não só, são uma espécie de aliviar da consciência, ou seja, já “fiz o que tinha a fazer” e agora eles que cuidem dele.
Esquecemo-nos que as pessoas de idade a maior parte das vezes preferem condições “piores” de habitação, mas mais companhia, mais amor, mais familiares à sua volta.

No meu primeiro livro “Orando em Verso” coloquei logo no início, como homenagem aos meus pais, mas também a todos os pais, o seguinte versículo da Bíblia:
«Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá.» Ex 20, 12

A verdade é que os nossos pais, quando nascemos fazem toda a espécie de sacrifícios para nos cobrirem de tudo o que necessitamos e nós, muitas vezes, não fazemos o mesmo quando eles vão chegando ao fim das suas vidas.

Quem já visitou os chamados lares da terceira idade, constata, infelizmente, esta dura realidade da falta de visitas dos familiares dos idosos, felizmente, ainda com várias excepções.

Muitas vezes as circunstâncias “obrigam-nos”, por falta de outros meios, a internar os nossos mais velhos nesses lares, mas essas circunstâncias não nos impedem, com certeza, de os visitar sempre que possível.

Por isso tantas vezes os idosos “arranjam doenças” para irem para o centro de saúde ou até o hospital, onde sabem que vão ter outros como eles com quem podem conversar.
Mas mais uma vez, infelizmente, os hospitais vivem problemas graves quando os familiares abandonam os seus idosos nos hospitais.

É conhecida a anedota dos idosos que se juntavam sempre no centro de saúde no fundo para conversarem.
Um dia um pergunta: O Zé hoje não vem?
E responde outro: Hoje não que está doente!

Lembremo-nos, (eu já sou um pouco velho também), que o exemplo que dermos aos nossos filhos será, muito provavelmente, o modo como eles nos tratarão quando chegarem os nossos dias mais avançados.

Que o Senhor nos proteja a todos e neste caso aos mais idosos que precisam de amparo, de companhia, sobretudo de amor e esperança na vida eterna junto de Deus.



Marinha Grande, 18 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

O Papa exorta a superar o medo que paralisa e a ançarmo-nos com confiança em Deus

 

 

"Ou tens medo diante de Deus ou tens confiança no Senhor". E a exemplo dos protagonistas da parábola, também nós, recordou o Papa Francisco no Angelus, “recebemos talentos, todos, muito mais preciosos do que o dinheiro. Mas muito do modo como os investimos depende da nossa confiança no Senhor, que liberta o coração, torna-nos ativos e criativos na prática do bem”.
 

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“O medo paralisa, a confiança liberta”. Medo ou confiança, duas posturas que podemos ter diante de Deus e que serão determinantes na nossa relação com Ele e por consequência na multiplicação ou não dos talentos que gratuitamente d'Ele recebemos.

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, neste XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Papa falou das duas maneiras diferentes de nos aproximarmos de Deus. Para tal, inspirou-se na Parábola dos Talentos narrada no Evangelho de Mateus 25, 14-30.

Francisco começa por explicar que os talentos confiados aos seus servos, por um senhor que sai em viagem  “eram os seus bens, um capital", e foram distribuídos “de acordo com as capacidades de cada um”.

Ao retornar, este senhor pede contas aos servos. Dois deles dobraram os talentos que receberam, o que é elogiado pelo senhor, enquanto o terceiro, por medo, enterrou o seu, devolvendo o mesmo que tinha recebido, atitude que recebe uma repreensão.

O medo que bloqueia

O Santo Padre então, explica a primeira maneira de nos aproximarmos de Deus, que é aquela movida pelo medo de alguém que não confia na sua bondade e por isso fica bloqueado:

É aquela daquele que enterra o talento recebido, que não sabe ver as suas riquezas dadas por Deus: ele não confia nem no patrão, nem em si mesmo (...). Ele sente medo dele, não vê a estima, não vê a confiança que o senhor deposita nele, mas vê somente o agir de um patrão que exige mais do que dá, de um juiz. E esta é a sua imagem de Deus: não consegue acreditar na sua bondade, não consegue acreditar na bondade do Senhor em relação a nós. Por isso fica bloqueado e não se deixa envolver na missão recebida. 

A atitude de confiança que liberta

Atitude diferente, por sua vez, têm os outros dois protagonistas, “que retribuem a confiança do seu senhor, confiando por sua vez nele”:

Esses dois investem tudo o que receberam, mesmo que inicialmente não saibam se tudo irá correr bem: estudam, veem as possibilidades e prudencialmente pçrocuram o melhor; aceitam o risco de se envolverem. Confiam, estudam e arriscam. Assim, têm a coragem de agir com liberdade, de forma criativa, gerando nova riqueza.

E diante de Deus, temos esses dois caminhos a seguir, observa o Papa, “medo ou confiança. Ou tens medo diante de Deus ou tens confiança no Senhor". E a exemplo dos protagonistas da parábola, também nós, recorda Francisco, “recebemos talentos, todos, muito mais preciosos do que o dinheiro. Mas muito do modo como os investimos depende da nossa confiança no Senhor, que liberta o coração, torna-nos ativos e criativos na prática do bem”:

Superar o medo e confiar em Deus

Não esqueçamos isto: a confiança liberta, sempre, o medo paralisa. Recordemos: o medo paralisa, a confiança liberta. E isto também se aplica à educação dos filhos. E perguntemo-nos: acredito que Deus é Pai e me confia dons porque confia em mim? E eu, confio n'Ele ao ponto de me lançar sem desanimar, mesmo quando os resultados não são certos nem óbvios? Sei dizer em cada dia na oração: ‘Senhor, eu confio em Ti, dá-me forças para seguir em frente: confio em Ti, nas coisas que me deste. Deixe-me saber como, como levá-las em frente...'. Por fim, também como Igreja: cultivamos nos nossos ambientes um clima de confiança e de estima recíproca, que nos ajuda a seguir em frente  juntos, que desbloqueia as pessoas e estimula a criatividade do amor em todos? Pensemos nisto.

Que a Virgem Maria, disse ao concluir, nos ajude a superar o medo e a confiar em Deus - nunca ter medo de Deus! Temor sim, medo não - e a confiar no Senhor.

VN

15 novembro 2023

Papa: o Evangelho não é uma ideologia, é o anúncio da alegria

 
 
Durante a catequese desta quarta-feira (15), aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, Francisco enfatizou que “o Evangelho ainda é esperado nos dias atuais, e a humanidade de todos os tempos necessita do seu anúncio”.
 

Thulio Fonseca - Vatican News

“Após falar sobre diversas testemunhas do anúncio do Evangelho, proponho, como síntese destas catequeses sobre o zelo apostólico, quatro pontos baseados na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, que completa neste mês dez anos. O primeiro ponto, que examinamos hoje, só pode dizer respeito à atitude da qual depende a substância do gesto evangelizador: a alegria.”

Com estas palavras, Francisco iniciou a sua catequese durante a Audiência Geral desta quarta-feira (15). Diante dos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Papa enfatizou que "a mensagem cristã, conforme ouvimos nas palavras do anjo aos pastores, é o anúncio de uma 'grande alegria'".

"E qual é o motivo dessa grande alegria? Uma boa notícia, uma surpresa, um belo acontecimento?”, questionou o Pontífice, para então responder: “É muito mais do que isso, é uma Pessoa: Jesus! Ele é o Deus feito homem que nos ama sempre, que deu a sua vida por nós e deseja-nos conceder a vida eterna! Ele é o nosso Evangelho, a fonte de uma alegria perene!”

“Ou proclamamos Jesus com alegria, ou não o proclamamos, porque qualquer outra forma de anunciá-Lo não é capaz de trazer a verdadeira realidade de Jesus.”

A evangelização não é uma ideologia

Seguidamente, o Papa faz um alerta aos fiéis: "um cristão que está descontente, triste, insatisfeito ou, pior ainda, ressentido e rancoroso não tem credibilidade". Segundo Francisco, a evangelização funciona de forma gratuita, porque vem da plenitude, não da pressão.

O Papa enfatizou que "quando se evangeliza com base em ideologias, isso não é evangelizar, isso não é o Evangelho. O Evangelho não é uma ideologia: o Evangelho é um anúncio de alegria. As ideologias são frias, todas elas. O Evangelho tem o calor da alegria. As ideologias não sabem sorrir, o Evangelho é um sorriso, ele faz-te sorrir porque toca a tua alma com a Boa Nova", sublinhou Francisco. 

A humanidade aguarda o anúncio do Evangelho

"Portanto, os primeiros a serem evangelizados somos nós, os cristãos, e isso é muito importante", lembrou o Pontífice. Mesmo quando frequentemente nos encontramos imersos no ritmo acelerado e confuso do mundo atual, "também podemo-nos ver a viver a fé com um subtil senso de renúncia, convencidos de que o Evangelho não é mais ouvido e que não vale mais a pena o esforço de proclamá-lo".

“Podemos até ser tentados pela ideia de deixar os 'outros' seguirem o seu próprio caminho. Em vez disso, este é exatamente o momento de voltar ao Evangelho para descobrir que Cristo é sempre jovem, é sempre uma fonte constante de novidade.”

O Papa destacou que o Evangelho ainda é esperado nos dias atuais, e a humanidade de todos os tempos necessita do seu anúncio, inclusive a civilização imersa na descrença planeada e na secularidade institucionalizada. Especialmente numa sociedade que negligencia os espaços do sentimento religioso, o Evangelho é aguardado.

Na conclusão da catequese, o Papa convidou cada cristão a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo:

"Não nos esqueçamos disso. E se algum de nós não perceber essa alegria, perguntemos a nós mesmos se encontramos Jesus. É uma alegria interior. O Evangelho percorre o caminho da alegria, sempre, é o grande anúncio. Convido todos os cristãos, em qualquer lugar e situação em que se encontrem, a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo hoje. Que cada um de nós, neste dia, pare um pouco e pense: Jesus, Tu estás dentro de mim: quero encontrar-Te todos os dias. Tu és uma Pessoa, não uma ideia; Tu és um companheiro, não um programa. Tu és o Amor que resolve tantos problemas. Tu és o início da evangelização. Tu, Jesus, és a fonte da alegria."

VN

14 novembro 2023

TONTO E CEGO!


 
 
 
 
Confesso, Senhor, que por vezes apetece-me desistir, não da vida, claro, mas de tantas coisas que a “atrapalham” e que, saindo do meu controle, acabam por me dar momentos de frustração, de incómodo, de tristeza e, às vezes, até de alguma irritação.

E nessas alturas fico muitas vezes a remoer nesses incómodos, nessas tribulações, nessas tristezas, quase como se me “deleitasse” no meu pequeno sofrimento.

Sim, Senhor, escrevo bem, pequeno sofrimento, porque realmente não passam de coisas pequenas perante a grandeza da vida, perante já tantos anos vividos e, sobretudo, perante a certeza, (que deveria ter constantemente), de que estás connosco e que nunca nos abandonas e não nos deixas ser tentados acima das nossas forças.

Porque não consegui isto ou aquilo, por que alguém não fez aquilo que devia ter feito, porque aqueles planos tão bem pensados não foram bem sucedidos, porque esta ou aquela situação que julgava ultrapassada afinal “regressa” sempre para me “atormentar”, enfim, as “queixas” são imensas e parecem não dar espaço a tudo o que de bom me acontece todos os dias.

E no fundo não dão espaço a tudo o que de bom me acontece todos os dias, porque nesses momentos me fecho apenas no menos bom que me vai acontecendo.

Não porque não tenhamos que, obviamente, enfrentar as dificuldades, mas porque é nessa luta que encontramos a vida e Te encontramos, também, Senhor, sempre pronto para nos dares a mão e nos fazeres “andar sobre as águas”.

Afinal tenho tanto para agradecer, tanto para sorrir, tanto para me alegrar, tanto para dar, para partilhar, e, nesses momentos mais difíceis, apenas penso no que não tenho, no que não consigo resolver, nas tristezas e nos sofrimentos, enfim, em vez de me ver cheio de Ti, Senhor, reduzo-me a encher-me apenas de mim.

E, claro, fui escrevendo e Tu, Senhor, foste-me dando a mão, olhaste para mim e abriste um sorriso na minha cara, e eu apenas me apetece dizer-Te:
Não ligues, Senhor, porque eu sou um tonto, por vezes cego, que Te não vê, porque apenas se quer ver a si próprio.



Monte Real, 14 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

12 novembro 2023

FIM DE SEMANA DO ESPÍRITO SANTO NO ALPHA










São 17.41 da tarde e acabámos agora a oração comunitária pedindo o Espírito Santo para todos nós, que estamos a fazer este percurso Alpha na paróquia da Marinha Grande e Alqueidão da Serra.

O momento foi intenso, foi vivido, foi sobretudo abençoado por Deus, que se faz sempre presente quando a Ele nos abrimos.

Aliás, Deus está sempre presente pelo Espírito Santo, nós é que estamos “distraídos” e não O queremos ver e sentir.

É extraordinário o ambiente, a paz, o amor, a alegria, a união, que se sente e vê e em todos aqueles que aqui estão.

Já tantas vezes vi e vivi esta tarde do fim de semana do Espírito Santo, no Alpha, e continuo a espantar-me, a deixar-me maravilhar, com tudo o que Ele faz em nós.

É indescritível e só vivendo se percebe como as barreiras, os medos, as faltas de perdão, são abatidas e se transformam em paz, em serenidade e amor.

Os abraços não são apenas abraços, são vidas que se tocam e dão vida às vidas, porque o Espírito Santo está nessas vidas, e faz nelas a Sua presença viva.

Poder-se-ia dizer que são emoções, e são-no, sem dúvida, mas estas emoções transformam, convertem, são vida que dá vida às vidas de todos nós.

Não viemos aqui, nem estamos aqui pelas emoções.

Viemos aqui e estamos aqui, por Deus, e Ele, pelo Espírito Santo, emociona-nos até ao mais íntimo de nós, e liberta-nos, cura-nos e faz-se vida em nós, para nós e para os outros.

Graças Te damos Pai, por Jesus Cristo, Teu Filho, no Espírito Santo, que nos dá vida, nos chama, nos congrega e faz irmãos em Cristo, para sermos Igreja, e em Igreja sermos uns para os outros, amando-nos como Tu, Senhor, nos amas.



Fátima, 11 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves
.
Nota: Escrito ontem em Fátima.
 

Papa: estou próximo dos que sofrem, palestinos e israelitas, abraço-vos neste momento sombrio

Uma criança palestina no meio dos escombros de um prédio destruído após ataques em Rafah, no sul da Faixa de Gaza  (AFP or licensors)
 
O Papa, após a oração do Angelus, renovou o seu apelo: "Que parem as armas, elas nunca trarão paz, e que o conflito não se amplie! Chega!" invoca a ajuda para a devastada Gaza e a libertação dos reféns: "todo o ser humano, seja cristão, judeu, muçulmano, de qualquer povo ou religião, todo o ser humano é sagrado, é precioso aos olhos de Deus e tem o direito de viver em paz".
 

Vatican News

Da guerra civil no Sudão, os pensamentos de Francisco, depois do Angelus deste domingo, 12 de novembro, dirigem-se ao Médio Oriente, onde está em curso um conflito sangrento. “Diariamente”, diz o Papa, “os meus pensamentos voltam-se para a situação gravíssima em Israel e na Palestina”. 

“Estou próximo de todos aqueles que sofrem, palestinos e israelitas. Eu abraço-os neste momento de escuridão. E rezo muito por eles. Que as armas parem, elas nunca trarão paz, e que o conflito não se amplie! Chega! Chega irmãos! Chega!”

Assistência a Gaza e a libertação de reféns

E, mais uma vez, as palavras sinceras do Pontífice referem-se às condições na Faixa de Gaza. O seu apelo é para a sacralidade da vida humana, sem distinção.

“Em Gaza, os feridos devem ser socorridos imediatamente, os civis devem ser protegidos e mais ajuda humanitária deve ser levada a essa população exausta. Libertem os reféns, entre os quais há muitos idosos e crianças. Todo o ser humano, seja cristão, judeu, muçulmano, de qualquer povo ou religião, todo o ser humano é sagrado, é precioso aos olhos de Deus e tem o direito de viver em paz. Não percamos a esperança: oremos e trabalhemos incansavelmente para que o senso de humanidade prevaleça sobre a dureza dos corações.”

Gaza, o hospital Shifa foi completamente destruído

Ainda hoje, 12 de novembro, o exército israelita garantiu um corredor humanitário de sete horas para a população palestina que deseja eslocar-se do norte para o sul da Faixa. O porta-voz militar Avichai Adraee disponibilizou esta informação através da rede social "X" em árabe. Enquanto isto, "o prédio de dois andares da ala de doenças cardíacas do hospital Shifa, em Gaza, foi completamente destruído por um ataque aéreo", disse o vice-ministro da Saúde, Youssef Abou Rich, à agência de notícias Afp, culpando o exército israelita pelo ataque. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) relatou "um número significativo de mortos e feridos" em um "bombardeamento" à sua sede na Cidade de Gaza, evacuada pelos seus funcionários e agora ocupada por centenas de palestinos desalojados. Um jovem palestino foi morto no vilarejo de Burqa (perto de Nablus, Cisjordânia). O caso foi relatado pela agência de notícias Wafa.

VN

Angelus: menos tempo no telemóvel, mais cuidado com a vida interior

 
 
Antes de rezar o Angelus neste 32º Domingo do Tempo Comum, o Papa Francisco refletiu sobre a parábola das dez virgens. Na sua alocução destacou a importância da vida interior que "não pode ser improvisada, não é uma questão de um momento; deve ser preparada dedicando um pouco de tempo todos os dias."
 

Thulio Fonseca – Vatican News

“Viver é isto: uma grande preparação para o dia das núpcias, quando seremos chamados a sair para encontrar Aquele que nos ama acima de tudo, Jesus!”

O exemplo da sabedoria e da imprudência, presente na parábola das dez virgens, chamadas a sair ao encontro do noivo, foi o tema da reflexão do Papa, no Angelus deste 32º Domingo do Tempo Comum. Ao dirigir-se aos milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça de São Pedro, num domingo frio de outono, Francisco iniciou dizendo que este “evangelho apresenta-nos uma parábola que diz respeito ao significado da vida de cada um”. 

O Papa sublinha que, no texto presente no livro de São Mateus, cinco virgens são sábias e cinco imprudentes, e convida os fiéis a refletirem sobre estas duas características:

“Todas aquelas damas de honra estão lá para receber o noivo, ou seja, elas querem encontrá-lo, assim como nós também desejamos a realização de uma vida feliz: a diferença entre sabedoria e imprudência não está, portanto, apenas na boa vontade, tão pouco na pontualidade com que chegam ao encontro: todos estão lá com as suas lâmpadas, a esperar. A diferença entre as sábias e as imprudentes é outra: a preparação.”

Francisco destaca que as sábias juntamente com as suas lâmpadas, levaram também óleo, e as imprudentes, por outro lado, não o fizeram: “Aqui está a diferença: o óleo. E qual é a característica do óleo? O facto de não poder ser visto: está dentro das lâmpadas, não é visível, mas sem ele as lâmpadas não iluminam”.

O cuidado com a vida interior

“Se olharmos para nós mesmos, perceberemos que a nossa vida corre o mesmo risco: hoje estamos muito atentos às aparências, o importante é cuidar bem da nossa imagem e causar uma boa impressão diante dos outros. Mas Jesus diz que a sabedoria da vida está noutro aspeto: no cuidado com o que não podemos ver, mas que é mais importante, porque está dentro de nós. É o cuidado com a vida interior.”

Segundo o Papa, essa atenção implica “saber como parar e ouvir o próprio coração, vigiar os pensamentos e os sentimentos". Significa saber abrir espaço para o silêncio, ser capaz de ouvir.”, e como um exemplo concreto cita um instrumento muito comum, o celular, e exorta principalmente os agentes pastorais:

“Significa saber abrir mão do tempo gasto em frente da tela do telemóvel para olhar a luz nos olhos dos outros, no próprio coração, no olhar de Deus sobre nós. Significa, especialmente para aqueles que desempenham um papel na Igreja, não se deixarem aprisionar pelo ativismo, mas dedicar tempo ao Senhor, à escuta da sua Palavra.”

É preciso dedicar tempo para a vida com Deus

“O Evangelho dá-nos o conselho certo para não negligenciarmos o óleo da vida interior” continua Francisco, "o óleo da alma, que é importante prepará-lo.” E recordando o exemplo das virgens que se tinham preparado bem, destaca:

“Assim é para nós: a vida interior não pode ser improvisada, não é uma questão de um momento, de uma vez ou outra, de uma vez por todas; ela deve ser preparada dedicando um pouco de tempo todos os dias, com constância, como se faz para tudo o que é importante.”

O Pontífice, no final da sua alocução convida os fiéis a uma reflexão:

“Podemos perguntar-nos”, indaga Francisco, “o que estou a preparar neste momento da vida? Talvez eu esteja a tentar fazer algumas economias, esteja a pensar numa casa ou num carro novo, em projetos concretos... Estas são coisas boas. Mas será que também estou a pensar em dedicar tempo para cuidar do meu coração, da oração e do serviço aos outros, ao Senhor, que é a meta da vida? Enfim, como está o óleo da minha alma, estou nutrindo-o e mantendo-o bem?”

“Que Nossa Senhora nos ajude a conservar o óleo da vida interior”, concluiu o Papa.

VN

08 novembro 2023

O Papa: muitas guerras e sofrimentos, que Deus traga a paz justa

 
  O Santo Padre durante a Audiência Geral desta quarta-feira  (Vatican Media)  
 
Após a catequese da Audiência Geral, Francisco renovou a exortação a rezar pelos povos que sofrem com os vários conflitos, lembrando em particular a martirizada Ucrânia e entre israelitas e palestinianos. Diante da dor sofrida pelas crianças, pelos idosos, pelos doentes e pelos jovens, fez um novo apelo: "A guerra é sempre uma derrota: não nos esqueçamos".
 

Antonella Palermo – Vatican News

O Papa Francisco pediu, mais uma vez, na Audiência Geral desta quarta-feira (08/11), para rezar pelos povos que sofrem com a guerra.

Não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia e pensemos nos povos palestino e israelita. Que o Senhor nos conduza a uma paz justa. Há muito sofrimento.

A guerra é sempre uma derrota

NA sua saudação aos peregrinos de língua italiana presentes na Praça de São Pedro para a Audiência Geral, o Pontífice invocou insistentemente a paz:

As crianças sofrem, os doentes sofrem, os idosos sofrem e muitos jovens morrem. Não nos esqueçamos de que a guerra é sempre uma derrota.

Olhando para o conflito no Médio Oriente, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirma que cerca de 15 mil pessoas fugiram da Cidade de Gaza na última terça-feira (07/11), em relação às 5 mil da última segunda-feira e 2 mil no domingo. Um número que é considerado um "aumento acentuado". Enquanto isso, o Exército israelita matou, durante a noite, num ataque aéreo direcionado, Mohsen Abu Zina, chefe da produção de armas do Hamas, especialista no desenvolvimento de armas estratégicas e foguetes.  Na frente de guerra na Ucrânia, os ministros das Relações Exteriores do G7 declararam-se "unidos" na sua determinação de continuar a fornecer "forte apoio" ao país invadido pela Rússia.

Livrar a terra do mal

Na sua bênção aos fiéis de língua árabe, o Papa também invocou proteção "contra todo o mal" e pediu ao Senhor Jesus, em particular, um dom:

A coragem de agir com todos aqueles que trabalham na terra para libertá-la do mal e restaurá-la à sua bondade original.

Secularização, não reclamar, mas testemunhar com fraternidade

Após a catequese, dedicada à figura de Madeleine Delbrêl, Francisco saudou outros grupos de peregrinos entre os quais os peregrinos de língua francesa, em particular os membros da União Nacional das Associações Familiares Católicas. Em seguida, fez um convite:

Diante de nosso mundo secularizado, não nos queixemos, mas vejamos nele um chamamento para provar a nossa fé e um convite a comunicar a alegria do Evangelho a todos aqueles que têm sede de Deus. Peçamos ao Senhor a graça de testemunhar a nossa fé diariamente por meio da fraternidade e da amizade vivida com cada um.

Convidando os fiéis a tornarem-se “pedras vivas a serviço do Senhor”, o Papa recordou a celebração, na quinta-feira, 9 de novembro, da festa litúrgica da Dedicação da Basílica de São João de Latrão: um aniversário, especificou o Bispo de Roma, que deveria provocar este ardor.

Polónia, aniversário da independência: agradecer a Deus

Por fim, o Sucessor de Pedro mencionou, na sua saudação aos peregrinos polacos, o iminente aniversário da reconquista da independência da Polónia, que se celebra em 11 de novembro. “Este aniversário  encoraja-vos a ser gratos a Deus”, afirmou o Papa, que exortou: “Transmitam a vossa história às novas gerações”.

VN

06 novembro 2023

49ª ASSEMBLEIA DO RENOVAMENTO CARISMÁTICO CATÓLICO DO GRUPO PNEUMAVITA


 



Cheguei a casa e pensei: Não vou escrever já sobre a Assembleia do Grupo Pneumavita.
Sentei-me na minha sala tentando repousar de todo deslumbramento que vivia em mim, desde ontem em Fátima, continuado hoje e até agora já em casa.

Mas ao meu coração vinha a frase/versículo - «não nos ardia o coração» (Lc 24, 32) – e então levantei-me e sentei-me aqui frente a este teclado, deixando as palavras saírem de mim para ficarem escritas, quanto mais não seja para me lembrar delas quando me “esquecer” que «o Senhor fez em mim maravilhas» (Lc 1, 49).

Entrar no anfiteatro Paulo VI, sentir o ambiente que o Grupo Pneumavita, levado pelo Espírito Santo, suscita naquele lugar, remeteu-me imediatamente para aquela noite, em que frente ao Santíssimo, ali, naquele lugar em 1997, onde estariam então cerca de duas mil pessoas, caí de joelhos e Lhe disse, (talvez sem grandes esperanças ainda naquele momento), aqui estou, Senhor Jesus, e se estás aí, é chegado o momento de me fazeres sentir-Te e de mudares a minha vida.

E Ele não se fez rogado, entrou pela fresta que Lhe abri, tomou conta de mim, e começou a mudar por completo tudo o que era e é preciso mudar em mim e, até agora, ainda não acabou essa obra, porque eu sou duro de convencer.
Deixei-me envolver, mais uma vez, no Seu amor, entreguei-me no que me foi possível, e pedi-Lhe que continuasse e reforçasse a mudança que continua a fazer em mim.

Disse-nos o pregador, Pe Joãozinho, (uma força do Espírito Santo), explicando-nos com palavras e sugestivas imagens faladas, as sete maravilhas que Deus fez em Maria, servindo-se do tema da Assembleia, «O Senhor fez em mim maravilhas» (Lc 1, 49).

Não tenho palavras para descrever o dia e muito menos a noite de Adoração, em que toda aquela gente, irmanada no amor de Deus, se rendeu à presença viva e actuante do Espírito Santo.

No Domingo de manhã, sobretudo durante a Eucaristia de encerramento da Assembleia, começou a surgir em mim, a verdade extraordinária de que Deus fez nestes dias maravilhas em nós, maravilhas em mim.

Levado pelas palavras proferidas pelo pregador, poder perceber que o Espírito Santo fez em mim as mesmas sete maravilhas que fez em Maria, atendidas, claro, as diferenças de Maria ser a «cheia de graça» e eu ser um pobre pecador.

A primeira maravilha foi que também a mim Ele se fez anunciar pela voz do pregador, dizendo-me que estava ali e que, também, eu poderia ser cheio d’Ele, se assim fosse essa a minha vontade, ou melhor, se eu quisesse fazer a vontade d’Ele.

A segunda maravilha foi que também Ele me fez visitá-lO e se fez visita em mim, permanecendo em mim, conforme eu O deixava permanecer.

A terceira maravilha foi que com a Sua presença, Ele me deslumbrou, me extasiou, me fez sentir a Sua graça e o Seu amor, e que estava ali para que todos nós n’Ele encontrássemos o verdadeiro amor.

A quarta maravilha é que Ele se fez presente na nuvem, essa nuvem que Ele é, para que O sigamos, como antes o povo de Israel O seguiu, fazendo-me mergulhar na alegria da Sua presença.

A quinta maravilha foi tornar a sentir-me baptizado na água do Seu lado, em Igreja, sendo Ele a luz para me alumiar o caminho que Ele próprio me/nos dá.

A sexta maravilha foi sentir que Ele abençoou as minhas dores, (sejam elas quais forem, físicas, psíquicas, espirituais), deixando que eu as unisse às Suas próprias dores na Cruz, onde se entregou por todos nós.

A sétima e última maravilha foi ungir-me, mais uma vez e sempre, no fogo do Espírito Santo, para que, abandonando-me a Ele, encontrasse o caminho que todos os dias Ele me dá, para com Ele encontrar a verdadeira vida que Ele é.

Depois, juntando todas estas sete maravilhas, vem o desafio que Ele me fez e faz, de que, essas sete maravilhas não são para guardar em mim e só para mim, mas que elas só têm sentido se for para eu sair de mim para os outros, para testemunhar o Seu amor, para O dar a conhecer a quem ainda O não conhece, para ser discípulo, mas discípulo missionário em todos os momentos da vida que me dá.

E disse ainda ao meu coração para olhar para Sua Mãe, tentando imitá-la na humildade, na pressa em servir, apontado sempre para Ele e não para mim.

E eu, pobre de mim, apenas posso dizer-Lhe que se sirva de mim como “servo inútil”, que me perdoe as vezes que falho, as vezes que digo sim, mas não faço a Sua vontade, as vezes em que, pelo meu orgulho e vaidade, chamo mais a atenção para mim do que para Ele.

Mas também coloca em mim a certeza inabalável de que está comigo, que está connosco, sempre que O invocamos e d’Ele verdadeiramente demos testemunho de amor.

De coração cheio, renovado e transformado, do meu coração sai um grito silencioso, que apenas diz: Obrigado, Jesus! Obrigado!



Marinha Grande, 5 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

01 novembro 2023

Francisco: continuemos a rezar pelas populações que sofrem

 

  No Angelus, o apelo do Papa pelas vítimas de todas as guerras  

O Papa, saudando os fiéis presentes na Praça de São Pedro para o Angelus neste dia de Solenidade de Todos os Santos, recordou os conflitos que estão a ensanguentar o mundo e pediu que rezemos por aqueles que sofrem. Francisco também lembrou que nesta quinta-feira, 2 de novembro, por ocasião da celebração dos falecidos, vai celebrar missa no Cemitério de Guerra de Roma, do bairro Testaccio.

 

Francesca Sabatinelli e Andressa Collet - Vatican News

O Papa, nas saudações após o Angelus desta quarta-feira (01), volta a falar sobre as guerras que afligem o mundo de hoje, pedindo que não parem de rezar pelos povos que estão a viver esses conflitos.

“E continuemos a rezar pelos povos que sofrem com as guerras de hoje. Não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia, não nos esqueçamos da Palestina, não nos esqueçamos de Israel, não nos esqueçamos de tantas outras regiões onde a guerra ainda é muito forte.”

Francisco, dirigindo-se à multidão presente na Praça de São Pedro, também saudou e agradeceu aos grupos de peregrinos presentes, entre eles os participantes da tradicional Corrida dos Santos promovida pela Fundação Missões Dom Bosco "para viver numa dimensão de festa popular" a Solenidade de Todos os Santos. A corrida, que já está na sua 15ª edição, contou com a passagem dos participantes pelo centro de Roma.

A missa no Dia de Finados

O Papa então despediu-se, lembrando que nesta quinta-feira (2), em memória dos fiéis falecidos, vai celebrar uma missa no Cemitério de Guerra de Roma, conhecido também como Cemitério Inglês. Todos os anos, Francisco escolhe um lugar simbólico de dor e de recordação para a data do Dia de Finados. A celebração começa às 10h na Itália, 8h no horário de Portugal, com transmissão ao vivo nos canais do Vatican News, com comentários em português, direto do cemitério que acolhe aqueles que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.

VN

Papa: os santos não são heróis inalcançáveis, são como nós, em caminho pela comunhão com Deus

 

 

Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus desta quarta-feira (1), Francisco recomendou conhecer e emocionarmo-nos com a vida dos santos que "não são heróis inalcançáveis ou distantes, mas são pessoas como nós". Através do exemplo deles, disse o Papa, devemos comemorar o dom recebido no Batismo e seguir caminhando, esforçando-nos para não desperdiçá-lo.

 

Andressa Collet - Vatican News

A Praça de São Pedro, que na manhã deste 1° de novembro foi ponto de partida para a tradicional Corrida dos Santos já na sua décima quinta edição, também recebeu fiéis do mundo inteiro para rezar junto com o Papa Francisco a oração mariana do Angelus. Nesta quarta-feira (1) de Solenidade de Todos os Santos, o Pontífice propôs uma reflexão sobre a santidade, em particular, sobre duas características: a santidade como um dom, que "é um presente, não se pode comprar"; e ao mesmo tempo como um caminho.

O dom da santidade

"A santidade é um dom de Deus que recebemos no Batismo", disse o Papa, enaltecendo que, "se o deixarmos crescer, pode mudar completamente a nossa vida" (cf. Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, 15) ao ponto de alcançar a plenitude da vida cristã. Portanto, "os santos não são heróis inalcançáveis ou distantes, mas são pessoas como nós", continuou Francisco, a partir do dom que cada um recebeu:

“De facto, se pensarmos bem, certamente já conhecemos alguns deles, alguns santos quotidianos: algumas pessoas justas, algumas pessoas que vivem a vida cristã com seriedade, com simplicidade... essas a quem eu gosto de chamar de 'os santos da porta ao lado', que vivem normalmente. A santidade é um dom oferecido a todos para uma vida feliz.”

O caminho da santidade

Todo o dom recebido, afirma o Papa, é motivo de comemoração e precisa de ser acolhido, porque "traz consigo a responsabilidade de uma resposta, um 'obrigado'. Mas como se diz esse obrigado? É um convite para me esforçar para que não seja desperdiçado". É por isso que a santidade também se torna um caminho para "ser feito juntos, ajudando uns aos outros, unidos àqueles ótimos companheiros que são os Santos", aquele irmão ou irmã mais velho, "com os quais podemos contar sempre".

Francisco, então recomenda conhecer e emocionarmo-nos com a vida deles que são o nosso apoio, corrigem quando é necessário, "desejam o nosso bem": "nas suas vidas encontramos um exemplo, nas nossas orações recebemos ajuda e, na comunhão com eles estamos ligados por um vínculo de amor fraterno", acrescenta o Papa, ao questionar:

“Eu lembro-me de ter recebido o dom do Espírito Santo, que me chama à santidade e ajuda-me a chegar lá? Agradeço a Ele por isso? Sinto os santos perto de mim e dirijo-me a eles? Conheço a história de alguns deles? Faz-nos bem conhecermos a vida dos santos e emocionarmo-nos com os seus exemplos. Faz-nos muito bem recorrermos a eles na oração.”

VN