31 março 2024

DOMINGO DE PÁSCOA 2024

 


 

Também eu corro, (no meu coração), atrás de Pedro e João em direção ao túmulo.

Fico ainda mais atrás de Pedro, pois não ouso sequer aproximar-se deles, para ver o que se passa.

Vejo Pedro que entra no túmulo seguido depois por João e consigo perceber nos seus rostos a perplexidade perante aquilo que viam.

No entanto as faces de Pedro e João mostram agora um sorriso como quem acreditou em algo grandioso, mas ainda não percebeu tudo o que tal queria significar.

No meu coração nasce forte então essa certeza: Jesus Cristo ressuscitou!

Sigo-os muito atrás para que não me vejam, e entro com eles num lugar onde todas as portas estão fechadas com medo das autoridades judaicas.

Ao anoitecer vejo Jesus que aparece no meio deles e lhes diz: «A paz esteja convosco!»

Mostra-lhes as mãos e o peito e os discípulos ficam cheios de alegria por verem o Senhor.

Também eu, (muito quieto como sempre no meu canto), vejo Jesus Ressuscitado e quase me parece impossível conter a alegria dentro de mim e gritar para todos ouvirem: Jesus Cristo ressuscitou! Aleluia!

Saio dali, sem ninguém se aperceber, a não ser Jesus Cristo Ressuscitado, que me sorri cheio de amor como que dizendo-me: Eu sabia que estavas aí!

Julgo então que é um tudo um sonho, mas não, afinal estou bem acordado, o acontecimento é real, e foi a minha imaginação que me levou àquele lugar.

Acredito então com todo o meu ser, dou graças pelo dom da Fé, e tomo a firme decisão de anunciar a toda gente que Cristo ressuscitou, não morre mais, e só n’Ele, com Ele e por Ele encontramos a vida verdadeira que nos leva à eternidade junto de Deus.

Glória a Ti, Jesus Cristo, Luz fulgurante sobre as trevas!Glória a Ti, Deus da Esperança, ó Luz do homem novo!

 

Tendo no coração o Evangelho de São João

Marinha Grande, 31 de Março de 2024

Joaquim Mexia Alves

Papa na Urbi et Orbi: a paz nunca é construída com armas, mas estendendo as nossas mãos

 

 
"Jesus de Nazaré, o crucificado, ressuscitou!" Com estas palavras o Papa Francisco abriu a sua mensagem e concedeu aos fiéis a Bênção Urbi et Orbi da sacada central da Basílica de São Pedro, neste Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor. Recordou os povos martirizados por conflitos e violência e pediu a paz para o mundo.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Queridos irmãos e irmãs, Feliz Páscoa! Hoje ressoa em todo o mundo o anúncio que partiu de Jerusalém há dois mil anos: "Jesus de Nazaré, o crucificado, ressuscitou!"

Assim, o Papa Francisco saudou os milhares de fiéis presentes, na Praça de São Pedro, tapeçada de flores e plantas coloridas, e também todas as pessoas no mundo, através dos meios de comunicação, que acompanharam a missa neste Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor (31/03), ouviram sua mensagem pascal e receberam a Benção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo inteiro).

 

Remover as pedras que fecham as esperanças

“A Igreja revive o espanto das mulheres que foram ao sepulcro na madrugada do primeiro dia da semana. O túmulo de Jesus tinha sido fechado com uma grande pedra; e assim, ainda hoje, pedras pesadas, demasiadamente pesadas, fecham as esperanças da humanidade: a pedra da guerra, a pedra das crises humanitárias, a pedra das violações dos direitos humanos, a pedra do tráfico de pessoas e outras.”

"O túmulo de Jesus está aberto e vazio! É aqui que tudo começa. Através desse túmulo vazio passa o novo caminho, o caminho que nenhum de nós, mas somente Deus, poderia abrir: o caminho da vida como meio para à morte, o caminho da paz como meio para a guerra, o caminho da reconciliação como meio para o ódio, o caminho da fraternidade como meio para a inimizade", disse o Papa na sua mensagem.

Irmãos e irmãs, Jesus Cristo ressuscitou, e somente Ele é capaz de remover as pedras que fecham o caminho para a vida. De facto, Ele mesmo, o Vivente, é o Caminho: o Caminho da vida, da paz, da reconciliação, da fraternidade. Ele abre-nos a passagem, algo humanamente impossível, porque somente Ele tira o pecado do mundo e perdoa os nossos pecados. E sem o perdão de Deus, essa pedra não pode ser removida.

"Sem o perdão dos pecados", disse ainda Francisco, "não se consegue sair dos fechamentos, dos preconceitos, das suspeitas mútuas e das presunções, que levam sempre a absolver a ti mesmo e a acusar os outros. Somente o Cristo Ressuscitado, ao dar-nos o perdão dos pecados, abre o caminho para um mundo renovado".

Paz para as populações atormentadas pela guerra

"Somente ele nos abre as portas da vida, aquelas portas que fechamos continuamente com as guerras que se alastram pelo mundo", disse o Papa, convidanda-nos a voltar o "nosso olhar, em primeiro lugar, para a Cidade Santa de Jerusalém, testemunha do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, e para todas as comunidades cristãs da Terra Santa".

O meu pensamento  dirige-se, sobretudo, às vítimas dos muitos conflitos em andamento no mundo, começando pelos que ocorrem em Israel, na Palestina e na Ucrânia. Que o Cristo Ressuscitado abra um caminho de paz para as populações atormentadas dessas regiões. Ao mesmo tempo que convido a que sejam respeitados os princípios do direito internacional, espero que haja uma troca geral de todos os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia: todos por todos!

“Além disto, faço novamente um apelo para que seja garantido o acesso da ajuda humanitária a Gaza e insisto, uma vez mais, na pronta libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro e em um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.”

Diálogo entre os povos

"Não permitamos que as hostilidades em andamento continuem a afetar seriamente a população civil, já exausta, especialmente as crianças. Não permitamos que ventos de guerra cada vez mais fortes soprem sobre a Europa e o Mediterrâneo. Não nos rendamos à lógica das armas e do rearmamento. A paz nunca é construída com armas, mas estendendo as nossas mãos e abrindo os nossos corações", sublinhou o Pontífice.

A seguir, o Papa convidou a não nos esquecermos da "Síria, que vem sofrendo as consequências de uma guerra longa e devastadora há quatorze anos. Tantos mortos, pessoas desaparecidas, tanta pobreza e destruição estão à espera de respostas de todos, inclusive da Comunidade internacional".

Voltou o seu olhar para "o Líbano, que há muito tempo vem sendo afetado por um bloqueio institucional e por uma profunda crise económica e social, agora agravada pelas hostilidades na fronteira com Israel", "para a região dos Balcãs Ocidentais, onde estão a ser dados passos significativos para a integração no projeto europeu", encorajou" ao diálogo entre a Arménia e o Azerbaijão, para que, com o apoio da Comunidade internacional, se possa continuar o diálogo, ajudar os deslocados, respeitar os locais de culto das diferentes denominações religiosas e chegar a um acordo de paz definitivo o mais rápido possível".

Haiti e Continente africano

Francisco espera que "o Cristo Ressuscitado abra um caminho de esperança às pessoas que,  noutras partes do mundo, sofrem com a violência, os conflitos, a insegurança alimentar e os efeitos das mudanças climáticas". Que Ele "conceda conforto às vítimas de todas as formas de terrorismo". O Pontífice convidou "a rezar pelos que perderam as suas vidas" e implorou "arrependimento e conversão para os autores de tais crimes". O Papa pediu ao Senhor Ressuscitado para que "ajude o povo haitiano, a fim de que a violência, que derrama sangue e dilacera o País, possa cessar o mais rápido possível e que se possa progredir no caminho da democracia e da fraternidade", "dê conforto aos Rohingyas, afligidos por uma grave crise humanitária, e abra o caminho da reconciliação em Mianmar, dilacerado por anos de conflito interno, a fim de que toda lógica de violência seja definitivamente abandonada".

“Que Ele abra caminhos de paz no continente africano, especialmente para as populações provadas no Sudão e em toda a região do Sahel, no Chifre da África, na região de Kivu, na República Democrática do Congo, e na província de Cabo Delgado, em Moçambique, e ponha fim à prolongada situação de seca que afeta vastas áreas e causa fome e carestia.”

Na sua mensagem Urbi et Orbi, o Papa recordou também "os migrantes e aqueles que estão a passar por dificuldades económicas". Pediu ao Senhor para que "guie todas as pessoas de boa vontade a unirem-se em solidariedade, para enfrentarem juntas os muitos desafios que as famílias mais pobres enfrentam na sua busca por uma vida melhor e pela felicidade".

Que a luz da ressurreição converta os nossos corações

Neste dia em que celebramos a vida que nos foi dada na ressurreição de Cristo, Francisco recordou que "a preciosa dádiva da vida é desprezada! Quantas crianças não conseguem sequer ver a luz? Quantas morrem de fome, ou são privadas de cuidados essenciais, ou são vítimas de abuso e violência? Quantas vidas são mercantilizadas pelo crescente comércio de seres humanos?"

No dia em que Cristo nos libertou da escravidão da morte, exorto aqueles com responsabilidade política a não pouparem esforços no combate ao flagelo do tráfico humano, trabalhando incansavelmente para desmantelar as suas redes de exploração e trazer liberdade àqueles que são as suas vítimas. Que o Senhor console as suas famílias, especialmente aquelas que aguardam ansiosamente notícias dos seus entes queridos, assegurando-lhes conforto e esperança.

Francisco concluiu, pedindo "que a luz da ressurreição ilumine as nossas mentes e converta os nossos corações, conscientizando-nos do valor de toda vida humana, que deve ser acolhida, protegida e amada".

VN

30 março 2024

O Papa: que a força da ressurreição role as pedras que nos oprimem a alma

 

 

Na homilia da missa da Vigília Pascal, Francisco convidou a levantar "o olhar para Jesus" que "depois de ter assumido a nossa humanidade, desceu aos abismos da morte e atravessou-os com a força da sua vida divina, abrindo uma fresta infinita de luz para cada um de nós. Ressuscitado pelo Pai na sua carne, na nossa carne, com a força do Espírito Santo abriu uma nova página para o género humano". 
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco presidiu a missa da Vigília Pascal, neste 30 de março, Sábado Santo, na Basílica de São Pedro.

Na sua homilia, o Papa deteve-se em dois momentos da passagem do Evangelho de Marcos em que as mulheres vão ao túmulo de Jesus bem cedo. No primeiro, elas interrogam-se angustiadas, quem faria rolar para elas a pedra do sepulcro, que era muito grande. No segundo, erguendo os olhos, viram que a pedra já tinha sido tirada. Segundo Francisco, esses dois momentos "levam-nos à alegria inaudita da Páscoa".

Os «maços da morte» ao longo do caminho

"Aquela pedra representava o fim da história de Jesus, sepultado na noite da morte. Ele, a vida que veio ao mundo, foi morto; Ele, que manifestou o amor misericordioso do Pai, não recebeu compaixão; Ele, que aliviou os pecadores do peso da condenação, foi condenado à cruz. Aquele maço, obstáculo intransponível, era o símbolo do que as mulheres levavam no coração, ou seja, o fim da sua esperança", disse ainda o Papa, sublinhando que "o mesmo pode acontecer também connosco".

“Às vezes sentimos que uma pedra tumular foi pesadamente colocada na entrada do nosso coração, sufocando a vida, extinguindo a confiança, encarcerando-nos no sepulcro dos medos e amarguras, bloqueando o caminho para a alegria e a esperança. São «maços da morte»; e os encontramos, ao longo do caminho, em todas as experiências e situações que nos roubam o entusiasmo e a força para prosseguir.”

De acordo com o Papa, encontramos esses «maços da morte» "nos sofrimentos que nos afetam e na morte de pessoas queridas, que deixam em nós vazios incuráveis; nos fracassos e medos que nos impedem de fazer as coisas boas que temos no coração; em todos os isolamentos que abrandam os nossos impulsos de generosidade, não permitindo abrir-nos ao amor; nos muros de borracha do egoísmo e da indiferença, que impedem o compromisso de construir cidades e sociedades mais justas e à medida do homem; em todos os anseios de paz sufocados pela crueldade do ódio e pela ferocidade da guerra".

Segundo Francisco, "quando se experimentam estas desilusões, apodera-se de nós a sensação de que muitos sonhos acabarão por serem desfeitos e nos interrogamos, angustiados: quem nos rolará a pedra do sepulcro?"

Elevar os olhos para Jesus

Contudo, aquelas mulheres que tinham a escuridão no coração dão-nos testemunho de algo extraordinário: erguendo os olhos, viram que a pedra já tinha sido rolada, embora fosse muito grande.

“Aqui está a Páscoa de Cristo, aqui está a força de Deus: a vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o renascimento da esperança por entre os escombros do fracasso. Foi o Senhor, Deus do impossível, que, para sempre, rolou a pedra para o lado e começou a abrir os nossos corações, a fim de não acabar a esperança. Por isso, devemos elevar também os nossos olhos para Ele.”

O Pontífice convidou a levantar "o olhar para Jesus" que "depois de ter assumido a nossa humanidade, desceu aos abismos da morte e atravessou-os com a força da sua vida divina, abrindo uma fresta infinita de luz para cada um de nós. Ressuscitado pelo Pai na sua carne, na nossa carne, com a força do Espírito Santo abriu uma nova página para o género humano".

Renovar ao Senhor hoje o nosso sim

Segundo o Papa, "se deixarmos Jesus tomar-nos pela mão, nenhuma experiência de fracasso e sofrimento, por mais que nos doa, poderá ter a última palavra sobre o sentido e o destino da nossa vida. A partir de então, se nos deixarmos agarrar pelo Ressuscitado, nenhuma derrota, nenhum sofrimento, nenhuma morte poderá deter o nosso caminho rumo à plenitude da vida".

Levantemos o olhar para Ele, acolhamos Jesus, Deus da vida, nas nossas vidas, renovemos-Lhe hoje o nosso «sim» e nenhum maço de pedra poderá sufocar-nos o coração, nenhum sepulcro poderá encerrar a alegria de viver, nenhum fracasso será capaz de nos lançar no desespero. Levantemos o olhar para Ele e peçamos-Lhe que a força da sua ressurreição role para o lado as pedras que nos oprimem a alma. Levantemos o olhar para Ele, o Ressuscitado, e caminhemos na certeza de que, no fundo obscuro das nossas expectativas e das nossas mortes, já está presente a vida eterna que Ele veio trazer.

VN

29 março 2024

SEXTA FEIRA SANTA 2024

 


 

Suas sangue, de joelhos prostrado em oração.

Porque suas sangue, Senhor?

Por causa dos tormentos que sabes Te vão ser infligidos?

Acredito que não, Senhor, que suas sangue por saberes e perceberes os nossos corações duros que, mesmo perante o Teu sacrifício, teimam em não se converter.

Basta um coração que não se converta para que a Tua «alma esteja numa tristeza de morte» Mt 26, 38

Pelo Teu coração passam as vidas de todos nós e Tu anseias que todos, mas mesmo todos, possam ouvir a Tua voz, reconhecer o Teu amor, e assim se deixem converter e encontrar o caminho da salvação.

Sabes que vais sofrer e talvez o Teu ser Homem, (quem sou eu para o perceber), anseie por se livrar de tamanhos tormentos que Te esperam, mas o Teu amor por nós é muito maior do que essa ânsia, e assim, sabendo que tudo Te é pedido, com a face por terra, oras ao Pai, cheio de amor: «Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.» Mt 26, 39

Depois tudo se precipita!

Os algozes que Te vêm prender aproximam-se e nós fugimos deixando-Te só perante eles.

Talvez Te sigamos de longe, disfarçados, tentando perceber o que se vai passar, mas não somos capazes de partilhar contigo os terríveis vexames e dores que Te vão ser infligidos.

Mesmo ao longe e disfarçados para não nos reconhecerem, perante a pergunta que nos fazem se Te pertencemos, cobardemente dizemos que não, muito mais do que três vezes, e muitos mais do que três vezes, perante o Teu olhar de amor, nos arrependemos e choramos as nossas negações.

Depois, nenhum de nós que Te segue, se aproxima para Te ajudar a levar a cruz, e têm de chamar outro, que ainda não Te conhecia, para Te ajudar a levar a cruz dos nossos pecados.

E, no entanto, no nosso dia a dia, és Tu que sempre nos ajudas a levar a nossa cruz.

Talvez tapemos os nossos olhos com as mãos quando perfuram a Tua carne com os cravos que Te pregam à cruz, mas nada fazemos, para impedir que tal aconteça.

Ao longe, para que ninguém nos veja, desejávamos estar junto de Tua Mãe e de João, aos pés da Tua cruz.

Então talvez acolhamos Tua Mãe como nossa Mãe, sabendo que, sem dúvida, Ela já nos aceitou e ama como filhos seus.

Ouvimos a Tua voz repassada de amor, «Tudo está consumado» (Jo 19, 30), e num último suspiro entregas-Te nas mãos do Pai.

Choramos então amargamente e batemos com a mão no peito, porque finalmente reconhecemos que «verdadeiramente este homem era Filho de Deus» (Mc 15, 39).

 

Marinha Grande, 29 de Março de 2024

Joaquim Mexia Alves