29 outubro 2023

TODOS OS SANTOS, SIM, HALLOWEEN, NÃO!



 
Quando eu era novo, lá pelos anos 50/60, não se falava desta coisa do Halloween, ou lá como é que se chama.

Nem me passava pela cabeça vestir-me de diabo, de bruxo, e muito menos de morto-vivo.
Não só porque não queria, mas também porque os meus pais não mo permitiriam, felizmente.

Que raio de coisa tão feia é esta?
Fazer da morte pela morte, da bruxaria, das coisas diabólicas, razões para festejar, para celebrar tais coisas perniciosas.

Claro que a morte é algo que está presente nas nossas vidas, que devemos aceitá-la como coisa natural, que como cristão que sou, posso até esperá-la na fé e na confiança, de que morrendo em Cristo e com Cristo, com Ele ressuscitarei.

Mas daí a fazer dela uma festa, “celebrando” uma espécie de regresso à vida como morto-vivo para aterrorizar os outros, é coisa que não passa pela cabeça de qualquer pessoa de bom senso.

Que raio de festa é esta, em que o seu mote principal é vestir-se de desgraçado, de horror, de morte, para “celebrar” o medo, a destruição, a infelicidade?

Preocupam-se tanto, (será que se preocupam?), em não ofender as crianças, em não manipular as crianças, mas, no entanto, não se importam de as vestir de mortos-vivos, de bruxos, de diabos, de tudo quanto é máscaras horrendas.

Ah, pois, é só uma brincadeira sem mal nenhum!
Pois, também os “milhentos” jogos das “baleias”, das mesas de tripé, das invocações dos espíritos, dos estrangulamentos até à quase morte, são muito “engraçados”, mas todos sabemos como, mais tarde ou mais cedo, tudo isso se reflecte em vidas atribuladas, em noites mal dormidas, em depressões sem razão de ser, em auto destruição da própria vida, em problemas permanentes que infernizam a vida de quem quer viver em paz.

Ah, pois, eu exagero!
Mas quem vive em Igreja e ouve as pessoas que procuram Deus por causa de tantos problemas que não percebem e acontecem nas suas vidas, percebe bem como se abriu, com todas essas coisas, a porta ao tal diabo, (que não existe, segundo alguns), mas que inferniza a vida daqueles que, tantas vezes sem perceber, o invocam, chamando-o para as suas vidas.

Pois é, lá vem este com o diabo e com as coisas do diabo!
Mas eu digo-vos, a quem me lê, há muito que o diabo não faz parte das minhas preocupações, porque estou com Cristo, mas reconheço, porque o próprio Cristo me/nos ensinou que ele existe, que devemos estar sempre atentos à sua influência, às suas tentações, ao seu poder diabólico.

Não, o diabo não é o culpado de todo o mal que existe.
Os culpados somos nós quando lhe abrimos a porta e deixamos que ele entre nas nossas vidas.

Por isso, na noite da véspera do Dia de Todos os Santos, celebremos antes a vida, a verdadeira vida, aquela que aqueles que seguem Jesus Cristo, tocados pelo amor do Pai, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo, encontram todos os dias, e todos os dias a querem viver na confiança e na esperança, de que, morrendo em Cristo, n’Ele ressuscitamos.

E as crianças, por favor, deixem-nas pedir o “pão por Deus”, se quiserem mascarar-se, que seja vestidas de anjos, para celebrarem a vida que Deus nos dá, em alegria, em amor, em paz e salvação.

E já agora, expliquem-lhes o Pão que Deus é, e que a nós se entrega, cada dia, na Eucaristia.

Para todos uma Santa e muito bem vivida Solenidade de Todos os Santos.


Marinha Grande, 29 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

Papa Francisco: a Igreja que sonhamos é adoradora e serva de todos e dos últimos

 
 
Francisco presidiu a celebração eucarística de conclusão do Sínodo dos Bispos no Vaticano e exortou cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos a crescer na adoração a Deus e no serviço ao próximo: "é aqui que está o coração de tudo" para fazer "a Igreja que somos chamados a sonhar: uma Igreja serva de todos, serva dos últimos. Uma Igreja que acolhe, serve, ama. Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia".
 

Andressa Collet - Vatican News

Uma Basílica de São Pedro com cerca de 5 mil fiéis neste domingo (29) para rezar junto do Papa Francisco, que presidiu a missa de conclusão do Sínodo dos Bispos. A homilia foi especialmente dirigida aos cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos que, durante um mês, se viram empenhados na Sala Paulo VI, no Vaticano, para a XVI Assembleia Geral Ordinária. O pedido do Pontífice, segundo a reflexão do Evangelho do dia (Mt 22, 36) sobre "o princípio inspirador de tudo", foi de "crescer na adoração a Deus e no serviço do próximo".

De facto, quando nos interrogamos sobre «Qual é o maior mandamento?» (Mt 22, 36), explica o Papa, a resposta de Jesus é clara: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante: Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (Mt 22, 37-39). Com a conclusão do Sínodo, "é importante fixar o «princípio e fundamento», do qual uma vez e outra tudo começa: amar a Deus com toda a vida e amar o próximo como a ti mesmo". Mas, questiona o próprio Papa, como traduzir tal impulso de amor? Francisco propõe "dois verbos, dois movimentos do coração": adorar e servir.

A adoração é essencial na Igreja

A adoração "é a primeira resposta que podemos oferecer ao amor gratuito" de Deus e, infelizmente, neste momento, disse o Papa, "perdemos o hábito da adoração": "esta maravilha própria da adoração é essencial na Igreja".

“Que esta seja uma atividade central para nós, pastores: dediquemos diariamente um tempo à intimidade com Jesus, Bom Pastor, diante do sacrário. Adorar. Que a Igreja seja adoradora! Adore-se o Senhor em cada diocese, em cada paróquia, em cada comunidade! Porque só assim nos voltaremos para Jesus, e não para nós mesmos.”

Mas, alerta Francisco, na Sagrada Escritura, o amor ao Senhor aparece frequentemente associado à luta contra toda a idolatria, porque os ídolos são obra do homem: "quem adora a Deus rejeita os ídolos, pois, enquanto Deus liberta, os ídolos tornam-nos escravos".

Servir

O segundo verbo proposto pelo Papa é o servir, como acontece no mandamento maior, já que "Cristo liga Deus e o próximo, para que não apareçam jamais separados. Não existe uma experiência religiosa que seja surda ao grito do mundo, uma verdadeira experiência religiosa. Não há amor a Deus sem envolvimento no cuidado ao próximo". Assim, a reforma da Igreja deve ser conduzida através da adoração e do serviço:

"Adorar a Deus e amar os irmãos com o seu amor, esta é a grande e perene reforma. Ser Igreja adoradora e Igreja do serviço, que lava os pés à humanidade ferida, acompanha o caminho dos frágeis, dos débeis e dos descartados, sai com ternura ao encontro dos mais pobres. [...] Irmãos e irmãs, penso naqueles que são vítimas das atrocidades da guerra; nas tribulações dos migrantes, no sofrimento escondido de quem se encontra sozinho e em condições de pobreza; em quem é esmagado pelos fardos da vida; em quem já não tem mais lágrimas, em quem não tem voz."

Assim, com a conclusão da Assembleia Sinodal, nesta «conversação do Espírito», disse o Papa, a experiência foi rica da "terna presença do Senhor", da "beleza da fraternidade", sempre "à escuta do Espírito. Hoje não vemos o fruto completo deste processo", comentou ainda o Pontífice, mas o Senhor deverá guiar e ajudar todos "a ser Igreja mais sinodal e missionária, que adora a Deus e serve as mulheres e os homens do nosso tempo, saindo para levar a todos a alegria consoladora do Evangelho":

“Esta é a Igreja que somos chamados a sonhar: uma Igreja serva de todos, serva dos últimos. Uma Igreja que acolhe, serve, ama, sem nunca exigir antes um atestado de «boa conduta». Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia.”

VN

28 outubro 2023

Papa conclui os trabalhos do Sínodo e recorda: o protagonista é o Espírito Santo

 

Após quatro semanas de XVI Assembleia Geral Ordinária no Vaticano, Francisco concluiu os trabalhos na noite deste sábado (28), na Sala Paulo VI. Em espanhol, agradeceu pela dedicação de todos e disse: "quero recordar que o protagonista deste Sínodo é o Espírito Santo". O último dia foi de leitura, aprovação e apresentação do Relatório de Síntese, que passou por votação eletrónica e secreta.
 

Andressa Collet - Vatican News 

O Papa Francisco participou na Congregação Geral da tarde deste sábado (28) da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos naquele que foi o último dia após quatro semanas de trabalho. Dia também de  leitura e aprovação do Relatório de Síntese, que passou por votação eletrónica e secreta, com apresentação do documento de 40 páginas - em versão oficial em italiano e inglês - em conferência de imprensa. Esta foi a primeira vez que os não bispos tiveram o direito de voto, como as mulheres.

A conclusão dos trabalhos do Sínodo foi feita pelo próprio Papa Francisco na noite deste sábado (28), na Sala Paulo VI. Em espanhol, agradeceu pela dedicação de todos e disse:

"Quero recordar que o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo. Sugiro que levem convosco os textos de São Basílio, que nos preparou o Padre Davide Piras, e continuem meditando-o, porque isso pode ajudár-vos. Quero agradecer o trabalho de todos e de cada um: o cardeal Grech, não dormiu à noite; o cardeal Hollerich, mestre dos noviços; Nathalie Becquart e Luis Marín de San Martín, Giacomo Costa, Riccardo Battocchio, Giuseppe Bonfrate, Irmã Maria Grazia Angelini, Timothy Radcliffe, que nos manifestaram um saber espiritual connosco, e aos escondidos, aqueles que estão aqui atrás, que não vemos e que possibilitaram tudo isto. Obrigadao de coração a todos. Muchas gracias." 

Missa de encerramento neste domingo

Já o encerramento solene do Sínodo dos Bispos será realizado com missa presidida pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro. A cerimónia deste domingo (29), com transmissão ao vivo e comentários em português pelos canais do Vatican News, está marcada para às 10h de Itália. Com o término do horário de verão na Europa neste final de semana, a missa começa às 9h no horário e Portugal. O próprio Papa Francisco, após a oração na conclusão dos trabalhos aos padres e mães sinodais, recordou a todos para atrasar os ponteiros dos relógios, uma hora.

VN

26 outubro 2023

A OBEDIÊNCIA

 

 
Catecismo da Igreja Católica 144
«Obedecer (ob-audire) na fé é submeter-se livremente à palavra escutada, por a sua verdade ser garantida por Deus, que é a própria verdade. Desta obediência, o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe é Abraão. A sua realização mais perfeita é a da Virgem Maria.»

Detenhamo-nos sobre esta palavra/virtude obediência para percebermos o que ela é, o que ela significa realmente.

Hoje em dia obedecer, obediência, faz imediatamente pensar a maioria das pessoas em fraqueza, submissão à força, humilhação, e, no entanto, não há nada mais errado sobre o que é a obediência e o que é obedecer.

Pensemos, para já, apenas na obediência e do que é obedecer em termos gerais, ou seja, abstraindo-nos da fé cristã.
A obediência leva à harmonia, à construção, à paz, à alegria.

Se ninguém obedecesse o que seria do mundo, o que seria do equilíbrio, da paz na sociedade e nas nações?
Um mundo sem leis nem regras, um mundo em que ninguém precisasse obedecer a leis ou regras, seria um mundo que se auto- destruiria em pouco tempo.
Por exemplo, o que seria do trânsito automóvel sem leis, sem regras?

Mas, como se refere no início citando o Catecismo, a obediência cristã é inerente à fé, porque a fé procura a verdade, a verdade é a Palavra de Deus e, como tal, sendo a verdade, todo o cristão deve obedecer à verdade que é o próprio Deus.
São Paulo na Carta aos Romanos chama-lhe a obediência da fé.

Lembremo-nos, desde logo, que Jesus Cristo obedeceu em tudo à vontade do Pai e, por essa obediência, que foi até «à morte e morte de cruz» Fl 2, 8, chegou a salvação aos homens.
Lembremo-nos como Jesus na Sua agonia no Monte das Oliveiras diz em oração ao Pai: «Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua.» Lc 22, 42

O Catecismo fala-nos também em Abrãao que deixa tudo para obedecer a Deus, como exemplo dessa obediência, e refere-nos também Maria como o exemplo perfeito de obediência na fé.
Maria, perante a “proposta” de Deus, anunciada pelo Anjo, mesmo sem perceber muito bem o que lhe é pedido, acaba essa Anunciação dizendo: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» Lc 1, 38

Essa obediência à Palavra, (Palavra de Deus que é a Verdade), leva à vivência inteira da fé, que, obviamente, leva à paz, à alegria, à felicidade.

Por isso a sua prima Isabel, conduzida pelo Espírito Santo, lhe diz quando se encontram: «Feliz de ti que acreditaste, (que disseste sim), porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.» Lc 1, 45

E o que é nos é dito da parte do Senhor, quando temos fé, quando acreditamos, quando obedecemos à Sua Palavra?

Que seremos salvos.
Que Ele está sempre connosco.
Que não seremos provados além das nossas forças.
Que todos os cabelos das nossas cabeças estão contados.
Que os cegos vêem, os surdos ouvem, os mudos falam, os paralíticos andam.
Que seremos livres.
Que nos amaremos uns aos outros como Ele nos ama.
Que não morreremos, mas sim com Ele ressuscitaremos.
No fundo que seremos felizes, (apesar das contrariedades), e que encontraremos a felicidade plena junto de Deus.

Mas a obediência na fé ou da fé, é suscitada de vários modos, ou seja, não apenas pela Palavra de Deus, mas também pela Igreja, pelo Papa, os Bispos, os Sacerdotes, os Santos e também aqueles que nos rodeiam.

Esta obediência da fé é sempre uma obediência de amor.
Nós não obedecemos à Lei de Deus, à Doutrina da Igreja, pela Lei ou pela Doutrina por si mesmas, mas sim pelo amor que temos a Deus e, por isso mesmo, devemos ter esse mesmo amor à Lei de Deus e à Doutrina da Igreja.

E o amor torna-nos livres na obediência, porque não obedecemos por imposição, mas por amor, porque sabemos que Deus nos ama, que Ele é amor e que tudo o que nos pede é para nos levar à nossa felicidade, à felicidade daqueles que nos rodeiam, e à felicidade daqueles que, ainda não O conhecendo ou vivendo, O podem descobrir pelo nosso testemunho, pelo nosso serviço a Deus servindo os outros.

Ora isto leva-nos à obediência da fé em Igreja.

Mas se apenas obedecemos quando o que nos é pedido está de acordo com aquilo que pensamos, está de acordo com as nossas escolhas, então não estamos a fazer a vontade de Deus, mas a nossa vontade.

Obviamente que a obediência também tem sempre a ver com a nossa consciência, mas nós só devemos seguir a nossa consciência se a mesma está bem formada, ou seja, se fizemos tudo, mas mesmo tudo o que esteja ao nosso alcance, para a formarmos no assunto sobre o qual queremos decidir obedecer.

Nós acreditamos, que o Papa é eleito por graça do Espírito Santo sobre aqueles que o elegem, como os bispos assim serão escolhidos, bem como os sacerdotes, religiosos, consagrados.

Esta obediência em Igreja vai mais longe.

Extrapolemos, legitimamente pensando, que se nos entregamos a Cristo, ao Espírito Santo, no amor do Pai, quando escolhemos aqueles que vão coordenar serviços ou as diversas equipas da pastoral, podemos acreditar também que foi o Espírito Santo que os escolheu, naquele determinado momento, para servirem daquele modo, embora servindo-se de nós.

Quantas vezes é escolhido alguém, por exemplo numa eleição mais ou menos “secreta”, que nós, na nossa humanidade, julgamos que não seria a pessoa ideal para tal missão?
E, no entanto, quantas vezes depois reconhecemos que essa pessoa executa a missão que lhe foi dada muito melhor do que nós julgávamos ser possível?

Porque embora o Espírito Santo saiba quais os dons de cada um, como alguém disse, Ele não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos!

Então isto significa que devemos obedecer cegamente a tudo aquilo que os coordenadores dos serviços ou equipas em que servimos a Igreja, nos pedem para fazer?

Para responder a esta pergunta teremos que pesar também o “mandar”, e o “mandar” é muito importante para que as “ordens” ou “regras” sejam obedecidas.

Ora “mandar”, liderar, coordenar, tem a ver com o amor também, e tem a ver com o obedecer a Deus, que não nos “instituiu” como donos da verdade, mas sim como pessoas de fé, à procura da verdade.

Então, aquele ou aquela que coordena deve reger-se em primeiro lugar pelo amor.
Primeiro pelo amor a Deus, entregando-se em oração, para discernir qual a melhor forma de levar a cabo a missão que lhe foi confiada.

Segundo pelo amor aos outros, chamando-os a colaborar na tomada de decisões e ouvindo as suas ideias, as suas propostas, de modo, a que em equipa, possam encontrar pela graça de Deus o melhor caminho para a cumprir a missão.

Depois também é imprescindível o testemunho daquele ou daquela que coordena, ou seja, a sua liderança tem que ser fruto da oração, que leva à sensatez, e também a executar com os outros, (se possível), as directivas que mandou fazer.

Percebemos então, com certeza, que o serviço ou equipa trabalha, ou deve trabalhar em harmonia, e só se a humildade estiver presente nos seus membros, é que conseguiremos aceitar as “ordens” que nos são dadas, porque percebemos que vêm de quem foi escolhido para tal, e porque no fim foram fruto da análise de todos.

Então e se a minha ideia não foi aceite, ou a minha proposta não teve a concordância dos outros?

Então, em humildade, aceito-o de coração grato e executo o que me é pedido com amor e alegria de servir.
Mas não com alguma espécie de resignação, com murmúrios, ou com a convicção de que eu sei melhor, mas sim com o espírito de obediência da fé, certos de que Deus nunca falha se acreditamos estar a fazer a Sua vontade.

Lembremo-nos que os serviços e equipas de pastoral, são de alguma forma, também, o rosto visível da Igreja, e, como tal, devemos sempre dar testemunho de amor, de harmonia e de paz.

Só assim, fazendo a vontade de Deus em amor, é que um dia poderão dizer da Igreja o que já foi dito das primeiras comunidades cristãs de Jerusalém: Vede como eles se amam.



Marinha Grande, 26 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

25 outubro 2023

Francisco à JNJ de S. Salvador: se um jovem não se mexe, enferruja-se!

 
Cartaz da Jornada Nacional da Juventude de El Salvador em 25 de novembro de 2023
 
Numa breve mensagem vídeo aos jovens de S. Salvador que participarão da próxima Jornada Nacional da Juventude (JNJ), em 25 de novembro, na cidade de Santa Ana, o Papa convida-os a não ficarem em casa e a partilharem a fé.
 

Vatican News

"Vai, mexe-te, porque se um jovem não se mexe, enferruja e é muito triste ver um jovem enferrujado." Estas são as palavras do Papa Francisco, entrevistado na Sala Paulo VI para uma breve mensagem vídeo enviada aos mais de 15 mil jovens que participarão da Jornada Nacional da Juventude (JNJ) de S. Salvador, que se realizará no sábado, 25 de novembro, na cidade de Santa Ana. Grupos, comunidades e paroquianos jovens salvadorenhos viralizaram a mensagem do Papa nas redes sociais, com um estimulante “É proibido ficar em casa”.

Uma festa de vocação, perdão e adoração

“Alegres na esperança, Maria acompanha-nos no caminho” é o lema da JNJ de El Salvador. A página oficial da JNJ 2023 de S. Salvador informa que, nesta celebração da fé, os jovens salvadorenhos poderão participar da Feira Vocacional, da Feira do Perdão, da Santa Eucaristia e da Adoração Eucarística, para concluir com um concerto intercalado com os testemunhos de vários membros da pastoral juvenil. Além disso, já foi publicado o hino da JNJ, intitulado: Maria nos acompanha!

Os três patronos de honra

Três padroeiros de excelência foram escolhidos para aqueles dias: São João Paulo II, São Óscar Romero e o Beato Carlos Acutis que, junto com a Virgem Rainha da Paz, padroeira de S.Salvador, intercederão por aquele árduo trabalho e pelos frutos dele, o caminhar dos jovens na fé e na missão. 

São João Paulo II - explicam os organizadores - porque, além de viajar pelo mundo levando uma mensagem de paz e reconciliação, o seu amor pelos jovens levou-o a iniciar as Jornadas Mundiais da Juventude em 1985, com um chamamento constante: "Não tenham medo de seguir Cristo!" A São Óscar Romero, elevado aos altares em outubro de 5 anos atrás, os jovens dirigirão as suas orações pedindo intercessão pelo país e pela Jornada Nacional da Juventude, porque, como diz a oração dedicada ao santo, ele foi um pastor exemplar ao serviço da Igreja e, nela, preferencialmente dos pobres e necessitados.

O terceiro padroeiro é o Beato Carlos Acutis, cuja vida breve, de apenas 15 anos, foi repleta de grande devoção mariana e eucarística e, sobretudo, pela capacidade de difundir a sua fé aos jovens na internet através das redes sociais. Foi um jovem católico que procurou viver toda a sua vida em profunda comunhão e amizade com Jesus. Por isso, os jovens salvadorenhos pedir-lhe-ão que os acompanhe: Dá-nos a coragem de ser verdadeiros cristãos no nosso telemóvel, computador e na vida quotidiana!

VN

O Papa: apelo pela libertação dos reféns e entrada de ajudas humanitárias em Gaza

 
Ajuda humanitária destinada aos palestinos em Gaza passa pela passagem de Rafah (ANSA)
 
Na audiência geral desta quarta-feira Francisco volta mais uma vez ao seu pensamento para a grave situação na Palestina e Israel, esperando caminhos de paz para o Médio Oriente e estendendo o seu olhar para a atormentada Ucrânia e outras regiões feridas pela guerra. O Papa lembra o Dia de Oração, na próxima sexta-feira, para implorar a paz no mundo 
 

Raimundo de Lima – Vatican News

Ao final da audiência geral desta quarta-feira, 25 de outubro, na Praça de São Pedro, falando aos fiéis e peregrinos de língua italiana, o Santo Padre mais uma vez voltou ao seu pensamento para a grave situação na Palestina e Israel, pedindo a libertação dos reféns e o acesso às ajudas humanitárias em Gaza:

Penso sempre na grave situação na Palestina e em Israel. Incentivo à libertação dos reféns e a entrada das ajudas humanitárias em Gaza. Continuo a orar por aqueles que sofrem, a esperar por caminhos de paz no Médio Oriente, na atormentada Ucrânia e noutras regiões feridas pela guerra. Lembro a todos que depois de amanhã, sexta-feira, 27 de outubro, viveremos um dia de jejum, oração e penitência. Às 18 horas, na Praça de São Pedro, reuniremo-nos para rezar, implorando a paz no mundo.

Chamado à esperança

Também na saudação aos fiéis e peregrinos de língua portuguesa, o Papa no chamou-nos à esperança convidando-nos a confiar à Virgem Maria a urgência da paz:

Neste tempo, não deixemos que as nuvens dos conflitos escondam o sol da esperança. Entreguemos, antes, a Nossa Senhora a urgência da paz, para que todas as culturas se abram ao sopro de harmonia do Espírito Santo.

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Papa: é preciso pregar o evangelho com coragem e liberdade

 
 
Durante a sua catequese, na Praça de São Pedro, o Papa destacou o legado dos Santos Cirilo e Metódio, apóstolos dos eslavos. Francisco enfatizou a abordagem que os irmãos tinham no seu modo de evangelizar, que priorizava a língua materna e a liberdade espiritual: “uma pessoa é livre quanto mais corajosa ela for e não se deixar acorrentar por tantas situações que tiram a sua liberdade”. 
 

Thulio Fonseca - Vatican News

O Papa Francisco, na manhã nublada desta quarta-feira, 25 de outubro, deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico. O Pontífice abordou na sua reflexão o testemunho de dois irmãos muito famosos no Oriente cristão, ao ponto de serem chamados de "apóstolos dos eslavos": os Santos Cirilo e Metódio.

Nascidos na Grécia no século IX, numa família aristocrática, renunciaram à carreira política para se dedicarem à vida monástica. Os irmãos foram enviados como missionários à Grande Morávia, que na época incluía vários povos, em parte já evangelizados, mas entre os quais ainda sobreviviam muitos costumes e tradições pagãs. O príncipe da época solicitou um mestre que explicasse a fé cristã na língua deles.

A importância de evangelizar na língua materna

"O primeiro empenho de Cirilo e Metódio foi estudar profundamente a cultura daqueles povos", afirmou Francisco, "e para anunciar o Evangelho e rezar com aquele povo, foi preciso um instrumento próprio, adequado e específico, resultando na criação do alfabeto glagolítico. Nesta língua, Cirilo traduziu a Bíblia e textos litúrgicos. A partir daquele ato, as pessoas sentiram que aquela fé cristã já não era mais 'estrangeira', mas tornou-se a sua fé, falada na língua materna. Pensem: dois monges gregos que dão um alfabeto aos Eslavos. Foi essa abertura de coração que enraizou o Evangelho entre eles".

"Naquela época, alguns latinos de mente fechada", destacou o Papa, "diziam que Deus só poderia ser louvado nas três línguas escritas na cruz: hebraico, grego e latim. Mas Cirilo respondeu com força: Deus quer que cada povo o louve na própria língua. Juntamente com o seu irmão Metódio, recorreram ao Papa, que aprovou os seus textos litúrgicos em língua eslava, colocou-os sobre o altar da igreja de Santa Maria Maior e cantou com eles os louvores do Senhor segundo aqueles livros".

Unidade, inculturação e liberdade

Francisco recordou que São João Paulo II, ao contemplar o testemunho daqueles dois evangelizadores, escolheu-os como co-patronos da Europa e escreveu a Encíclica "Slavorum Apostoli", na qual destacou três aspecos importantes.

"O primeiro ponto", ressaltou o Papa, "é o da unidade: naquela época, gregos, o Papa e eslavos viviam uma cristandade indivisa na Europa, que colaborava para evangelizar. Um segundo aspeto importante é o da inculturação", continuou Francisco. "A evangelização da cultura e a inculturação mostram que estes pontos estão intimamente ligados. Não se pode pregar um Evangelho de modo abstrato, destilado: o Evangelho deve ser inculturado e também é uma expressão da cultura".

O último aspeto, sublinhou, é o da liberdade: "na pregação, precisamos de liberdade, mas a liberdade requer sempre coragem. Uma pessoa é livre quanto mais corajosa for, sem se deixar acorrentar por tantas coisas que lhe tiram a liberdade".

"Irmãos e irmãs, peçamos aos Santos Cirilo e Metódio, apóstolos dos eslavos, para que sejamos instrumentos da liberdade na caridade na vida do nosso próximo. Sejamos criativos, persistentes e humildes, através da oração e do serviço", concluiu o Papa.

VN

24 outubro 2023

PEDIR O ESPÍRITO SANTO

 










Nestes dias que vivemos, o Espírito Santo irrompe permanentemente no meu coração, no meu pensamento.

Não sou profeta, nem tenho “mensagens” de Deus ou qualquer coisa parecida, mas sinto dentro de mim, cada vez mais, esta imperiosa necessidade de, mais do que tudo o resto, pedir continuamente o Espírito Santo para a Igreja, para os homens da Igreja, (que somos todos nós cristãos baptizados), para a humanidade, até mesmo, sem dúvida, para aqueles que não acreditam, para que, tocados por Ele, possam ver a Verdade e ser tocados pelo Verbo.

E, por vezes, julgamos que temos de fazer orações muito bonitas e profundas, e que se assim não forem, não têm “resultado”.

Mas para pedir o Espírito Santo basta apenas pedi-lO!

Jesus Cristo dá-nos essa certeza absoluta de que se, pedirmos o Espírito Santo, Ele nos será dado sem margem para dúvidas.

«Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» Lc 11, 13

Jesus Cristo insiste sempre na realidade do Espírito Santo, como lemos no Evangelho de São João, onde nos faz cinco promessas sobre a vinda do Espírito Santo.

Diz mesmo aos seus discípulos que é melhor que Ele suba ao Pai, para que o Espírito Santo seja derramado neles, então e para sempre.

«Contudo, digo-vos a verdade: é melhor para vós que Eu vá, pois, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se Eu for, Eu vo-lo enviarei.» Jo 16, 7

O que esperamos nós então, para tomarmos consciência desta realidade e, abrindo-nos à oração, pedirmos continuamente o Espírito Santo para a Igreja e para a humanidade.

Só no Espírito Santo nos é dado conhecer a vontade de Deus, e só fazendo a vontade de Deus poderemos encontrar o amor e a paz porque tanto ansiamos.

Peçamos o Espírito Santo por intercessão de Maria, a cheia do Espírito Santo.

Por isso, com palavras simples, peçamos o Espírito Santo nesta certeza absoluta de que Ele nos será concedido, sempre.

Pai, em nome de Jesus Cristo, concede o Espírito Santo à Igreja e aos homens por Ti amados.
Vem, Espírito Santo!



Monte Real, 24 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

22 outubro 2023

Parem! A guerra é uma derrota, a destruição da fraternidade humana

Crianças olham para danos num café em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 22 de outubro de 2023, durante as batalhas em curso entre Israel e o grupo palestino Hamas. (Foto de Mahmud HAMS/AFP)

Após rezar o Angelus, com o pensamento voltado para Israel, Palestina e Ucrânia, Francisco fez mais um apelo pelo fim de todos os conflitos, em particular pela libertação dos reféns em Gaza. O Papa reitera o convite para um dia de jejum e oração em 27 de outubro. 
 

Vatican News

É o décimo sexto dia de guerra: mais de 4.000 mortos entre os palestinos, 1.400 entre os israelitas, 212 são os reféns.

“É preocupante a possível ampliação do conflito enquanto tantas frentes de guerra já estão abertas no mundo. Silenciem as armas, ouçam o grito de paz dos pobres, das pessoas, das crianças", tinha dito o Papa na Audiência Geral da última quarta-feira. Mas a escalada de violência na Terra Santa que se seguiu nestes dias, continua a trazer preocupação e dor:

"Mais uma vez o meu pensamento dirige-se para o que está a acontecer em Israel e na Palestina", disse logo após rezar o Angelus com os milhares de fiéis presentes na Praça de São Pedro. "Estou muito preocupado, entristecido, rezo e estou próximo de todos aqueles que sofrem, os reféns, os feridos, as vítimas e a seus familiares."

Diante das notícias que  continuam a chegar do conflito no Médio Oriente, Francisco demonstrou particular preocupação pela "grave situação humanitária em Gaza", dizendo-se entristecido de "que também o hospital anglicano e a paróquia greco-ortodoxa tenham sido atingidos nos últimos dias". E renovou o eu apelo "para que sejam abertos espaços, que a ajuda humanitária continue a chegar e que os reféns sejam libertados":

A guerra, cada guerra que há no mundo – penso também na martirizada Ucrânia – é uma derrota. A guerra é sempre uma derrota, é uma destruição da fraternidade humana. Irmãos, parem! Parem!

O Pontífice reitera o seu convite feito na Audiência Geral da última quarta-feira para um dia de jejum e oração pela paz:

Recordo que para a próxima sexta-feira, 27 de outubro, convoquei um dia de jejum, oração e penitência, e que naquela tarde, às 18 horas, em São Pedro, teremos uma hora de oração para implorar a paz no mundo.

Dia Mundial das Missões e saudações aos diversos grupos presentes na Praça São Pedro

Na sequência, o Santo Padre recordou o Dia Mundial das Missões celebrado neste domingo, 22 de outubro, e cuja mensagem tinha sido publicada na Solenidade da Epifania do Senhor, em 6 de janeiro:

Hoje celebramos o Dia Mundial das Missões, que tem como tema “Um coração ardente, pés que caminham”. Duas imagens que dizem tudo!

Seguiram-se então as saudações aos diversos grupos reunidos na Praça de São Pedro para o tradicional encontro dominical com o Papa. Entre os quais:

Saúdo todos vós, romanos e peregrinos, em particular as Irmãs Siervas de los Pobres hijas del Sagrado Corazón de Jesús, de Granada; os membros do Centro Académico Romano Fundación; a Confraria do Señor de los Milagros, dos peruanos em Roma: e obrigado, obrigado pelo vosso testemunho! Continuem assim, com essa piedade tão bela...

VN

Papa no Angelus: Somos do Senhor, não pertencemos a nenhum "César" de turno

 
 
"Não pertencemos a nenhuma realidade terrena, a nenhum 'César' deste mundo. Somos do Senhor e não devemos ser escravos de nenhum poder mundano", disse Francisco no Angelus dominical.
 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

"Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus": este versículo do Evangelho deste 29o. Domingo do Tempo Comum inspirou a reflexão do Papa no Angelus dominical.

Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, Francisco comentou o episódio extraído de São Mateus, que narra a cilada que alguns fariseus e herodianos armam contra Jesus. Vão até Ele e perguntam-lhe: "É lícito ou não pagar imposto a César?".

"É uma farsa", explica o Pontífice. Pois se Jesus legitimar o imposto, coloca-se da parte de um poder político pouco tolerado pelo povo, enquanto se disser para não pagá-lo, pode ser acusado de rebelião contra o império.  O Mestre, porém, foge desta trapaça. Pede que lhe mostrem uma moeda, que traz impressa a imagem de César, diz-lhes: "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (v. 21).

Estas palavras de Jesus tornaram-se de uso comum, prossegue o Papa, mas às vezes foram utilizadas de modo erróneo para falar das relações entre Igreja e Estado. Jesus não quer separar “César” e “Deus”, ou seja, a realidade terrena e daquela espiritual.

"Às vezes, também nós pensamos assim: uma coisa é a fé com as suas práticas e outra coisa é a vida de todos os dias. Não. Esta é uma 'esquizofrenia', como se a fé não tivesse nada a ver com a vida concreta, com os desafios da sociedade, com a justiça social, com a política e assim por diante."

O homem e o mundo pertencem a Deus!

Na realidade, Jesus dá a César e a Deus a sua devida importância. A César – isto é, à política, às instituições civis, aos processos sociais e económicos – pertence o cuidado com a ordem terrena e os cidadãos contribuem promovendo o direito, a justiça e pagando honestamente os impostos. Mas a Deus pertence o homem, todo o homem e todo o ser humano.

“Isto significa que nós não pertencemos a nenhuma realidade terrena, a nenhum 'César' de turno. Somos do Senhor e não devemos ser escravos de nenhum poder mundano. Sobre a moeda, portanto, há a imagem do imperador, mas Jesus recorda-nos que na nossa vida está impressa a imagem de Deus, que nada e ninguém pode obscurecer. A César pertencem as coisas do mundo, mas o homem e o próprio mundo pertencem a Deus: não o esqueçamos!”

Francisco então dirige algumas perguntas aos fiéis: "Sobre a moeda deste mundo está a imagem de César, mas tu, que imagem levas dentro de ti? De quem é a imagem na tua vida? Nós lembramo-nos de pertencer ao Senhor ou deixamo-nos plasmar pelas lógicas do mundo e fazemos do trabalho, da política e do dinheiro os nossos ídolos a adorar?"

E concluiu fazendo votos de que a Virgem Santa nos ajude a reconhecer e honrar a nossa dignidade e a de cada ser humano.

VN

18 outubro 2023

O Papa: evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele

 
O Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)
 
Na catequese da Audiência Geral, Francisco propôs como exemplo de zelo apostólico São Charles de Foucauld, "uma figura que é profecia para o nosso tempo, que testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão".
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico na Audiência Geral desta quarta-feira (18/10). Aos fiéis presentes na Praça de São Pedro, o Pontífice propôs São Charles de Foucauld, "homem que fez de Jesus e dos seus irmãos mais pobres a paixão da sua vida".

Depois de ter vivido uma juventude longe de Deus, sem acreditar em nada a não ser na busca desordenada do prazer, Charles de Foucauld revela a razão do seu viver. Ele escreve: «Perdi o meu coração por Jesus de Nazaré». Segundo o Papa, "o irmão Carlos recorda-nos que o primeiro passo para evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele. Se isto não acontece, dificilmente conseguiremos mostrá-lo com a vida".

Em vez disto, corremos o risco de falar de nós mesmos, do nosso grupo, de uma moral ou, pior ainda, de um conjunto de regras, mas não de Jesus, do seu amor, da sua misericórdia. Vejo isto em alguns movimentos novos que estão a seguir. Falam da sua visão da humanidade, falam da sua espiritualidade, da própria espiritualidade. Eles sentem-se numa estrada nova. Mas, por que não falam de Jesus? Falam de muitas coisas, de organização, de caminho espiritual, mas não sabem falar de Jesus. Perguntemo-nos então: tenho Jesus no centro do meu coração, perdi um pouco a cabeça por Ele?

Aconselhado pelo seu confessor, Charles de Foucauld "vai à Terra Santa para visitar os lugares onde o Senhor viveu e caminhar por onde o Mestre caminhou. Em particular, é em Nazaré que compreende que devia formar-se na escola de Cristo. Vive uma relação intensa com Ele, passa longas horas a ler os Evangelhos e sente-se seu pequeno irmão. Conhecendo Jesus, nasce nele o desejo de torná-lo conhecido". "Acontece sempre assim, quando cada um de nós conhece mais Jesus, nasce o desejo de torná-lo conhecido, de partilhar este tesouro", ressaltou o Papa, "com a vida, porque «toda a nossa existência – escreve o Irmão Carlos – deve gritar o Evangelho». Muitas vezes na nossa existência gritamos mundanidade, gritamos coisas estúpidas, coisas estranhas. Mas, ele diz: não, toda a nossa existência deve gritar o Evangelho".

"Ele decide então estabelecer-se em regiões distantes para gritar o Evangelho no silêncio, vivendo no espírito de Nazaré, na pobreza e no escondimento. Vai ao deserto do Saara, entre os não-cristãos, e chega a eles como amigo e irmão, levando a mansidão de Jesus-Eucaristia. Fica em oração aos pés de Jesus, diante do tabernáculo, cerca de dez horas por dia, certo de que a força evangelizadora está ali e sentindo que é Jesus a aproximá-lo de tantos irmãos e irmãs distantes. Estou convencido de que nós perdemos o sentido da adoração. Devemos recuperá-lo. Começando por nós consagrados, pelos bispos, sacerdotes, religiosas, todos os consagrados. Perder tempo diante do tabernáculo. Recuperar o sentido da adoração", disse o Papa.

«Todo o cristão é apóstolo» escreve Charles de Foucauld a um amigo leigo, a quem recorda que «perto dos padres são necessários leigos que vejam o que o padre não vê, que evangelizem com uma proximidade de caridade, com uma bondade para todos, com um afeto sempre pronto a doarem-se. "Leigos santos e não carreiristas, mas aqueles leigos, aquele leigo, leiga apaixonados pelo Senhor, que fazem entender ao padre que ele não é um funcionário, mas um mediador, um sacerdote. Quanto nós sacerdotes precisamos ter perto de nós leigos esses leigos que acreditam realmente e com o seu testemunho ensinam-nos o caminho", sublinhou.

Desta forma, Charles de Foucauld "antecipa os tempos do Concílio Vaticano II, intui a importância dos leigos e compreende que o anúncio do Evangelho diz respeito a todo o povo de Deus".

São Charles de Foucauld, é uma figura que é profecia para o nosso tempo, que testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão: ele, que se sentia um “irmão universal” e acolhia a todos, mostra-nos a força evangelizadora da mansidão, da ternura. Não nos esqueçamos que o estilo de Deus são três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus está sempre próximo, tem sempre compaixão e é sempre terno, e o testemunho cristão deve seguir esta estrada de proximidade, compaixão e ternura. E ele era assim manso e terno.

"Desejava que quem o encontrasse visse, por meio da sua bondade, a bondade de Jesus. A bondade é simples e pede que sejamos pessoas simples, que não tenham medo de dar um sorriso. Com o sorriso, com a sua simplicidade irmão Carlos dava testemunho do Evangelho, nunca proselitismo, nunca, mas testemunho. A evangelização não se faz por proselitismo, mas pelo testemunho, pela atração. Pecamos enfim, se levamos em nós e aos outros a alegria cristã, a mansidão cristã, a ternura cristã, a compaixão cristá, a proximidade cristã", concluiu o Papa.

VN

17 outubro 2023

EM ADORAÇÃO

 

 
 
 
 
Olho na Tua direção e fecho os olhos porque Te quero ver com os olhos do coração, com o olhar da Fé.

Lentamente parece que deixo de existir corporalmente, como se saísse de mim próprio, para apenas estar em Ti.

Abandono-me, ou és Tu que me fazes abandonar-me, e o tempo deixa de ser tempo para ser eternidade.

Abro as mãos como pedindo-Te que as tomes nas Tuas e parece-me sentir o Teu calor em mim.

Fico assim parado como a flutuar numa nuvem de amor, que só podes ser Tu, Senhor.

Já não há uma hóstia consagrada, há sim a Tua presença viva, tangível, sensível, que toma conta do meu silêncio e me faz amar com um amor que eu nunca pensei que pudesse haver em mim.

Afinal és Tu e apenas Tu agora o tempo, por isso não se consegue medir, não se consegue perceber onde o tempo começa e acaba.

A música ao fundo, parece de anjos que Te louvam, e da minha garganta sai um silêncio que se faz coro com eles.

Vem ao meu coração a palavra de Isabel para Tua Mãe e eu ouso dizer em surdina: De onde me é dado que possa sentir assim o meu Senhor?

Por um momento saio do mundo e pairo apenas no etéreo que é tudo amor e todo verdade.

A vida que és Tu, Senhor, toca-me por fim, e diz-me baixinho ao coração: É bom sentires esta vida que Eu sou em ti, não é Joaquim?

Deixo que os meus lábios e os meus olhos se abram, e digo muito simplesmente, porque não consigo dizer mais nada: É sim, Senhor, é sim! Obrigado!

E ali fico, mais um pouco, extasiado Contigo, tentando eternizar aquele momento.



Capela da Garcia, 16 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

15 outubro 2023

O Papa: basta de guerras! Elas são sempre uma derrota

 
  Bombardeio israelita sobre Gaza (ANSA)  
 
No Angelus, o veemente apelo de Francisco para o Médio Oriente: os mortos já são muitos. Não vemos nada além de sangue inocente na Terra Santa, assim como na Ucrânia. O Papa convida as pessoas a participarem num dia de oração e jejum pela paz na terça-feira, 17 de outubro
 

Vatican News

"As guerras são sempre uma derrota. Sempre!". No final do Angelus deste domingo (15), Francisco expressou tristeza pelo "que está a acontecer em Israel e na Palestina" e convidou todos os fiéis a unirem-se à Igreja na Terra Santa e dedicarem-se na próxima terça-feira, 17 de outubro, à oração e ao jejum". "A oração - explicou - é uma força mansa e santa para se opor à força diabólica do ódio, do terrorismo e da guerra".

O Papa renovou "o apelo pela libertação dos reféns", depois pediu "veementemente" que "as crianças, os doentes, os idosos, as mulheres e todos os civis não sejam vítimas do conflito", que o direito humanitário seja respeitado: "sobretudo em Gaza, onde é urgente e necessário garantir corredores humanitários e ajudar toda a população".

Irmãos e irmãs, muitos já morreram. Por favor, não deixem que mais sangue inocente seja derramado, nem na Terra Santa, nem na Ucrânia, nem em nenhum outro lugar! Basta!

Hospital anglicano em Gaza é atingido

O número de mortos em Gaza subiu para 2.329, e o número de feridos chega a 9.714. Na manhã deste domingo, chegaram notícias de que o hospital anglicano Arab Ahli, em Gaza, foi atingido por ataques israelitas.  Nas médias sociais, o arcebispo anglicano de Jerusalém, Hosam Naoum, pede que as pessoas orem pela paz e explica que "dois andares do hospital foram danificados e quatro pessoas ficaram feridas. A sala de ultrassom e mamografia foi danificada".

Israel abre novo corredor humanitário

Enquanto isto, Israel abriu um novo corredor humanitário para os civis de Gaza por três horas, entre as 10h e as 13h deste domingo, garantindo que "não atingirá a rota indicada pelo nosso mapa para chegar a essa área". Também alertou que só lançará "operações militares significativas" quando os civis deixarem Gaza, desmentindo a acusação do Hamas de que um comboio de civis palestinos que fugiam do norte da Faixa de Gaza tinha sido atingido num ataque. De acordo com o New York Times, que cita fontes militares israelitas, a invasão terrestre da Faixa de Gaza "inicialmente programada para o fim de semana" foi "adiada por vários dias, pelo menos em parte devido às condições climáticas que tornaram mais difícil para os pilotos israelitas e operadores de drones fornecerem cobertura aérea às tropas terrestres". 

Alta tensão na fronteira com o Líbano

Enquanto isto, em resposta ao lançamento de mísseis antitanque pelo Hezbollah a partir do Líbano, um dos quais resultou na morte de um civil israelota e deixou vários feridos, Israel isolou "uma área de até quatro quilómetros da fronteira norte" com o País dos cedros e começou a atacar posições militares da organização islâmica xiita em território libanês.

VN

O Papa: ao ajudar os pobres, estamos com o Senhor, que está presente neles

 
 
É bom estar com o Senhor, abrir espaço para Ele. Onde? Na Missa, na escuta da Palavra, na oração e também na caridade, porque ao ajudar os fracos ou pobres, ao fazer companhia aos solitários, ao ouvir os que pedem atenção, ao consolar os que sofrem, estamos com o Senhor, que está presente nos necessitados: disse o Papa no Angelus deste XXVIII Domingo do Tempo Comum
 

Raimundo de Lima – Vatican News

Como respondo aos convites de Deus? Que espaço dou a Ele nos meus dias? A qualidade da minha vida depende dos meus negócios e do meu tempo livre ou do meu amor pelo Senhor e pelos meus irmãos e irmãs, sobretudo pelos mais necessitados?

Foram as perguntas do Papa na alocução que precedeu o Angelus deste XXVIII Domingo do Tempo comum, ao comentar o Evangelho do dia, que nos fala de um rei que prepara um banquete de casamento para o seu filho. Na sua reflexão, Francisco convidou-nos a dedicar tempo a Deus, que nos alivia e cura o nosso coração.

O Santo Padre ressalta ser o rei da parábola, um homem poderoso, mas acima de tudo é um pai generoso, que convida a participar na sua alegria. Em particular, ele revela a bondade do seu coração no facto de que não força ninguém, mas convida todos, mesmo que este modo de agir o exponha à possibilidade da rejeição.

Observemos, continua o Pontífice: ele prepara um banquete, oferecendo gratuitamente uma oportunidade de encontro, de festa. É isto que Deus prepara para nós: um banquete, para estarmos em comunhão com Ele e entre nós. E nós, todos nós, somos, portanto, os convidados de Deus. Mas um banquete de casamento requer tempo e envolvimento da nossa parte: requer um "sim".

Este é o tipo de relacionamento que o Pai nos oferece: chama-nos para estar com Ele, deixando-nos a possibilidade de aceitar o convite ou não. Ele não nos oferece uma relação de sujeição, mas de paternidade e de filiação, que é necessariamente condicionada pelo nosso livre consentimento.

Francisco evidencia que sendo amor, o Senhor respeita ao máximo a nossa liberdade: Deus propõe-se, nunca se impõe. Como sabemos, desta parábola muito conhecida, os convidados rejeitam o convite. Eles não se importaram, pois pensaram nas suas próprias coisas. E aquele rei que é pai, Deus, o que faz? Não desiste, continua a convidar, na verdade, estende o convite, até encontrar aqueles que o aceitam, entre os pobres. Entre eles, que sabem que não têm muito mais, muitos vêm, até encherem a sala.

Irmãos e irmãs, quantas vezes não atendemos ao convite de Deus porque estamos ocupados pensando nas nossas próprias coisas! Muitas vezes lutamos para ter o nosso próprio tempo livre, mas hoje Jesus convida-nos a encontrar o tempo que nos liberta: o tempo para dedicar a Deus, que nos alivia e cura o nosso coração, que aumenta a paz, a confiança e a alegria em nós, que nos salva do mal, da solidão e da perda de sentido.

O Papa concluíu a sua reflexão lembrando que é bom estar com o Senhor e exortando-nos a abrir espaço para Ele nas nossas vidas, porque vale a pena, disse, indicando-nos onde dar espaço para Deus.

É bom estar com o Senhor, abrir espaço para Ele. Onde? Na Missa, na escuta da Palavra, na oração e também na caridade, porque ao ajudar os fracos ou pobres, ao fazer companhia aos solitários, ao ouvir os que pedem atenção, ao consolar os que sofrem, estamos com o Senhor, que está presente nos necessitados. Muitos, porém, acham que essas coisas são “perda de tempo” e, por isso, fecham-se no seu mundo particular; e isyo é triste.

Por fim, o Santo Padre pediu que Nossa Senhora, que com um "sim" abriu espaço para Deus, nos ajud a não sermos surdos aos seus convites.

VN

11 outubro 2023

DIÁLOGOS COM O SENHOR 27

 

 
 
- Senhor, hoje não encontro inspiração para escrever sobre a minha vivência da fé.
- Escreve sobre o teu amor por Mim.


- Era mais fácil, Senhor, escrever sobre o Teu amor por mim, por nós.
- Isso julgas Tu, meu filho. Afinal conheces verdadeiramente tão pouco do Meu amor por ti, por vós!

- Sim, Senhor, acredito que não consigo, nem por um pouco, abarcar toda a dimensão do Teu infinito amor por mim, por nós.
- Não te preocupes com isso. Basta-te saber que te amo, que vos amo, com amor infinito e eterno e que dei a vida por ti, por todos vós.

- Escrever sobre o meu amor por Ti, Senhor, é algo de muito difícil, a não ser escrever com toda a simplicidade e toda a sinceridade que Te amo, que Te quero amar acima de todas as pessoas, acima de todas as coisas.
- Eu sei, meu filho, que esse é o desejo profundo do teu coração, mas como concretizas tu esse amor que Me tens e queres ter?

- Oh, Senhor, como tantas vezes digo e escrevo é tão fraco o meu amor por Ti. Tão inconstante, tão volúvel, tão frágil!
. Meu filho, quem sabe do teu amor por Mim, sou Eu. Tu apenas tens que amar com todas as capacidades que te dei.

- Reparo, Senhor, que me dizes “tens que amar” e não “tens que Me amar”?
- De propósito, meu filho, porque se tu amas com amor verdadeiro o teu próximo, seja ele qual for, é a Mim que tu amas.

- Ai, Senhor, que assim tudo se complica, porque há ainda tanta gente à minha volta que eu não amo, ou seja, que eu ainda não tenho verdadeiramente no meu coração. Até, confesso humilde e envergonhadamente, algumas pessoas me causam, digamos, aversão.
- Eu estou em todos, mas é nesses particularmente e em relação a ti, que me faço presente, mesmo que eles não Me queiram, porque a todos amo sem acepção de qualquer espécie.

- Mas isso és Tu, Senhor, que tudo podes, cujo amor é infinito e sem quaisquer barreiras, pois até amas aqueles que Te repudiam.
- Por isso, meu filho, é imprescindível que Me ames acima de tudo, porque só no Meu amor e com o Meu amor, tu podes amar aqueles que te são mais difíceis de amar, para assim também os guardares no teu coração e por eles intercederes junto de Mim.

- É tão belo, Senhor, o Teu amor, mas tão difícil de viver, porque só amando, ou melhor, só querendo amar como Tu amas, é que o amor se torna verdadeiro amor.
- É verdade, meu filho, mas repara que já te fiz sentir, de vez em quando, esse amor que te tenho e com o qual tu deves amar os outros e, sabes bem, como tudo se iluminou na tua vida, como a paz e a serenidade te fizeram sentir irmão de todos e a felicidade te deslumbrou por momentos.

- É verdade, Senhor! Obrigado por esta conversa que nunca tem fim e por isso a continuo, pedindo-Te que me ensines a amar como Tu amas.
- Deixa-te tomar pelo Meu amor. E, quando estiveres com dúvidas, pede-Me amor para com ele amares mais e melhor e, em cada momento de intranquilidade ou de escuridão, reza a oração ao Pai que vos ensinei, porque ela contém tudo o que é necessário para amares e seres amado.



Marinha Grande, 11 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves