29 novembro 2021

Migrantes, o Papa: a falta de respeito das fronteiras minimiza a nossa humanidade

 
 Migrantes na fronteira entre Belarus e Polónia 
 
A Mensagem de Francisco foi lida pelo cardeal Parolin pelos 70 anos da Organização Internacional para as Migrações: “É deplorável usar os migrantes como mercadoria e vítimas de rivalidades políticas”. 
 

Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News

"Mercadorias", "pedras no tabuleiro de xadrez", "vítimas de rivalidades políticas". É "deplorável o tratamento reservado a milhares de migrantes no mundo de hoje. A falta de respeito humano das fronteiras minimiza-nos a todos na nossa humanidade". É o que afirma o Papa Francisco na mensagem de vídeo, lida pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, nesta segunda-feira (29/11), por ocasião dos 70 anos da Organização Internacional para as Migrações, principal organização intergovernamental no campo da migração, com sede em Genebra, na Suíça. Há dez anos que a Santa Sé é membro da Organização.

Histórias de desigualdades e desespero

Francisco exorta para uma mudança de perspetiva sobre o fenómeno da migração: "Não é apenas uma história de migrantes, mas de desigualdades, desespero, degradação ambiental, mudanças climáticas, mas também de sonhos, coragem, estudo no exterior, reunificação familiar, novas oportunidades, segurança e trabalho pesado, mas digno".

Além dos aspectos políticos e jurídicos das situações irregulares, nunca devemos perder de vista o rosto humano da migração e o facto de que, além das divisões de fronteiras geográficas, fazemos parte de uma única família humana.

"O debate sobre a migração não diz respeito realmente aos migrantes", enfatiza o Papa. "Não se trata apenas de migrantes: trata-se de todos nós, do passado, do presente e do futuro de nossas sociedades. Não nos devemos surpreender com o número de migrantes, mas vê-los todos como pessoas, olhando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, tentando responder da melhor forma possível às suas situações pessoais e familiares únicas. Esta resposta requer muita sensibilidade humana, justiça e fraternidade".

A "tentação comum" de hoje de "descartar tudo o que incomoda" deve ser evitada. É um sintoma dessa "cultura do descarte" que se opõe ao ensinamento da maioria das grandes tradições religiosas. Devemos "tratar os outros como desejamos ser tratados e amar o nosso próximo como a nós mesmos", não transcurando a hospitalidade ao estrangeiro. "Certamente", diz o Papa, "estes valores universalmente reconhecidos devem orientar o nosso tratamento dos migrantes na comunidade local e nacional".

Os migrantes enriquecem as comunidades que os hospedam

Devemos olhar não apenas para o que os Estados fazem para acolher os migrantes, mas também para "os benefícios que os migrantes trazem para as comunidades que os hospedam e como as enriquecem", exorta o Papa.

Por um lado, nos mercados dos países de renda média-alta, a mão-de-obra migrante é muito procurada e bem-vinda como uma forma de compensar a escassez de mão-de-obra. Por outro lado, os migrantes são muitas vezes rejeitados e submetidos a comportamentos de ressentimento por muitas das suas comunidades anfitriãs.

Infelizmente, observa o Pontífice, "este padrão duplo decorre da predominância dos interesses económicos sobre as necessidades e a dignidade da pessoa humana". Uma tendência exacerbada durante o "confinamento" por causa da Covid-19, "quando muitos trabalhadores 'essenciais' eram migrantes, mas não obtiveram os benefícios dos programas de assistência financeira da Covid, ou acesso aos cuidados básicos da saúde ou às vacinas contra a Covid".

Saídas legais para situações irregulares

À luz destes dramas quitidianos, o Papa ressalta "a necessidade urgente de encontrar formas dignas de sair de situações irregulares".

O desespero e a esperança prevalecem sempre sobre as políticas restritivas. Quanto mais rotas legais houver, é menos provável que os migrantes sejam atraídos para as redes criminosas de traficantes de pessoas ou que sejam explorados e abusados no decorrer da sua migração.

Benefícios negados

Neste sentido, a questão da integração é "fundamental", o que "implica um processo bidirecional, baseado no conhecimento recíproco, abertura mútua, respeito das leis e da cultura dos países anfitriões num verdadeiro espírito de encontro e enriquecimento recíproco".

A família migrante é um componente crucial das comunidades no nosso mundo globalizado, mas em muitos países, aos trabalhadores migrantes são negados os benefícios e a estabilidade da vida familiar por causa de impedimentos legais.

"O vazio humano deixado quando um genitor emigra sozinho é um forte apelo ao dilema paralisante de ser obrigado a escolher entre emigrar apenas para alimentar a ua família ou desfrutar do direito fundamental de permanecer no seu país de origem com dignidade", ressalta Francisco.

Uma escolha consciente, não uma necessidade desesperada

Daí o convite à Comunidade internacional para "enfrentar urgentemente as condições que dão origem à migração irregular, tornando a migração uma escolha consciente e não uma necessidade desesperada".

A maioria das pessoas que podem viver decentemente nos seus países de origem não se sentiria obrigada a migrar irregularmente. São necessários esforços urgentes para criar melhores condições económicas e sociais para que a migração não seja a única opção para quem procura a paz, justiça, segurança e pleno respeito pela dignidade humana.

VN

28 novembro 2021

ADVENTO - tempo de preparação para a vinda do Senhor

 


O Papa: Advento, esperar o Senhor com alegria mesmo no meio das tribulações

 
 

 “Erguei-vos e levantai a cabeça porque é precisamente nos momentos em que tudo parece estar acabado que o Senhor vem para nos salvar; esperá-lo com alegria mesmo no meio das tribulações, nas crises da vida e nos dramas da história”, exortou o Papa comentando a liturgia desde I Domingo do Advento, na preparação para o Natal do Senhor

 

O Papa Francisco conduziu a oração do Angelus, ao meio-dia deste domingo - o I Domingo do Advento - com os fiéis e peregrinos presentes na Praça de S. Pedro. Na alocução que precedeu a oração mariana, comentando o Evangelho da liturgia do dia ressaltou que o mesmo nos fala da vinda do Senhor no final dos tempos.

“Jesus anuncia eventos desoladores e tribulações, mas justamente neste ponto convida-nos a não ter medo. Porquê? Porque tudo vai correr bem? Não, mas porque Ele virá, disse Francisco destacando uma passagem do Evangelho:

Ele diz: "Erguei-vos e levantai a cabeça, pois está próxima a vossa libertação" (Lc 21,28). É bom ouvir esta palavra de encorajamento: erguei-vos e levantai a cabeça porque é precisamente nos momentos em que tudo parece estar acabado, que o Senhor vem para nos salvar; esperá-lo com alegria mesmo no meio das tribulações, nas crises da vida e nos dramas da história.

Jesus nos mostra o caminho

Mas como levantar a cabeça, como não nos deixarmos absorver por dificuldades, pelos sofrimentos, pelas derrotas? – perguntou o Santo Padre.

Jesus mostra-nos o caminho com um forte apelo: "Cuidado para que os vossos corações não fiquem pesados. Ficai acordados, portanto, orando em todo momento". "Ficai acordados": a vigilância. Detenhamo-nos sobre este importante aspeto da vida cristã, convidou o Pontífice.

Estar vigilantes

Pelas palavras de Cristo, vemos que a vigilância está ligada à atenção: cuidado, não se distraiam, ou seja, fiquem acordados! Vigilar significa isto: não permitir que o coração se torne preguiçoso e que a vida espiritual se enfraqueça na mediocridade. Ter cuidado porque se pode ser "cristãos adormecidos", sem impulso espiritual, sem ardor na oração, sem entusiasmo pela missão, sem paixão pelo Evangelho. E isto leva a "adormecer": a continuar com as coisas por inércia, a cair na apatia, indiferentes a tudo, exceto ao que nos convém.

Precisamos de estar vigilantes para não arrastar os nossos dias para o hábito, para não nos fazer ficar pesados - diz Jesus - pelas preocupações da vida. Hoje, então - prosseguiu -, é uma boa oportunidade para nos interrogarmos: o que pesa no meu espírito? O que me faz acomodar na poltrona da preguiça? Quais são as mediocridades que me paralisam, os vícios que me esmagam até ao chão e me impedem de levantar a cabeça? E com relação aos fardos que pesam sobre os ombros dos irmãos, estou atento ou indiferente?

Estas perguntas fazem-nos bem, porque ajudam a proteger o coração da preguiça, que é um grande inimigo da vida espiritual. Ela é aquela preguiça que nos mergulha na tristeza, que nos tira o gosto de viver e o desejo de fazer. É um espírito negativo, maligno que aprisiona a alma no torpor, roubando-nos a alegria. O Livro dos Provérbios diz: "Guarda o teu coração, porque dele brota a vida" (Pr 4,23). Custodiar o coração: isto significa vigilar!

O segredo para estar vigilante é a oração

E acrescentemos um ingrediente essencial: o segredo para estar vigilante é a oração. Pois Jesus diz: "Vigiai a todo momento, orando" (Lc 21,36). É a oração que mantém acesa a lâmpada do coração. Especialmente quando sentimos que nosso entusiasmo arreceu, a oração reacende-o, porque nos traz de volta a Deus, ao centro das coisas. Ela desperta a alma do sono e a concentra no que importa, sobre o fim da existência. Mesmo nos dias mais movimentados, não negligenciamos a oração.

A oração do coração pode ajudar-os, repetindo frequentemente pequenas invocações. No Advento, acostumemo-nos a dizer, por exemplo: "Vem, Senhor Jesus". Repitamos esta oração ao longo do dia: a alma permanecerá vigilante!

VN

25 novembro 2021

Novas datas da caminhada sinodal no Patriarcado

 

 

O secretariado diocesano de Lisboa do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade anunciou o dia 14 de maio de 2022 como a data para a Assembleia Diocesana Pré-Sinodal. Esta decisão surge na sequência do adiamento até agosto, por parte do Vaticano, da fase diocesana do processo sinodal.

Numa comunicação enviada esta semana aos coordenadores locais, o coordenador diocesano do Sínodo dos Bispos, cónego Rui Pedro Carvalho, revela que os encontros locais nas paróquias e outras realidades eclesiais vão ter lugar entre este mês de novembro de 2021 e março de 2022, decorrendo até dia 31 do terceiro mês do ano a entrega das sínteses ao secretariado diocesano. Até 30 de abril de 2022, tem lugar a leitura e redação da primeira síntese diocesana, por parte do secretariado diocesano, e a 14 de maio, sábado, vai ter então lugar a Assembleia Diocesana Pré-Sinodal. Recorde-se que a entrega da síntese diocesana à Conferência Episcopal Portuguesa acontece até ao dia 31 de maio.
No email aos coordenadores locais, o secretariado diocesano do Sínodo apela ainda à partilha de informações sobre as boas práticas da caminhada sinodal. “Pedimos que, através do email [sinodo@patriarcado-lisboa.pt], nos façam chegar notícias de como está a correr o vosso trabalho sinodal e das boas práticas que vão acontecendo, de modo a podermos partilhar com todos e divulgar através dos órgãos de comunicação do Patriarcado”, convida a organização. 


Formação extra
Entretanto, o secretariado diocesano de Lisboa do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade anunciou a realização de uma formação online extra. O encontro, dirigido de forma particular aos coordenadores locais, mas aberto a todos os interessados, vai decorrer na noite de 2 de dezembro, quinta-feira, das 21h15 às 23h00. “Uma vez que ainda há alguns coordenadores locais a serem escolhidos pelas suas comunidades, vamos realizar mais uma ação de formação destinada a estes e todos os que quiserem participar”, justifica, ao Jornal VOZ DA VERDADE, o coordenador diocesano da caminhada sinodal, cónego Rui Pedro Carvalho. Recorde-se que entre os dias 2 e 14 de novembro decorreram, por toda a diocese, sete os encontros de formação, tendo sido cinco presenciais e dois online, que reuniram mais de 300 pessoas.


Jornal Voz da Verdade

Patriarcado de Lisboa

21 novembro 2021

Papa Francisco aos jovens: não se esqueçam de que reinar é servir”

 
  Papa - Angelus  (Vatican Media)  
 
Francisco depois de rezar o Angelus saudou os jovens e recordou que neste domingo celebra-se o Dia Mundial da Pesca. Um olhar também para as iniciativas da ONU sobre o comércio de armas e a beatificação do sacerdote polaco, Macha, vítima do regime nazista.
 

Silvonei José – Vatican News

Após o Angelus deste domingo o Papa Francisco recordou que pela primeira vez na Solenidade de Cristo Rei, celebra-se a Jornada Mundial da Juventude em todas as Igrejas particulares. Por esta razão, disse, que ao seu lado se encontravam dois jovens representando todos os jovens de Roma.

“Saúdo calorosamente os jovens da nossa Diocese, e espero que todos os jovens do mundo se sintam parte viva da Igreja, protagonistas da sua missão. Obrigado por terem vindo! E não se esqueçam de que reinar é servir”.

Reinar é servir, recordou e pediu par que todos juntos repetissem: “reinar é servir. Como o nosso Rei nos ensina”.

Seguidamente pediu aos jovens que estavam ao seu lado que fizessem uma saudação. Um jovem fez votos de uma boa Jornada Mundial da Juventude a todos e, atendendo ao pedido do Papa para dizer algo mais, disse: “vamos testemunhar que acreditar em Jesus é belo!”

 

 Papa com os jovens no Angelus 

 

O Papa Francisco recordou que neste domingo também se celebra o Dia Mundial da Pesca.

“Saúdo todos os pescadores e rezo por aqueles que vivem em condições difíceis ou, por vezes, infelizmente, de trabalho forçado. Encorajo os capelães e voluntários da Stella Maris a continuarem o seu serviço pastoral a estas pessoas e às suas famílias”.

O Santo Padre acrescentou que “neste dia recordamos também todas as vítimas de acidentes rodoviários: rezemos por elas e empenhemo-nos na prevenção dos acidentes”.

Francisco também encorajou as iniciativas em andamento nas Nações Unidas “para conseguir um maior controle sobre o comércio de armas”.

Palácio Apostólico

Ontem em Katowice, Polónia, - disse Francisco - o padre Giovanni Francesco Macha, assassinado em 1942, no contexto da perseguição da Igreja pelo regime nazista, foi beatificado.

“Na escuridão da sua prisão, encontrou em Deus a força e a mansidão para enfrentar essa provação. Que o seu martírio seja uma semente frutuosa de esperança e paz. Um aplauso ao novo Beato!”

Enfim o Papa saudou os fiéis de Roma e peregrinos de vários países, especialmente os da Polónia e dos Estados Unidos da América. Saudou ainda os escoteiros da Arquidiocese de Braga em Portugal e a comunidade equatoriana de Roma, que celebra a Virgen de El Quinche. O pensamento de Francisco foi também para os fiéis de Sant'Antimo (Nápoles) e de Catania; para as crianças da Crisma de Pattada; e para os voluntários do Banco Alimentar, que estão a preparar-se para o Dia de Coleta de Alimentos no próximo sábado. Saudou por fim os jovens da Imaculada Conceição antes de desejar a todos um bom domingo e um bom almoço e pedir: “por favor não se esqueçam de rezar por mim”.

VN

"Pecadores sim, corruptos jamais!": o Angelus do Papa na Solenidade de Cristo Rei

 
 
"Certamente todos somos pecadores", disse o Papa no Angelus dominical. "Mas quando vivemos sob o senhorio de Jesus, não nos tornamos corruptos, falsos, inclinados a encobrir a verdade. Não se leva uma vida dupla."
 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Após celebrar a missa na Basílica Vaticana por ocasião da Jornada Mundial da Juventude diocesana, o Papa Francisco reuniu-se com fiéis e peregrinos na Praça de S. Pedro para o Angelus dominical.

Na sua alocução, acompanhado de dois jovens da diocese de Roma, o Pontífice comentou o Evangelho da Liturgia deste último Domingo do Tempo Comum, que culmina numa afirmação de Jesus: "Eu sou Rei".

Ele pronuncia estas palavras perante Pilatos, enquanto a multidão grita para o condenar à morte. Anteriormente, Jesus não queria que o povo o aclamasse como rei, mas o facto é que a realeza de Jesus é bastante diferente da mundana, como explicou o Papa:

“Ele não vem para dominar, mas para servir. Ele não vem com os sinais do poder, mas com o poder dos sinais. Não está vestido com insígnias preciosas, mas está despido na cruz.”

A sua realeza vai além dos parâmetros humanos, disse ainda Francisco. “Ele não é rei como os outros, mas é rei para os outros.”

Aplausos ou serviço?

O Papa prosseguiu destacando que Cristo disse ser rei no momento em que a multidão está contra ele, mostra-se livre do desejo da fama e glória terrena.

“E nós - perguntemo-nos - sabemos como imitá-lo nisto? No que fazemos, em particular no nosso compromisso cristão, contam os aplausos ou o serviço?”

Jesus não só evita qualquer procura da grandeza terrena, como também torna livre e soberano o coração de quem o segue.

“O seu reino é libertador, não há nada de opressivo. Ele trata cada discípulo como um amigo, não como um súbdito.”

Portanto, acrescentou o Papa, seguindo Jesus, não se perde, mas ganha-se dignidade. Porque Cristo não quer ao seu redor servilismo, mas pessoas livres.

Pecadores sim, corruptos jamais!

O fundamento desta liberdade de Jesus vem da verdade. É a sua verdade que nos liberta:

“A vida do cristão não é uma recitação em que se possa usar a máscara que é mais conveniente. Porque quando Jesus reina no coração, ele liberta-o da hipocrisia, dos subterfúgios, das duplicidades.”

Certamente todos somos pecadores, reconheceu o Papa. Mas, quando vivemos sob o senhorio de Jesus, não nos tornamos corruptos, falsos, inclinados a encobrir a verdade. Não se leva uma vida dupla.

“Pecadores sim, corruptos jamais!”

O Pontífice concluiu pedindo a intercessão de Nossa Senhora para que nos ajude a procurar todos os dias a verdade de Jesus, que nos liberta das escravidões terrenas e nos ensina a governar os nossos vícios.

 

VN

19 novembro 2021

Sínodo dos Bispos - “Sente-se um entusiasmo em relação a este caminho sinodal”

 

O coordenador diocesano do Sínodo dos Bispos, cónego Rui Pedro Carvalho, mostra-se satisfeito com a caminhada sinodal no Patriarcado de Lisboa, após os encontros de formação que decorreram no início deste mês, e anuncia anuncia uma nova data para mais um encontro de formação.

“Os encontros de formação correram bastante bem, houve uma grande adesão. Tivemos 307 inscrições para os vários encontros, quer presenciais, quer online, e fomos sentindo um grande entusiasmo da parte da diocese e dos coordenadores locais”, começa por descrever este responsável da Comissão Diocesana do Sínodo dos Bispos que também anuncia uma nova data para mais um encontro de formação, para todo os interessados, no dia 2 de dezembro, às 21h15, quinta-feira, em formato online.

O cónego Rui Pedro sublinha também “a presença de muitas pessoas” que, “não sendo coordenadoras locais”, mas “por pertencerem aos conselhos pastorais ou apenas porque queriam mais informações”, participaram nos encontros. “Sente-se um entusiasmo em relação a este caminho sinodal”, reforça 

Foram sete os encontros de formação, tendo sido cinco presenciais (no salão paroquial do Estoril, nas igrejas do Forte da Casa e de São João de Deus, no Santuário do Senhor da Pedra em Óbidos e no Centro Pastoral de Torres Vedras) e dois online. “Nas formações, sintetizámos o documento de trabalho e o Vademecum, e procurámos fazer também uma reunião sinodal, com um tempo inicial de oração, de silêncio, de escuta da Palavra de Deus, e depois transmitindo algumas informações práticas. No fundo, os participantes tiveram oportunidade de experimentar aquilo que será uma reunião sinodal, um método com discernimento espiritual em grupo, como é proposto pelo Vademecum. Creio que as pessoas saíram muito agradadas da experiência e com muita vontade de replicar nas suas comunidades”, concretiza o coordenador diocesano. Entre as questões levantadas pelos participantes, o cónego Rui Pedro Carvalho sublinha o “como chegar às periferias”. “Na partilha entre todos, houve de facto algumas pistas, que surgiram. Foi um bom arranque”, garante, lembrando ainda que este tema da sinodalidade tem sido tratado em diversas reuniões, como “o Conselho Presbiteral, a Assembleia Diocesana do Apostolado dos Leigos e no I Encontro da Pastoral Penitenciária de Lisboa” e será também abordado “no próximo Conselho Pastoral Diocesano”, no dia 27 deste mês.

Após a formação, vai agora ter início o trabalho nas várias comunidades, com os encontros locais. “Cada paróquia está a estabelecer os seus prazos, os seus tempos e vão-se reunir também com os órgãos de coordenação local para pensar como executar e colocar em prática este processo sinodal”, explica o coordenador diocesano. Este tempo, “em princípio”, vai decorrer “até ao final do primeiro trimestre de 2022”. “Nessa altura, vamos pedir que nos entreguem as sínteses para fazermos a assembleia diocesana pré-sinodal no princípio do terceiro trimestre, porventura logo a seguir à Páscoa”, deseja.

O coordenador diocesano do Sínodo dos Bispos revela ainda que o Patriarcado de Lisboa tem, neste momento, 200 coordenadores locais inscritos, que representam um número superior de paróquias. “Alguns destes coordenadores locais não estão só em representação de uma paróquia, mas de várias, nomeadamente no Oeste, em que, por vezes, quando o pároco é o mesmo, um coordenador local representa três comunidades”, exemplifica o sacerdote, sublinhando que “ainda é possível” as paróquias indicarem um coordenador local. “Ainda a semana passada nos chegaram novos nomes”, frisa.

com Jornal Voz da Verdade

Patriarcado de Lisboa

O Papa: o trabalho infantil é roubar das crianças o seu futuro

 
 Exploração do trabalho infantil é uma violação da dignidade humana 
 
O trabalho infantil “é a exploração das crianças nos processos de produção da economia globalizada para o lucro e ganho de outros. É a negação do direito das crianças à saúde, à educação e ao crescimento harmonioso, incluindo a possibilidade de brincar e sonhar. É roubar das crianças o seu futuro e, portanto, da própria humanidade. É uma violação da dignidade humana”, disse o Papa Francisco aos participantes da Conferência Internacional “Erradicar o trabalho infantil, construir um futuro melhor”
 

Raimundo de Lima – Vatican News

“A pobreza extrema, a falta de trabalho e o desespero resultante nas famílias, são os fatores que mais expõem as crianças à exploração no trabalho. Se quisermos erradicar a chaga do trabalho infantil, temos que trabalhar juntos para erradicar a pobreza, para corrigir as distorções do sistema económico atual, que centraliza a riqueza nas mãos de uns poucos.” “Todos os atores sociais são chamados à causa no combate ao trabalho infantil e às causas que o determinam.”

Foi o que disse o Papa Francisco ao receber em audiência na manhã desta sexta-feira (19/11) na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes, na parte da tarde desta sexta-feira, da Conferência Internacional “Erradicar o trabalho infantil, construir um futuro melhor”, promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Chaga do trabalho infantil

“A chaga do trabalho infantil, sobre o qual vos encontreis a refletir juntos, é de particular importância para o presente e o futuro da nossa humanidade. A forma como nos relacionamos com as crianças, a medida em que respeitamos a  sua dignidade humana inata e os seus direitos fundamentais, expressa que tipo de adultos somos e queremos ser e que tipo de sociedade queremos construir”, disse o Papa.

O Pontífice foi enfático ao afirmar que “é chocante e perturbador que nas economias atuais, cujas atividades de produção são baseadas em inovações tecnológicas, tanto que falamos da ‘quarta revolução industrial’, o emprego de crianças em atividades de trabalho persista em todas as partes do globo.

“Isto coloca em risco a saúde das crianças, o seu bem-estar mental e físico e priva-as do direito à educação e de viver a sua infância com alegria e serenidade. A pandemia agravou ainda mais a situação.”

Pequenas tarefas domésticas, trabalho infantil é outra coisa

Neste ponto do seu discurso, o Santo Padre fez uma nítida e oportuna distinção. “O trabalho infantil não deve ser confundido com as pequenas tarefas domésticas que as crianças, no seu tempo livre e de acordo com sua idade, podem realizar no âmbito da vida familiar, para ajudar os pais, irmãos e avós ou outros membros da comunidade. Estas atividades são geralmente benéficas para o desenvolvimento delas, pois permitem que testem as suas habilidades e cresçam em consciência e responsabilidade.

Dito isto, o Papa Francisco especificou que o trabalho infantil é uma questão totalmente diferente!

Uma violação da dignidade humana

“É a exploração das crianças nos processos de produção da economia globalizada para o lucro e ganho de outros. É a negação do direito das crianças à saúde, à educação e ao crescimento harmonioso, incluindo a possibilidade de brincar e sonhar. É roubar das crianças o seu futuro e, portanto, da própria humanidade. É uma violação da dignidade humana.”

Francisco afirmou que “precisamos de encorajar os Estados e os atores do mundo empresarial a criar oportunidades de trabalho decente com salários justos que permitam às famílias satisfazer as suas necessidades sem que os seus filhos sejam forçados a trabalhar.”

“Devemos unir os ossos esforços - prosseguiu o Papa - para favorecer uma educação de qualidade, gratuita para todos, em cada país, bem como um sistema de saúde que seja acessível a todos sem distinção.”

Um grande sinal de esperança

O Pontífice disse ainda que a participação nesta Conferência de representantes de organizações internacionais, da sociedade civil, das empresas e da Igreja é um sinal de grande esperança.

Seguidamente fez uma premente exortação:

“Exorto o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que também é responsável pela promoção do desenvolvimento das crianças, a continuar neste trabalho de estímulo, de facilitação e de coordenação das iniciativas e dos esforços já em andamento a todos os níveis para combater o trabalho infantil.”

O Santo Padre concluiu agradecendo aos participantes e expressando-lhes o seu reconhecimento pelo compromisso a favor desta causa “que é uma verdadeira questão de civilização”, encorajando-os a seguirem em frente, tendo sempre presente as palavras de Jesus no Evangelho: “Tudo aquilo que fizestes a um só destes pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40).

VN

17 novembro 2021

O Papa: José ensina a olharmos para a periferia, para aquilo que o mundo não quer

 
 
 
Francisco iniciou o ciclo de catequeses sobre São José. "Nunca como hoje, neste tempo marcado por uma crise global com diferentes componentes, ele pode ser apoio, conforto e orientação para nós. Por isso decidi dedicar-lhe um ciclo de catequeses, que espero poder-nos ajudar ulteriormente, a deixar-nos iluminar pelo seu exemplo e pelo seu testemunho", disse o Papa na Audiência Geral. 
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco iniciou o ciclo de catequeses sobre S, José, na Audiência Geral, desta quarta-feira (17/11), realizada na Sala Paulo VI, sobre o tema "S. José e o ambiente em que viveu".

Francisco recordou que em "8 de dezembro de 1870, o Beato Pio IX proclamou S. José padroeiro da Igreja universal".

Depois de 150 anos daquele evento, estamos a viver um ano especial dedicado a S. José, e na Carta Apostólica Patris corde recolhi algumas reflexões sobre a sua figura. Nunca como hoje, neste tempo marcado por uma crise global com diferentes componentes, ele pode ser apoio, conforto e orientação para nós. Por isso decidi dedicar-lhe um ciclo de catequeses, que espero poder-nos ajudar ulteriormente, a deixar-nos iluminar pelo seu exemplo e pelo seu testemunho.

A seguir, o Pontífice sublinhou que "na Bíblia há mais de dez personagens com o nome de José. O mais importante de todos é o filho de Jacó e Raquel, que, através de várias vicissitudes, de escravo, tornou-se a segunda pessoa mais importante no Egipto depois de Faraó".

José tem fé na providência de Deus

O Papa explicou que "o nome José, em hebraico significa “Deus aumente, Deus faça crescer”. É um desejo, uma bênção baseada na confiança na providência de Deus e refere-se especialmente à fecundidade e ao crescimento dos filhos. Este mesmo nome revela-nos um aspeto essencial da personalidade de José de Nazaré. Ele é um homem cheio de fé em Deus, na sua providência. Ele crê na providência de Deus. Tem fé na providência de Deus. Toda a sua ação, narrada no Evangelho, é ditada pela certeza de que Deus “faz crescer”, “aumenta”, “acrescenta”, ou seja, que Deus providencia a continuação do seu plano de salvação. E nisto, José de Nazaré é muito parecido com José do Egipto".

Segundo Francisco, "as principais referências geográficas que se referem a José, Belém e Nazaré, também desempenham um papel importante na compreensão da sua figura. O Filho de Deus não escolheu Jerusalém como o lugar da sua encarnação, mas Belém e Nazaré, duas aldeias periféricas, longe do clamor da crónica e do poder da época. Contudo, Jerusalém era a cidade amada pelo Senhor, a «cidade santa», escolhida por Deus para nela habitar. Ali, habitavam os doutores da Lei, os escribas e fariseus, os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo".

Deus manifesta-se nas periferias geográficas e existenciais

"É por isso que a escolha de Belém e Nazaré diz-nos que a periferia e a marginalidade são prediletas a Deus. Jesus não nasceu em Jerusalém, com toda a corte. Não. Ele nasceu na periferia. Viveu a sua vida até 30 anos naquela periferia, trabalhando como carpinteiro. Como José. Para Jesus, as periferias e a marginalidade são prediletas", disse ainda o Papa, acrescentando:

Não levar esta realidade a sério equivale a não levar a sério o Evangelho e a obra de Deus, que continua se manifestando nas periferias geográficas e existenciais. O Senhor age sempre escondido nas periferias. Na periferia da alma, nos sentimentos, nos sentimentos que talvez nos envergonha. Mas, o Senhor está ali para nos ajudar a ir em frente. O Senhor continua a manifestar-se nas periferias, geográficas e existenciais. Em particular, Jesus vai à procura dos pecadores, entra nas suas casas, fala com eles, chama-os à conversão. Jesus é repreendido por isso. "Olhem para esse mestre", dizem os doutores da lei, "esse mestre que come com os pecadores, suja-se". Mas também vai à procura daqueles que não praticaram o mal, mas que o sofreram: os doentes, os famintos, os pobres, os últimos. Jesus vai sempre em direção à periferia. Isto deve-nos dar muita confiança, pois o Senhor conhece as periferias do nosso coração, as periferias da nossa alma, as periferias da nossa sociedade, da nossa cidade, deanossa família, aquela parte um pouco escura que nós não mostramos talvez por vergonha.

Olhar para aquilo que o mundo não quer

Segundo o Papa, "sob este aspeto, a sociedade daquela época não é muito diferente da nossa. Hoje, também há um centro e uma periferia. E a Igreja sabe que é chamada a anunciar a boa nova a partir das periferias. José, que é um carpinteiro de Nazaré e que confia no plano de Deus para a sua jovem noiva e para si mesmo, recorda à Igreja que deve fixar o olhar naquilo que o mundo ignora deliberadamente".

“José ensina a não olharmos muito para as coisas que o mundo louva, mas a olhar para o ângulo, olhar para as sombras, para a periferia, para aquilo que o mundo não quer. Lembra a cada um que devemos dar importância ao que os outros descartam.”

"Neste sentido, ele é um mestre do essencial: lembra-nos que o que é realmente valioso não atrai a nossa atenção, mas requer um discernimento paciente para ser descoberto e valorizado. Peçamos-lhe que interceda para que toda a Igreja possa recuperar este discernimento, esta capacidade de discernir e avaliar o que é essencial. Comecemos de novo a partir de Belém, comecemos de novo a partir de Nazaré", disse ainda Francisco.

S. José, testemunha e protetor

Por fim, o Papa transmitiu "uma mensagem a todos os homens e mulheres que vivem nas periferias geográficas mais esquecidas do mundo ou que experimentam situações de marginalidade existencial". "Que encontrem em S. José a testemunha e o protetor para quem olhar", disse o Pontífice, fazendo a seguinte oração:

São José,

vós que sempre confiastes em Deus,

e fizestes as vossas escolhas

guiado pela sua providência

ensinai-nos a não contar tanto com os nossos projetos

mas com o seu desígnio de amor.

Vós que viestes das periferias

ajudai-nos a converter o nosso olhar

e a preferir o que o mundo descarta e marginaliza.

Confortai quantos se sentem sozinhos

e apoiai quantos se comprometem em silêncio

para defender a vida e a dignidade humana. Amém.

VN

14 novembro 2021

Papa: levemos aos pobres a esperança com ternura, sem os julgar

 
 
 
O Papa Francisco pede, a nós cristãos, que sejamos “construtores incansáveis de esperança; luz enquanto o sol se obscurece; testemunhas de compaixão enquanto ao redor reina a distração; presenças atentas na indiferença generalizada”. Homilia da Santa Missa celebrada por ocasião do 5° Dia Mundial dos Pobres neste domingo 14 de novembro 
 

Jane Nogara - Vatican News

Neste domingo (14/11) em que a Igreja celebra o 5° Dia Mundial dos Pobres, na homilia da Santa Missa celebrada na Basílica de São Pedro o Papa Francisco falou sobre as imagens utilizadas por Jesus para nos dar esperança. Depois de falar sobre o Evangelho de Marcos (13, 24-28) no qual se recorda que “da total obscuridade, há-de vir o Filho do Homem” disse:

Deste modo o Evangelho ajuda-nos a ler a história, captando dois aspetos dela: a dor de hoje e a esperança de amanhã. Por um lado, evocam-se todas as dolorosas contradições em que a realidade humana vive imersa em cada tempo; por outro, há o futuro de salvação que a espera, isto é, o encontro com o Senhor que vem para nos libertar de todo o mal”.

A dor e a esperança

Seguidamente comentou dois desses aspetos, “com o olhar de Jesus”. Com relação ao primeiro aspeto comentou a dor de hoje. "Vivemos numa história marcada por tribulações, violências, sofrimentos e injustiças” e afirmou:

O Dia Mundial dos Pobres que estamos a celebrar, pede-nos que não viremos o rosto para o outro lado, não tenhamos medo de olhar de perto o sofrimento dos mais frágeis. Para eles o sol frequentemente é obscurecido pela solidão, a lua das suas expetativas apaga-se e os sonhos caem na resignação e acaba abalada a própria existência. Tudo isto por causa da pobreza a que muitas vezes se veem constrangidos, vítimas da injustiça e da desigualdade duma sociedade do descarte, que corre apressada sem os ver e, sem escrúpulos, os abandona ao seu destino”.

Porém, disse Francisco:

Em contrapartida, existe o segundo aspeto: a esperança do amanhã. Jesus quer abrir-nos à esperança, arrancar-nos da angústia e do medo à vista da dor do mundo. Para isso assegura-nos: ao mesmo tempo que o sol se obscurece e tudo parece cair é precisamente quando Ele Se faz nosso vizinho”.

Porque, “a salvação de Deus não é só uma promessa reservada para o Além, mas cresce já agora dentro da nossa história ferida, abre caminho por entre as opressões e injustiças do mundo”.

O que Jesus nos pede, a nós cristãos?

Neste ponto o Papa perguntou o que se pede, a nós cristãos? E como resposta disse: “Nutrir a esperança do amanhã, curando a dor de hoje”. De facto, explicou, a esperança que nasce do Evangelho não consiste em esperar passivamente por um amanhã em que as coisas hão de correr melhor, mas em tornar hoje concreta a promessa de salvação de Deus: hoje, cada dia...

A nós, é-nos pedido isto: ser, entre as ruínas quotidianas do mundo, construtores incansáveis de esperança; ser luz enquanto o sol se obscurece; ser testemunhas de compaixão enquanto ao redor reina a distração; ser presenças atentas na indiferença generalizada”.

“Compete-nos”, disse ainda “especialmente a nós cristãos, organizar a esperança, traduzi-la diariamente em vida concreta nas relações humanas, no compromisso sociopolítico”.

Agir concretamente pelo bem

A partir da imagem simples que Jesus oferece a de folhas que desabrocham sem fazer ruído e estas folhas aparecem quando o ramo se torna tenro Francisco afirmou que aqui está a palavra que faz germinar a esperança no mundo e alivia a dor dos pobres: a ternura. Depende de nós superar o fechamento, a rigidez interior e deixar de pensar apenas nos nossos problemas.

Jesus quer-nos ‘conversores de bem’: pessoas que, imersas no ar pesado que todos respiram, respondem ao mal com o bem (cf. Rm 12, 21). Pessoas que agem: partilham o pão com os famintos, trabalham pela justiça, elevam os pobres e devolvem-lhes a sua dignidade”.

Por fim encorajou todos com as palavras de Lucas: “Coragem, o Senhor está próximo! Também para ti há um verão que desabrocha no coração do inverno. Mesmo da tua dor, pode ressurgir a esperança”. Concluindo, Francisco disse: “Levemos ao mundo este olhar de esperança. Levemo-lo com ternura aos pobres, sem os julgar. Porque lá, junto deles, está Jesus; porque lá, neles, está Jesus, que nos espera”.

VN

13 novembro 2021

Dia Mundial da Paz 2022: "Educação, trabalho, diálogo entre as gerações"

 
O dia Mundial da Paz é celebrado no  1° dia de janeiro de todos os anos
 
Três contextos e três percursos para construir uma paz duradoura: este é o título da Mensagem proposta pelo Papa para o Dia Mundial da Paz a ser celebrado no 1° dia de janeiro do próximo ano
 

Gabriella Ceraso – Vatican News

Como podemos construir hoje uma paz duradoura? No tema da próxima Mensagem para o Dia Mundial da Paz, no 1º dia de janeiro de 2022, o Papa identifica três contextos de extrema atualidade sobre os quais há que refletir e agir. Daí o título: "Educação, trabalho, diálogo entre as gerações: instrumentos para a construção de uma paz duradoura".

Após o percurso da "cultura do cuidado" proposto em 2021 para "erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer", para o próximo ano Francisco - como anunciado numa declaração do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral - propõe uma leitura inovadora que responde às necessidades dos tempos atuais e futuros. O convite através deste tema é portanto - como o Papa já disse no seu discurso à Cúria Romana por ocasião das saudações de Natal de 21 de dezembro de 2019 - para "ler os sinais dos tempos com os olhos da fé, para que a orientação desta mudança desperte novas e velhas questões com as quais é justo e necessário confrontarmo-nos".

E assim, partindo dos três contextos identificados, pode-se perguntar, como podem a instrução e a educação construir uma paz duradoura? O trabalho no mundo responde mais ou menos às necessidades vitais dos seres humanos de justiça e liberdade? E por fim, se as gerações são realmente solidárias entre si? Será que acreditam no futuro? E se e até que ponto o governo das sociedades consegue estabelecer, neste contexto, um horizonte de pacificação?

Recordamos que i Dia Mundial da Paz foi estabelecido pelo Papa Paulo VI na sua mensagem de dezembro de 1967 e celebrado pela primeira vez em janeiro de 1968. No tema a Guerra do Vietnam e o pedido de um cessar-fogo do conflito que teve iniciado em 1955.

VN

12 novembro 2021

Terço do 47º aniversário do RCC em Portugal

Com a presença de D. Serafim, Bispo Emérito de Fátima, no dia 6/11/21:

Pneumavita

23ª Assembleia Pneumavita. Homilia de D.Maurilio Gouveia


Pneumavita

Papa Francisco aos pobres em Assis: "Esperança e resistência partilhadas"

 
 Dia Mundial dos Pobres, em Assis 
 
“É tempo de ser restituída a palavra aos pobres, porque durante demasiado tempo os seus pedidos não foram ouvidos”. Palavras de Francisco aos pobres em Assis nesta sexta-feira, 12 de novembro, recordando-lhes a manutenção da esperança e a resistência e que estas devem ser partilhadas 
 

Jane Nogara - Vatican News

Por ocasião do Encontro de oração e testemunho da quinta edição do Dia Mundial dos Pobres o Papa Francisco foi a Assis nesta sexta-feira, 12 de novembro. Depois de ouvir os testemunhos de alguns presentes e do momento especial de oração o Papa dirigiu algumas palavras aos presentes.

Francisco iniciou agradecendo a presença de todos em Assis e recordando que a cidade de Assis “tem impresso o rosto de S. Francisco” que recebeu o chamamento para viver o Evangelho à letra. E disse que muito embora a sua santidade de alguma forma assusta-nos porque parece impossível imitá-la, devemos recordar certos momentos da sua vida que valem mais do que os sermões. E falou dos pequenos sacrifícios os “fioretti” que o Santo fazia, que foram reunidos para mostrar a beleza da sua vocação: “somos atraídos por esta simplicidade de coração e de vida: é a própria atração de Cristo, do Evangelho”. O Papa recordou uma dessas passagens quando Francisco, vivendo na pobreza extrema conseguia alguma coisa para comer embora fosse pouca, considerava-a sempre como “um tesouro do qual não se sentia digno”, e dizia:

“É precisamente isto que considero um grande tesouro, porque não há nada, mas o que temos foi-nos dado pela Providência (...) Este é o ensinamento que S. Francisco nos dá: sabermo-nos contentar com o pouco que temos e partilhá-lo com os outros”

Homens e mulheres pedras vivas da Igreja

Ao recordar que o encontro se realizava na Porciúncula, uma das pequenas igrejas que S. Francisco pensou em restaurar, o Papa disse: “Ele nunca teria pensado que o Senhor lhe pedisse para dar a sua vida para renovar não a igreja feita de pedras, mas a de pessoas, de homens e mulheres que são as pedras vivas da Igreja. E se estamos aqui hoje é precisamente para aprender com o que S. Francisco fez”.

Marginalização espiritual

S. Francisco “passava muito tempo nesta pequena igreja a rezar”, continuou o Papa, “recolhia-se aqui em silêncio e escutava o Senhor, o que Deus queria dele. Também nós viemos aqui para isto: queremos pedir ao Senhor que ouça o nosso grito e venha em nosso auxílio. Não esqueçamos que a primeira marginalização de que os pobres sofrem é espiritual”. O Papa recordou e agradeceu a todos os que ajudam os pobres, e disse que fica muito feliz quando “as pessoas param para falar e às vezes rezar com eles”.

Seguidamente falou do acolhimento.

“Acolher significa abrir a porta, a porta da casa e a porta do coração, e permitir àqueles que batem à porta de entrada. E que possam sentir-se à vontade, sem medo. Onde existe um verdadeiro sentido de fraternidade, existe também a experiência sincera de acolhimento”

A fraqueza pode tornar-se uma força que melhora o mundo

Neste ponto do discurso o Papa falou sobre o encontro.

“Encontrarmo-nos é a primeira coisa, ou seja, ir ao encontro dos outros com o coração aberto e a mão estendida. Saber que cada um de nós precisa do outro, e mesmo a fraqueza, se experimentada em conjunto, pode tornar-se uma força que melhora o mundo”

O Pontífice continuou, abordando a questão dos que afirmam que os responsáveis pela pobreza são os pobres.... além da “hipocrisia dos que querem enriquecer para além das medidas, coloca-se a culpa sobre os ombros dos mais fracos”. E para contrastar o Papa afirmou com veemência:

“É tempo para ser restituída a palavra aos pobres, porque durante demasiado tempo os seus pedidos não foram ouvidos. É tempo de se abram os olhos para ver o estado de desigualdade em que vivem tantas famílias. É tempo de arregaçar as mangas para restituir dignidade através da criação de empregos. É tempo que se volte a escandalizar -se diante da realidade de crianças famintas, escravizadas, tiradas das águas quando naufragam, vítimas inocentes de todo o tipo de violência. É tempo para cessar as violências contra as mulheres e as mulheres sejam respeitadas e não tratadas como mercadoria. É tempo para se romper o círculo da indiferença para retornar a descobrir a beleza do encontro e do diálogo”.

Coragem e sinceridade

Continuando, o Papa comentou os testemunhos das pessoas pobres agradecendo a sua coragem e sinceridade. “Coragem, porque quiseram partilhar com todos nós, mesmo que façam parte da sua vida pessoal; sinceridade, porque mostraram-se como são e abriram o seu coração com o desejo de serem compreendidos”.  

Esperança e resistência

“Percebi um grande sentido de esperança. A marginalização, o sofrimento da doença e da solidão, a falta de muitos meios necessários não os impediu de olharem com os olhos cheios de gratidão para as pequenas coisas que lhes permitiram resistir”

Por fim o Papa falou sobre resistir além da esperança: “Esta é a segunda impressão que eu percebi e que deriva da esperança. O que significa resistir? Ter a força para continuar apesar de tudo. Resistir não é uma ação passiva, pelo contrário, requer coragem para empreender um novo caminho sabendo, que dará frutos”.

Concluindo disse: “Peçamos ao Senhor que nos ajude a encontrar sempre  a serenidade e a alegria. Aqui na Porciúncula, S. Francisco ensina-nos a alegria que vem do olhar para quem está próximo como a um companheiro de viagem que nos compreende e nos apoia, tal como nós somos para ele ou ela”.

VN

11 novembro 2021

CEP evoca «vítimas de todas as pandemias» e dos «abusos de todo o género»

 

 

A Missa na Capelinha das Aparições recordou famílias em sofrimento e os que se empenharam no combate à Covid-19.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) evocou hoje as vítimas da pandemia de Covid-19 com um Missa, na Capelinha das Aparições, celebrada pelos Bispos que participam na Assembleia Plenária. “Juntamente com as intenções, preocupações e esperanças das igrejas a que presidimos e do país em que vivemos, do mundo onde nos encontramos, quisemos fazer memória sentida e orante daqueles e daquelas que partiram deste mundo, como vítimas diretas e indiretas da pandemia que vem afligindo o mundo há quase dois anos”, disse D. José Ornelas, presidente da CEP, no início da celebração, com transmissão online.

O Bispo de Setúbal recordou em particular “as famílias que perderam os seus entes queridos, muitas das quais nem tiveram oportunidade de fazer o luto da consolação, da saudade e da esperança”. A intervenção deixou ainda uma palavra de saudação para os que assistiram os doentes, “em tantos modos”, e os que “estenderam a mão e partilharam a vida, o carinho, o pão, com quem foi atingido pela crise”. “Sobretudo, colocamos tudo isto nas mãos de Deus, na celebração da Eucaristia. Ele vem também, agora, partilhar as nossas dores, as nossas sedes, as nossas buscas, vem até ao encontro dos nossos erros e das nossas faltas”, acrescentou o presidente da CEP.

“Peçamos o dom da sua misericórdia, do seu Espírito que cura, restaura, transforma, para que possamos acolher de coração agradecido e confiante o pão que Ele vem partilhar connosco”.

Na sua homilia, D. José Ornelas destacou a busca de uma “luz” que ilumine e dê sentido a tudo o que a humanidade vive neste momento. “Recordamos diante de Deus nomes queridos de irmãos bispos, sacerdotes, consagrados e consagradas, irmãos e irmãs a que nos ligaram afetos, dramas, que acompanharam as nossas vidas e as das nossas comunidades, no nosso país e em todo o mundo”, assinalou.

O presidente da CEP quis recordar “a dor das vítimas de todas as pandemias” e dos “abusos de todo o género”. São tempos não fáceis, de pandemia de Covid e tantas outras pandemias, crises e dramas que povoaram os trabalhos destes nossos dias de Assembleia da Conferência Episcopal, particularmente o sofrimento dos mais frágeis, seja pela doença, pela idade nascente ou do seu ocaso, dos problemas da nossa família, da sociedade, da Igreja, do planeta em que habitamos”. O Bispo de Setúbal assinalou que a Igreja Católica tem de promover caminhos de “acolhimento, consolação, partilha, cura e esperança”.

Texto: Ecclesia
Foto: Santuário de Fátima

Patriarcado de Lisboa