02 novembro 2021

O Papa: trabalho infantil, flagelo que fere o desenvolvimento harmonioso das crianças

 

 

Para muitas crianças, "não ir à escola significa não só perder oportunidades que as habilitem a enfrentar os desafios da vida adulta, mas também adoecer, ou seja, serem privadas do direito à saúde, devido às condições precárias em que têm de cumprir as tarefas que vilmente lhes são exigidas", ressalta Francisco na mensagem enviada ao diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem, nesta terça-feira (02/11), ao diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, por ocasião do encontro global sobre a Eliminação do Trabalho Infantil na Agricultura.

O encontro se realiza na sede da FAO, em Roma, promovido em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a fim de chamar a atenção para um fenómeno cada vez mais preocupante, segundo estimativas recentes dos dois organismos internacionais.

A pandemia aumentou o trabalho infantil

"Quando se manifesta como exploração, o trabalho infantil torna-se um flagelo que fere cruelmente a existência digna e o desenvolvimento harmonioso das crianças, limitando consideravelmente as suas oportunidades de futuro, pois reduz e fere as suas vidas a fim de satisfazer as necessidades produtivas e lucrativas dos adultos", ressalta o Papa na mensagem assinada pelo secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

Segundo Francisco, "as conotações negativas deste drama foram exacerbadas pela pandemia, que levou um número crescente de menores a abandonar a escola para cair nas garras desta forma de escravidão". Para muitas crianças, "não ir à escola significa não só perder oportunidades que as habilitem a enfrentar os desafios da vida adulta, mas também adoecer, ou seja, serem privadas do direito à saúde, devido às condições precárias ​​em que têm de cumprir as tarefas que vilmente lhes são exigidas".

No setor agrícola, a emergência é ainda mais alarmante. "Milhares de crianças são obrigadas a trabalhar incansavelmente, em condições extenuantes, precárias e degradantes, sofrendo maus-tratos, abusos e discriminação. A situação chega ao ápice da desolação, quando os próprios pais são obrigados a mandar os seus filhos trabalhar, porque sem a sua contribuição não podem sustentar a família", ressalta o Papa.

Investir na proteção das crianças

O Santo Padre espera que possa "sair um grito forte deste encontro que exorte os organismos internacionais e nacionais competentes a defenderem a serenidade e a felicidade das crianças. O investimento mais rentável que a humanidade pode fazer é a proteção das crianças! Proteger as crianças significa respeitar o seu crescimento, permitir que estes frágeis rebentos tenham as condições adequadas para se abrirem e florescerem. Proteger as crianças também requer medidas incisivas para ajudar as famílias dos pequenos agricultores, para que não sejam obrigadas a mandar os seus filhos para o campo a fim de aumentar o seu rendimento e manter com dignidade as suas casas. Proteger as crianças significa, agir para que se abram horizontes diante delas, configurando-as como cidadãos livres, honestos e solidários".

Por fim, Francisco recorda que "é necessário multiplicar as pessoas e as associações que se esforçam, para que o desejo de lucro excessivo, que condena as crianças e os jovens ao jugo brutal da exploração do trabalho, dê lugar à lógica do cuidado. Neste sentido, é necessária uma obra de denúncia, educação, consciencialização e convicção para que quem não tenha escrúpulos em escravizar a infância com fardos insuportáveis ​​veja mais longe e mais fundo, superando o egoísmo e a ânsia de consumir compulsivamente, devorando o planeta e esquecendo que os seus recursos devem ser preservados para as gerações futuras".

VN

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