07 março 2021

Papa em Qaraqosh: “O perdão é necessário para se permanecer cristão”

 

 Papa na Igreja da Imaculada Conceição, em Qaraqosh 
 

A herança espiritual, o perdão e a conversão foram as palavras-chave do discurso do Papa Francisco durante o encontro com a Comunidade de Qaraqosh no domingo, 7 de março. Na ocasião o Santo Padre rezou o Angelus com os presentes

 

Jane Nogara - Vatican News

Depois de fazer a oração pelas vítimas da guerra em Mosul, o Papa Francisco foi à cidade de Qaraqosh para encontrar a comunidade local. O encontro foi realizado na igreja da Imaculada Conceição. Depois de ser recebido pelo Patriarca sírio-católico, o Papa fez um discurso e e de seguida rezou o Angelus junto com a comunidade. O Santo Padre encontrou uma comunidade com grande diversidade cultural e religiosa e disse que “isto mostra algo da beleza que a vossa região tem para oferecer ao futuro. A vossa presença aqui lembra que a beleza não é monocromática, mas resplandece pela variedade e as diferenças”. Lembrando depois, “com grande tristeza, olhamos ao nosso redor e vemos outros sinais: os sinais do poder destruidor da violência, do ódio e da guerra”. Porém como recordou o Papa a “última palavra pertence a Deus e ao seu Filho, vencedor do pecado e da morte".

“Mesmo no meio das devastações do terrorismo e da guerra podemos, com os olhos da fé, ver o triunfo da vida sobre a morte”

A herança espiritual é a vossa força

Falando sobre a herança espiritual dos pais e mães na fé disse: “A grande herança espiritual que nos deixaram continua a viver em vós. Abraçai esta herança! Esta herança é a vossa força. Agora é o momento de reconstruir e recomeçar, confiando-se à graça de Deus, que guia o destino de cada homem e de todos os povos”.  Francisco recordou também que os filhos não herdarão apenas uma terra, uma cultura e uma tradição, "mas também os frutos vivos da fé, que são as bênçãos de Deus sobre esta terra".

“Animo-vos a não esquecer quem sois e donde vindes; a preservar os laços que vos mantêm unidos, a guardar as vossas raízes”

Conhecendo as nossas fragilidades como homens o Papa consolou: “Com certeza há momentos em que a fé pode vacilar, quando parece que Deus não vê nem intervém. Sentistes a verdade disto nos dias mais negros da guerra, e é verdade também nestes dias de crise sanitária mundial e de grande insegurança. Nestes momentos, lembrai-vos que Jesus está ao vosso lado. Não deixeis de sonhar. Não desistais, não percais a esperança”.

Perdão é a palavra-chave

Recordando o testemunho de uma senhora que antes do seu discurso afirmou: “Comoveu-me de uma coisa que disse a Senhora Doha: o perdão é necessário por parte daqueles que sobreviveram aos ataques terroristas. Perdão: esta é uma palavra-chave. O perdão é necessário para permanecer no amor, para se permanecer cristão”. “É preciso capacidade de perdoar e, ao mesmo tempo, coragem de lutar. Sei que isto é muito difícil. Mas acreditamos que Deus pode trazer a paz nesta terra. Confiamos n’Ele e, unidos a todas as pessoas de boa vontade, dizemos 'não' ao terrorismo e à instrumentalização da religião”. 

Conversão e proteção

Francisco pediu também orações pela conversão: “Não nos cansemos de rezar pela conversão dos corações e pelo triunfo de uma cultura da vida, da reconciliação e do amor fraterno, no respeito pelas diferenças, pelas diversas tradições religiosas, no esforço por construir um futuro de unidade e colaboração entre todas as pessoas de boa vontade". O Papa recordou que a igreja conta com a proteção de Nossa Senhora e falou sobre a imagem da Imaculada Conceição colocada no teto da igreja: “Aqui a sua estátua foi danificada e espezinhada, mas o rosto da Mãe de Deus continua a olhar-nos com ternura. Porque é assim que fazem as mães: consolam, confortam, dão vida".

Por fim fez uma particular saudação às mulheres:

“Gostaria de agradecer cordialmente a todas as mães e mulheres deste país, mulheres corajosas que continuam a dar vida não obstante os abusos e as feridas. Que as mulheres sejam respeitadas e protegidas! Que lhes sejam dadas atenção e oportunidades!”

 

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 VN

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