Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O primeiro discurso do Papa Francisco em terras iraquianas foi no Palácio Presidencial, em Bagdad, e dirigido às autoridades, à sociedade civil e ao Corpo Diplomático.
Depois da cerimónia oficial de boas-vindas e da visita de cortesia ao presidente da República, Barham Ahmed Salih Qassim, o Pontífice expressou publicamente a sua gratidão por poder realizar esta Visita Apostólica, “longamente esperada e desejada” – visita esta que hoje se realiza enquanto o mundo está a tentar “sair da crise pandémica da Covid-19”.
Nas últimas décadas, afirmou, o Iraque sofreu os infortúnios das guerras, o flagelo do terrorismo e conflitos sectários muitas vezes baseados no fundamentalismo. De modo especial, o Pontífice citou os yazidis, “vítimas inocentes duma barbárie insensata e desumana”.
A vez da harmonia
Hoje, acrescentou, o “Iraque é chamado a mostrar a todos, especialmente no Médio Oriente, que as diferenças, em vez de gerar conflitos, devem cooperar harmoniosamente na vida civil.”
O Santo Padre ressaltou os apelos da Santa Sé às autoridades competentes no Iraque, como noutros lugares, “para que concedam a todas as comunidades religiosas respeito, direitos e proteção”.
O reconhecimento da fraternidade universal é o elo capaz de permitir a superação dos conflitos, aliada à solidariedade que leva a praticar gestos concretos de cuidado e serviço.
“Penso naqueles que perderam familiares e entes queridos, casa e bens primários por causa da violência, da perseguição e do terrorismo; mas penso também em todas as pessoas que lutam diariamente à procura de segurança e dos meios necessários para sobreviver, enquanto aumenta o desemprego e pobreza.”
Neste contexto, aumenta a responsabilidade de políticos e diplomáticos para contrastar com o flagelo da corrupção, os abusos de poder e a ilegalidade.
“Mas não basta”, afirma o Santo Padre: é preciso edificar a justiça, aumentar a honestidade, a transparência e reforçar as instituições.
Calem-se as armas!
O Papa fez então um fervoroso apelo pelo fim da violência:
Cessem os interesses de parte, os interesses externos que se desinteressam da população local. Dê-se voz aos construtores, aos artífices da paz; aos humildes, aos pobres, ao povo simples que quer viver, trabalhar, rezar em paz!
Chega de violências, extremismos, fações, intolerâncias, disse ainda Francisco, pedindo que se dê espaço e voz aos artífices da paz, ao povo simples que quer viver, trabalhar, rezar em paz!
O Pontífice citou ainda o papel decisivo da comunidade internacional não só no Iraque, mas na vizinha Síria, que está prestes a completar 10 anos de conflito.
“Espero que as nações não retirem a mão amiga e construtora estendida ao povo iraquiano, mas continuem a operar em espírito de responsabilidade comum com as Autoridades locais, sem impor interesses políticos ou ideológicos.”
A religião, por sua vez, concluiu o Papa, deve estar ao serviço da paz e da fraternidade. “O nome de Deus não pode ser usado para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão”, afirmou Francisco, garantindo a plena colaboração da Igreja Católica para a causa da paz.
VN
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