25 dezembro 2020

Mensagem de Natal do Papa: Jesus nasce para todos, não só para alguns

 

 Mensagem de Batal e Benção Urbi et Orbi 

 
Ao conceder a bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo), o Papa Francisco rezou pelas populações mais atingidas pela crise ecológica, social e económica agravada pela pandemia. No continente americano, um dos mais afetados pelo coronavírus, pediu o fim da corrupção e da insegurança, e citou o Chile e a Venezuela.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

No dia de Natal, o Papa Francisco concedeu a tradicional bênção Urbi et Orbi, desta vez não da sacada central da Basílica de São Pedro, mas a poucos metros do local, na Sala das Bênçãos.

A Praça de São Pedro não está fechada, mas as pessoas não podem circular devido ao lockdown decretado pelo governo italiano nos dias de festas.

Como sempre, a bênção é antecedida por uma longa mensagem em que o Pontífice apresenta os seus votos de Feliz Natal a todos os países e regiões que vivem períodos conturbados.

Fraternidade mais necessária do que nunca

Desta vez, a mensagem teve como fio condutor a última Encíclica publicada pelo Papa Francisco, “Fratelli tutti”.

“O nascimento é sempre fonte de esperança, é vida que desabrocha, é promessa de futuro. E este Menino – Jesus – «nasceu para nós»: um «nós» sem fronteiras, sem privilégios nem exclusões.”

Graças a este Ele, todos podemos dirigir-nos a Deus e chamá-lo de «Pai». Assim, todos podemos ser realmente irmãos: “de continentes diversos, de qualquer língua e cultura, com as nossas identidades e diferenças, mas todos irmãos e irmãs”.

Neste momento histórico marcado pela crise ecológica e por graves desequilíbrios económicos e sociais, agravados pela pandemia, o Papa considera a fraternidade como valor mais necessário do que nunca. Não uma fraternidade feita de ideais abstratos mas baseada no amor real, capaz de compadecer-me dos sofrimentos alheios, mesmo que o outro não seja da minha família, da minha etnia, da minha religião.

Vacina para todos

O primeiro pensamento do Papa foi para as pessoas mais frágeis, os doentes e quantos neste tempo se encontram desempregados ou em graves dificuldades pelas consequências económicas da pandemia, “bem como as mulheres que nestes meses de confinamento sofreram violências domésticas”.

Francisco renovou o seu apelo aos governantes para que a todos seja garantido o acesso às vacinas e aos tratamentos.

“No Natal, celebramos a luz de Cristo que vem hoje ao mundo e Ele vem para todos: não só para alguns. Hoje, neste tempo de escuridão e incertezas pela pandemia, aparecem várias luzes de esperança, como a descoberta das vacinas.”

A dor da guerra

O Papa fez um apelo também em prol de tantas crianças que em todo o mundo, especialmente na Síria, Iraque e Iémen, ainda pagam o alto preço da guerra.

A Síria foi novamente citada junto aos países que no Oriente Médio e no Mediterrâneo oriental sofrem com tensões, como o Iraque, em particular os yazidis, a Líbia, Israel, Palestina e o Líbano.

O Pontífice mencionou ainda Nagorno-Karabakh, bem como as regiões orientais da Ucrânia. Na África, o apelo de paz foi feito em prol de Burkina Faso, Mali, Níger e Etiópia.

O Papa dirigiu um pensamento especial aos habitantes da região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vítimas da violência do terrorismo internacional. Sudão do Sul, Nigéria e Camarões também foram exortados a continuar pelo caminho da fraternidade e do diálogo.

Esperança para o continente americano

Quanto à América, Francisco fez votos de esperança, já que o continente foi particularmente afetado pelo coronavírus, “que exacerbou os inúmeros sofrimentos que o oprimem, muitas vezes agravados pelas consequências da corrupção e do narcotráfico”.

Nomeadamente, citou o Chile, para que supere as recentes tensões sociais, e a Venezuela, para que ponha fim ao sofrimento.

Na Ásia, pediu a proteção de Deus às populações flageladas por calamidades naturais, sobretudo nas Filipinas e Vietnam, e não se esqueceu do povo Rohingya: “Jesus, nascido pobre entre os pobres, leve esperança às suas tribulações”.

Redescobrir a família como berço de vida

Queridos irmãos e irmãs, concluiu Francisco, “resignar-se à violência e à injustiça significaria recusar a alegria e a esperança do Natal”.

“Neste dia de festa, dirijo uma saudação particular a todas as pessoas que não se deixam subjugar pelas circunstâncias adversas, mas esforçam-se por levar esperança, consolação e ajuda, socorrendo quem sofre e acompanhando quem está sozinho.”

Por fim, o último pensamento do Papa foi paea as famílias que hoje não se podem reunir. “Para todos, seja o Natal a ocasião propícia para redescobrirem a família como berço de vida e de fé. Feliz Natal para todos!”

VN

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