Em entrevista à Agência Ecclesia, D. Joaquim Mendes faz balanço “positivo” de dois anos de preparação.
D. Joaquim Mendes, coordenador para a pastoral da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, afirmou que a realização deste encontro é uma oportunidade para a Igreja se abrir e “acolher incondicionalmente” os jovens. “O Sínodo («Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», realizado em 2018) disse-nos que é necessário proporcionar aos jovens uma experiência familiar de Igreja e essa experiência passa pelo coração. Não se pode educar e evangelizar sem chegar ao coração e para isso é preciso amar, escutar, acolher incondicionalmente e dar aos jovens uma experiência de verdadeiro espírito de família”, disse à Agência Ecclesia, numa entrevista emitida ontem na RTP2.
O responsável católico indicou a oportunidade que, a partir da preparação da JMJ Lisboa 2023, os jovens estão a ter na mobilização e nas propostas de atividades, mas pede que as comunidades se convertam a novas dinâmicas. “É uma oportunidade para o encontro dos jovens entre si, para a criação de grupos, para iniciativas de missão, para a relação com as comunidades e para a descoberta da Igreja, mas isto exige uma conversão pastoral de muitas comunidades, abertura e acolhimento, dar espaços de participação e de corresponsabilidade na comunidade, de confiar e alegrar-se com a presença dos jovens”, sublinhou.
O
anúncio da realização das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa
aconteceu no Panamá, há dois anos; estavam inicialmente marcadas para o
verão de 2022 e foram adiadas um ano, por causa da pandemia. D. Joaquim
Mendes afirma que a crise pandémica tem marcado a preparação, mas não a
tem parado, sem deixar de registar um impacto no calendário inicialmente
determinado para a peregrinação dos símbolos entre os países lusófonos,
a cruz e o ícone de Nossa Senhora que uma delegação portuguesa trouxe
do Vaticano. “Em fevereiro de 2020 foi acordado um calendário de
peregrinação com os países lusófonos, que foi suspenso por causa da
pandemia. Os símbolos foram entregues a Lisboa em novembro de 2020.
Estamos em diálogo para que os símbolos possam circular, mas depende da
pandemia o permitir”, registou.
O
Bispo Auxiliar de Lisboa indicou que ficará a cargo de cada diocese, em
diálogo com a organização da JMJ e com a Direção Geral de Saúde,
formular propostas para celebrações locais com os símbolos da JMJ.
“Temos propostas de celebrações e algumas orientações, cuidados a ter,
por exemplo, mas em concreto, será o contexto a determinar o que se
poderá fazer em torno dos símbolos”, reconheceu.
O
responsável notou ainda o entusiasmo crescente dos jovens em torno dos
símbolos, “uma ligação afetiva e atrativa, não mensurável no coração de
cada um”. “Cada diocese nomeou o comité organizador e um interlocutor
com quem temos feito caminho e criado comunidade. Há dioceses que
promovem iniciativas de evangelização, oração e missão, quer em
vigararias como em paróquias, procurando chegar aos jovens mais
afastados da realidade eclesial e envolvendo-os em atividades de
missão”, regista o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e
Família.
O coordenador para a
pastoral da JMJ Lisboa 2023 indicou que a equipa de organização está a
ser acompanhada “espiritualmente” e destacou a importância de em todo o
processo se fazer “comunhão, comunidade, partilha”. D. Joaquim Mendes
lembrou que a Igreja Católica formulou propostas de preparação
dirigidas, no caso do projeto «Say yes», “aos jovens destinatários da
JMJ Lisboa 2023”, para que possam conhecer a história das
Jornadas.“Quisemos repescar todas as mensagens do Papas sobre as JMJ e
percorrer todas a edições até Lisboa, dando a conhecer os temas: a
partir daí, propõe-se um percurso adaptado às idades e aos problemas
entre os jovens, com o objetivo de desencadear projetos de missão e
serviço à comunidade”, destacou.
Outro projeto, o «Rise up», destina-se a jovens a partir dos 16 anos e apresenta uma “forte carga bíblica”, com o objetivo de “fazer um percurso interior” e proporcionar, depois, “um caminho de missão”.
Questionado sobre a
preparação dos jovens reclusos, D. Joaquim Mendes, que acompanha a
Pastoral penitenciária em Portugal, destacou a preparação que está a ser
feita, destinada aos 2420 jovens detidos, entre os 16 aos 29 anos, mas
também a jovens com deficiência. “Estamos em diálogo com os que os
acompanham para que se envolvam nas Jornadas e temos pensados em
iniciativas para que possam participar materialmente. São ideias em
gestação”.
O Bispo Auxiliar de
Lisboa manifestou-se otimista quanto à participação na JMJ no verão de
2023, acreditando que “será tão ou mais participada” do que as edições
anteriores. “Espero que encontremos rumo para vencer a pandemia. Isto
afeta todos mas estou convencido que se houver condições de
participação, esta será tanta ou maior. Este tempo de pandemia deu
consciência de fragilidade e debilidade e levou à necessidade do
transcendente e da busca de Deus”, finalizou.
Ecclesia
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