O Papa na Audiência dos Legisladores Católicos em 2018
Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu, no Vaticano, nesta sexta-feira (27/08), os participantes do encontro promovido pela Rede Internacional de Legisladores Católicos, uma rede de parlamentares católicos provenientes de todo o mundo nascida, em Trumau, na Áustria, em 2010, com o patrocínio do arcebispo de Viena, cardeal Christoph Schönborn.
Existe a pandemia da Covid que "perturba" e continua a causar mortes e contágios; existem distúrbios e polarizações políticas que criam desconfiança em relação aos representantes políticos, mas acima de tudo existe um desafio que questiona e torna ainda mais delicado o papel dos parlamentares, especialmente dos parlamentares católicos, que é o desafio das novas tecnologias e das ameaças à "dignidade humana". Pornografia infantil, exploração de dados pessoais, fake news: contra estas chagas é necessária uma legislação atenta e orientada para bem comum. Este é um mandato claro e definido que o Papa Francisco confiou aos membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos. O cardeal Christoph Schönborn esteve presente na audiência do Papa junto com o professor Alting von Geusau e e Ignatius Aphrem II, patriarca da Igreja sírio-ortodoxa.
Contra a Covid ainda há muito a ser feito
Agradecendo ao organismo o trabalho realizado nestes onze anos de acompanhamento e apoio à obra da Santa Sé nos respectivos países e na Comunidade internacional, o Papa abordou, no seu discurso, a realidade de hoje gravemente marcada pela pandemia da Covid que parece ganhar ímpeto.
Fizemos certamente progressos significativos na criação e distribuição de vacinas eficazes, mas há ainda muito trabalho a ser feito. Já foram confirmados mais de 200 milhões de casos e quatro milhões de mortos devido a esta praga terrível, que também causou tanta ruína econômica e social.
Uma boa política é indispensável para a paz social
O papel dos parlamentares é mais importante do que nunca. "Nomeados para servir o bem comum, vós sois agora chamados a colaborar, através de vossa ação política, a renovar integralmente as vossas comunidades e a sociedade como um todo", disse Francisco. O objetivo não é apenas "vencer o vírus" e "voltar ao status quo antes da pandemia", mas "enfrentar as causas profundas que a crise revelou e ampliou: pobreza, desigualdade social, desemprego e falta de acesso à educação".
Não é um trabalho fácil, ainda mais numa "época de perturbação e polarização política", na qual "os parlamentares e os políticos em geral nem sempre possuem grande estima". No entanto, observou o Papa, "que chamamento maior existe do que servir o bem comum e dar prioridade ao bem-estar de todos, antes do ganho pessoal"?
O desafio das novas tecnologias
Neste contexto, um dos maiores desafios da atualidade é "a administração da tecnologia para o bem comum", ressaltou o Pontífice. Certamente, "as maravilhas da ciência e tecnologia modernas aumentaram a nossa qualidade de vida", todavia, “abandonadas a si mesmas e apenas às forças do mercado, sem as devidas orientações das assembleias legislativas e de outras autoridades públicas orientadas por um sentido de responsabilidade social, essas inovações podem ameaçar a dignidade do ser humano”.
"Não se trata de frear o progresso tecnológico", esclareceu o Papa, mas "de proteger a dignidade humana quando esta é ameaçada". Os instrumentos políticos e regulamentares permitem que os parlamentares o façam.
O Papa enumerou alguns destes ataques contra a pessoa provenientes da internet: "Penso no flagelo da pornografia infantil, na exploração de dados pessoais, nos ataques a infraestruturas importantes como hospitais, nas falsidades difundidas nas redes sociais".
Cidadãos responsáveis e líderes preparados
O incentivo é o de "assumir a tarefa de uma reflexão moral séria e profunda sobre os riscos e oportunidades inerentes ao progresso científico e tecnológico, para que a legislação e as normas internacionais que os regulam possam centrar-se na promoção do desenvolvimento humano integral e da paz, e não no progresso como um fim em si mesmo".
O Papa convidou os membros da Rede Internacional de Legisladores Católicos a "promoverem o espírito de solidariedade, começando pelas necessidades das pessoas vulneráveis e desfavorecidas". "O compromisso dos cidadãos, nas várias esferas da participação social, civil e política, é indispensável", disse ele.
"Para curar o mundo, duramente provado pela pandemia, e para construir um futuro mais inclusivo e sustentável em que a tecnologia sirva as necessidades humanas e não nos isole uns dos outros, precisamos não apenas de cidadãos responsáveis, mas também de líderes preparados e animados pelo princípio do bem comum".
VN
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