01 agosto 2021

Papa: aprender da amizade com Jesus o amor desinteressado e sem cálculo pelos outros

 
 
 
É justo apresentar ao coração de Deus as nossas necessidades, mas o Senhor, que age bem para além das nossas expetativas, deseja viver connosco sobretudo uma relação de amor. E o amor verdadeiro é desinteressado, é gratuito: não se ama para receber um favor em troca!" 
 

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

No centro de uma fé imatura não existe Deus, mas as nossas necessidades. Assim, para viver uma relação de amor verdadeiro com o Senhor, devemos interrogar-nos sobre os motivos pelo qual O procuramos, fugindo assim da tentação idolátrica que leva a procurá-Lo apenas para o “próprio uso e consumo”, e depois de satisfeitos, “esquecermo-nos dele”.

Jesus o Pão da vida: a narrativa do Evangelho de João da liturgia deste XVIII Domingo do Tempo Comum, ofereceu ao Santo Padre a ocasião para exortar-nos a procurar uma relação com Deus que “vá além das lógicas do interesse e do cálculo”, ou seja, a ter com Ele uma relação de amor.

Dirigindo-se aos fiéis e turistas reunidos na Praça de S. Pedro a uma temperatura de 34ºC, Francisco comenta que as pessoas que testemunharam a multiplicação dos pães não compreenderam o significado do gesto, “restringiram-se ao milagre externo e ao pão material.”

 


 Fiéis e turistas na Praça de S. Pedro para o Angelus 

 

O risco da "tentação idolátrica"

Neste sentido, o Papa propõe, a primeira pergunta que poderíamos fazer a nós mesmos: “Porque procuramos o Senhor? Porque procuro o Senhor? Quais são as motivações da minha fé, da nossa fé?”:

“Temos necessidade de discernir isto, porque entre as tantas tentações que temos na vida, entre as tantas tentações há uma que poderíamos chamar de tentação idolátrica. É aquela que nos leva a procurar Deus para o nosso próprio uso e consumo, para resolver os problemas, para obter, graças a Ele, o que não conseguimos obter sozinhos, por interesse.

Passar de uma fé mágica para uma fé que agrada a Deus

Vem então uma segunda questão: "Mas, como fazer para purificar a nossa procura de Deus? Como passar de uma fé mágica, que só pensa nas próprias necessidades, para uma fé que agrada a Deus?”. E é o próprio Jesus que responde, afirmando que “a obra de Deus é acolher Aquele que o Pai enviou, ou seja, Ele mesmo, Jesus”:

“Não é acrescentar práticas religiosas ou observar especiais preceitos; é acolher Jesus, é acolhê-Lo na vida, é viver uma história de amor com Ele. Será Ele quem purificará a nossa fé. Sozinhos, não somos capazes. Mas o Senhor deseja uma relação de amor connosco: antes das coisas que recebemos e fazemos, existe Ele a ser amado. Existe uma relação com Ele que vai para além das lógicas do interesse e do cálculo.”

A partir da amizade com Jesus, aprender a amarmos uns aos outros

E isto – disse Francisco - vale não só em relação a Deus, mas também nas nossas relações humanas e sociais:

“[ Quando procuramos sobretudo a satisfação das nossas necessidades, corremos o risco de usar as pessoas e de instrumentalizar as situações para os nossos objetivos.  Quantas vezes ouvimos sobre uma pessoa: 'Mas ele usa as pessoas e depois esquece-se'. Usar as pessoas em proveito próprio, é feio! E uma sociedade que coloca no centro os interesses, em vez das pessoas, é uma sociedade que não gera vida. O convite do Evangelho é este: em vez de nos preocuparmos apenas com o pão material que nos alimenta, acolhamos Jesus como o pão da vida e, a partir da amizade com Ele, aprendamos a amar-nos uns aos outros. Com gratuidade e sem cálculos.  Amor gratuito e sem cálculos, sem usar as pessoas, com gratuidade, com generosidade, com magnanimidade.]”

Rezemos agora à Virgem Santa - disse o Santo Padre ao concluir - Aquela que viveu a mais bela história de amor com Deus, para que nos conceda a graça de nos abrirmos ao encontro com o seu Filho.

VN

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