15 janeiro 2023

O Papa: libertarmo-nos dos apegos é o passo decisivo para crescer no espírito de serviço

 
 
No Angelus deste domingo, Francisco refletiu sobre o testemunho de João Batista a propósito de Jesus, depois de tê-lo batizado no rio Jordão. Segundo o Papa, a declaração de João Batista revela o seu "espírito de serviço. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias e o fizera sem se poupar. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se, retira-se de cena para dar lugar a Jesus". 
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (15/01), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Neste encontro dominical, o Pontífice refletiu sobre o testemunho de João Batista a propósito de Jesus, depois de tê-lo batizado no rio Jordão. De facto, João Batista diz: "É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim." "Este é o testemunho", frisou o Papa.

Dar lugar a Jesus

Esta declaração, este testemunho, revela o espírito de serviço de João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias e o fizera sem se poupar. Humanamente, alguém poderia pensar que ele receberia um "prêmio", um lugar de destaque na vida pública de Jesus, mas não. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se, retira-se de cena para dar lugar a Jesus.

João viu o Espírito descer sobre Jesus, "o indicou como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e agora, por sua vez, ele escuta-o humildemente. De profet torna.se discípulo. Ele pregou ao povo, reuniu discípulos e formou-os por muito tempo. No entanto, não prende ninguém a si". "Isto é difícil, mas é o sinal do verdadeiro educador: não prender as pessoas a si", ressaltou o Papa, destacando que João "coloca os seus discípulos nas pegadas de Jesus. Não está interessado em ter seguidores para si, em obter prestígio e sucesso, mas dá testemunho e depois dá um passo atrás, para que muitos tenham a alegria de encontrar Jesus. Podemos dizer que ele abre a porta e vai-se embora".

Libertação dos apegos

Com o seu espírito de serviço, e este é um verdadeiro espírito de serviço, com a sua capacidade de abrir espaço a Jesus, João Batista ensina-nos uma coisa importante: a libertação dos apegos. Ensina-nos a libertar-nos dos apegos. Sim, porque é fácil apegarmo-nos a papéis e cargos, à necessidade de ser estimado, reconhecido e premiado. Isto, embora natural, não é uma coisa boa, porque o serviço envolve a gratuitidade, o verdadeiro serviço envolve a gratuitidade, o cuidar dos outros sem vantagens para nós, sem segundas intenções, sem esperar na troca em troca. Far-nos-á bem cultivar, como João, a virtude de nos afastarmos no momento oportuno, testemunhando que o ponto de referência da vida é Jesus. Afastarmo-nos, aprender a dizer adeus. Cumpri esta missão, fiz esta reunião, coloco-me de lado e abro espaço para o Senhor. Aprender a  colocar-me de lado, não pegar em algo para ter um retorno para nós.

A seguir, Francisco convidou a pensar "em como isto é importante para um sacerdote, que é chamado a pregar e celebrar não por protagonismo ou interesse, mas para acompanhar os outros a Jesus. Pensemos em como é importante para os pais, que ajudam a crescer os filhos com tantos sacrifícios, mas depois têm que deixá-los livres para seguirem o seu caminho no trabalho, no matrimónio, na vida. É bonito e justo que os pais continuem garantindo a sua presença, dizendo aos filhos: “Não os deixaremos sozinhos”, mas com discrição, sem intromissão. A liberdade de crescer".

Crescer no espírito de serviço

O mesmo vale para outros âmbitos, como a amizade, a vida conjugal, a vida comunitária. Libertarmo-nos dos apegos do próprio ego e saber afastar-me, custa, mas é muito importante: é o passo decisivo para crescer no espírito de serviço. Crescer no espírito de serviço fazendo as coisas e colocando-me de lado, sem procurcr recompensa.

O Papa convidou-nos a fazer as seguintes perguntas: "Somos capazes de abrir espaço para os outros? De escutá-los, de deixá-los livres, de não prendê-los a nós exigindo reconhecimento? Até de deixá-los falar. Deixá-los falar, abrir espaço para os outros. alegrar-nos pelo facto de as pessoas seguirem o seu caminho e o seu chamamento, mesmo que isso implique um pouco de distanciamento de nós? Regozijamo-nos com as suas realizações, com sinceridade e sem inveja? Alegramo-nos quando os outros vão adiante, com sinceridade, sem inveja? Isto é deixar os outros crescer".

"Que Maria, a serva do Senhor, nos ajude a libertar-nos dos apegos, e a abrir espaço ao Senhor e aos outros", concluiu Francisco.

VN

 

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