18 fevereiro 2022

Caminhada sinodal no Patriarcado: “Lançar o desafio e desinstalar”

 

 
Duas leigas e dois leigos, de quatro paróquias de diferentes zonas do Patriarcado de Lisboa, partilham a experiência de participação no caminho sinodal convocado pelo Papa Francisco. Não escondendo que “a pandemia tem dificultado muito os trabalhos”, todos são unânimes em considerar o Sínodo sobre a Sinodalidade 2021-2023 uma “oportunidade de missão e evangelização”.

 
Uma oportunidade
Na cidade de Lisboa, mais concretamente na paróquia de São Francisco Xavier, no Restelo, a caminhada sinodal tem sido entendida como “uma oportunidade grande”. “Não é por acaso que o caminho sinodal surge no contexto pandémico. Fecharam-se as portas, os canais da graça e tudo isto está com muita fragmentação – palavra utilizada pelo Papa Francisco –, mas este caminho sinodal é uma reabertura, até com mais promessa, porque as pessoas querem viver o seu cristianismo de uma forma mais pura, mais direta, com os toques da graça que sentiram ao longo da vida. Temos aqui uma oportunidade grande”, salienta, ao Jornal VOZ DA VERDADE, a coordenadora paroquial do Sínodo, Dina Matos Ferreira. Quando foi convidada pelo pároco, cónego José Manuel Ferreira, em novembro passado, esta leiga de 54 anos procurou “interpretar o pensamento do Papa Francisco” e “o que ele pretendia desta caminhada sinodal”. “Uma das coisas que me chamou à atenção é que um dos frutos da caminhada sinodal sejam os próprios encontros. Mais do que as sínteses, o importante é pôr as pessoas a caminhar, pôr as pessoas em contacto umas com as outras. Promover os encontros já é, por si, um fruto da caminhada sinodal”, garante. Considerando que no Restelo “as pessoas são muito qualificadas”, a responsável destaca “os convites” para os encontros sinodais, feitos “através dos meios da paróquia” e “de cartazes” que foram produzidos. “Cada uma das pessoas que vai aos encontros é convidada a replicar os encontros sinodais com outras realidades, com as suas próprias realidades de trabalho, de família, de amigos, etc. Estas replicações é que têm sido muito curiosas, porque têm-nos chegado terceiras linhas de encontro, numa dispersão muito saudável, muito na lógica dos primeiros cristãos, com muita frescura, que nos mostra, na nossa realidade paroquial, quais são os pontos onde somos chamados a crescer como comunidade, o que é muito bonito”, manifesta, sublinhando que “no último encontro havia pessoas com uma diferença de 50 anos”. “Tínhamos uma pessoa com 74 anos e uma rapariga com 24 anos, o que dá um fresco muitíssimo interessante”, garante Dina, que está casada há 22 anos e tem três filhos.
No caminho sinodal, a paróquia de São Francisco Xavier tem procurado “valorizar públicos de fronteira”, como “as crianças, os idosos e as pessoas que não estão na Igreja, que são ou não batizadas, mas não praticam”. “Para os de fora, como não se sentem tão à vontade para aparecer nos encontros, criámos um Google Forms, com perguntas, que todos podem responder e têm respondido. Claro que preferíamos encontros presenciais – e ainda vou tentar convocar algum –, porque é a eles que somos chamados, mas estes testemunhos já implicam um pôr-se a caminho e um abrir-se ao outro. Isso já é muito bonito e já traduz uma caminhada”, enaltece Dina, desejando que “todos os paroquianos e todos os batizados fossem impactados e acabassem este caminho sinodal com uma responsabilidade dentro da paróquia”. “É a isso que somos chamados, é esse o caminho transformador”, ambiciona.

Sair da área de conforto
Na paróquia de Rio de Mouro, na Vigararia de Sintra, o caminho sinodal tem levado a comunidade cristã a “sair da área de conforto”. Mesmo sendo “uma experiência que as pessoas ainda estão a assimilar”, segundo explica a coordenadora paroquial do Sínodo, Ana Cristina Silva, ao Jornal VOZ DA VERDADE. “A comunidade sente que este caminho sinodal é algo diferente em relação ao Sínodo Diocesano, e que envolve um pouco mais o sair da área de conforto. Estamos habituados a fazer, entre grupos, as partilhas e houve esta sugestão de fazer uma coisa diferente que é ouvir a partilha de outros grupos, de outros movimentos, de outros lugares, nesta caminhada. Por isso, o caminho sinodal é algo diferente, de desinstalar, e está a ser uma experiência a ser assimilada”, refere.

 

  • Leia o artigo completo na edição do dia 6 de fevereiro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.

Patriarcado de Lisboa

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