16 setembro 2021

UM PECADO “SUBTIL”


 
 
 
O Evangelho de hoje leva-nos, numa leitura rápida, a olharmos para a mulher pecadora que se aproxima de Jesus e a quem Ele perdoa os pecados.

É realmente mais “fácil” para mim, para nós, olharmos e identificarmo-nos com a mulher pecadora e perante Jesus, baixarmos a cabeça e pedirmos perdão.

No entanto, a figura do dono da casa, do fariseu, não a identificamos connosco com tanta facilidade e, afinal, pelo menos eu, tantas vezes procedo como ele no íntimo dos meus pensamentos, dos meus “julgamentos”.

Quantas vezes em Igreja, não penso/julgo, não pensamos/julgamos, que aquele ou aquela não deveriam estar ali, por causa da vida que supostamente achamos que levam, ou por causa de actos ou atitudes que tomaram ou julgamos que tomaram.

E fazemo-lo na nossa casa, que é a Igreja, não cuidando de pensar que é uma casa de pecadores, porque se fosse apenas para santos, nenhum de nós a Ela poderia pertencer.

E é grande este pecado, deste pensamento/julgamento do fariseu, porque vemos/ouvimos Jesus, ao longo dos Evangelhos, referi-lo de forma subtil mas permanente, no filho que ficou em casa do pai, no incómodo de alguns no pagamento da jorna diária, naqueles que acusam a mulher adúltera, enfim, em tantas ocasiões em que os homens se julgam com “direito” a um deus, que não é afinal o Deus de todos, o Deus verdadeiro.

O nosso Deus, ou melhor, o Deus em Quem queremos acreditar, é o Deus de todos, dos mais pecadores aos mais supostamente “cumpridores”, dos mais pobres aos mais ricos com coração bondoso, dos mais desprezados aos mais reconhecidos que agradecem sinceramente a Deus esse reconhecimento e dele se servem para ajudar os desprezados, enfim, é um Deus que não faz acepção de pessoas, que a todos ama por igual e a todos perdoa com infinito amor.

Ah, Senhor, faz com que eu reconheça o meu pecado e em vez de julgar o outro, por achar que não tem “direito” a estar na Tua casa, antes o chame, o acolha, o abrace, o sente à mesa da refeição divina, o apresente a Ti, intercedendo por ele e por mim, pobre pecador, de modo a que, convertidos no Teu amor, confessemos os nossos pecados e perdoados por Ti, contigo, permaneçamos no banquete do amor que preparaste para nós. 



Marinha Grande, 16 de Setembro de 2021
Joaquim Mexia Alves

 

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