06 março 2022

O Papa: a felicidade não está em aproveitarmo-nos dos outros, mas na alegria de servir

 
  
"Jesus opõe-se às atrações do mal de uma maneira vencedora. Como faz Ele isto? Respondendo às tentações com a Palavra de Deus, que diz para não tirar proveito, não usar Deus, os outros e as coisas para nós mesmo, para não explorar a própria posição para adquirir privilégios. Porque a felicidade e liberdade verdadeiras não estão em possuir, mas em compartilhar; não em aproveitarmo-nos dos outros, mas em amá-los; não na obsessão do poder, mas na alegria de servir": disse Francisco no Angelus
 

Raimundo de Lima – Vatican News

Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus rezada com os fiéis e peregrinos na Praça de S. Pedro, ao meio-dia deste I Domingo da Quaresma, o Santo Padre, ateve-se à página do Evangelho do dia, que traz as tentações sofridas por Jesus no deserto.

O Evangelho de hoje, disse o Santo Padre, “leva-nos ao deserto, onde Jesus é conduzido pelo Espírito Santo, durante a quarenta, dias para ser tentado pelo diabo (cf. Lc 4,1-13). O deserto simboliza a luta contra as seduções do mal, a fim de aprender a escolher a verdadeira liberdade”.

Jesus, de facto, vive a experiência do deserto pouco antes de começar a sua missão pública. É precisamente através desta luta espiritual que Ele afirma de forma decisiva que tipo de Messias pretende ser, observou o Pontífice convidando a olhar então de perto as tentações contra as quais Jesus combate.

A posse de coisas, de poder, da fama: o núcleo das tentações

Por duas vezes o diabo dirige-se a Ele e diz-Lhe: "Se és o Filho de Deus...". Ou seja, propõe-lhe, explorar a sua posição: primeiro para satisfazer as necessidades materiais que sente; depois para aumentar o seu poder; por fim, para obter um sinal prodigioso de Deus.

É como se estivesse a dizer: "Se és o Filho de Deus, aproveita", ou seja, "pensa no teu proveito". É uma proposta sedutora, mas leva à escravidão do coração: torna-nos obcecados pelo desejo de ter, reduz tudo à posse de-se coisas, de poder, de fama. Este é o núcleo das tentações. É "o veneno das paixões" no qual o mal cria raízes.

Mas Jesus opõe-se às atrações do mal de uma maneira vencedora. Como faz Ele isto? Respondendo às tentações com a Palavra de Deus, que diz para não tirar proveito, não usar Deus, os outros e as coisas para nós mesmos, para não explorar a própria posição a fim de adquirir privilégios. Porque a felicidade e liberdade verdadeiras não estão em possuir, mas em compartilhar; não em aproveitarmo-nos dos outros, mas em amá-los; não na obsessão do  o poder, mas na alegria de servir.

Não se compactua com o mal

Irmãos e irmãs, estas tentações também nos acompanham no caminho da vida. Devemos estar vigilantes, porque muitas vezes elas apresentam-se sob uma forma aparente de bem. De facto, o diabo, que é astuto, usa sempre o engano. Ele queria que Jesus acreditasse que as suas propostas eram úteis para demonstrar que realmente era o Filho de Deus. E assim também faz connosco: muitas vezes chega "com olhos dóceis", "com um rosto angelical"; sabe até disfarçar-se de motivos sagrados, aparentemente religiosos!

Se cedermos a suas lisonjas, prosseguiu Francisco, acabamos justificando a nossa falsidade disfarçando-a com boas intenções: "Fiz negócios estranhos, mas ajudei os pobres"; "aproveitei  o meu papel, mas também para o bem"; "cedi aos meus instintos, mas no final não fiz mal a ninguém", e assim por diante.

Por favor: com o mal, nada de pactuar com ele! Não se deve dialogar com a tentação, não se deve cair naquele sono de consciência que faz dizer: "afinal, não é grave, todos fazem assim"! Olhemos para Jesus, que não procura acomodamentos, não faz acordos com o mal. Ele opõe-se ao diabo com a Palavra de Deus e assim vence as tentações.

Reservar tempo para o silêncio e a oração

“Que este tempo de Quaresma – concluiu o Papa - seja também um tempo de deserto para nós. Reservemos um tempo para o silêncio e a oração, durante o qual podemos parar e olhar o que está a mexer nos nossos corações. Façamos clareza interior, colocando-nos diante da Palavra de Deus em oração, para que uma luta benéfica contra o mal que nos escraviza, uma luta pela liberdade, possa ter lugar dentro de nós. Peçamos a Nossa Senhora que nos acompanhe no deserto quaresmal e que nos ajude no nosso caminho de conversão.”

VN

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