27 março 2022

Francisco: os pais aproximam-se de Deus que perdoa sempre com alegria

 
 
Deus não sabe perdoar sem festejar e acolhe sempre plenamente. No Angelus, o Papa Francisco exortou os fiéis a não caírem no erro de uma religião formada de deveres e proibições, e a aprenderem da ternura de Deus que não só acolhe novamente, mas alegra-se e faz festa pelo seu filho que voltou para casa.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (27/03), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.  

A Liturgia deste domingo narra a Parábola do Filho Pródigo que "nos leva ao coração de Deus, que sempre perdoa com compaixão e ternura. Deus perdoa sempre, somos nós que nos cansamos de Lhe pedir perdão". Segundo Francisco, esta parábola "diz-nos que Deus é Pai, que não só acolhe novamente, mas alegra-se e celebra o seu filho, que voltou a casa depois de ter desperdiçado todos os seus bens. Nós somos esse filho, e é comovente pensar no quanto o Pai nos ama sempre e nos espera".

Rigidez em relação ao próximo

O Papa recordou que na "parábola há também o filho mais velho, que entra em crise diante desse Pai. E isso pode-nos colocar também em crise. De facto, dentro de nós há também esse filho e, pelo menos em parte, somos tentados a dar-lhe razão: ele cumpriu sempre o seu dever, não saiu de casa, por isso indigna-se ao ver o Pai abraçar novamente o irmão que tinha se tinha comportado mal. Ele protesta e diz: «Há tantos anos que te sirvo e nunca desobedeci às tuas ordens», mas para «este teu filho» fizeste-lh festa! Não te entendo. Esta é a indignação do filho mais velho".

Destas palavras surge o problema do filho mais velho. No seu relacionamento com o Pai, ele baseia tudo na pura observância dos comandos, no sentido do dever. Este também pode ser o nosso problema, o nosso problema connosco e com Deus: perder de vista o facto de que Ele é Pai e viver uma religião distante, formada de proibições e deveres. E a consequência desta distância é a rigidez em relação ao próximo, que não é mais visto como um irmão. Na parábola, de facto, o filho mais velho não diz ao Pai, meu irmão, mas seu filho, como se dissesse: não é meu irmão. E no final é ele quem corre o risco de ser deixado fora de casa. Na verdade, diz o texto, "ele não queria entrar", por causa do outro.

Então, o Pai sai para suplicá-lo: "Filho, estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu". "Ele tenta fazê-lo entender que para ele cada filho é toda a sua vida. Os pais sabem disso bem, pois aproximam -se muito do sentimento de Deus. É bonito o que diz um pai num romance: «Quando me tornei pai, entendi Deus»", frisou o Papa.

Procurar quem está distante

Segundo Francisco, "neste ponto da parábola, o Pai abre o coração ao seu filho mais velho e expressa-lhe duas necessidades, que não são ordens, mas necessidades do coração: "Era preciso festejar e alegrar-nos, porque aquele seu irmão estava morto, e tornou a viver». Vejamos se também nós temos nos nossos corações as duas necessidades do Pai: festejar e alegrarmo-nos".

Primeiro, festejar, ou seja, mostrar a nossa proximidade a quem se arrepende ou está a caminho, a quem está em crise ou está distante. Porque é preciso fazer assim? Porque isto ajudará a superar o medo e o desânimo que podem surgir da lembrança dos próprios pecados. Quem errou, muitas vezes sente-se repreendido pelo seu próprio coração; distância, indiferença e palavras duras não ajudam. Portanto, segundo o Pai, é necessário oferecer-lhe um acolhimento caloroso que o encoraje a seguir em frente. Nós fazemos isto? Procuramos quem está distante, desejamos fazer festa com ele? Quanto bem pode ser feito por um coração aberto, uma escuta verdadeira, um sorriso transparente; fazer festa, não fazer sentir desconfortável! O pai poderia ter dito: tudo bem filho, volta para casa, volta a trabalhar, vá para o teu quarto, acalme-te e começa trabalhar e isto teria sido um bom perdão. Mas não! Deus não pode perdoar sem festejar! E o pai festeja. Sente a alegria pelo seu filho que voltou.

Então, de acordo com o Pai, é preciso alegrarmo-nos. Segundo o Papa, "quem tem o coração sintonizado com Deus alegra-se ao ver o arrependimento de uma pessoa, por mais graves que tenham sido os seus erros. Não se mantém firme nos erros, não aponta o dedo para o mal, mas alegra-se com o bem, porque o bem do outro também é o meu!" "E nós, sabemos ver os outros assim? Sabemos alegrarmo-nis pelos outros?", perguntou Francisco, que a seguir, contou uma história, inventada, sobre o tema do Filho Pródigo, que mostra o coração do pai. Um jovem que queria voltar para casa, mas tinha medo que o pai o rejeitasse, que não o perdoasse. Então, um amigo aconselhou-o a escrever uma carta ao seu pai, dizendo que sentia muito e que gostaria de voltar, mas não tinha a certeza se o pai ficaria feliz. Portanto, se o pai quisesse recebê-lo, deveria colocar um lenço branco na janela. "Ele colocou-se a caminho e quando estava perto da casa, quando o caminho fez uma curva, ele encontrou-se diante de casa. E o que viu? Não um lenço, mas vários lenços brancos nas janelas, em tudo! Assim, o Pai recebe-nos com plenitude, com alegria. Este é o nosso Pai", concluiu o Papa, pedindo à Virgem Maria para que "nos ensine a acolher a misericórdia de Deus, para que se torne a luz na qual, olhar o nosso próximo".

VN

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