Eu «ouvi o rumor dos vossos
passos no jardim» (Gen 3, 10),
meu Deus
e não soube o que fazer.
Vinhas ao meu encontro,
como um Deus que ama aquele que criou,
e eu com medo,
ou melhor,
com vergonha da minha nudez,
tapei-me com as “capas” das minhas culpas,
das minhas fraquezas,
tentando evitar,
Aquele que sempre me amou.
E afinal,
meu Deus,
querias que fosse ter contigo,
nu,
completamente nu,
liberto de tudo aquilo que me cobre,
que me enche,
e me afasta de Ti,
porque me reveste,
porque me enche de mundo!
E arranjei desculpas
e mais desculpas,
dizendo-Te que não tinha sido eu,
mas os outros,
todos os outros
que me levaram a pecar,
a afastar-me de Ti,
a deixar de querer
ser Teu!
E Tu
respondeste-me
com o teu abraço de amor,
perguntando-me,
se por acaso,
eu não sabia que me tinhas criado livre,
tão livre que podia escolher o meu caminho,
sabendo que podia,
ou não,
apresentar-me diante de Ti
nu,
como aliás,
Tu me apresentaste ao mundo?
Nu,
meu Deus,
diante de Ti,
sem mais nada a não ser,
o meu ser pecador,
a não ser,
o meu pecado,
que Tu por teu infinito amor,
perdoas,
não me deixando ser condenado.
Eu
«ouvi o rumor dos vossos passos no jardim» (Gen 3, 10),
e quedei-me quieto,
prostrei-me diante de Ti,
e disse:
aqui estou,
meu Deus,
que a Tua vontade
se faça em mim!
Marinha Grande, 6 de Junho de 2021
Joaquim Mexia Alves
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