06 junho 2021

NU, PARA TI, MEU DEUS!

 

 Eu «ouvi o rumor dos vossos passos no jardim» (Gen 3, 10),

meu Deus

e não soube o que fazer.

 

Vinhas ao meu encontro,

como um Deus que ama aquele que criou,

e eu com medo,

ou melhor,

com vergonha da minha nudez,

tapei-me com as “capas” das minhas culpas,

das minhas fraquezas,

tentando evitar,

Aquele que sempre me amou.

 

E afinal,

meu Deus,

querias que fosse ter contigo,

nu,

completamente nu,

liberto de tudo aquilo que me cobre,

que me enche,

e me afasta de Ti,

porque me reveste,

porque me enche de mundo!

 

E arranjei desculpas

e mais desculpas,

dizendo-Te que não tinha sido eu,

mas os outros,

todos os outros

que me levaram a pecar,

a afastar-me de Ti,

a deixar de querer

ser Teu!

 

E Tu

respondeste-me

com o teu abraço de amor,

perguntando-me,

se por acaso,

eu não sabia que me tinhas criado livre,

tão livre que podia escolher o meu caminho,

sabendo que podia,

ou não,

apresentar-me diante de Ti

nu,

como aliás,

Tu me apresentaste ao mundo?

 

Nu,

meu Deus,

diante de Ti,

sem mais nada a não ser,

o meu ser pecador,

a não ser,

o meu pecado,

que Tu por teu infinito amor,

perdoas,

não me deixando ser condenado.

 

Eu

«ouvi o rumor dos vossos passos no jardim» (Gen 3, 10),

e quedei-me quieto,

prostrei-me diante de Ti,

e disse:

aqui estou,

meu Deus,

que a Tua vontade

se faça em mim!

 

Marinha Grande, 6 de Junho de 2021

Joaquim Mexia Alves

Sem comentários:

Enviar um comentário