Sempre me surpreende esta verdade imensa que é o Sacramento da Eucaristia.
Desde que “assistia” à celebração da Eucaristia, (pois não sabia bem o que fazia), até agora em que n’Ela participo verdadeiramente, sempre senti um imenso respeito pelo sagrado, um sentimento de pequenez, um sentimento de estar a viver para além de tudo o que possa entender, um sentimento de entrega, um sentimento de indignidade muito bem expresso na oração «Senhor eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo».
Sinto-me, às vezes, como aquela mulher que apenas Lhe queria tocar no manto para ser curada, mas, infelizmente, bem longe da fé que a moveu ao encontro de Jesus.
Há celebrações em que me deixo envolver de tal modo que me parece estar num outro lugar, ou melhor, num espaço para além do tempo e do mundo.
Há momentos a seguir à Comunhão em que me sinto envolvido num tão imenso amor que me vêm as lágrimas aos olhos.
Mas também há outros dias, outras celebrações, em que me deixo perder nas preocupações do mundo, nas distrações da vida, na ansiedade do tempo, às vezes até criticando interiormente a homília mais longa, os baptismos na celebração dominical, as festas da catequese que prolongam o tempo da celebração, o tempo dos avisos, enfim, um nunca acabar de coisas que o meu coração ainda de pedra, se deixa levar pelo mundo, perdendo o encontro tão vivo e rico com Jesus na Eucaristia.
E, quando tal acontece, sinto-me sempre, passado pouco tempo, um ingrato, um fraco, um pobre que não sabe como é rico por ter Jesus consigo.
E depois, por vezes, sou muito formal, ou seja, como se para adorar a Deus, fosse absolutamente necessário estar na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, quando foi Ele mesmo que disse que «quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele».
Mas realmente, na minha paróquia, temos pelo menos dois momentos semanais de adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e estes momentos são vividos em silêncio que por vezes nos parecem tão constrangedores, mas que quando a eles nos habituamos são de uma riqueza imensa.
São dois amigos que se olham, que se amam, e em que Um deles dá tudo ao outro, e o outro, o pobre eu, dá a fraqueza do seu amor, dá a debilidade da sua fé, dá a sua incompleta entrega.
Nestes momentos, por vezes, apetece-me estender-me pelo chão, de cara voltada para baixo e ali deixar-me estar assim, numa atitude de adoração e entrega.
Só não o faço para não chamar a atenção para mim, porque é Ele que é e tem de ser sempre o centro de tudo e de todos.
Enfim, deixei falar o coração, ou melhor, deixei o coração escrever estas palavras que representam muito pouco do que sinto, e menos ainda do Tudo e do Todo que é o Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
A Ele toda a honra, toda a glória e todo o louvor.
Marinha Grande, 29 de Maio de 2024
Joaquim Mexia Alves
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