30 setembro 2024

AS PERSIANAS DO CORAÇÃO

 


 
 
Hoje em dia há persianas eléctricas, o que exige muito menos esforço de quem as fecha ou abre pois basta carregar num botão.

Às vezes parece que também queremos viver a fé cristã como as persianas eléctricas, ou seja, sem grande esforço da nossa parte.

E a simbologia que veio ao meu coração também tem muito a ver, quanto a mim, com esta imagem das persianas, se nos lembrarmos que a principal maneira de encontrarmos Deus e vivermos a fé, é abrirmos o nosso coração à presença de Deus, ou seja, simbolicamente abrirmos as “persianas” do coração que estão tantas vezes fechadas, para deixarmos entrar a verdadeira Luz.

O facto de haver persianas eléctricas leva-nos a uma certa preguiça física, a uma atitude bem mais passiva do que activa, ou seja, ficamos a ver as persianas abrirem mas, no fundo, pouco contribuimos para isso.

Regressando, então, a esta simbologia das persianas, podemos reflectir que muitas vezes também, a procura e vivência da fé é um pouco como as “persianas eléctricas”, isto é, pouco nos esforçamos por emendar as nossas fraquezas, por mudar os nossos feitios e atitudes, por querer viver realmente as celebrações e sacramentos, que tornam Deus presente nas nossa vidas.

Ficamos apenas ali à espera que as “persianas abram”!

Carregamos no “botão da fé” e agora esperamos que Deus faça o resto, que abra o nosso coração, que envie a luz, que mude o que precisa ser mudado, enfim, que o esforço seja d’Ele e não nosso.

Ora o Senhor diz claramente que “está à porta e bate”, mas também diz que “se alguém Lhe abrir a porta”, então Ele entra e ceia connosco.

Mas Ele não diz que trás consigo a ceia, por isso quem tem de preparar a ceia somos nós para que Ele a abençoe e a coma connosco, ou melhor, somos nós que temos que nos preparar para, em estado de graça, recebermos a Ceia que é Ele próprio, que se dá como alimento divino a cada um de nós.

Ele não nos dá um “botão para carregarmos”, Ele dá-nos uma vida para vivermos.




Marinha Grande, 30 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves
 

24 setembro 2024

MEDITANDO EM ADORAÇÃO

 


 

 

 

Empalidece o brilho do Sol perante a Tua luz.


Nem mil sóis, com todo o seu brilho, poderiam comparar-se minimamente com a luz que vem de Ti.

Porque Tu és a Luz que tudo cria, tudo vivifica, tudo transforma.

O Sol só brilha porque Tu o criaste e lhe permites brilhar.

A Tua Luz é Tua, porque Tu és a própria Luz, porque Tu és a Luz da vida. a Luz da verdade, a Luz do caminho.

Quem como Tu, Senhor, poderia ofuscar o brilho do chamado astro rei?

Tu, Senhor, és o Rei dos reis, o Astro maior de todo o infinito firmamento, que criaste para o homem.

Tu, Senhor, é que sabes o tamanho, a profundidade e a largura do Universo, porque Tu o criaste na Tua infinita bondade.

O Universo tem limites apenas conhecidos por Ti e mais ninguém.

Só Tu, Senhor, não tens limites, não tens princípio nem fim, não tens nascimento nem ocaso, não tens dimensão que se possa medir.

Tu és o tudo e nem o tudo Te contém, porque Tu és o maior do que o tudo.

Em Ti, Senhor, me refugio e abandono, na minha infinita pequenez, à Tua incomparável grandeza.

A Ti o poder, o louvor e a glória para sempre.



Garcia, 19 de Setembro de 2024
Joaquim Mexia Alves
 
 

17 setembro 2024

PERDOAR É FÁCIL?

 


 

É, normalmente, bastante difícil rezar por aqueles que nos ofendem, aqueles que não gostam de nós, aqueles que por vezes são razão de provação para nós, que nos prejudicam e, também, por aqueles de quem nós não gostamos, que também ofendemos, que também podemos prejudicar, por vezes sem nos darmos conta.

O rezarmos por todos eles, parte em primeiro lugar do nosso desejo de o fazer, da nossa vontade de proceder como Cristo nos ensina.

E isso é muito bom, porque Deus “lê” o nosso coração, o nosso desejo de «perdoar como Ele nos perdoa», e, então, mesmo que no início a nossa oração nos pareça não ser muito sincera, Ele recebe-a na Sua infinita misericórdia e vai tocando o nosso coração, de tal modo, que a oração que nos parecia difícil e pouco sincera, passa a ter “calor”, passa a ser verdadeiramente desejada e, por isso mesmo, o perdão e a paz vão tomando conta de nós.

Melhor ainda, porque não sabemos e nem precisamos de saber, como Deus vai tocando também aqueles por quem rezamos, e, se eles estiverem abertos à Sua presença, vai também mudando os seus corações dando-lhes o perdão e a paz.

Ao fim de algum tempo, se insistirmos nessa oração, vamos recordando tudo o que aconteceu e isso já não nos magoa, já não é motivo de tristeza para nós, mas sim, ensinamento para a vida, percebendo o que fazer e como fazer.

Então o ressentimento, o rancor, a falta de perdão, são afastados de nós, e o amor de Deus ocupa esse espaço em nós, levando-nos mesmo a ajudar, (caso precisem), aqueles que são razão dessas nossas orações.

Realmente a Deus nada é impossível, e ao rezarmos pedindo por eles, estamos a pedir a Deus que nos dê o que ainda não temos e até pensamos não conseguir ter, para podermos perdoar e guardar no nosso coração com paz e amor tudo o que aconteceu.

Foi Ele quem nos amou primeiro e, por isso mesmo, só no Seu amor podemos ser amor para Ele e para os outros.

 

Marinha Grande, 17 de Setembro de 2024

Joaquim Mexia Alves

02 setembro 2024

OS MÁRTIRES ABANDONADOS DO NOSSO TEMPO

 

 


“No dia 24 de Agosto, a aldeia de Barsalogho foi alvo de um ataque terrorista em que foram assassinadas mais de 150 pessoas, incluindo 22 cristãos. Este é o terceiro ataque ocorrido só neste mês e é já considerado como um dos mais sangrentos em toda a história do país que está a ser alvo desde 2015 da actuação de diversos grupos armados jihadistas.”

Retirado das notícias da Fundação AIS – Ajuda à Igreja que sofre

É preciso ser a Fundação AIS a dar esta e outras notícias, para o mundo saber dos horríveis e criminosos ataques que acontecem constantemente em África.

Neste mundo, dito “primeiro mundo”, a hipocrisia noticiosa continua todos os dias a manipular e confundir a opinião pública, dando-lhe apenas notícias que pertençam ao mundo do “politicamente correcto”.

Enquanto isso, em África e não só, persiste uma verdadeira guerra de genocídio de cristãos, sem que a ONU e outros organismos iguais, se incomodem em denunciar e condenar, com a mesma força e vigor com que o fazem noutras partes do mundo.

 

Mesmo, infelizmente, a Igreja Católica neste dito ocidente, não toma, por assim dizer, as dores destes cristãos esquecidos em África, e pouco ou nada fala e escreve, sobre este horror permanente.

Poderemos dizer que nós, cristãos que vivemos neste mundo, dito “primeiro”, pouco poderemos fazer, mas a verdade é que, para além de nas nossas orações diárias termos sempre presente estes irmãos que sofrem horrores, podemos, sem dúvida nenhuma, servirmo-nos das redes sociais em que colocamos, por vezes, tanta coisa de interesse duvidoso, colocar com insistência as notícias destes atentados criminosos que se vão sucedendo em África, para que a opinião pública não diga que não tem conhecimento.

Estes verdadeiros mártires dos nossos tempos, para além de sofrerem estes horrores, ainda sofrem, também, o abandono de uma sociedade mundial e, até, dos cristãos que em geral, como eu, vivem confortavelmente a sua fé, sem daí nos vir nenhum mal ou incómodo.

Indignemo-nos, denunciemos, exijamos das instâncias internacionais, o mesmo vigor e interveniência que têm noutras situações mediáticas, que são permanentemente notícia na comunicação social em todo o mundo.

Ajudemos como pudermos a Fundação AIS que é, talvez, a instituição que mais faz por estes nossos irmãos sofredores.

Que não cometamos o pecado da omissão, pelo menos e no mínimo, rezando pelos cristãos perseguidos em África e em todo o mundo.

Peçamos à Mãe do Céu que interceda por estes seus filhos abandonados à sua pouca sorte.

Que Deus os abençoe e lhes dê a justa recompensa pelo seu doloroso sacrifício.

 

Marinha Grande, 2 de Setembro de 2024

Joaquim Mexia Alves

 

Nota: link para a notícia - https://fundacao-ais.pt/burquina-fasso-ais-denuncia-novos-massacres-islamistas/