Também eu corro, (no meu coração), atrás de Pedro e João em
direção ao túmulo.
Fico ainda mais atrás de Pedro, pois não ouso sequer
aproximar-se deles, para ver o que se passa.
Vejo Pedro que entra no túmulo seguido depois por João e
consigo perceber nos seus rostos a perplexidade perante aquilo que viam.
No entanto as faces de Pedro e João mostram agora um sorriso
como quem acreditou em algo grandioso, mas ainda não percebeu tudo o que tal
queria significar.
No meu coração nasce forte então essa certeza: Jesus Cristo
ressuscitou!
Sigo-os muito atrás para que não me vejam, e entro com eles
num lugar onde todas as portas estão fechadas com medo das autoridades
judaicas.
Ao anoitecer vejo Jesus que aparece no meio deles e lhes
diz: «A paz esteja convosco!»
Mostra-lhes as mãos e o peito e os discípulos ficam cheios
de alegria por verem o Senhor.
Também eu, (muito quieto como sempre no meu canto), vejo
Jesus Ressuscitado e quase me parece impossível conter a alegria dentro de mim
e gritar para todos ouvirem: Jesus Cristo ressuscitou! Aleluia!
Saio dali, sem ninguém se aperceber, a não ser Jesus Cristo
Ressuscitado, que me sorri cheio de amor como que dizendo-me: Eu sabia que
estavas aí!
Julgo então que é um tudo um sonho, mas não, afinal estou
bem acordado, o acontecimento é real, e foi a minha imaginação que me levou
àquele lugar.
Acredito então com todo o meu ser, dou graças pelo dom da
Fé, e tomo a firme decisão de anunciar a toda gente que Cristo ressuscitou, não
morre mais, e só n’Ele, com Ele e por Ele encontramos a vida verdadeira que nos
leva à eternidade junto de Deus.
Glória a Ti, Jesus Cristo, Luz fulgurante sobre as trevas!Glória
a Ti, Deus da Esperança, ó Luz do homem novo!
"Jesus de Nazaré, o crucificado,
ressuscitou!" Com estas palavras o Papa Francisco abriu a sua mensagem e
concedeu aos fiéis a Bênção Urbi et Orbi da sacada central da Basílica
de São Pedro, neste Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor.
Recordou os povos martirizados por conflitos e violência e pediu a paz
para o mundo.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Queridos irmãos e irmãs, Feliz Páscoa! Hoje ressoa em todo o mundo
o anúncio que partiu de Jerusalém há dois mil anos: "Jesus de Nazaré, o
crucificado, ressuscitou!"
Assim, o Papa Francisco saudou os milhares de fiéis presentes, na
Praça de São Pedro, tapeçada de flores e plantas coloridas, e também todas
as pessoas no mundo, através dos meios de comunicação, que acompanharam a
missa neste Domingo de Páscoa na Ressurreição do Senhor (31/03),
ouviram sua mensagem pascal e receberam a Benção Urbi et Orbi (à cidade
de Roma e ao mundo inteiro).
Remover as pedras que fecham as esperanças
“A Igreja revive o espanto das mulheres que foram ao sepulcro na
madrugada do primeiro dia da semana. O túmulo de Jesus tinha sido
fechado com uma grande pedra; e assim, ainda hoje, pedras pesadas,
demasiadamente pesadas, fecham as esperanças da humanidade: a pedra da
guerra, a pedra das crises humanitárias, a pedra das violações dos
direitos humanos, a pedra do tráfico de pessoas e outras.”
"O túmulo de Jesus está aberto e vazio! É aqui que tudo começa.
Através desse túmulo vazio passa o novo caminho, o caminho que nenhum de
nós, mas somente Deus, poderia abrir: o caminho da vida como meio para à
morte, o caminho da paz como meio para a guerra, o caminho da reconciliação como meio para o ódio, o caminho da fraternidade como meio para a inimizade", disse o
Papa na sua mensagem.
Irmãos e irmãs, Jesus Cristo ressuscitou, e somente Ele é capaz de
remover as pedras que fecham o caminho para a vida. De facto, Ele mesmo,
o Vivente, é o Caminho: o Caminho da vida, da paz, da reconciliação, da
fraternidade. Ele abre-nos a passagem, algo humanamente impossível,
porque somente Ele tira o pecado do mundo e perdoa os nossos pecados. E
sem o perdão de Deus, essa pedra não pode ser removida.
"Sem o perdão dos pecados", disse ainda Francisco, "não se consegue
sair dos fechamentos, dos preconceitos, das suspeitas mútuas e das
presunções, que levam sempre a absolver a ti mesmo e a acusar os outros.
Somente o Cristo Ressuscitado, ao dar-nos o perdão dos pecados, abre o
caminho para um mundo renovado".
Paz para as populações atormentadas pela guerra
"Somente ele nos abre as portas da vida, aquelas portas que fechamos continuamente com as guerras que se alastram pelo mundo",
disse o Papa, convidanda-nos a voltar o "nosso olhar, em primeiro
lugar, para a Cidade Santa de Jerusalém, testemunha do mistério da
paixão, morte e ressurreição de Jesus, e para todas as comunidades
cristãs da Terra Santa".
O meu pensamento dirige-se, sobretudo, às vítimas dos muitos
conflitos em andamento no mundo, começando pelos que ocorrem em Israel,
na Palestina e na Ucrânia. Que o Cristo Ressuscitado abra um caminho de
paz para as populações atormentadas dessas regiões. Ao mesmo tempo que
convido a que sejam respeitados os princípios do direito internacional,
espero que haja uma troca geral de todos os prisioneiros entre a Rússia e
a Ucrânia: todos por todos!
“Além disto, faço novamente um apelo para que seja garantido o
acesso da ajuda humanitária a Gaza e insisto, uma vez mais, na pronta
libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro e em um cessar-fogo
imediato na Faixa de Gaza.”
Diálogo entre os povos
"Não permitamos que as hostilidades em andamento continuem a afetar
seriamente a população civil, já exausta, especialmente as crianças. Não
permitamos que ventos de guerra cada vez mais fortes soprem sobre a
Europa e o Mediterrâneo. Não nos rendamos à lógica das armas e do
rearmamento. A paz nunca é construída com armas, mas estendendo as nossas mãos e abrindo os nossos corações", sublinhou o Pontífice.
A seguir, o Papa convidou a não nos esquecermos da "Síria, que vem
sofrendo as consequências de uma guerra longa e devastadora há quatorze
anos. Tantos mortos, pessoas desaparecidas, tanta pobreza e destruição
estão à espera de respostas de todos, inclusive da Comunidade
internacional".
Voltou o seu olhar para "o Líbano, que há muito tempo vem sendo afetado
por um bloqueio institucional e por uma profunda crise económica e
social, agora agravada pelas hostilidades na fronteira com Israel",
"para a região dos Balcãs Ocidentais, onde estão a ser dados passos
significativos para a integração no projeto europeu", encorajou" ao
diálogo entre a Arménia e o Azerbaijão, para que, com o apoio da
Comunidade internacional, se possa continuar o diálogo, ajudar os
deslocados, respeitar os locais de culto das diferentes denominações
religiosas e chegar a um acordo de paz definitivo o mais rápido
possível".
Haiti e Continente africano
Francisco espera que "o Cristo Ressuscitado abra um caminho de
esperança às pessoas que, noutras partes do mundo, sofrem com a
violência, os conflitos, a insegurança alimentar e os efeitos das
mudanças climáticas". Que Ele "conceda conforto às vítimas de todas as
formas de terrorismo". O Pontífice convidou "a rezar pelos que perderam
as suas vidas" e implorou "arrependimento e conversão para os autores de
tais crimes". O Papa pediu ao Senhor Ressuscitado para que "ajude o povo
haitiano, a fim de que a violência, que derrama sangue e dilacera o
País, possa cessar o mais rápido possível e que se possa progredir no
caminho da democracia e da fraternidade", "dê conforto aos Rohingyas,
afligidos por uma grave crise humanitária, e abra o caminho da
reconciliação em Mianmar, dilacerado por anos de conflito interno, a fim
de que toda lógica de violência seja definitivamente abandonada".
“Que Ele abra caminhos de paz no continente africano,
especialmente para as populações provadas no Sudão e em toda a região do
Sahel, no Chifre da África, na região de Kivu, na República Democrática
do Congo, e na província de Cabo Delgado, em Moçambique, e ponha fim à
prolongada situação de seca que afeta vastas áreas e causa fome e
carestia.”
Na sua mensagem Urbi et Orbi, o Papa recordou também "os migrantes e
aqueles que estão a passar por dificuldades económicas". Pediu ao Senhor
para que "guie todas as pessoas de boa vontade a unirem-se em
solidariedade, para enfrentarem juntas os muitos desafios que as
famílias mais pobres enfrentam na sua busca por uma vida melhor e pela
felicidade".
Que a luz da ressurreição converta os nossos corações
Neste dia em que celebramos a vida que nos foi dada na ressurreição
de Cristo, Francisco recordou que "a preciosa dádiva da vida é
desprezada! Quantas crianças não conseguem sequer ver a luz? Quantas
morrem de fome, ou são privadas de cuidados essenciais, ou são vítimas
de abuso e violência? Quantas vidas são mercantilizadas pelo crescente
comércio de seres humanos?"
No dia em que Cristo nos libertou da escravidão da morte, exorto
aqueles com responsabilidade política a não pouparem esforços no combate
ao flagelo do tráfico humano, trabalhando incansavelmente para
desmantelar as suas redes de exploração e trazer liberdade àqueles que são
as suas vítimas. Que o Senhor console as suas famílias, especialmente aquelas
que aguardam ansiosamente notícias dos seus entes queridos,
assegurando-lhes conforto e esperança.
Francisco concluiu, pedindo "que a luz da ressurreição ilumine as nossas
mentes e converta os nossos corações, conscientizando-nos do valor de toda
vida humana, que deve ser acolhida, protegida e amada".
Na homilia da missa da Vigília Pascal,
Francisco convidou a levantar "o olhar para Jesus" que "depois de ter
assumido a nossa humanidade, desceu aos abismos da morte e atravessou-os
com a força da sua vida divina, abrindo uma fresta infinita de luz para
cada um de nós. Ressuscitado pelo Pai na sua carne, na nossa carne, com
a força do Espírito Santo abriu uma nova página para o género humano".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco presidiu a missa da Vigília Pascal, neste 30 de março, Sábado Santo, na Basílica de São Pedro.
Na sua homilia, o Papa deteve-se em dois momentos da passagem do
Evangelho de Marcos em que as mulheres vão ao túmulo de Jesus bem cedo.
No primeiro, elas interrogam-se angustiadas, quem faria rolar para elas a pedra do sepulcro, que era muito grande. No segundo, erguendo os olhos, viram que a pedra já tinha sido tirada. Segundo Francisco, esses dois momentos "levam-nos à alegria inaudita da Páscoa".
Os «maços da morte» ao longo do caminho
"Aquela pedra representava o fim da história de Jesus, sepultado na
noite da morte. Ele, a vida que veio ao mundo, foi morto; Ele, que
manifestou o amor misericordioso do Pai, não recebeu compaixão; Ele, que
aliviou os pecadores do peso da condenação, foi condenado à cruz.
Aquele maço, obstáculo intransponível, era o símbolo do que as mulheres
levavam no coração, ou seja, o fim da sua esperança", disse ainda o
Papa, sublinhando que "o mesmo pode acontecer também connosco".
“Às vezes sentimos que uma pedra tumular foi pesadamente colocada
na entrada do nosso coração, sufocando a vida, extinguindo a confiança,
encarcerando-nos no sepulcro dos medos e amarguras, bloqueando o caminho
para a alegria e a esperança. São «maços da morte»; e os encontramos,
ao longo do caminho, em todas as experiências e situações que nos roubam
o entusiasmo e a força para prosseguir.”
De acordo com o Papa, encontramos esses «maços da morte»"nos
sofrimentos que nos afetam e na morte de pessoas queridas, que deixam
em nós vazios incuráveis; nos fracassos e medos que nos impedem de fazer
as coisas boas que temos no coração; em todos os isolamentos que
abrandam os nossos impulsos de generosidade, não permitindo abrir-nos ao
amor; nos muros de borracha do egoísmo e da indiferença, que impedem o
compromisso de construir cidades e sociedades mais justas e à medida do
homem; em todos os anseios de paz sufocados pela crueldade do ódio e
pela ferocidade da guerra".
Segundo Francisco, "quando se experimentam estas desilusões,
apodera-se de nós a sensação de que muitos sonhos acabarão por serem
desfeitos e nos interrogamos, angustiados: quem nos rolará a pedra do
sepulcro?"
Elevar os olhos para Jesus
Contudo, aquelas mulheres que tinham a escuridão no coração dão-nos
testemunho de algo extraordinário: erguendo os olhos, viram que a pedra
já tinha sido rolada, embora fosse muito grande.
“Aqui está a Páscoa de Cristo, aqui está a força de Deus: a
vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o
renascimento da esperança por entre os escombros do fracasso. Foi o
Senhor, Deus do impossível, que, para sempre, rolou a pedra para o lado e
começou a abrir os nossos corações, a fim de não acabar a esperança.
Por isso, devemos elevar também os nossos olhos para Ele.”
O Pontífice convidou a levantar "o olhar para Jesus" que "depois de
ter assumido a nossa humanidade, desceu aos abismos da morte e
atravessou-os com a força da sua vida divina, abrindo uma fresta
infinita de luz para cada um de nós. Ressuscitado pelo Pai na sua carne,
na nossa carne, com a força do Espírito Santo abriu uma nova página
para o género humano".
Renovar ao Senhor hoje o nosso sim
Segundo o Papa, "se deixarmos Jesus tomar-nos pela mão, nenhuma
experiência de fracasso e sofrimento, por mais que nos doa, poderá ter a
última palavra sobre o sentido e o destino da nossa vida. A partir de
então, se nos deixarmos agarrar pelo Ressuscitado, nenhuma derrota,
nenhum sofrimento, nenhuma morte poderá deter o nosso caminho rumo à
plenitude da vida".
Levantemos o olhar para Ele, acolhamos Jesus, Deus da vida, nas
nossas vidas, renovemos-Lhe hoje o nosso «sim» e nenhum maço de pedra
poderá sufocar-nos o coração, nenhum sepulcro poderá encerrar a alegria
de viver, nenhum fracasso será capaz de nos lançar no desespero.
Levantemos o olhar para Ele e peçamos-Lhe que a força da sua
ressurreição role para o lado as pedras que nos oprimem a alma.
Levantemos o olhar para Ele, o Ressuscitado, e caminhemos na certeza de
que, no fundo obscuro das nossas expectativas e das nossas mortes, já
está presente a vida eterna que Ele veio trazer.
Por causa dos tormentos que sabes Te vão ser infligidos?
Acredito que não, Senhor, que suas sangue por saberes e
perceberes os nossos corações duros que, mesmo perante o Teu sacrifício, teimam
em não se converter.
Basta um coração que não se converta para que a Tua «alma
esteja numa tristeza de morte» Mt 26, 38
Pelo Teu coração passam as vidas de todos nós e Tu anseias
que todos, mas mesmo todos, possam ouvir a Tua voz, reconhecer o Teu amor, e
assim se deixem converter e encontrar o caminho da salvação.
Sabes que vais sofrer e talvez o Teu ser Homem, (quem sou eu
para o perceber), anseie por se livrar de tamanhos tormentos que Te esperam,
mas o Teu amor por nós é muito maior do que essa ânsia, e assim, sabendo que
tudo Te é pedido, com a face por terra, oras ao Pai, cheio de amor: «Meu Pai,
se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu
quero, mas como Tu queres.» Mt 26, 39
Depois tudo se precipita!
Os algozes que Te vêm prender aproximam-se e nós fugimos
deixando-Te só perante eles.
Talvez Te sigamos de longe, disfarçados, tentando perceber o
que se vai passar, mas não somos capazes de partilhar contigo os terríveis
vexames e dores que Te vão ser infligidos.
Mesmo ao longe e disfarçados para não nos reconhecerem,
perante a pergunta que nos fazem se Te pertencemos, cobardemente dizemos que
não, muito mais do que três vezes, e muitos mais do que três vezes, perante o
Teu olhar de amor, nos arrependemos e choramos as nossas negações.
Depois, nenhum de nós que Te segue, se aproxima para Te
ajudar a levar a cruz, e têm de chamar outro, que ainda não Te conhecia, para
Te ajudar a levar a cruz dos nossos pecados.
E, no entanto, no nosso dia a dia, és Tu que sempre nos
ajudas a levar a nossa cruz.
Talvez tapemos os nossos olhos com as mãos quando perfuram a
Tua carne com os cravos que Te pregam à cruz, mas nada fazemos, para impedir
que tal aconteça.
Ao longe, para que ninguém nos veja, desejávamos estar junto
de Tua Mãe e de João, aos pés da Tua cruz.
Então talvez acolhamos Tua Mãe como nossa Mãe, sabendo que,
sem dúvida, Ela já nos aceitou e ama como filhos seus.
Ouvimos a Tua voz repassada de amor, «Tudo está consumado»
(Jo 19, 30), e num último suspiro entregas-Te nas mãos do Pai.
Choramos então amargamente e batemos com a mão no peito,
porque finalmente reconhecemos que «verdadeiramente este homem era Filho de
Deus» (Mc 15, 39).