29 junho 2023

Papa no Angelus: Pedro não é um super-herói. A Igreja precisa de pessoas verdadeiras


 
Na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Francisco rezou o Angelus e inspirou a sua reflexão na seguinte frase do Evangelho de Mateus: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja".
 

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Depois de celebrar a missa na Basílica Vaticana por ocasião da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa rezou com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro a oração do Angelus. É feriado no Vaticano e na cidade de Roma, que celebra os seus padroeiros.

 Na sua alocução, Francisco comentou uma frase do Evangelho de Mateus, quando Jesus diz a Simão: "Tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16,18). Pedro, explicou o Pontífice, é um nome que tem vários significados: pode significar rocha, pedra ou simplesmente pedregulho. E a personalidade do Apóstolo inclui um pouco de todos os três aspetos.

Pedro é uma rocha: em muitos momentos ele é forte e firme, genuíno e generoso. Ele deixa tudo para seguir Jesus. Com franqueza e coragem, ele anuncia Jesus no Templo, antes e depois de ser preso e flagelado. A tradição também nos fala da sua firmeza diante do martírio.

Pedro, porém, é também uma pedra, apta a oferecer apoio aos outros: uma pedra que, fundada em Cristo, atua como apoio aos irmãos para a construção da Igreja. Cuida de quem sofre, promove e encoraja o comum anúncio do Evangelho.

Mas Pedro também é um simples pedregulho: a sua pequenez frequentemente vem à tona. Diante da prisão de Jesus, é tomado pelo medo e nega.o, depois  arrepende-se e chora. Ele esconde-se com os outros no cenáculo, com medo de ser preso. Em Antioquia, sente-se envergonhado por estar com os pagãos convertidos e de acordo com a tradição do Quo vadis, tenta fugir diante do martírio, mas encontra Jesus na estrada e tem coragem para retornar.

Pedro então não é um super-homem, afirmou o Papa: é um homem como nós, que diz "sim" a Jesus com generosidade na sua imperfeição. E é com essa humanidade verdadeira que o Espírito forma a Igreja. “Pedro e Paulo eram pessoas verdadeiras, e nós, hoje mais do que nunca, precisamos de pessoas verdadeiras.”

Francisco dirige-se aos fiéis, exortando-os a fazer algumas perguntas: somos pedras, não pedras de tropeço, mas de construção para a Igreja? Pensando no pedregulho: temos consciência da nossa pequenez? E acima de tudo: nas nossas fraquezas, confiamos no Senhor, que realiza grandes coisas em quem é humilde e sincero?

“Maria, Rainha dos Apóstolos, ajude-nos a imitar a força, a generosidade e a humildade dos Santos Pedro e Paulo.”

VN

 

28 junho 2023

Educar é evangelizar: Papa propõe o exemplo de Santa Mary Mackillop

 Pausa na Audiência para um chimarrão 
 
O zelo apostólico da santa australiana Mary Mackillop foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral deste 28 de junho, a última antes da pausa de verão. O tradicional encontro das quartas-feiras será retomado no dia 9 de agosto.
 

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

O Papa realizou hoje na Praça de São Pedro a sua última Audiência Geral antes da pausa de verão. Com efeito, ao tomar a palavra, Francisco agradeceu a "paciência" dos fiéis, que comparecem não obstante o calor. Durante o mês de julho estão suspensas todas as atividades públicas de Francisco, com exceção do Angelus dominical.

A Audiência desta quarta foi também a primeira desde a sua operação no intestino. O Pontífice foi internado no dia 7 de junho e recebeu alta no dia 16. E mesmo sob o forte calor romano, Francisco fez o giro entre os milhares de fiéis presentes na Praça de São Pedro, beijou as crianças, tomou chimarrão e acenou aos peregrinos. Ao dirigir-se a eles, retomou o ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico, destacando figuras exemplares de homens e mulheres que deram a sua vida pelo Evangelho.

O testemunho de hoje veio da Oceânia, mais precisamente da Austrália: Santa Mary Mackillop, fundadora das Irmãs de São José do Sagrado Coração, que dedicou a sua vida à formação intelectual e religiosa dos pobres da zona rural.

Mary MacKillop nasceu nos arredores de Melbourne de pais emigrados da Escócia. Desde jovem, sentiu o chamamento de Deus a servi-Lo e testemunhá-Lo não só com as palavras, mas sobretudo com a vida. E compreendeu que o modo melhor de evangelizar o seu mundo passava pela educação dos jovens, ciente de que a educação católica é uma forma de evangelização. Dedicou-se principalmente aos jovens pobres que habitavam em periferias onde mais ninguém queria ou podia ir.

"E isto é muito importante: no caminho da santidade, os pobres, os marginalizados são os protagonistas e uma pessoa não pode avançar na santidade se não se dedica a eles. São a presença do Senhor", disse o Papa.

Francisco contou que cerca vez leu uma frase que o impressionou, que dizia o seguinte: o protagonista da história é o mendicante. "São eles que chamam à atenção para esta grande injustiça, que é a grande pobreza no mundo. Gasta-se tanto dinheiro para fabricar armas e não para a comida. E não se esqueçam: não existe santidade se de um modo ou de outro não há cuidado com os pobres, com os necessitados, com aqueles que estão um pouco à margem da sociedade."

Falando ainda sobre Santa Mary, o Pontífice prosseguiu recordando que em 19 de março de 1866, dia de São José, ela abriu a primeira escola num pequeno subúrbio. Seguiram-se, depois, muitas outras, inclusive na Nova Zelândia, nas quais os professores eram convidados a acompanhar e encorajar os estudantes rumo a um desenvolvimento integral da sua pessoa, isto é, sem esquecer a dimensão espiritual.

Com efeito, a educação não consiste em encher a cabeça de ideias, mas acompanhar e encorajar os estudantes no caminho de crescimento humano e espiritual, mostrando-lhes quanto a amizade com Jesus dilata os corações e torna a vida mais humana. Esta visão, disse o Papa, é plenamente atual hoje, “quando sentimos a necessidade de um pacto educativo capaz de unir as famílias, as escolas e toda a sociedade”.

O zelo de Mary MacKillop para a difusão do Evangelho levou-a a empreender outras obras de caridade, como a “Casa da Providência” inaugurada em Adelaide para acolher idosos e crianças abandonados. Aliás, o seu segredo foi sempre a fé na Divina Providência, a relação contínua com o Senhor: era em Deus que ela encontrava tranquilidade, readquiria o entusiasmo e reavivava a alegria, mesmo no meio das dificuldades e desafios. “Há muitos anos aprendi a amar a Cruz”, confidenciou certa vez a uma coirmã. "Todos os santos tiveram oposição, inclusive dentro da Igreja. É curioso isto", disse o Papa. 

Francisco concluiu fazendo votos de que o seu discipulado missionário inspire a todos nós, chamados a ser fermento de Evangelho nas nossas sociedades em rápida transformação. “O seu exemplo e a sua intercessão amparem o trabalho quotidiano dos pais, professores, catequistas e de todos os educadores, pelo bem dos jovens e por um futuro mais humano e cheio de esperança.”

VN

25 junho 2023

Papa no Angelus: não tenha medo de permanecer fiel ao que conta

 
  A oração mariana do Angelus com Francisco neste domingo (25)  
 
"Permanecer fiel ao que conta, custa", afirmou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (25), como também custa "libertarmo-nos do condicionamento do pensamento comum, custa ser deixado de lado por quem 'segue a onda'". O que importa realmente, segundo Jesus e alertado pelo Papa, "é não deitar fora o bem maior, ou seja, a vida. Não deitar fora a vida. Só isto deve assustar-nos".
 

Andressa Collet - Vatican News

No primeiro domingo (25) de verão deste ano na Praça de São Pedro, um grande número de peregrinos reuniu-se para rezar com o Papa a oração mariana do Angelus. Francisco fez uma reflexão a partir do Evangelho do dia, quando Jesus repete aos discípulos por três vezes: "Não tenhais medo" (Mt 10:26, 28, 31). Uma referência às perseguições que teriam de enfrentar por causa do Evangelho, "uma realidade que é atual ainda hoje", acrescentou Francisco, e que "parece paradoxal: a proclamação do Reino de Deus é uma mensagem de paz e justiça, fundada na caridade fraterna e no perdão, e ainda assim encontra oposição, violência e perseguição". Mesmo assim, a orientação de Cristo é não deixar que o medo paralise, mas temer por outra coisa, que o Papa explica a partir da imagem do vale da "Geena" (cf. v. 28), o grande depósito de lixo de Jerusalém:

“Jesus fala dele para dizer que o verdadeiro medo que se deve ter é aquele de deitar fora a própria vida. E sobre isto Jesus diz: 'sim, tenham medo disso'.”

"Como se dissesse: não se deve ter tanto medo de sofrer mal-entendidos e críticas, de perder prestígio e vantagens económicas para permanecer fiel ao Evangelho, mas de desperdiçar a existência correndo atrás de coisas triviais, que não enchem a vida de significado. E isto é importante para nós. Também hoje, de facto, alguém pode ser ridicularizado ou discriminado se não seguir certos modelos da moda que, no entanto, muitas vezes colocam realidades de segunda categoria no centro: por exemplo, seguir as coisas em vez das pessoas, o desempenho em vez das relações."

Permanecer fiel ao que conta, custa

O Papa, então, deu exemplos: dos pais que precisam se dividir em trabalhar para o sustendo da família e o tempo para ficar com os filhos; dos sacerdotes e religiosas que devem estar comprometidos com o serviço, mas dedicando tempo a Jesus; e dos jovens, com "mil compromissos e paixões: a escola, o esporte, interesses diversos, os celulares e as redes sociais, mas precisam encontrar as pessoas e organizar grandes sonhos". Tudo isso implica "alguma renúncia diante dos ídolos da eficiência e do consumismo", disse Francisco, mas de suma importância para não se perder nas coisas que depois acabam sendo "jogadas fora, como se fazia naquela época em Geena":

“E na Geena de hoje, ao contrário, muitas vezes são as pessoas que acabam ali: pensemos nos últimos, muitas vezes tratados como material de descarte e objetos indesejados. Permanecer fiel ao que conta, custa; custa ir contra a maré, custa libertarmo-nos do condicionamento do pensamento comum, custa ser deixado de lado por quem "segue a onda". Mas não importa. Jesus diz: o que importa é não deitar fora o bem maior, ou seja, a vida. Não deiar fora a vida. Só isto  nos deve assustar.”

Do que tenho eu medo?

Ao finalizar a alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (25), o Papa convidou os peregrinos presentes na Praça de São Pedro a questionarem-se onde realmente vive o medo de cada um:

"Perguntemo-nos então: eu, do que tenho medo? De não ter o que eu gosto? De não atingir as metas que a sociedade impõe? Do julgamento dos outros? Ou de não agradar ao Senhor e de não colocar em primeiro lugar o seu Evangelho? Maria, sempre Virgem, Mãe Sábia, ajude-nos a sermos sábios e corajosos nas escolhas que fizermos."

 

VN

19 junho 2023

DIÁLOGOS COM O SENHOR 25


 
 
- Quem achas tu que és?
- Oh, Senhor, essa pergunta, perdoa-me, deveria ser respondida por Ti, pois Tu é que me conheces total e perfeitamente, como nem eu me conheço.

- Mas Eu não te perguntei quem és, mas sim quem achas tu que és?
- Oh, Senhor, quem acho eu que sou? Perante Ti apenas posso responder que sou um homem fraco e pecador que Te procura insistentemente para saber verdadeiramente quem sou.

- Mas que dizes tu de ti próprio?
- Digo que quando me confronto percebo que sou orgulhoso, vaidoso, muitas vezes convencido de ser melhor do que outros e que isso é, infelizmente, uma constante na minha vida.

- Não lutas tu contra tudo isso que agora me dizes?
- Sim, Senhor, Tu sabes bem, todos os dias, mas é tantas vezes uma luta que me parece não conseguir ganhar, embora tenha consciência de que, apesar de tudo, vou tendo pequenas vitórias.

- E travas essa luta sozinho?
- Eu julgo que não, Senhor, porque Te sei a meu lado, comigo, mas muitas vezes parece que me deixas, permitindo que eu caia, para depois me levantares e eu perceber que é em Ti e Contigo que estas lutas se travam.

- Então tu achas que só tens defeitos?
- Não, Senhor, verdadeiramente tenho de reconhecer, espero que humildemente, que também tenho qualidades, dons ou talentos, porque me vêm da Tua graça.

- E o que fazes com essas qualidades, com esses dons ou talentos que Eu te dou?
- Tento, Senhor, tento sempre colocá-los ao Teu serviço, servindo outros, mas infelizmente muitas vezes me ufano deles.

- Mas reconheces que não são teus, mas sim fruto da minha graça?
- Sim, Senhor, acredito, quero acreditar, que são Teus e apenas fruto da Tua graça.

- Achas então que não os mereces, ou melhor, que Eu não tos deveria conceder?
- Oh, Senhor, quem sou eu para saber o que mereço ou não e o que Tu deves conceder e a quem. Acredito que Tu não concedes essas graças por qualquer merecimento, que nunca teremos, mas por Tua livre vontade, que não conseguimos abarcar totalmente.

- Não fazes então nada para receber esses dons ou talentos que a minha graça te concede?
- Se alguma coisa faço, Senhor, é porque Tu me conduzes e ajudas a fazê-lo pelo Espírito Santo. Talvez, Senhor, eu esteja disponível, ou melhor, me entregue a Ti e assim podes actuar em mim e servires-te de mim para Te servir, servindo outros.

- E achas que isso é pouco? Achas que essa disponibilidade e entrega tentando fazer a minha vontade é pouco?
- Que sei eu, Senhor, pobre de mim da verdade das minhas razões? Só Tu, Senhor, sabes verdadeiramente da sinceridade dessa minha disponibilidade e entrega. Abandono-me, ou desejo abandonar-me a Ti e que seja verdade em mim também o Sim de Tua Mãe.

- Olha, meu filho, quem mede o teu orgulho, a tua vaidade, o teu convencimento, sou Eu e não tu, por isso descansa porque enquanto reconheceres essa luta dentro de ti, Eu estarei sempre aqui para te ajudar a lutar, e sempre te abençoarei com o meu perdão, cada vez que me procurares com arrependimento, confessando as tuas fraquezas.

Baixo os olhos e digo cheio de alegria serena, de confiança reforçada, de esperança concretizada:
- Obrigado, Senhor, porque me amas apesar de mim!



Monte Real, 19 de Junho de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

18 junho 2023

Francisco: Deus não está distante, mas é Pai. O agradecimento do Papa

 
  Papa Francisco - Angelus  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)  
 
Antes da oração do Angelus deste 11º Domingo do Tempo Comum, o Papa agradeceu as orações e os testemunhos de afeto durante a sua permanência no Hospital Gemelli. Comentando o Evangelho dominical, destacou que o coração do anúncio é "o testemunho gratuito, o serviço" e que, estando perto de Deus, "superamos o medo e sentimos a necessidade de anunciar" o seu amor.
 

Silvonei José – Vatican News

"Desejo expressar a minha gratidão por todos aqueles que demonstraram afeto, cuidado e amizade" durante a sua hospitalização, "e garantiram o apoio da oração". Foi o que disse o Papa Francisco, que voltou neste 11º Domingo do Tempo Comum a recitar o Angelus na Praça de São Pedro, depois de ter sido submetido a uma cirurgia em 7 de junho no Hospital Geral Agostino Gemelli, em Roma. "Esta proximidade para mim tem sido de grande ajuda e conforto", acrescentou olhando pela janela de seu escritório no Palácio Apostólico do Vaticano, "Obrigado de coração".

Deus está perto de nós, ele é Pai, não estamos sozinhos!

Na meditação que precedeu a oração mariana, o Papa recordou a passagem do Evangelho deste Domingo do Tempo Comum, na qual o evangelista Mateus descreve o mandato de Jesus aos discípulos: ""pro­clamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’". E ele enfatiza que o coração da proclamação é "testemunho livre, serviço". Como no início da sua pregação, Jesus proclama que o senhorio do amor de Deus "vem entre nós". E isto, comenta, "não é uma notícia entre as outras, mas a realidade fundamental da vida". De facto, "se o Deus do céu está próximo, não estamos sozinhos na terra e, mesmo nas dificuldades, não perdemos a confiança". Esta é a primeira coisa a ser dita às pessoas":

Deus não está distante, mas é Pai, Ele conhece e ama-me; quer segurar a minha mão, mesmo quando passo por caminhos íngremes e irregulares, mesmo quando caio e tenho dificuldade para me levantar e retomar o caminho.

Perto Dele, superamos o medo e anunciamos

E muitas vezes, continua Francisco, " nos momentos em que estou e mais fraco, posso sentir mais forte a sua presença. Ele conhece o caminho, Ele está comigo, Ele é o meu Pai!".  Assim, o mundo, grande e misterioso, "torna-se familiar e seguro, porque a criança sabe que está protegida. Ela não tem medo e aprende a abrir-se: conhece outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não sabia". Enquanto "cresce nele o desejo de se tornar grande e de fazer as coisas que viu o papai fazer". É por isso que Jesus começa aqui...

Assim o mundo, grande e misterioso, “torna-se familiar e seguro, porque a criança sabe que está protegida. Ela não tem medo e aprende a abrir-se: conhece outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não sabia”. Enquanto “cresce nela o desejo de se tornar grande e fazer as coisas que viu seu pai fazer”. É por isso que Jesus começa daqui...

é por isso que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: estando perto de Deus, superamos o medo, abrimo-nos para o amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade e a alegria de anunciar

 

 

Anunciar a sua proximidade com gestos de amor e esperança

Se quisermos ser bons apóstolos, prossegue o Pontífice esclarecendo, "devemos ser como crianças: sentar "no colo de Deus" e, de lá, olhar para o mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que somente Ele transforma os nossos corações e nos dá aquela alegria e paz que não podemos proporcionar por nós mesmos.

Anunciar que Deus está próximo. Mas como fazer iseo? No Evangelho, Jesus recomenda não dizer muitas palavras, mas fazer muitos gestos de amor e esperança em nome do Senhor. Este é o coração do anúncio: testemunho gratuito, serviço.

Vou dizer-vos uma coisa, acrescentou o Papa: "fico perplexo e muito perplexo, sempre, com os 'faladores' que falam muito e não fazem nada".

Vamo-nos fazer algumas perguntas 

O Papa Francisco então convida interrogarmo-nos: “nós, que acreditamos no Deus próximo, confiamos Nele? Sabemos olhar para a frente com confiança, como uma criança que sabe que está a ser carregada pelo pai? Sabemos como nos sentarmos no colo do Pai com a oração, com a escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos?”

Enfim, perto d’Ele, sabemos como incutir coragem nos outros, aproximarmo-nos daqueles que sofrem e estão sozinhos, daqueles que estão longe e até mesmo daqueles que são hostis a nós?

 

VN

16 junho 2023

Papa recebe alta do Hospital Gemelli

 
  Papa em Santa Maria Maior  
 
"Eu ainda estou vivo" e "Eu sofro pelos migrantes". Estas foram as primeiras palavras ditas pelo Papa Francisco assim que recebeu alta do hospital Gemelli, em Roma, na manhã desta sexta-feira. O Santo Padre irá rezar o Angelus deste domingo.
 

Vatican News

Depois de dez dias, o Papa Francisco recebeu alta nesta manhã de sexta-feira (16/06) do Hospital Gemelli, em Roma, onde foi internado no último dia 7 de junho para uma laparotomia e cirurgia plástica da parede abdominal com prótese. Ao sair, na sua cadeira de rodas, foi recebido por uma pequena multidão que o aplaudiu e o cumprimentou calorosamente. O Santo Padre estava sereno e sorridente.

Eu ainda estou vivo" e "sofro pelos migrantes", comentando o naufrágio dos migrantes no mar Egeu. Estas foram as primeiras palavras ditas pelo Papa Francisco assim que deixou o hospital Gemelli.

"Obrigado pelo vosso serviço, muito obrigado", disse ainda Francisco dirigindo-se aos jornalistas enquanto com sua cadeira de rodas atravessou as duas alas de repórteres e pacientes que, na saída do hospital, o aplaudiram.

 Papa em Santa Maria Maior 
 

Visita à Basílica de Santa Maria Maior

A Sala de Imprensa vaticana informou que o Papa Francisco, após deixar o Hospital Gemelli, e antes de retornar ao Vaticano, foi à Basílica de Santa Maria Maior para rezar diante do ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, como já o fez dezenas de vezes durante o seu pontificado. Ao chegar de carro em frente à Basílica romana, ele desceu sozinho e sentou-se na sua cadeira de rodas. Antes de entrar na Basílica cumprimentou os turistas que estavam em frente à Santa Maria Maior.

Visita privada

Antes de retornar ao Vaticano, pouco depois das 10h, (hora de Roma) o Papa Francisco fez uma breve visita particular às freiras do Instituto Maria Santissima Bambina, reunidas para o capítulo geral, e, do lado de fora da entrada Perugino, cumprimentou a polícia e agradeceu pelo serviço prestado.

A Sala de Imprensa vaticana informou na manhã desta sexta-feira que o Santo Padre irá rezar o Angelus deste domingo e as audiências dos próximos dias estão confirmados, com exceção da audiência geral de quarta-feira, 21 de junho, que foi cancelada para salvaguardar a recuperação pós-operatória do Santo Padre.

Palavras do cirurgião Alfieri: "O Papa está bem"

Enquanto isto, no Hospital Gemelli, o professor Alfieri encontra-se com os jornalistas para algumas palavras e não se esquiva das várias perguntas. "O Papa confirmou todas as viagens", a de Lisboa para a JMJ e também a da Mongólia no final de agosto. "De facto", enfatiza o especialista, "ele poderá enfrentá-las melhor do que antes, porque agora não terá mais o desconforto dos problemas anteriores. Ele será um Papa mais forte".

Alguém pergunta como ele continuará a sua convalescença, e o cirurgião, com um toque de ironia, responde imediatamente: "mas ele não está a convalescrt, ele já começou a trabalhar!". A referência é às "atividades de trabalho" que pontuaram, juntamente com a oração e a leitura, os dias da sua hospitalização. "Pedimos a ele que fizesse uma convalescença, tenho a certeza de que ele nos ouvirá um pouco mais desta vez, porque ele tem compromissos importantes pela frente e já disse pessoalmente que cumprirá todos eles, inclusive as viagens", diz Alfieri novamente.

Sala de Imprensa vaticana

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, anunciara ontem que a equipe médica informou que o Papa Francisco tinha repousado bem durante a noite. "O decurso clínico continua regularmente. Os exames hemato químicos estão normais. Na noite de ontem teve um jantar comunitário, junto com os que o acompanham desde o dia da hospitalização".

Na manhã de quinta-feira, continua o comunicado, "em sinal de agradecimento, recebeu toda a equipe de cirúrgica composta por médicos, enfermeiros, assistentes sociais e de saúde e auxiliares que coordenaram, realizaram e viabilizaram a operação cirúrgica do dia 7 de junho."

Foi acrescentado que sucessivamente o Santo Padre "encontrou Dom Claudio Giuliodori, assistente eclesiástico geral da Universidade Católica e Pe. Nunzio Currao, assistente espiritual do pessoal da Policlínica; e seguidamente, os representantes do Conselho de Administração da Fundação Policlínica Gemelli, com o presidente Carlo Fratta Pasini e o Reitor da Universidade Católica, Prof. Franco Anelli, juntamente com os órgãos e a direção da Policlínica, com o diretor geral , Prof. Marco Elefantes.

No final, ele dirigiu-se ao setor de Oncologia Pediátrica e Neurocirurgia Infantil, onde são atendidos os pequenos pacientes que expressaram o seu afeto ao Papa nos últimos dias por meio de inúmeras cartas, desenhos e mensagens por uma rápida recuperação. O Papa Francisco "tocou com a mão" a dor dessas crianças que carregam o sofrimento da Cruz nos seus ombros todos os dias, junto com as suas mães e pais. A cada um deles deu um Rosário e um livro.

Ao saudar os presentes, Sua Santidade agradeceu a todos os funcionários pelo seu profissionalismo e esforço em aliviar o sofrimento do outro, além dos medicamentos, com a ternura e a humanidade."

VN

15 junho 2023

CONVERSAS NO CAMINHAR II


 
 
Provocação - O que é a Verdade?
Reflexão - Já me fiz essa pergunta muitas vezes e ao relembrar Jesus perante Pôncio Pilatos é claro que só posso responder que a Verdade é Jesus Cristo, é Deus.
Ele próprio nos disse: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida»

P - Mas se a Verdade é Jesus Cristo, é Deus, como podemos nós chegar ao conhecimento da Verdade?
R - Bem, parece-me que chegando ao conhecimento de Deus chegaremos ao conhecimento da Verdade.

P - Mas Deus, embora o possamos conhecer, nunca O conheceremos plenamente enquanto vivemos na terra, porque Deus é também Mistério, não é?
R - Realmente teríamos de considerar que se assim é nunca poderemos chegar, durante a nossa vida terrena, ao conhecimento da Verdade em toda a sua plenitude.

P - Mas que Verdade é esta de que falamos?
R - Bem, falamos da Verdade perfeita, ou seja, não falamos de uma verdade que apenas se poderia considerar a “não mentira”, o “não verdadeiro”, o “engano”, a “manipulação”, mas sim uma Verdade que transforma, que nos enche, que é justiça, que nos faz encontrar com Deus, com o nosso verdadeiro eu.

P - Mas uma Verdade assim vai para além da nossa compreensão. Quer dizer, de um modo geral em tudo o que fazemos, tudo o que dizemos, tudo o que pensamos, há sempre muita coisa que não é verdade, ou seja, que não é perfeita, que não é pura.
R - Sim, isso é verdade, mas não é a Verdade. O nosso conhecimento de Deus é imperfeito enquanto aqui vivemos, assim como o nosso conhecimento da Verdade, julgo eu, também será imperfeito.

P - Então para o conhecimento da Verdade temos também que considerar a Fé? Quer dizer, a certa altura o nosso caminho para a Verdade tem que ter a Razão iluminada pela Fé?
R - Talvez uma analogia com o amor nos possa fazer perceber melhor tudo o que estamos a falar.
Nós conhecemos o amor, mas não o conhecemos plenamente. Para conhecermos o amor pleno teremos, julgo eu, que estar na presença de Deus. Mas isso não impede que tentemos conhecer o amor, que tentemos viver o amor, que tentemos ser amor.

P - Mas nós temos tantos defeitos, tantas fraquezas, como poderemos nós almejar viver agora o amor plenamente?
R - Parece-me perceber nas palavras de Nicodemos quase uma resposta a isso.
«Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez, e nascer?» Jo 3, 4
Se pudéssemos entrar novamente no ventre da nossa mãe e viver ali como vivemos então no tempo de gestação, nada haveria em nós que pudesse macular o amor, pois ainda nada tínhamos aprendido, ainda nada tínhamos analisado, ainda nada tínhamos “corrompido” com a nossa humanidade.
No entanto, até aí, até nesse momento eramos captivos do pecado original, pelo que o nosso amor estaria ferido na sua relação com Deus, e por isso o amor não seria perfeito, por isso a Verdade não era plena e total.

P - Mas então nesta vida nunca poderemos conhecer a Verdade como atrás dizíamos?
R - Julgo que não. Por isso Jesus Cristo responde a Nicodemos que «aquilo que nasce do Espírito é espírito.» Jo3, 6. Só no Espírito Santo podemos caminhar se queremos almejar conhecer a Verdade.
E disse ainda «Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz» Jo 3, 21 o que para mim, significa que quando procuramos Deus, quando praticamos a Sua Palavra, quando procuramos viver segundo a Sua vontade, aproximamo-nos de Deus, aproximamo-nos da Verdade, aproximamo-nos do Amor.

P - Mas tu queres conhecer a Verdade?
R - Com todas as minhas forças, com toda a minha alma, com todo o meu ser, porque a Verdade para mim é Deus, é o Amor e eu quero, pela graça de Deus, viver na Verdade, no Amor em Deus.

P - Mas na tua vida aqui não o conseguirás!
R - Pois não, mas tenho a confiança na promessa de Jesus Cristo «que todo o que nEle crê tem a vida eterna.» Jo 3, 15 e, por isso, posso já viver na Verdade, no Amor, em Deus, se procurar em tudo fazer e viver segundo a Sua vontade, porque assim, em mim, já está inscrita, pela graça de Deus, a vida eterna, que eu “já, mas ainda não”, vivo!

P - Então quando poderemos acreditar que conheceremos a Verdade plenamente?
R - Julgo perceber que tal só será possível perante Deus, na vida eterna plena. Só então pela graça de Deus, O conheceremos plenamente, (porque estaremos livres desta “tenda humana” que nos “aprisiona” na imperfeição), e então poderemos conhecer a Verdade e o Amor plenamente.



Marinha Grande, 15 de Junho de 2023
Joaquim Mexia Alves

 

11 junho 2023

VER COM AMOR

 

 
«Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus …»

Realmente percebemos a diferença entre o olhar, o acolher, o chamar de Jesus e o nosso modo de olhar os outros, até mesmo aqueles que nos são próximos.

Jesus viu um homem chamado Mateus, não viu um cobrador de impostos, um homem que trabalhava para o opressor daquele tempo.
Jesus quis ver quem era aquele homem Mateus, não quis ver o que era aquele homem, como ele se portava ou o que ele fazia.
Jesus quis amar e acolher aquele homem e assim poder, pelo amor, libertar aquele homem de tudo o que nele era errado.

Nós veríamos, em primeiro lugar, o tal odiado cobrador de impostos, o tal traidor que colaborava com o opressor, veríamos um pecador, sem cuidarmos de nos lembrarmos que também nós somos pecadores.
E por o vermos assim e assim tantas vezes vermos os outros nos seus defeitos, é que em vez de acolhermos e amarmos, ou melhor, de amarmos e acolhermos, é que não ajudamos ou somos ocasião para também os outros encontrarem o Jesus que amamos e queremos nas nossas vidas, porque só Ele nos dá a vida em abundância.

Mais à frente, na narração do Evangelho, e perante a forma como os fariseus vêem Mateus, (ou como nós vemos os outros, às vezes até mesmo em Igreja), Jesus diz-lhes que percebam bem o que quer dizer «prefiro a misericórdia ao sacrifício».

Realmente quantas vezes fazemos o que fazemos em Igreja por preceito apenas, e não o fazemos em primeiro lugar por amor a Deus e aos outros?

Interpretando literalmente a frase «prefiro a misericórdia ao sacrifício», pergunto-me o que me é mais difícil: Fazer um sacrifício de jejum, (que posso e devo fazer, sem dúvida), ou perdoar a quem me ofendeu?

Claro que uma não invalida a outra, mas de que vale o sacrifício se não faço a paz com o meu irmão, se não amo o meu irmão vivendo o mandamento de amor que Cristo nos deixou: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.»?

Uma coisa Te peço, Senhor, que me faças sempre ver no meu próximo, um irmão, que quero amar em vez de julgar.



Marinha Grande, 11 de Novembro de 2023
Joaquim Mexia Alves


Nota: Texto suscitado pela homilia do Padre Patrício Oliveira, pároco da Marinha Grande, na Missa das onze horas deste Domingo.
 

Acompanhado espiritualmente pelos fiéis, o Papa rezou o Angelus de forma privada

 

  Fiéis unidos ao Papa diante do Gemelli na hora do Angelus  (ANSA)  
 

Diante da Policlínica Gemelli, formou-se uma pequena multidão de fiéis, que rezaram o Angelus unidos espiritualmente ao Santo Padre.
 

Vatican News

Como antecipado no comunicado médico de sábado, 10, para "evitar movimentos que pudessem tensionar a parede abdominal", o Papa Francisco rezaria o Angelus deste domingo de forma privada, unindo-se no entanto espiritualmente, "com afeto e gratidão, aos fiéis que desejam acompanhá-lo, onde quer que estivessem".

E assim o foi, como confirmado pelo comunicado do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé. Matteo Bruni informou que durante a manhã deste domingo, o Papa "acompanhou a Santa Missa ao vivo pela televisão e recebeu a Eucaristia". Então, "dirigiu-se à pequena capela do apartamento privado, onde se recolheu em oração para a recitação do Angelus."

Francisco então almoçou "juntamente com os que o assistem nestes dias de hospitalização no apartamento privado (médicos, auxiliares de saúde, enfermeiras, auxiliares e pessoal do Corpo de Gendarmaria)."

Bruni comunicou ainda que a equipe médica informou "que o pós-operatório do Papa Francisco é regular. O Santo Padre continua afebril e hemodinamicamente estável; ela fez fisioterapia respiratória e continuou a se movimentar."

A recordar que no dia 4 de julho de 2021, sete dias após a operação para retirada de uma parte de intestino com divertículos, Francisco tinha recitado o Angelus da janela do apartamento no Gemelli. Mas naquela ocasião - precisou no sábado o Dr. Sergio Alfieri que o acompanha - já se tinha passado uma semana“. No quadro atual – observou o médico - o Papa aceitou o conselho dos médicos de descansar e não fazer mais esforços que pudessem comprometer a malha protética implantada e o reparo da fáscia muscular para uma cicatrização ideal".

VN

08 junho 2023

CORPO DE DEUS PÃO DE DEUS

 

 

Que Pão é este

que vindo dos Céus

alimenta o homem

e o faz eternidade em Deus.

 

Não é Pão de um momento

nem de existência efémera

é Pão de divino alimento

que leva à vida eterna.

 

Este é um Pão consagrado,

no sacrifício da Cruz,

é um Pão que nos é dado

prometido por Jesus.

 

Não é um qualquer maná

que perece brevemente

é Pão que Deus nos dá

por amor tão simplesmente.

 

Este Pão mata a fome

afasta a tristeza e a dor

é um Pão que se consome

como puro e eterno amor.

 

Dá-nos sempre deste Pão

nosso Deus, nosso Senhor

para que em cada coração

viva sempre o Teu amor.

 

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Marinha Grande, 8 de Junho de 2023

Joaquim Mexia Alves