Provocação - O que é a Verdade?
Reflexão
- Já me fiz essa pergunta muitas vezes e ao relembrar Jesus perante
Pôncio Pilatos é claro que só posso responder que a Verdade é Jesus
Cristo, é Deus.
Ele próprio nos disse: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida»
P - Mas se a Verdade é Jesus Cristo, é Deus, como podemos nós chegar ao conhecimento da Verdade?
R - Bem, parece-me que chegando ao conhecimento de Deus chegaremos ao conhecimento da Verdade.
P
- Mas Deus, embora o possamos conhecer, nunca O conheceremos plenamente
enquanto vivemos na terra, porque Deus é também Mistério, não é?
R
- Realmente teríamos de considerar que se assim é nunca poderemos
chegar, durante a nossa vida terrena, ao conhecimento da Verdade em toda
a sua plenitude.
P - Mas que Verdade é esta de que falamos?
R
- Bem, falamos da Verdade perfeita, ou seja, não falamos de uma verdade
que apenas se poderia considerar a “não mentira”, o “não verdadeiro”, o
“engano”, a “manipulação”, mas sim uma Verdade que transforma, que nos
enche, que é justiça, que nos faz encontrar com Deus, com o nosso
verdadeiro eu.
P
- Mas uma Verdade assim vai para além da nossa compreensão. Quer dizer,
de um modo geral em tudo o que fazemos, tudo o que dizemos, tudo o que
pensamos, há sempre muita coisa que não é verdade, ou seja, que não é
perfeita, que não é pura.
R -
Sim, isso é verdade, mas não é a Verdade. O nosso conhecimento de Deus é
imperfeito enquanto aqui vivemos, assim como o nosso conhecimento da
Verdade, julgo eu, também será imperfeito.
P
- Então para o conhecimento da Verdade temos também que considerar a
Fé? Quer dizer, a certa altura o nosso caminho para a Verdade tem que
ter a Razão iluminada pela Fé?
R - Talvez uma analogia com o amor nos possa fazer perceber melhor tudo o que estamos a falar.
Nós
conhecemos o amor, mas não o conhecemos plenamente. Para conhecermos o
amor pleno teremos, julgo eu, que estar na presença de Deus. Mas isso
não impede que tentemos conhecer o amor, que tentemos viver o amor, que
tentemos ser amor.
P - Mas nós temos tantos defeitos, tantas fraquezas, como poderemos nós almejar viver agora o amor plenamente?
R - Parece-me perceber nas palavras de Nicodemos quase uma resposta a isso.
«Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua mãe outra vez, e nascer?» Jo 3, 4
Se
pudéssemos entrar novamente no ventre da nossa mãe e viver ali como
vivemos então no tempo de gestação, nada haveria em nós que pudesse
macular o amor, pois ainda nada tínhamos aprendido, ainda nada tínhamos
analisado, ainda nada tínhamos “corrompido” com a nossa humanidade.
No
entanto, até aí, até nesse momento eramos captivos do pecado original,
pelo que o nosso amor estaria ferido na sua relação com Deus, e por isso
o amor não seria perfeito, por isso a Verdade não era plena e total.
P - Mas então nesta vida nunca poderemos conhecer a Verdade como atrás dizíamos?
R
- Julgo que não. Por isso Jesus Cristo responde a Nicodemos que «aquilo
que nasce do Espírito é espírito.» Jo3, 6. Só no Espírito Santo podemos
caminhar se queremos almejar conhecer a Verdade.
E
disse ainda «Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz» Jo 3, 21 o
que para mim, significa que quando procuramos Deus, quando praticamos a
Sua Palavra, quando procuramos viver segundo a Sua vontade,
aproximamo-nos de Deus, aproximamo-nos da Verdade, aproximamo-nos do
Amor.
P - Mas tu queres conhecer a Verdade?
R
- Com todas as minhas forças, com toda a minha alma, com todo o meu
ser, porque a Verdade para mim é Deus, é o Amor e eu quero, pela graça
de Deus, viver na Verdade, no Amor em Deus.
P - Mas na tua vida aqui não o conseguirás!
R
- Pois não, mas tenho a confiança na promessa de Jesus Cristo «que todo
o que nEle crê tem a vida eterna.» Jo 3, 15 e, por isso, posso já viver
na Verdade, no Amor, em Deus, se procurar em tudo fazer e viver segundo
a Sua vontade, porque assim, em mim, já está inscrita, pela graça de
Deus, a vida eterna, que eu “já, mas ainda não”, vivo!
P - Então quando poderemos acreditar que conheceremos a Verdade plenamente?
R
- Julgo perceber que tal só será possível perante Deus, na vida eterna
plena. Só então pela graça de Deus, O conheceremos plenamente, (porque
estaremos livres desta “tenda humana” que nos “aprisiona” na
imperfeição), e então poderemos conhecer a Verdade e o Amor plenamente.
Marinha Grande, 15 de Junho de 2023
Joaquim Mexia Alves
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