31 janeiro 2021

Mensagem por ocasião da Semana do Consagrado

 


Caríssimos consagrados/as presentes no Patriarcado de Lisboa 

Nesta semana que vos é particularmente dedicada, pretendo dirigir-vos algumas palavras de companhia, estímulo e muita gratidão, pelo que sois e fazeis. 

Palavras de companhia, sobretudo agora, quando a pandemia vos tem tocado de perto, nas vossas comunidades e a muitos pessoalmente. Quero estar inteiramente convosco, na oração e no mais que for preciso. Contai com a Diocese, como esta conta convosco. Aliás, vários Institutos foram criados para cuidar dos mais frágeis ou enfermos e estão agora na frente da batalha sanitária. Assim vos reconheço e sigo a vossa ação prestimosa, neste campo como no da educação e outros serviços que realizais, adaptando os modos de fazer às presentes circunstâncias.

Palavras de estímulo, por isso mesmo. Também aos Institutos contemplativos, que se mantêm espiritualmente vigilantes e oram pelos sofrimentos e anseios que a pandemia acresce. Assim mesmo se unem a Cristo, que na oração garantia tudo o mais que fazia para o bem de todos. Contamos sempre e ainda mais agora com a vossa oração. 

Palavras de muita gratidão. Nos vários carismas que originam os vossos Institutos, o Espírito dá à Igreja de Cristo o que ela mais requer, para glória de 
Deus e serviço da humanidade. Cada Diocese é, assim mesmo, uma porção do Povo de Deus que, em torno do seu bispo, conta com todos os carismas reconhecidos para a sua vida e missão. Eu e os colegas bispos que comigo trabalham no Patriarcado de Lisboa, com o clero secular aqui incardinado, reconhecemos e agradecemos o vosso indispensável contributo, concretizado nas muitas instituições, iniciativas e paróquias que tão generosamente servis. 

Por tudo isto vos tenho presentes na oração. Especialmente nestes dias, vos torno a dizer que podeis contar sempre com este vosso irmão, 

+ Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca

31 de janeiro de 2021, Memória de São João Bosco 

Patriarcado de Lisboa

Domingo IV do Tempo Comum - Eutanásia: Assembleia da República “decidiu mal”

 

 

“É, efetivamente, uma rampa deslizante que devia ter sido levada em conta numa consciência mais informada para que a decisão fosse mais certa. E não foi tida em conta”, lamentou o Cardeal-Patriarca de Lisboa sobre a aprovação da lei da eutanásia no Parlamento Português. 

“Infelizmente, anteontem, a nossa sede legislativa decidiu mal, em relação à eutanásia, que quer dizer, em relação ao cuidado da vida que todos merecem, em qualquer circunstância, da conceção à morte natural”, começou por lamentar o Cardeal-Patriarca de Lisboa, na homilia da Missa deste Domingo. Para D. Manuel Clemente, a lei que aprova a eutanásia “não conjugou todos os elementos que devia ter conjugado numa consciência mais plena e fortalecida”. “Olhando bem a realidade da pessoa que, eventualmente peça para pôr fim à sua vida ou que o ajudem a pôr fim à vida, não está apenas essa pessoa, está tudo aquilo que ela transporta de desespero, da situação que sofre e que precisa de ser socorrido com tudo aquilo que a sociedade lhe deve dar – antes de mais, isso mesmo: ‘sociedade, solidariedade, presença, convivência’. Todos os que trabalham nos hospitais e nos sistemas de saúde sabem disto. Sabem que, face ao desespero, responde-se com companhia, com convivência, com cuidados paliativos, quer técnicos, quer pessoais. É assim que se responde e corresponde”, referiu o Cardeal-Patriarca, na Igreja de Cristo Rei da Portela, numa celebração transmitida, em direto, pela RTP1.

“Uma porta escancarada”
Na intervenção onde pediu que os cuidados paliativos “sejam uma realidade difundida amplamente em todo o território nacional”, o Cardeal-Patriarca desejou ainda que tivessem sido tidas mais em conta os pronunciamentos contra a eutanásia que foram feitos por “milhares de pessoas”, entre associações profissionais e “sociedade em geral” e deixou um alerta sobre esta realidade que já está em países “que enveredaram por este caminho”. “Ao princípio, é apenas para casos muito excecionais – como a própria legislação aprovada diz – mas, a pouco e pouco, essa pequena frincha tornou-se uma porta escancarada”, anunciou, exemplificando com nações que “em dez anos”, sofreram um aumento de 700% no número de casos. “Uma exceção tornou-se quase regra. É, efetivamente, uma rampa deslizante que devia ter sido levada em conta numa consciência mais informada para que a decisão fosse mais certa. E não foi tida conta”, lamentou D. Manuel Clemente.

“Vamos a tempo”
Apesar de o Parlamento Português ter aprovado, esta semana, a lei que autoriza a eutanásia em Portugal, o Cardeal-Patriarca deixou ainda uma palavra de esperança no decurso futuro do processo. “Vamos a tempo, como sociedade, quer pelo esclarecimento mais atuado, quer pela participação mais ativa na própria legislação, quer, depois, tentando que este esclarecimento vá por diante mesmo nas instâncias que ainda precisam de se pronunciar – e se têm de pronunciar, quer pela própria consciência que, muitas vezes, na sua objeção também se ativa e se deve ativar, quer pelo respeito por aquilo que os nossos constituintes nos ofereceram na Constituição da República Portuguesa quando o número 24 diz taxativamente: ‘a vida humana é inviolável’. Os constituintes quiseram que o artigo ficasse assim, incisivo e direto, para que não fosse sujeito a acomodações a sofismas”, frisou. “É assim, com uma consciência plena que integre e conjugue todos os elementos que devem integrar e conjugar que a autoridade se fortalece”, assegurou D. Manuel Clemente deixando a garantia de que “com Deus, nós também não desistimos para responder a todos os dramas humanos e às tragédias de cada um com uma solidariedade plena, com todos os recursos técnicos de que dispomos e que devem ser oferecidos e com esta consciência ativa de que uma sociedade não dispensa ninguém”. 

Patriarcado de Lisboa

O Papa: em julho, o primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

 Papa Francisco com idosos 

Será realizado a partir deste ano, no quarto domingo de julho, próximo da festa dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus e permitirá, como anunciado neste domingo por Francisco no final da oração do Angelus, recordar e celebrar o dom da velhice e daqueles que, antes de nós e para nós, guardam e transmitem a vida e a fé.

 

Gabriella Ceraso, Silvonei José – Vatican News

A nossa memória, as raízes dos povos, a ligação entre gerações, um tesouro a ser preservado. Isto é o que os idosos e os avós são no pensamento do Papa, um verdadeiro "presente" cuja riqueza muitas vezes esquecemos. Por esta razão, como anunciado no final do Angelus, Francisco decidiu dedicar-lhes um Dia Mundial, a partir do próximo mês de julho. O ponto de partida do Pontífice é a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, em 2 de fevereiro, quando dois idosos, Simeão e Ana, "iluminados pelo Espírito Santo, reconheceram Jesus como o Messias". E esta é a primeira grandeza daqueles que nos precederam no caminho da vida:

O Espírito Santo ainda desperta pensamentos e palavras de sabedoria nos idosos: a sua voz é preciosa porque canta os louvores de Deus e conserva as raízes dos povos. Eles lembram-nos que a velhice é um presente e que os avós são o elo entre as diferentes gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé.

Um Dia para não esquecer

Hoje, mais do que nunca devido à pandemia que primeiro os colocou em risco e sacrificou tantos, os idosos muitas vezes permanecem sozinhos e longe das suas famílias, e ao invés disto, devem ser preservados como uma memória a ser transmitida. Daí a decisão do Papa:

Os avós, tantas vezes são esquecidos e nós esquecemos esta riqueza de conservar as raízes e transmitir. E por esta razão decidi instituir o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja, todos os anos, no quarto domingo de julho, próximo da festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus.

Avós e jovens: sonho e profecia

Dos avós aos jovens: o vínculo é muito estreito, o diálogo deve ser constante. O Papa tem reiterado isto muitas vezes ao longo do tempo, até mesmo dizendo que sonha com "um mundo que viva precisamente do abraço deles". Foi o que retornou a enfatizar nesta ocasião especial:

É importante que os avós se encontrem com os netos e que os netos se encontrem com os avós, porque - como diz o profeta Joel - os avós diante dos netos sonharão, terão a ilusão e os jovens, tomando força dos avós, seguirão adiante, profetizarão. E, precisamente em 2 de fevereiro é a festa do encontro dos avós com us seus netos.

VN

O Papa no Angelus: "Jesus fala com autoridade, o Filho de Deus que cura"

 
Papa Francisco - Angelus  (Vatican Media) 
 
O Papa Francisco pediu novamente aos fiéis que carreguem no bolso, na bolsa um pequeno Evangelho para lê-lo durante o dia, para ouvir aquela palavra com autoridade de Jesus. “Todos nós temos problemas, peçamos a Jesus a cura dos nossos pecados dis nossos males”.

Silvonei José – Vatican News

"A passagem do Evangelho deste domingo narra um dia típico do ministério de Jesus; em particular, é um sábado, um dia dedicado ao descanso e à oração": assim iniciou o Papa Francisco a sua alocução neste domingo que precedeu a Oração mariana do Angelus, recitada, como nos domingos precedentes, na Biblioteca do Palácio Apostólico no Vaticano, devido à pandemia de coronavírus.

Na sinagoga de Cafarnaum, - continuou o Papa - Jesus lê e comenta as Escrituras. Os presentes são atraídos pela maneira como ele fala; eles maravilham-se porque ele demonstra uma autoridade diferente da dos escribas. Além disto, Jesus revela-se poderoso também nas obras. De facto, um homem na sinagoga volta-se contra ele, questionando-o como o Enviado de Deus; Ele reconhece o espírito maligno, ordena-lhe que saia daquele homem, e assim o expulsa.

Francisco afirma em seguida que “aqui vemos os dois elementos característicos da ação de Jesus: a pregação e a obra taumatúrgica de cura”.

“Ambos os aspetos destacam-se na passagem do evangelista Marcos, mas o mais destacado é o da pregação; o exorcismo é apresentado como uma confirmação da singular "autoridade" de Jesus e do seu ensinamento. Ele prega com autoridade própria, como alguém que possui uma doutrina que deriva de si mesmo, e não como os escribas que repetiam tradições precedentes e leis promulgadas. Eles repetiam palavras, palavras, apenas palavras - como cantava a grande Mina; eles eram assim. Apenas palavras. Ao contrário, em Jesus, a palavra tem autoridade, Jesus tem autoridade. E isto toca o coração”. 

Por que? Pergunta o Papa. Porque a Sua palavra realiza o que Ele diz. Porque Ele é o profeta definitivo. Mas por que digo isto, - interrogou Francisco - que Ele é o profeta definitivo? Recordemos a promessa de Moisés: Moisés diz: "depois de mim, no futuro, virá um profeta como eu - como eu! - que ensinar-vos-á". Moisés anuncia Jesus como o profeta definitivo.

“O ensinamento de Jesus tem a mesma autoridade de Deus que fala; de facto, com um único comando, ele liberta facilmente o possuído do maligno e o cura. Por isso ele fala não com autoridade humana, mas com autoridade divina, porque tem o poder de ser o profeta definitivo, isto é, o Filho de Deus que nos salva, nos cura a todos”.

O Pontífice seguidamente disse que o segundo aspeto, o da cura, mostra que a pregação de Cristo tem como objetivo derrotar o mal presente no homem e no mundo.

“A sua palavra - disse - aponta diretamente contra o reino de Satanás, coloca-o em crise e o fá-lo recuar, obriga-o a sair do mundo. Aquele homem possuído, alcançada pelo comando do Senhor, é libertado e transformado numa nova pessoa. Além disto, a pregação de Jesus pertence a uma lógica oposta à do mundo e do mal: as suas palavras revelam.se como a perturbação de uma ordem errada de coisas. O demónio presente no homem possuído, de facto, grita quando Jesus se aproxima: "Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para destruir-nos"? Estas expressões indicam a total estranheza entre Jesus e Satanás: eles estão em planos completamente diferentes; não há nada em comum entre eles; são o oposto um do outro”.

"Jesus fala com autoridade, o Filho de Deus que cura". Nós ouvimos as palavras de Jesus que tem autoridade, "não se esqueçam - disse o Papa – carreguem no bolso, na bolsa um pequeno Evangelho para lê-lo durante o dia, para ouvir aquela palavra com autoridade de Jesus". “Todos nós temos problemas, peçamos a Jesus a cura dos nossos pecados dos nossos males”.

A Virgem Maria – concluiu o Papa - conservou sempre no seu coração as palavras e os gestos de Jesus, e seguiu-o com total disponibilidade e fidelidade. “Que ela também nos ajude a ouvi-Lo e a segui-Lo, para que possamos experimentar nas nossas vidas os sinais da sua salvação”.

VN

30 janeiro 2021

Bispos exprimem “tristeza e indignação” com a aprovação da lei da eutanásia

 

Leia aqui, na íntegra, o comunicado da CEP.

Em comunicado, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou “tristeza e indignação diante da aprovação parlamentar da lei que autoriza a eutanásia e o suicídio assistido”, acrescido pelo facto de esta aprovação acontecer num momento de “maior agravamento de uma pandemia mortífera”. Leia aqui, na íntegra, o comunicado do Conselho Permanente da CEP:


Comunicado do Conselho Permanente da CEP face à aprovação da eutanásia

Os bispos portugueses exprimem a sua tristeza e indignação diante da aprovação parlamentar da lei que autoriza a eutanásia e o suicídio assistido.

Essa tristeza e indignação são acrescidas pelo facto de se legalizar uma forma de morte provocada no momento do maior agravamento de uma pandemia mortífera, em que todos queremos empenhar-nos em salvar o maior número de vidas, para tal aceitando restrições da liberdade e sacrifícios económicos sem paralelo. É um contrassenso legalizar a morte provocada neste contexto, recusando as lições que esta pandemia nos tem dado sobre o valor precioso da vida humana, que a comunidade em geral e nomeadamente os profissionais de saúde tentam salvar de modo sobrehumano.

Salientamos que a lei aprovada poderá ainda ser sujeita a fiscalização da constitucionalidade, por ofender o princípio da inviolabilidade da vida humana consagrado na nossa Lei fundamental.

Não podemos aceitar que a morte provocada seja resposta à doença e ao sofrimento. Aceitar que o seja é desistir de combater e aliviar o sofrimento e veicular a ideia errada de que a vida marcada pela doença e pelo sofrimento deixa de merecer proteção e se torna um peso para o próprio, para os que o rodeiam, para os serviços de saúde e para a sociedade no seu todo. Não podemos nunca desistir de combater e aliviar o sofrimento, físico, psicológico ou existencial, e aceitar que a morte provocada seja resposta para essas situações. A resposta à doença e ao sofrimento deverá ser, antes, a proteção da vida sobretudo quando ela é mais frágil por todos os meios e, nomeadamente pelo acesso aos cuidados paliativos, de que a maioria da população portuguesa está ainda privada.

Para além da política legislativa lesiva da dignidade de toda a vida humana, somos confrontados com um retrocesso cultural sem precedentes, caraterizado pela absolutização da autonomia e autodeterminação da pessoa. A ele temos de reagir energicamente. Por isso, agora, mais do que nunca, reforçamos o nosso propósito de acompanhar com solicitude e amor todos os doentes, em todas as etapas da sua vida terrena e, de modo especial, na sua etapa final.

Lisboa, 29 de janeiro de 2021

29 janeiro 2021

Mensagem do Papa para o Dia das Missões: é urgente a missão da compaixão

 

 Mensagem do Papa é um convite a todos os batizados  (Vatican Media) 

 

Em vista ao Dia Mundial das Missões, o Papa afirma que hoje Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma “verdadeira história de amor”, que os faça sair para as periferias do mundo e tornarem-se mensageiros e instrumentos de compaixão.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

"Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos" (At 4, 20): este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, que a Igreja celebrará no dia 17 de outubro.

O versículo foi extraído dos Atos dos Apóstolos, o livro que os missionários “têm sempre à mão” por mostrar como “o perfume do Evangelho” se difundiu através dos Apóstolos.

A experiência dos Apóstolos

Pois bem, aqueles tempos não eram fáceis, recordou Francisco. Os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num ambiente hostil e árduo, que em vez de os debilitar, impeliu-ps a transformar cada incómodo em oportunidade para a missão, pois “nada e ninguém podia permanecer alheio ao anúncio libertador”.

O mesmo se passa connosco, analisou Francisco.

“A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças. (...) Experimentamos o desânimo, a decepção, o cansaço. Porém, nós não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus.”

A sua ressurreição, escreve o Pontífice, é uma Palavra de esperança que desfaz qualquer determinismo. “Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar.”

“Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome de um sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção.”

No contexto atual, prossegue o Papa, “há urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho”.

Um convite a cada um de nós

Deste modo, o tema do Dia Mundial das Missões é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração. Esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar». Não é o momento de se fechar.

Para Francisco, mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem ser missionários à sua maneira, “porque devemos sempre permitir que o bem seja comunicado”. E sobre este ponto expressa a sua gratidão a todos os missionários:

“Lembramos especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção.”

História de amor

Hoje, continua o Papa, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma “verdadeira história de amor”, que os faça sair para as periferias do mundo e tornarem-se mensageiros e instrumentos de compaixão.

As periferias não são só geográficas, recorda Francisco, mas existem perto de nós, no centro de uma cidade ou na própria família.

“Sempre, mas especialmente nestes tempos de pandemia, é importante aumentar a capacidade diária de alargar os nossos círculos."

A missão não é fruto de cálculos, mas é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã.

“Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários.”

VN

28 janeiro 2021

JMJ é oportunidade para abertura e “acolhimento incondicional” da Igreja aos jovens

 
 

Em entrevista à Agência Ecclesia, D. Joaquim Mendes faz balanço “positivo” de dois anos de preparação.

D. Joaquim Mendes, coordenador para a pastoral da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, afirmou que a realização deste encontro é uma oportunidade para a Igreja se abrir e “acolher incondicionalmente” os jovens. “O Sínodo («Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», realizado em 2018) disse-nos que é necessário proporcionar aos jovens uma experiência familiar de Igreja e essa experiência passa pelo coração. Não se pode educar e evangelizar sem chegar ao coração e para isso é preciso amar, escutar, acolher incondicionalmente e dar aos jovens uma experiência de verdadeiro espírito de família”, disse à Agência Ecclesia, numa entrevista emitida ontem na RTP2.

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O responsável católico indicou a oportunidade que, a partir da preparação da JMJ Lisboa 2023, os jovens estão a ter na mobilização e nas propostas de atividades, mas pede que as comunidades se convertam a novas dinâmicas. “É uma oportunidade para o encontro dos jovens entre si, para a criação de grupos, para iniciativas de missão, para a relação com as comunidades e para a descoberta da Igreja, mas isto exige uma conversão pastoral de muitas comunidades, abertura e acolhimento, dar espaços de participação e de corresponsabilidade na comunidade, de confiar e alegrar-se com a presença dos jovens”, sublinhou.

O anúncio da realização das Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa aconteceu no Panamá, há dois anos; estavam inicialmente marcadas para o verão de 2022 e foram adiadas um ano, por causa da pandemia. D. Joaquim Mendes afirma que a crise pandémica tem marcado a preparação, mas não a tem parado, sem deixar de registar um impacto no calendário inicialmente determinado para a peregrinação dos símbolos entre os países lusófonos, a cruz e o ícone de Nossa Senhora que uma delegação portuguesa trouxe do Vaticano. “Em fevereiro de 2020 foi acordado um calendário de peregrinação com os países lusófonos, que foi suspenso por causa da pandemia. Os símbolos foram entregues a Lisboa em novembro de 2020. Estamos em diálogo para que os símbolos possam circular, mas depende da pandemia o permitir”, registou.

O Bispo Auxiliar de Lisboa indicou que ficará a cargo de cada diocese, em diálogo com a organização da JMJ e com a Direção Geral de Saúde, formular propostas para celebrações locais com os símbolos da JMJ. “Temos propostas de celebrações e algumas orientações, cuidados a ter, por exemplo, mas em concreto, será o contexto a determinar o que se poderá fazer em torno dos símbolos”, reconheceu. 

O responsável notou ainda o entusiasmo crescente dos jovens em torno dos símbolos, “uma ligação afetiva e atrativa, não mensurável no coração de cada um”. “Cada diocese nomeou o comité organizador e um interlocutor com quem temos feito caminho e criado comunidade. Há dioceses que promovem iniciativas de evangelização, oração e missão, quer em vigararias como em paróquias, procurando chegar aos jovens mais afastados da realidade eclesial e envolvendo-os em atividades de missão”, regista o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família.

O coordenador para a pastoral da JMJ Lisboa 2023 indicou que a equipa de organização está a ser acompanhada “espiritualmente” e destacou a importância de em todo o processo se fazer “comunhão, comunidade, partilha”. D. Joaquim Mendes lembrou que a Igreja Católica formulou propostas de preparação dirigidas, no caso do projeto «Say yes», “aos jovens destinatários da JMJ Lisboa 2023”, para que possam conhecer a história das Jornadas.“Quisemos repescar todas as mensagens do Papas sobre as JMJ e percorrer todas a edições até Lisboa, dando a conhecer os temas: a partir daí, propõe-se um percurso adaptado às idades e aos problemas entre os jovens, com o objetivo de desencadear projetos de missão e serviço à comunidade”, destacou.

Outro projeto, o «Rise up», destina-se a jovens a partir dos 16 anos e apresenta uma “forte carga bíblica”, com o objetivo de “fazer um percurso interior” e proporcionar, depois, “um caminho de missão”.

Questionado sobre a preparação dos jovens reclusos, D. Joaquim Mendes, que acompanha a Pastoral penitenciária em Portugal, destacou a preparação que está a ser feita, destinada aos 2420 jovens detidos, entre os 16 aos 29 anos, mas também a jovens com deficiência. “Estamos em diálogo com os que os acompanham para que se envolvam nas Jornadas e temos pensados em iniciativas para que possam participar materialmente. São ideias em gestação”.

O Bispo Auxiliar de Lisboa manifestou-se otimista quanto à participação na JMJ no verão de 2023, acreditando que “será tão ou mais participada” do que as edições anteriores. “Espero que encontremos rumo para vencer a pandemia. Isto afeta todos mas estou convencido que se houver condições de participação, esta será tanta ou maior. Este tempo de pandemia deu consciência de fragilidade e debilidade e levou à necessidade do transcendente e da busca de Deus”, finalizou.

Ecclesia

27 janeiro 2021

HÁ PRESSA NO AR - Hino Oficial da JMJ Lisboa 2023

 

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Francisco: a Bíblia não foi escrita para uma humanidade genérica, mas para nós

 

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“Devemos aproximar-nos da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O fiel não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica e moral, mas porque espera um encontro", disse o Papa na Audiência Geral.

Vatican News

“A oração com as Sagradas Escrituras” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (27/01), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

“As palavras das Sagradas Escrituras não foram escritas para permanecer presas nos papiros, nos pergaminhos ou no papel, mas para serem recebidas por uma pessoa que reza, fazendo-as brotar no próprio coração. A palavra de Deus chega ao coração”, frisou o Papa.

A Bíblia não pode ser lida como um romance

A Bíblia não pode ser lida como um romance”, disse ainda o Pontífice, citando o Catecismo da Igreja Católica que afirma: «A leitura das Sagradas Escrituras deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem». “A oração é um diálogo com Deus. Aquele versículo da Bíblia foi escrito também para mim, há muitos séculos, para me trazer uma palavra de Deus. Foi escrita para cada um de nós”, disse ainda Francisco, acrescentando:

Esta experiência acontece a todos os fiéis: uma passagem da Escritura, ouvida muitas vezes, de repente um dia fala-me e ilumina uma situação que estou a  viver. Mas é necessário que eu esteja presente nesse dia, no encontro com essa Palavra. Que eu esteja ali, ouvindo a palavra. Todos os dias Deus passa e lança uma semente no terreno da nossa vida. Não sabemos se hoje encontrará terra árida, silvas, ou terra fértil que faça crescer essa semente. Depende de nós, da nossa oração, do coração aberto com que nos aproximamos das Escrituras para que elas possam tornar-se para nós a Palavra viva de Deus. Deus passa continuamente.

Aproximarmo-nos da Bíblia sem segundas intenções

Segundo o Papa, “devemos aproximar-nos da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O fiel não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica e moral, mas porque espera um encontro; sabe que aquelas palavras foram escritas no Espírito Santo, e que por isso nesse mesmo Espírito devem ser acolhidas e compreendidas, para que o encontro se realize”.

Fico incomodado quando ouço cristãos que recitam os versículos da Bíblia como papagaios. Encontráste o Senhor naqueles versículos? Não é um problema apenas de memória, mas de memória do coração, aquela abre-te ao encontro com o Senhor. Aquela palavra, aquele versículo leva-te ao encontro com o Senhor.

“A Bíblia não foi escrita para uma humanidade genérica, mas para nós, para mim, para ti, para homens e mulheres em carne e osso. Homens e mulheres que têm nome e sobrenome. Como eu e tu.”

"A Palavra de Deus, impregnada do Espírito Santo, quando é recebida com o coração aberto, não deixa as situações como antes. Muda alguma coisa. Esta é a graça, a força da Palavra de Deus”, disse ainda o Papa.

A Palavra inspira bons propósitos

A seguir, Francisco ressaltou que “a tradição cristã é rica em experiências e reflexões sobre a oração com a Sagrada Escritura”, e citou o método da “lectio divina”, nascido num ambiente monástico mas agora praticado por cristãos que frequentam as paróquias. “Trata-se primeiramente de ler a passagem bíblica com atenção, eu diria com “obediência” ao texto, a fim de compreender o que ele significa em si mesmo. Posteriormente entra-se em diálogo com a Escritura, para que aquelas palavras se tornem um motivo de meditação e oração: permanecendo sempre fiel ao texto, começo a interrogar-me sobre  o que ele “me diz”. Este é um passo delicado: não devemos resvalar para interpretações subjetivas, mas devemos fazer parte do caminho vivo da Tradição, que une cada um de nós à Sagrada Escritura. O último passo da lectio divina é a contemplação. Aqui as palavras e os pensamentos dão lugar ao amor, como entre os noivos que por vezes se olham em silêncio. O texto bíblico permanece, mas como um espelho, como um ícone a ser contemplado. E assim, se há diálogo.”

Através da oração, a Palavra de Deus vem habitar em nós e nós habitamos nela. A Palavra inspira bons propósitos e apoia a ação; dá-nos força e serenidade, e até quando nos põe em crise, dá-nos paz. Em dias “maus” e confusos, assegura ao coração um núcleo de confiança e amor que o protege dos ataques do maligno.

As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável

“É assim que a Palavra de Deus torna-se carne naqueles que a acolhem em oração”, sublinhou o Pontífice. “Em alguns textos antigos emerge a intuição de que os cristãos identificam-se tão intimamente com a Palavra que, mesmo se todas as Bíblias do mundo fossem queimadas, um “molde” dela ainda poderia ser salvo através da marca que deixou na vida dos santos. Esta é uma expressão bonita”, ressaltou.

“A vida cristã é uma obra de obediência e ao mesmo tempo de criatividade. Um bom cristão deve ser obediente, mas deve ser também criativo. Obediente porque escuta a palavra de Deus e criativo porque há dentro de si o Espírito Santo que o impele a levá-la  adiante. As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável”, concluiu o Papa, concedendo a todos a sua bênção apostólica.

VN

25 janeiro 2021

JMJ Lisboa 2023 - Hino da JMJ será divulgado nesta quarta-feira

 


A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 anunciou, hoje, que o hino oficial do evento vai ser divulgado nesta quarta-feira, 27 de janeiro, a partir das 11h00 (Lisboa), numa apresentação online através do site www.lisboa2023.org e das páginas da JMJ Lisboa 2023 no Facebook e YouTube.
A data de apresentação do hino coincide com o 2.º aniversário do anúncio de Portugal como o país que acolhe a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude. O anúncio foi feito no último dia da edição de 2019 da JMJ que decorreu no Panamá.
Através de um comunicado, a organização também informa que a celebração de acolhimento dos símbolos, prevista para o mesmo dia 27 de janeiro, “foi suspensa”, devido à pandemia. “A Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani foram entregues à delegação portuguesa a 22 de novembro de 2020, Domingo de Cristo-Rei, numa celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano”, lembra a organização, informando que os símbolos, “desde que chegaram a Lisboa”, “têm permanecido na Sé e, assim que for possível, iniciarão uma peregrinação pelos PALOP, comunidades portuguesas, Espanha e dioceses de Portugal”.

Mais informação: www.lisboa2023.org

Patriarcado de Lisboa

Francisco: que a Santíssima Trindade nos faça crescer na unidade

 Celebração das Vésperas no final da Semana de Oração pela unidade dos Cristãos 
 
"Peçamos ao Pai para cortar em nós os preconceitos contra os outros e os apegos mundanos que impedem a plena unidade com todos os seus filhos", ressaltou o Papa na sua homilia, lida pelo presidente do Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch.

Vatican News

O presidente do Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, presidiu a celebração das II Vésperas na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo, nesta segunda-feira (25/01), na conclusão da 54ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O Santo Padre não presidiu a cerimónia, realizada na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, devido a uma dolorosa ciatalgia.

«Permanecei no meu amor». Jesus associa este pedido à imagem da videira e dos ramos. “O próprio Senhor é a videira, a videira «verdadeira», que não trai as expetativas, mas permanece fiel no amor e nunca falha, apesar dos nossos pecados e divisões. Nesta videira que é Ele, estamos enxertados como ramos todos nós, batizados: quer dizer que só unidos a Jesus é que podemos crescer e dar fruto. Nesta tarde, contemplemos esta unidade indispensável, que tem vários níveis. Pensando na videira, poderíamos imaginar a unidade formada por três círculos concêntricos, como os de um tronco”, ressaltou o Papa na sua homilia, lida pelo cardeal Koch.

Permanecer em Jesus

“O primeiro círculo, o mais interno, é o permanecer em Jesus. Daqui parte o caminho de cada um rumo à unidade. Na realidade mutável e complexa de hoje, arrastados daqui e dali, é fácil perder a linha. Muitos sentem-se intimamente divididos, incapazes de encontrar um ponto firme, uma estrutura estável nas circunstâncias variáveis da vida. Jesus indica-nos o segredo da estabilidade: permanecer n’Ele”.

Segundo Francisco, Jesus mostrou-nos como fazer isto, “dando-nos o exemplo: cada dia retirava-se em lugares desertos para orar. Precisamos da oração, como de água, para viver. Centrados em Jesus na oração, experimentamos o seu amor. E daí recebe vida a nossa existência, como o ramo que toma a seiva do tronco. Esta é a primeira unidade, a nossa integridade pessoal, obra da graça que recebemos permanecendo em Jesus”.

Unidade com os cristãos

O segundo círculo é “o da unidade com os cristãos. Somos ramos da mesma videira, somos vasos comunicantes: o bem e o mal que realiza cada um reverte-se sobre os outros. Além disto, na vida espiritual, vigora uma espécie da «lei da dinâmica»: na medida em que permanecemos em Deus, aproximamo-nos dos outros e, na medida em que nos aproximamos dos outros, permanecemos em Deus. Significa que, se invocarmos Deus em espírito e verdade, daí brota a exigência de amar os outros e, vice-versa, «se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós». A oração só pode levar ao amor, caso contrário é vão ritualismo. Com efeito, não é possível encontrar Jesus sem o seu Corpo, composto de muitos membros, tantos quantos são os batizados. Se a nossa adoração for genuína, cresceremos no amor por todos aqueles que seguem Jesus, independentemente da comunhão cristã a que pertençam, porque, mesmo se não são «dos nossos», são d’Ele”.

Segundo o Papa, “constatamos que amar os irmãos não é fácil, porque se apresentam imediatamente os seus defeitos e as suas faltas, e voltam à mente as feridas do passado. Aqui vem em nosso auxílio a ação do Pai que, como sábio agricultor, sabe bem o que fazer: «Ele corta todo o ramo que não dá fruto em Mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda». O Pai corta e poda. Porquê? Porque, para amar, precisamos de ser despojados daquilo que nos extravia e nos faz debruçar sobre nós mesmos, impedindo-nos de dar fruto. Por isso peçamos ao Pai para cortar em nós os preconceitos contra os outros e os apegos mundanos que impedem a plena unidade com todos os seus filhos. Assim, purificados no amor, saberemos colocar em segundo plano os empecilhos terrenos e os obstáculos doutrora, que hoje nos desviam do Evangelho”.

Humanidade inteira

“O terceiro círculo da unidade, o mais amplo, é a humanidade inteira. Neste âmbito, podemos refletir sobre a ação do Espírito Santo. Na videira que é Cristo, Ele é a seiva que chega a todas as partes. Mas o Espírito sopra onde quer, e por todo o lado quer reconduzir à unidade. Leva-nos a amar não só àqueles que nos amam e pensam como nós, mas a todos, como Jesus nos ensinou. Torna-nos capazes de perdoar aos inimigos, e as injustiças sofridas. Impele-nos a ser ativos e criativos no amor. Lembra-nos que o próximo não é só quem partilha os nossos valores e ideias, mas que somos chamados a fazer-nos próximo de todos, bons Samaritanos duma humanidade vulnerável, pobre e sofredora – hoje, tão sofredora –, que jaz por terra nas estradas do mundo e que Deus, na sua compaixão, deseja levantar. O Espírito Santo, autor da graça, ajuda-nos a viver na gratuidade, a amar mesmo quem não nos retribui, porque é no amor puro e desinteressado que o Evangelho dá fruto. É pelos frutos que se reconhece a árvore: pelo amor gratuito, se reconhece se pertencemos à videira de Jesus.”

Rezar pela unidade dos cristãos

Segundo o Papa, “o Espírito Santo ensina-nos, assim, o amor concreto por todos os irmãos e irmãs com quem partilhamos a mesma humanidade, aquela humanidade que Cristo uniu inseparavelmente a Si, dizendo-nos que O encontraremos sempre nos mais pobres e necessitados. Servindo-os juntos, descobrir-nos-emos irmãos e cresceremos na unidade. O Espírito, que renova a face da terra, exorta-nos também a cuidar da nossa casa comum, a fazer opções ousadas no modo como vivemos e consumimos, porque o contrário de dar fruto é a exploração, e é indigno desperdiçar os preciosos recursos de que muitos estão privados”.

“Nesta tarde o próprio Espírito, artífice do caminho ecuménico, levou-nos a rezar juntos. E ao mesmo tempo que experimentamos a unidade que deriva de nos dirigirmos a Deus com uma só voz, desejo agradecer a todos aqueles que rezaram nesta Semana e continuarão rezando pela unidade dos cristãos”, ressaltou Francisco.

O Papa saudou os representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais reunidos na Basílica de São Paulo Fora dos Muros para a celebração das Vésperas, os jovens ortodoxos e ortodoxos orientais que estudam em Roma com o apoio do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, os professores e alunos do Instituto Ecuménico de Bossey, que deveriam ter vindo a Roma como nos anos anteriores, mas não puderam devido à pandemia e acompanharam a celebração através dos meios de comunicação. “Queridos irmãos e irmãs, permaneçamos unidos em Cristo! Que o Espírito Santo, derramado nos nossos corações, nos faça sentir filhos do Pai, irmãos e irmãs entre nós, irmãos e irmãs na única família humana. Que a Santíssima Trindade, comunhão de amor, nos faça crescer na unidade”, concluiu o Papa.

VN

24 janeiro 2021

Domingo III do Tempo Comum - “Que ninguém desista de viver porque nós nunca desistiremos de conviver”

 

 

Na Missa deste Domingo, o Cardeal-Patriarca de Lisboa apelou à defesa da vida, desde a “conceção à morte natural”, e garantiu a “proximidade de todos os sacerdotes” neste tempo de suspensão das celebrações litúrgicas comunitárias. “Como só a caridade explica esta atuação, a eficácia não será menor, poderá mesmo ser maior”, garantiu.

Na paróquia do Parque das Nações, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou os que estão na linha da frente no combate à pandemia, em particular os profissionais de saúde, e apelou à defesa da vida. “Porque o direito à vida é realmente inviolável – como diz a nossa Constituição –, temos que estar com todos, sobretudo com aqueles que mais sofrem, para criarmos uma sociedade que seja verdadeiramente paliativa, que quer dizer ‘que envolve’, ‘que protege’, que não deixe ninguém só. E que, nem em termos de comportamento ou em termos legais se faça o contrário e se entre numa rampa deslizante que nos levaria muito mal e muito longe – no sentido mais negativo do termo. Estejamos onde Jesus está, em todas as fronteiras da vida de uma convivência completa”, exortou D. Manuel Clemente, deixando o apelo para que “ninguém desista de viver porque nós nunca desistiremos de conviver”. “Assim, o Reino de Deus acontece e completa-se em cada ato de caridade porque a caridade nunca acabará”, reforçou.

“Valor mais alto”
Segundo o Cardeal-Patriarca, é precisamente o “valor mais alto a defender, o valor primeiríssimo de tudo, o valor da vida” que também está na origem da suspensão das Missas com a presença de fiéis. Através da transmissão da celebração pela TVI, D. Manuel Clemente afirmou que os cristãos “acreditam no Deus da Vida e, por isso mesmo, a vida tem que ser defendida em todas as circunstâncias, muito especialmente agora em que somos tão atacados por esta terrível pandemia, com esta grande expansão de contágios que temos que estancar o melhor que pudermos e soubermos, para assim apoiarmos todos aqueles que estão na primeira linha de combate e que levam por diante esta luta”.

A realidade do Reino de Deus
Na homilia da celebração, o Cardeal-Patriarca refletiu sobre as palavras de Jesus, proferidas no Evangelho da celebração – ‘Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus’ –, para mostrar que o Reino de Deus acontece, hoje, na adesão a Jesus. “Se quisermos saber o que é o Reino que Jesus afirma, olhemos para Jesus, (...) para a sua atenção a tudo e a todos, e nas mais diversas circunstâncias, em todo o leque da existência de cada um, da conceção à morte natural. É assim que Deus reina neste mundo. Não é uma realidade política, não é uma realidade de qualquer outra ordem que não seja esta que acontece nos corações e que depois se manifesta nas vidas e nos comportamentos renovados”, assegurou.

Tempo completo
De seguida, D. Manuel Clemente questionou os fiéis sobre “como é que o Reino acontece e o tempo se completa” e afirmou que esta Palavra – neste Domingo especialmente dedicado à Palavra de Deus – “é para agora e nas atuais circunstâncias tão difíceis que atravessamos, onde tanta gente morre, trata e cuida daqueles que pode tratar, alargando ao máximo a sua disponibilidade e capacidade”. O tempo completa-se agora “porque é vivido plenamente, solidariamente, numa solidariedade total, fazendo ou deixando de fazer conforme o interesse e o bem dos outros”, afirmou o Cardeal-Patriarca, concretizando em alguns exemplos. “Aí mesmo, na vossa casa, onde agora há um cuidado para quem precisa de cuidado, onde pode haver um telefonema para quem esteja só e precise de uma voz amiga, onde pode haver uma transmissão telemática para estarmos com os outros, onde pode haver um momento de boa vontade reforçada para que aquele irmão ou irmã que esteja triste fique alegre, onde pode haver um gesto de boa vontade... Aí, o Reino acontece e o tempo completa-se. É um tempo completo porque a caridade nunca acabará”, afirmou. “Quando acontece isto em todos os patamares da vida social e política, então o Reino acontece porque as coisas de Jesus continuam a acontecer e as coisas de Jesus são coisas finais, tempos completos e vidas realizadas. Estejamos deste lado e não deixemos que ninguém desista de viver porque nós nunca desistiremos de conviver, de estar com os outros”, apelou D. Manuel Clemente. 

Proximidade
No final da celebração, o Cardeal-Patriarca dirigiu-se a quem assistia à transmissão, em direto, na TVI, para assegurar a proximidade de “todos os sacerdotes deste país” que, “embora não podendo celebrar com o povo”, “celebram pelo povo”. “E como só a caridade explica esta atuação, neste momento tão difícil para nós, a eficácia não será menor, poderá mesmo ser maior”, prosseguiu. “Mesmo aqueles que, nas suas casas, comungam espiritualmente, não comungam menos realmente, porque é assim que comungam com Cristo para que o bem de todos seja garantido”, afirmou D. Manuel Clemente, assegurando que “a oração da Igreja e a presença dos crentes” é já uma realidade visível “em todas as frentes da luta contra esta pandemia”. “O Reino de Deus começa onde Cristo está e onde Cristo, na vida dos cristãos, agora se desdobra em tantas orações e atuações que realmente salvam”, frisou.

Patriarcado de Lisboa

A pesca e o anzol

 

Hoje, na homilia, o Pe Patrício, nosso Pároco da Marinha Grande, (via Youtube), numa imagem bem disposta, falou-nos de sermos pescadores de homens e de como o “homem pescado” poderia “sofrer” por causa do “anzol nas beiças”.

A imagem era apenas um exercício de bom humor, mas fez-me reflectir nesta pesca de homens em que podemos ser pescadores mas também “pescados por um anzol”, só que este é um “anzol de amor”, é o “anzol” da Palavra de Deus, o “anzol” do encontro pessoal com Cristo.

E, depois, pensei, (quem já pescou à linha sabe-o bem), que o peixe despois de “fisgado” pelo anzol, debate-se e tenta livrar-se do anzol.

Claro, este anzol da pesca faz sofrer o peixe, tenta tirá-lo da água, e sem água o peixe morre, por isso, ele se debate para se libertar.

Connosco, ao contrário, o “anzol de amor”, o “anzol da Palavra”, o “anzol do encontro pessoal com Cristo”, não nos magoa, não nos quer retirar da água, pelo contrário, dá alívio às nossas “dores”, e quer mergulhar-nos na água que jorra do lado aberto de Cristo.

Só que, muitas vezes, tal como os peixes, nós debatemo-nos e queremos livrar-nos desse “anzol”, porque não queremos mudar, porque ainda não percebemos, (mas também não queremos perceber), porque ainda não nos entregámos nas mãos dAquele que nos quer dar a vida, para sermos “pescados” e também “pescadores”.

Por mim, Senhor, espero e desejo que o Teu “anzol” esteja tão fundo no meu coração, no meu tudo, que nunca dele me possa libertar, porque assim sei que viverei na água do Baptismo que me deste e que me dá a vida todos os dias, para sempre.

 

 Marinha Grande, 24 de Janeiro de 2021

Joaquim Mexia Alves

Francisco: "A Palavra de Deus é a carta de amor escrita para nós"

 

 Santa Missa no Domingo da Palavra de Deus, celebrada por, D. Rino Fisichella 

 

O Papa Francisco não presidiu a missa do Domingo da Palavra de Deus, devido a uma dolorosa ciatalgia. A homilia preparada pelo Santo Padre foi lida pelo presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização Dom Rino Fisichella, que presidiu a celebração eucarística no Altar da Basílica Vaticana

Jane Nogara - Vatican News

A Solenidade deste 2º Domingo da Palavra de Deus, 24 de janeiro, não foi presidida pelo Papa Francisco devido a uma dolorosa ciatalgia. A homilia preparada pelo Santo Padre foi lida por Dom Rino Fisichella.

Na sua homilia Francisco destaca que neste Domingo da Palavra, ouvimos Jesus anunciar o Reino de Deus e o texto desenvolve~se em dois tópicos: Vejamos o que diz e a quem o diz.

O que diz. Jesus começa a pregar assim: ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo’. Deus está perto: é a primeira mensagem”. “O tempo da distância acabou, quando Se fez homem em Jesus. Desde então, Deus está muito perto, nunca Se separará nem Se cansará da nossa humanidade”. “Antes de qualquer palavra nossa sobre Deus, está a sua Palavra para nós, que continua a dizer-nos: ‘Não tenhas medo, estou contigo. Estou perto de ti e continuarei a estar’.

“A Palavra de Deus permite-nos tocar com a mão esta proximidade, já que ela não está longe de nós, antes está muito perto do nosso coração. É o antídoto contra o medo de enfrentar a vida sozinho”

Palavra de conversão

“Com efeito o Senhor, através da sua Palavra, consola, isto é, permanece com quem está . Falando conosco, lembra-nos que estamos no seu coração, somos preciosos aos seus olhos, estamos guardados na palma das suas mãos. A Palavra de Deus infunde esta paz, mas não deixa em paz. É Palavra de consolação, mas também de conversão.

“"Convertei-vos”: acrescenta Jesus imediatamente depois de ter proclamado a proximidade de Deus, porque com a sua proximidade acabou o tempo de deixarmos à distância Deus e os outros, acabou o tempo em que cada um só pensa em si e avança por conta própria.”

Isto não é cristão, porque a pessoa que experimenta a proximidade de Deus não pode colocar à distância o próximo, não pode deixá-lo distante na indiferença”.

“Assim a Palavra, semeada no terreno do nosso coração, leva-nos a semear esperança através da proximidade. Precisamente como Deus faz conosco”.

A quem fala Jesus

Na segunda parte da homilia do Papa Francisco, dom Rino Fisichella lê a quem fala Jesus.

“Dirige-Se, em primeiro lugar, a pescadores da Galileia. Eram pessoas simples, que viviam do trabalho das suas mãos labutando duramente noite e dia. Não eram especialistas na Sagrada Escritura, nem se salientavam certamente por ciência e cultura”. (…) Mas Jesus começa de lá: não do centro, mas da periferia. E fá-lo também para nos dizer que ninguém fica marginalizado no coração de Deus. Todos podem receber a sua Palavra e encontrá-Lo pessoalmente”.

“Dirige-se às pessoas nos lugares e momentos mais comuns. Tal é a força universal da Palavra de Deus, que alcança a todos em cada uma das áreas da sua vida”

“Mas a Palavra também tem uma força individual, isto é, incide sobre cada um de maneira direta, pessoal”.

Jesus “não os atrai com discursos elevados e inacessíveis, mas fala às suas vidas: a pescadores de peixes diz que serão pescadores de homens”. “Jesus chama-os partindo da sua vida: ‘Sois pescadores, tornar-vos-eis pescadores de homens’”.

“É assim que o Senhor procede conosco: procura-nos onde estamos, ama-nos como somos e, pacientemente, acompanha os nossos passos”

Concluindo a sua homilia Francisco escreveu:

“Por isso, queridos irmãos e irmãs, não renunciamos à Palavra de Deus. É a carta de amor escrita para nós por Aquele que nos conhece como ninguém: lendo-a, voltamos a ouvir a sua voz, vislumbramos o seu rosto, recebemos o seu Espírito”.

E aconselhou:

“Coloquemos o Evangelho num lugar onde nos lembremos de o abrir diariamente, talvez no começo e no fim do dia, de tal modo que, no meio de tantas palavras que chegam aos nossos ouvidos, qualquer versículo da Palavra de Deus chegue ao coração”.

“Neste Ano Litúrgico, estamos a ler o Evangelho de Marcos, o mais simples e curto. Por que não fazê-lo também em privado, meditando uma pequena passagem em cada dia? Far-nos-á sentir próximo o Senhor que infundirá coragem no caminho da vida”.

VN