30 abril 2023

Papa: um futuro de esperança, não de guerra, cheio de berços, não de túmulos

 
No altar na Praça Kossuth Lajos, Papa diante do ícone de Nossa Senhora  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)
 
Antes de rezar o Regina Coeli, o Papa pediu à Rainha da Paz para infundir "nos corações dos homens e dos líderes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros."
 

Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

“Um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros.”

Em pé, mas idealmente de joelhos diante do ícone de Nossa Senhora Magna Domina Hungarorum, venerada como protetora e padroeira da Hungria, o Papa eleva uma súplica universal à Mãe de Deus por um continente, o europeu, dilacerado por conflitos, divisões, tensões, perspetivas nefastas para o futuro.

Virgem Santa, olhai para os povos que mais sofrem. Olhai sobretudo para o vizinho povo ucraniano martirizado e para o povo russo, a Vós consagrados. Vós sois a Rainha da paz.

A causa da paz

Francisco reza o Regina Caeli com os 50 mil fiéis reunidos na Praça Kossuth Lajos, em Budapeste, último evento da manhã de domingo antes de seguir para a Nunciatura. Antes da oração mariana, ele dirige-se a Nossa Senhora. Ao seu Imaculado Coração, em 25 de março de 2022, consagrou a Rússia e a Ucrânia, implorando o fim do conflito. Agora volta a pedir a sua intercessão:

A partir desta grande cidade e deste nobre país, quero colocar no seu Coração a fé e o futuro de todo o Continente Europeu, sobre o qual tenho pensado nestes dias, e de modo particular na causa da paz.

Virgem Santa - é a súplica do Bispo de Roma - "infundi nos corações dos homens e dos líderes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros”.

Reunião de diferentes religiões

A fraternidade, portanto, é o caminho que o Papa indica para prevenir as tragédias que tornam o mundo instável. A mesma fraternidade da qual são exemplo as religiões e confissões cristãs da Hungria:

Obrigado pela vossa presença! E obrigado porque, neste país, diferentes Confissões e religiões encontram-se e se apoiam mutuamente. 

Aqui, acrescenta o Pontífice, citando as palavras do cardeal Peter Erdö, arcebispo de Esztergom-Budapeste, “vive-se na fronteira oriental do cristianismo ocidental, há mil anos":

É belo que as fronteiras não representem confins que separam, mas áreas de contacto; e que os crentes em Cristo ponham em primeiro lugar a caridade que une e não as diferenças históricas, culturais e religiosas que dividem. Une-nos o Evangelho e é voltando lá, às fontes, que o caminho entre os cristãos continuará segundo a vontade de Jesus, Bom Pastor que nos quer unidos num só rebanho.

Oração pela Igreja europeia

O Papa Francisco reza, portanto, pela Igreja de toda a Europa "para que reencontre a força da oração" e redescubra em Maria "a humildade e a obediência, o ardor do testemunho e a beleza do anúncio".

Daí as saudações à presidente Katalin Novák, ao primeiro ministro Viktor Orbán - ambos sentados nas primeiras filas -, bem como aos bispos e pessoas consagradas e a todo o querido povo húngaro "pelo acolhimento e afeto que senti nestes dias: "Aproximando-se agora o momento de regressar a Roma, desejo expressar o meu reconhecimento...", diz o Papa Francisco, acrescentando:

Exprimo a minha gratidão a quantos vieram de longe e a quem trabalhou tanto e tão bem para esta visita. A todos digo: obrigado; Deus vos recompense.

Gratidão aos húngaros

Uma recordação especial vai para os doentes e idosos, para "quem se sente sozinho e quantos perderam a fé em Deus e a esperança na vida. Estou unido convosco, rezo por vós e vos abençoo."

Por fim, o desejo para que possa “espalhar a alegria de Cristo” e o agradecimento pelos três dias passados ​​na capital húngara: “Levo-vos no coração e peço que rezeis por mim”.

Isten éltessen! [Felicidades] Isten áld meg a magyart! [Deus abençoe os húngaros!]

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Francisco na Hungria: como Jesus, sejamos portas abertas

 

O Papa Francisco saúda os fiéis presentes na praça Kossuth Lajos após a Santa Missa  (Vatican Media)

Neste quarto domingo da Páscoa, o Papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Praça Kossuth Lajos, com a presença de milhares de fiéis húngaros

 

Irmã Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News

"É isto o que faz um bom pastor: dá a vida pelas suas ovelhas." Com estas palavras inspiradas pelo evangelho de São João, neste quarto domingo do tempo pascal que o Papa iniciou a sua homilia durante a Santa Missa presidida na Hungria para uma multidão de fiéis. 

A imagem do bom Pastor guiou a reflexão do Santo Padre que ressaltou duas ações que Jesus, segundo o evangelho, realiza pelas suas ovelhas: chama-as e depois fá-las sair.

"Irmãos e irmãs, estando aqui esta manhã, sintamos a alegria de ser povo santo de Deus: todos nascemos do seu chamamento; foi Ele que nos convocou e, por isso, somos o seu povo, o seu rebanho, a sua Igreja. Reuniu-nos aqui para que, embora sendo diversos entre nós e pertencendo a comunidades diferentes, a grandeza do seu amor nos reúna a todos num único abraço." Deste modo, em primeiro lugar o Senhor chama as suas ovelhas, disse Francisco, convidando o povo a recordar o sentido da catolicidade e a fazer memória agradecida, do amor de Jesus por nós. 

“Todos nascemos do Sru chamamento”

A segunda ação então seria, segundo o Pontífice, o movimento de saída. E o ilustra com a imagem da porta: "Este movimento – entrar e sair –, podemos captá-lo a partir doutra imagem que Jesus utiliza: a da porta. Diz Ele: «Eu sou a porta. Se alguém entrar por Mim, estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem» (Jo 10, 9). Ouçamos com atenção isto: há-de entrar e sair. Por um lado, Jesus é a porta que se abriu de par em par a fim de nos fazer entrar na comunhão do Pai e experimentar a sua misericórdia; mas, como todos sabem, uma porta aberta serve não só para entrar, mas também para sair do lugar onde nos encontramos".

“Jesus é a porta que nos faz sair para o mundo”

Assim, no final de sua homilia, o Santo Padre mais uma vez destacou que o movimento de viver "em saída" significa tornar-me como Jesus, uma porta aberta. E exortou: 

"Por favor, abramos as portas! Procuremos ser também nós – com as palavras, os gestos, as atividades quotidianas como Jesus: uma porta aberta, uma porta que nunca se fecha na cara de ninguém, uma porta que a todos permite entrar para experimentar a beleza do amor e do perdão do Senhor."

VN

O Papa: a fé faz-nos sair ao encontro dos pobres e a falar a linguagem da caridade

 
O Papa Francisco no encontro com os pobres e refugiados na Igreja de Santa Isabel, na
Hungria
 
"A linguagem da caridade. Foi a língua falada por Santa Isabel, por quem este povo tem grande devoção e estima", disse Francisco no seu discurso, ressaltando que Santa Isabel da Hungria "não só gastou os seus bens, mas também a sua vida em favor dos últimos, dos leprosos, dos doentes até ao ponto de tratar deles pessoalmente e carregá-los nas costas. Esta é a linguagem da caridade".
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco encontrou-se com os pobres e os refugiados, na Igreja de Santa Isabel, em Budapeste, na Hungria, na manhã deste sábado (29/04), no âmbito da sua 41° viagem apostólica internacional.

"Os pobres e os necessitados – nunca o esqueçamos – estão no coração do Evangelho: de facto, Jesus veio «anunciar a Boa-Nova aos pobres». Assim eles indicam-nos um desafio apaixonante, para que a fé que professamos não fique prisioneira de um culto distante da vida, nem se torne presa de uma espécie de «egoísmo espiritual», isto é, de uma espiritualidade que eu mesmo construo à medida da minha tranquilidade interior e da minha satisfação", disse o Papa.

Santa Isabel sentiu o desejo de cuidar dos necessitados

Segundo Francisco, "a verdadeira fé é aquela que desinquieta, que arrisca, que faz sair ao encontro dos pobres e nos torna capazes de falar, com a vida, a linguagem da caridade".

 

Músicos ciganos tocam para o Papa na Igreja de Santa Isabel em Budapeste

A linguagem da caridade. Foi a língua falada por Santa Isabel, por quem este povo tem grande devoção e estima. Ao chegar esta manhã, vi na praça a sua estátua, com o sopé que a representa enquanto recebe o cordão da ordem franciscana e, contemporaneamente, oferece água a um pobre para lhe matar a sede. Santa Isabel, filha de um rei, crescera no conforto da vida da corte, num ambiente luxuoso e privilegiado; e contudo, tocada e transformada pelo encontro com Cristo, bem depressa sentiu que devia rejeitar as riquezas e vaidades do mundo, advertindo o desejo de se despojar delas e cuidar dos necessitados.

“Assim, não só gastou os seus bens, mas também a sua vida a favor dos últimos, dos leprosos, dos doentes até ao ponto de tratar deles pessoalmente e carregá-los nas costas. Esta é a linguagem da caridade.”

Acolhimento dos refugiados da Ucrânia

A seguir, o Papa comentou alguns testemunhos que ouviu antes do seu discurso. Sobre o que disse Brigitta, Francisco ressaltou que ela "experimentou a proximidade do Senhor graças à Igreja greco-católica, a tantas pessoas que se prodigalizaram para a ajudar, encorajar, encontrar um emprego e sustentá-la nas necessidades materiais e no caminho da fé. Eis o testemunho que nos é pedido: a compaixão para com todos, especialmente por quantos estão marcados pela pobreza, a doença e o sofrimento. Precisamos de uma Igreja que fale fluentemente a linguagem da caridade, idioma universal que todos escutam e compreendem, mesmo os mais afastados, mesmo aqueles que não acreditam".

E a propósito exprimo a minha gratidão à Igreja húngara pelo compromisso posto na caridade, um compromisso capilar: ela criou uma rede que liga muitos agentes pastorais, muitos voluntários, as caritas paroquiais e diocesanas, mas também grupos de oração, comunidades de fiéis, organizações pertencentes a outras Confissões, mas unidas na comunhão ecuménica que brota da caridade.

“Obrigado pela forma como vocês acolhem – não só com generosidade, mas também com entusiasmo – tantos refugiados da Ucrânia.”

A caridade preocupa-se com a pessoa e deseja reerguê-la

A seguir, o Papa comentou o testemunho de Oleg e a sua família, refugiados ucranianos na Hungria, onde Oleg trabalha como cozinheiro e encontrou hospitalidade generosa.

 

O Papa Francisco no encontro com os pobres e refugiados na Igreja de Santa Isabel da Hungria

"A lembrança do amor recebido reacende a esperança, encoraja a empreender novos caminhos de vida. Com efeito, mesmo na tribulação e no sofrimento, encontra-se coragem para continuar quando se recebeu o bálsamo do amor: é a força que ajuda a acreditar que nem tudo está perdido e que é possível um futuro diferente", disse ainda o Santo Padre.

Infelizmente, também aqui muitas pessoas estão literalmente privadas de um teto: muitas irmãs e irmãos marcados pela fragilidade – sozinhos, com várias limitações físicas e mentais, destruídos pelo veneno das drogas, saídos da prisão ou abandonados porque idosos – são afetados por formas graves de pobreza material, cultural e espiritual, e não têm um teto e uma casa para morar.

Zoltàn, diácono, e a sua esposa Ana também deram o seu testemunho acerca desta grande chaga que os levou, com coragem e generosidade, graças à ação do Espírito Santo, a construir um centro para acolher as pessoas sem-teto.  A pessoa "renasce quando experimenta que, aos olhos de Deus, é amada e abençoada. Isto vale para toda a Igreja: não basta dar o pão que alimenta o estômago, é preciso nutrir o coração das pessoas! A caridade não é mera assistência material e social, mas preocupa-se com a pessoa inteira e deseja reerguê-la com o amor de Jesus: um amor que ajuda a readquirir beleza e dignidade".

 

VN

28 abril 2023

O Papa em Budapeste: cidade de história, de pontes e de santos

 
Papa Francisco cumprimenta a Presidente Katalin Novák na sua segunda visita à Hungria  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)
 
No primeiro dia da sua viagem à capital da Hungria, o Papa Francisco ressaltou os valores cristãos testemunhados pelo povo até aos dias de hoje. No seu discurso às autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, relembrou a história, o simbolismo das pontes e a vida dos santos, da cidade "chamada a ser protagonista do presente e do futuro"
 

Irmã Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News

É o primeiro dia da visita do Papa Francisco à "pérola do Danúbio". O Pontífice partiu esta manhã para a capital da Hungria, Budapeste, cidade que fica às margens do rio Danúbio, que divide a cidade em duas partes.

O  acolhimento

Ao chegar à capital, o Papa foi acolhido por algumas autoridades civis e locais e duas crianças com trajes típicos e foi-lhe oferecido pão e sal, como símbolos do acolhimento. Na Europa Central costuma-se acolher o Sucessor de Pedro com este presente, como aconteceu também em 2021 em Bratislava durante a visita do Papa Francisco à Eslováquia. O pão em sinal do trabalho partilhado do homem e o sal, símbolo da hospitalidade como o sal do evangelho. Formando ainda um corredor, acenando com bandeiras com as cores da Hungria e do Vaticano, havia um grupo de crianças e adolescentes. Após o breve momento de apresentação e de acolhimento, dirigiu-se para o Palácio Sándor, residência oficial do Presidente da República da Hungria desde janeiro 2003.

Neste local, após a cerimónia de acolhimento no ingresso do palácio, houve um momento de encontro privado, troca de presentes e apresentação da família da presidente Katalin Novák ao Santo Padre. Logo após, encontraram-se com o Primeiro Ministro da República da Hungria, Victor Orbán, e dirigiram-se ao antigo Mosteiro Carmelita, onde hoje funciona a sede do governo húngaro. 

Deus o trouxe até nós

Na Sala Maria Teresa, do palácio Sándor, estavam reunidas cerca de 200 pessoas, entre autoridades políticas, religiosas, corpo diplomático, e representantes da sociedade civil e da cultura. Ali, palavras de acolhimento foram proferidas pela presidente húngara: "Bem-vindo! em húngaro diz: Isten hozta!  O que significa literalmente: Deus trouxe-o até nós!", disse a presidente, que iniciou a sua saudação expressando o seu contentamento e desejo pela paz, vendo na visita do Santo Padre um momento de graça. "A visita de Vossa Santidade a Budapeste é "kairos”. A hora e o lugar certo para encontrar-se, para tocar os sinos, para proclamar uma paz justa. Deus reúne na hora certa e infunde força naqueles que confiam no poder do amor, da unidade e da paz."

VN

“MOMENTO SAMUEL” *


 
 
Acordo de madrugada, muito cedo, ou és Tu que me acordas, nunca sei bem.
Acreditando que és Tu que me acordas, (assim é mais fácil não me incomodar por não conseguir dormir), começo a falar conTigo, ou seja, começo a rezar.

E dou-Te graças pela cama em que estou deitado, pelo seu aconchego, pela sua comodidade, pedindo logo por aqueles que não têm nem cama, nem quarto, nem casa sequer, cujo colchão é o empedrado duro de uma qualquer rua e os limites do quarto são as paredes dos prédios a que se encostam.

Depois sinto as dores nas costas, (coisas da idade), e dou-Te graças por elas e ofereço-tas por aqueles que sofrem incomparavelmente mais nas camas dos hospitais, nas suas casas, no seu dia a dia.

Percebo na casa em que vivo a presença da família, e dou-Te graças por ela, por aqueles que me deste e com quem partilho a minha vida e peço-Te por aqueles que estão sós, abandonados, nas suas casas, nos lares e, tantas vezes, nas ruas.

Começo as minhas orações de cada dia, (ai a rotina, meu Deus, que faz as minhas orações “frias”), e vou pedindo por todos os que colocas no meu coração e, nesses todos, todos os que não conheço mas precisam das orações, também.

Peço ao meu Anjo da Guarda que se una aos Anjos da Guarda daqueles por quem rezo e assim unidos em louvor, peçam por nós a Deus, segundo a Sua vontade.

Peço também aos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael que me protejam e protejam todos aqueles por quem peço, do mal e das tentações.

Abro ainda mais o coração e chamo pela Mãe do Céu, para que Ela receba todas as minhas orações no seu colo e as leve ao seu Filho que, se calhar, lhe responde «Mulher, que tem isso a ver comigo?» (cf Jo 2, 4), mas depois lá lhe faz a vontade, segundo a Sua vontade.
Claro que logo a seguir A ouço dizer-me baixinho: «Faz tudo o que Ele te disser!» (cf Jo 2, 5)

Já que estou a falar com a Mãe, levo a minha mão à mesa de cabeceira e pego no terço, para o ir recitando no silêncio da noite.
Os Mistérios sucedem-se numa cadência serena, não há muita meditação, mas a cada Avé Maria rezada sinto o afago da Mãe, a cada Pai Nosso sinto-me ao colo do Pai, a cada Glória o Filho e o Espírito Santo tomam conta de mim e, de mão dada, levam-me a continuar em oração.

Lentamente os olhos interiores vão-se fechando, o ímpeto da oração vai diminuindo, a tranquilidade vai tomando conta de mim, o sono vai abrindo caminho e, como está findo o Rosário, vou-me deixando levar.

Sinto-me criança ao colo do Pai, de mão dada com o Filho, envolto no Espírito Santo, enquanto a Mãe, com um largo sorriso, vai olhando para nós.

Parece-me ouvir os Três a cantar, (não sabia que Deus cantava!), com a Mãe a acompanhar:

Dorme, meu menino,
repousa agora,
és sempre para Nós pequenino
e tomamos conta de ti
sempre e a toda a hora.

E eu vou repetindo baixinho, embalado no sono divino:
Obrigado, meu Deus, obrig………



Marinha Grande, 27 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves


Nota: * sem qualquer comparação, pobre de mim, chamo a estes momentos que vou tendo “momentos Samuel” lembrando-me de 1 Sm 3, 1-10

 

26 abril 2023

O Papa: os monges e monjas levam adiante a Igreja com a sua intercessão

 
O  Papa Francisco durante a Audiência Geral  (Vatican Media)
 
Na catequese desta quarta-feira, o Papa citou São Gregório de Narek, Doutor da Igreja, como exemplo de intercessor pelos outros. Francisco disse que "o coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos".
 

Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre as testemunhas do zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira (26/04), realizada na Praça de São Pedro.

"Começamos por São Paulo e, da última vez, vimos os mártires, que anunciam Jesus com a vida, ao ponto de a entregar por Ele e pelo Evangelho", disse o Pontífice, ressaltando que "existe outro grande testemunho que atravessa a história da fé: o das monjas e dos monges, irmãs e irmãos que renunciam a si e ao mundo para imitar Jesus no caminho da pobreza, da castidade, da obediência e para interceder em favor de todos".

Segundo o Papa, "os monges são o coração pulsante do anúncio: a sua oração é oxigênio para todos os membros do Corpo de Cristo, é a força invisível que sustenta a missão".

"Não é por acaso", recordou Francisco, "que a padroeira das missões é uma monja, Santa Teresa do Menino Jesus" que entendeu que «só o amor impele os membros da Igreja à ação». Descobriu que «o amor abarca em si todas as vocações». «Ó Jesus, meu amor, finalmente encontrei a minha vocação. A minha vocação é o amor. No coração da Igreja, minha mãe, serei o amor», escreveu ela.

Este amor por todos anima a vida dos monges e traduz-se na sua oração de intercessão. A tal respeito, gostaria de citar como exemplo São Gregório de Narek, Doutor da Igreja. É um monge arménio, que viveu por volta do ano 1000 e deixou-nos um livro de orações, no qual foi derramada a fé do povo arménio, o primeiro que abraçou o cristianismo; um povo que, apegado à cruz de Cristo, sofreu muito ao longo da história.

"São Gregório passou quase toda a sua vida no mosteiro de Narek. Ali aprendeu a perscrutar as profundezas da alma humana e, fundindo poesia e oração, alcançou o auge tanto da literatura como da espiritualidade arménia", disse ainda Francisco.

Segundo o Papa, "o aspeto que mais impressiona nele é exatamente a solidariedade universal de que é intérprete".

Entre os monges e monjas existe uma solidariedade universal. Qualquer coisa que acontece no mundo encontra lugar nos seus corações e eles rezam. O coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos.

Como Jesus, os monges e monjas "carregam sobre si os problemas do mundo, as dificuldades, as doenças e muitas coisas e rezam por eles. Estes são os grandes evangelizadores. Com a palavra, o exemplo, a intercessão e o trabalho quotidiano eles são ponte de intercessão para todas as pessoas e pelos pecados. Eles choram pelos seus pecados, porque todos somos pecadores, e choram pelos pecados do mundo e rezam e intercedem".

"Far-nos-á bem visitar um mosteiro porque ali rez-se e trabalha-se. Cada um tem a sua regra, mas ali as mãos estão sempre ocupadas com o trabalho e com a oração. Que o Senhor nos dê novos mosteiros, monges e monjas que levam adiante a Igreja com a sua intercessão", concluiu o Papa.

VN

VIVER!

 

 

 

É uma onda que nunca acaba
um vento que não pára de soprar
um sol que não cessa de aquecer
um rio que não esgota no mar
uma montanha que não me canso de subir

um caminho que sempre quero percorrer
um milagre que me é dado ver
um sopro que me faz respirar
uma flor sempre a desabrochar
uma ave que se lança a voar
um leão de quem se ouve o rosnar
um silêncio que nos faz aquietar
uma alegria que afasta a tristeza
um bálsamo que acalma a dor
um sonho feito certeza
um sentimento repleto de amor
uma estrada percorrida
uma meta atingida
um salto no infinito
um suspiro que é um grito
um sorriso que abafa o pranto
um tempo em felicidade
uma certeza de vida
no Pai,
no Filho,
no Espírito Santo.



Monte Real, 26 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves

23 abril 2023

Francisco recordaa sua viagem à Hungria, centro de uma Europa atingida pelos ventos da guerra

 
 Os fiéis na Praça de ão Pedro, durante o Regina Coeli  (Vatican Media)
 
Após a oração do Regina Coeli, o Papa recordou a sua próxima viagem apostólica, de 28 a 30 de abril, a Budapeste, para completar a visita de 2021. Lembrou também o conflito na Ucrânia, que aflige muitos irmãos e irmãs. 
 

Mariangela Jaguraba – Vatican News

Após a oração do Regina Coeli, deste domingo (23/04), o Papa Francisco recordou que na próxima sexta-feira (28/04), irá a Budapeste, na Hungria, por três dias para completar a viagem feita, em 2021, para o Congresso Eucarístico Internacional.

Será também uma viagem ao centro da Europa onde continuam a soprar os ventos gelados da guerra enquanto os deslocamentos de tantas pessoas trazem para a agenda questões humanitárias urgentes.

A seguir, Francisco dirigiu-se"com afeto", aos "irmãos e irmãs húngaros, na expetativa de visitá-los como peregrino, amigo e irmão de todos e encontrar as suas Autoridades, os Bispos, os sacerdotes, os consagrados, os jovens, os estudantes universitários e os pobres".

Eu sei que vocês estão a preparar a minha visita com muito empenho. Agradeço-vos de coração por isso. Peço a todos que me acompanhem com a oração, nesta viagem.

A seguir, o Papa pediu para não nos esquecermos "dos nossos irmãos e irmãs ucranianos, afligidos pela guerra".

O programa da viagem

A partida do voo papal de Fiumicino está marcada para as 8h10 da sexta-feira, 28 de abril, e cerca de duas horas depois Francisco pousará no aeroporto internacional de Budapeste. Às 11h, haverá o momento das boas-vindas oficiais na praça do Palácio "Sándor", residência da presidente húngara, Katalin Éva Novák. A seguir, haverá os encontros protocolares com o chefe de Estado, o primeiro-ministro, Viktor Orban, e com as autoridades e representantes da sociedade civil e o corpo diplomático. O dia será concluido com o encontro do Papa com o clero, os consagrados, religiosas e seminaristas na Catedral de Santo Estêvão, às 17h.

A manhã do segundo dia terá como fulcro dois momentos, entre os quais a visita privada do Papa às 8h45 às crianças cegas hospedadas no instituto "Beato László Batthyány-Strattmann" - nome em homenagem ao oftalmologista húngaro beatificado em 2003 – e a seguir, o encontro com os pobres e refugiados na Igreja de Santa Isabel da Hungria. Haverá também dois encontros na parte da tarde: às 16h30, o encontro com os jovens no ginásio esportivo "László Papp Budapest Sports Arena", e às 18h, na nunciatura, o encontro privado com os confrades da Companhia de Jesus. No domingo, 30 de abril, será o momento da Santa Missa, que Francisco presidirá às 9h30 na Praça Kossuth Lajos, que será concluída com a oração do Angelus. Depois, na parte da tarde, às 16h, o encontro com os representantes do mundo universitário e da cultura antes da partida para Roma. A descolagem está prevista para as 18h e a chegada ao aeroporto de Fiumicino às 19h55.

VN

O Papa: é importante reler a história da nossa vida junto com Jesus

 
 
No Regina Coeli, Francisco recordou que neste III Domingo de Páscoa, "o Evangelho narra o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús". Enfatizou a importância de "reler a nossa história junto com Jesus" e a fazer, todas as noites, um exame de consciência, retirando as defesas.
 

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Regina Coeli, deste domingo, 23 de abril, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice recordou que neste III Domingo de Páscoa, "o Evangelho narra o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús".

"São dois discípulos que, resignados com a morte do Mestre, no dia de Páscoa decidem deixar Jerusalém e voltar para casa. Talvez estivessem um pouco inquietos porque ouviram as mulheres que vieram do Sepulcro. Enquanto caminham tristes conversando sobre o ocorrido, Jesus une-se a eles, mas eles não o reconhecem", sublinhou o Papa.

Jesus "pergunta por que estão tão tristes, e eles dizem-lhe: «És tu por acaso, o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?»" O Senhor pergunta: "O quê? E eles contam-lhe toda a história. Jesus deixa-lhes contar. Enquanto caminham, ajuda-os a reler os factos de uma maneira diferente, à luz das profecias, da Palavra de Deus, de tudo o que foi anunciado ao povo de Israel. Reler: é o que Jesus faz com eles, ajuda a reler", disse Francisco, detendo-se neste aspeto.

Com efeito, também para nós é importante reler a nossa história junto com Jesus: a história da nossa vida, de um determinado período, dos nossos dias, com as desilusões e esperanças. Por outro lado, também nós, como aqueles discípulos, diante do que nos acontece podemo-nos encontrar perdidos diante dos eventos, sozinhos e incertos, com muitas perguntas, preocupações, desilusões e muitas coisas.

O Evangelho deste domingo "convida-nos a contar tudo a Jesus, com sinceridade, sem medo de incomodá-lo, Ele escuta, sem medo de dizer coisas erradas, sem nos envergonharmos da nossa dificuldade para entender". Segundo o Papa, "o Senhor fica feliz quando nos abrimos a Ele; só assim pode tomar-nos pela mão, acompanhar-nos e fazer arder novamente o nosso coração. Então também nós, como os discípulos de Emaús, somos chamados a passar algum tempo com Ele para que, ao anoitecer, Ele permaneça connosco".

A seguir, o Pontífice propôs uma bela maneira de fazer isso: "dedicar algum tempo, todas as noites, a um breve exame de consciência". Perguntar-se: "O que aconteceu hoje dentro de mim?"

Trata-se de reler o dia com Jesus: abrir-lhe o coração, levar-lhe as pessoas, as escolhas, os medos, as quedas e as esperanças; todas as coisas que aconteceram, para aprender gradualmente a olhar as coisas com outros olhos, com os seus olhos e não apenas com os nossos. Podemos assim reviver a experiência daqueles dois discípulos. Diante do amor de Cristo, até o que parece cansativo e malsucedido pode aparecer sob outra luz: uma cruz difícil de abraçar, a escolha do perdão diante de uma ofensa, uma vingança fracassada, o cansaço do trabalho, a sinceridade que custa, as provações da vida familiar poderão aparecer-nos sob uma luz nova, a luz do Crucificado Ressuscitado, que sabe fazer de cada queda um passo adiante.

"Mas para isso", sublinhou Francisco, "é importante retirar as defesas: deixar tempo e espaço para Jesus, não lhe esconder nada, levar-lhe as misérias, deixar-se ferir pela sua verdade, deixar o coração vibrar ao sopro da sua Palavra".

Podemos começar hoje, dedicando esta noite um momento de oração durante o ququestionarmo-nos: como foi o meu dia? Quais as alegrias, as tristezas, as coisas chatas? Como foi? O que aconteceu? Quais foram as tuas pérolas do dia, talvez escondidas, pelas quais agradecer? Houve um pouco de amor no que eu fiz? Quais são as quedas, as tristezas, as dúvidas e medos para levar a Jesus a fim de que Ele me abra novos caminhos, me levante e me encoraje?

"Que Maria, Virgem sábia, nos ajude a reconhecer Jesus que caminha connosco e a reler, a palavra é reler, diante de Dele todos os dias das nossas vidas", concluiu o Papa.

VN

17 abril 2023

PROCLAMAR A PALAVRA COM DESASSOMBRO!


 
«Agora, Senhor, tem em conta as suas ameaças e concede aos teus servos poderem anunciar a tua palavra com todo o desassombro, estendendo a tua mão para se operarem curas, milagres e prodígios, em nome do teu Santo Servo Jesus.»
Tinham acabado de orar, quando o lugar em que se encontravam reunidos estremeceu, e todos ficaram cheios do Espírito Santo, começando a anunciar a palavra de Deus com desassombro. 
Act 4, 29-31 ( Leitura de hoje)


Naquele tempo ou até bastante mais do que agora, os cristãos eram perseguidos e não podiam anunciar a Palavra de Deus, porque eram presos, torturados, mortos das mais terríveis maneiras.

Hoje também somos perseguidos em tantos lugares do mundo e mesmo nas civilizações ocidentais já somos muitas vezes “apontados a dedo”, (nalguns casos, infelizmente, por causa de alguns da Igreja que caíram gravemente no pecado), e isso tantas vezes nos impede, com medo do mundo, de anunciarmos a Palavra e darmos testemunho do amor de Deus nas nossas vidas.

E que fazemos nós?

Procuramos descobrir, elaborar projectos, acções, planos para levarmos ao mundo a Palavra de Deus, mas esquecemo-nos a maior parte das vezes do mais importante, ou seja, que tudo isso seja feito e pensado em oração contínua, com a permanente entrega ao Espírito Santo, com o sentido de que a Igreja é Cristo, e que só no amor do Pai podemos amar como Jesus nos ama.

Pois, naquele tempo os cristãos rezavam, acreditavam no amor e no poder de Deus, porque sabiam que esses poderosos sinais com que Deus, no Seu infinito amor, tocava os homens, movia os corações e os levava a acreditar nAquele que é a nossa verdadeira e única salvação.

Acreditamos nós hoje nas «curas, milagres e prodígios» de Deus, no nosso tempo?

Rezamos tão pouco!

Rezamos, sobretudo, para pedir para nós, pelas nossas “coisas”, as nossas necessidades, as necessidades daqueles que nos são próximos, e tão pouco pedimos que o Senhor «conceda aos seus servos poderem anunciar a sua palavra com todo o desassombro, estendendo a sua mão para se operarem curas, milagres e prodígios, em nome do seu Santo Servo Jesus»!

E estes servos somos todos nós que nos dizemos Igreja, mas que damos tão pouco testemunho de o sermos.

A Igreja é ponto de partida para o anúncio da Palavra com as nossas próprias vidas, não é esconderijo para nos “escondermos” com medo do mundo.

Por isso a nossa primeira oração deve ser sempre, «concede aos teus servos poderem anunciar a tua palavra com todo o desassombro, estendendo a tua mão para se operarem curas, milagres e prodígios, em nome do teu Santo Servo Jesus» para que «cheios do Espírito Santo possamos anunciar a palavra de Deus com desassombro»!



Marinha Grande, 17 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves
 

16 abril 2023

Papa defende S. João Paulo II, "objeto de ilações ofensivas e infundadas"

  Viagem apostólica de Papa João Paulo II à Tailândia, em 1984  

Após a oração mariana do Regina Caeli neste domingo (16), Francisco falou do Papa João Paulo II, dizendo estar "certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo" e dirigindo "um pensamento de gratidão" à sua memória

 

Vatican News

Após recitar a oração mariana do Regina Caeli na Praça de . Pedro neste domingo (16), o Papa Francisco defendeu o seu predecessor - S. João Paulo II -, cuja figura tem estado no centro de acusações caluniosas nos últimos dias, ligadas ao caso italiano 'Orlandi': feitas com base em "rumores" anónimos, sem testemunhas ou indícios. Acusações que o Pontífice descreveu como "ilações ofensivas e infundadas".

Eis as palavras de Francisco, que após saudar os grupos da Divina Misericórdia presentes na Praça de São Pedro, acrescentou:

“Certo de interpretar os sentimentos dos fiéis de todo o mundo, dirijo um pensamento de gratidão à memória de S. João Paulo II, nestes dias, objeto de ilações ofensivas e infundadas.”

VN

Papa: encontra Jesus Ressuscitado na comunidade, na Igreja que não é perfeita

 
  Francisco na oração mariana do Regina Caeli deste Domingo (16)  
 
Refletindo sobre o encontro de Jesus Ressuscitado com Tomé, que não acreditou nas feridas do Mestre até não vê-las, Francisco convida-nos a procurar Deus na Igreja, que é o Corpo de Cristo, "aceitando o desafio de permanecer ali, mesmo se não é perfeita" e não "nalguma manifestação religiosa espetacular". E Francisco reforça para não procurar longe e ficar na comunidade, "com os outros; não te vás embora, rezeacom eles, parta o pão com eles”.
 

Andressa Collet - Vatican News

Neste Segundo Domingo de Páscoa e da Divina Misericórdia, o Papa Francisco, na alocução que precedeu a oração mariana do Regina Caeli na Praça de São Pedro, refletiu sobre o Evangelho que traz as duas aparições de Jesus Ressuscitado aos discípulos e, em particular, a Tomé (cf. Jo 20,24-29). O "Apóstolo incrédulo", comentou o Pontífice, não foi o único com dificuldades para acreditar, mas acaba representando "um pouco de todos nós. De facto, nem sempre é fácil acreditar", especialmente após sofrer deceções, como no caso de Tomé, que viu o Mestre a ser colocado na cruz como um delinquente: "como confiar novamente?", ponderou o Papa.

Encontrar Jesus np meio da comunidade

Assim, enquanto Tomé saiu, recordou o Papa, Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos na noite de Páscoa e o discípulo não acreditou. E Cristo Ressuscitado fê-lo pela segunda vez, oito dias depois, ao aparecer no meio dos seus discípulos, mostrando as suas feridas, "a prova do seu amor, os canais sempre abertos da sua misericórdia".

“Vamos refletir sobre estes factos. Para acreditar, Tomé gostaria de um sinal extraordinário: tocar as feridas. Jesus mostra-as, mas de uma maneira ordinária, ao chegar diante de todos, na comunidade; não fora. Como que para dizer-lhe: se queres encontrar-me, não procures longe, fica na comunidade, com os outros; e não te vás embora, reza com eles, parte o pão com eles.”

É na comunidade que encontramos Jesus, enfatizou o Papa, onde encontramos "os sinais das feridas: os sinais do Amor que vence o ódio, do Perdão que desarma a vingança, da Vida que vence a morte". No meio dos irmãos, também se partilha "momentos de dúvida e de medo, agarrando-nos ainda mais firmemente a eles".

“Sem a comunidade é difícil encontrar Jesus. Queridos irmãos e irmãs, o convite feito a Tomé também é válido para nós. Nós, onde procuramos o Ressuscitado? Em algum evento especial, em alguma manifestação religiosa espetacular ou marcante, unicamente nas nossas emoções e sensações? Ou na comunidade, na Igreja, aceitando o desafio de permanecer ali, mesmo se não é perfeita?”

O Papa Francisco finalizou a reflexão deste domingo (16) pedindo a intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, para nos ajudar "a amar a Igreja e a torná-la um lar acolhedor para todos", mesmo no meio às dificuldades:

"Apesar de todas as suas limitações e quedas, que são as nossas limitações e as nossas quedas, a nossa Igreja Mãe é o Corpo de Cristo; e é ali, no Corpo de Cristo, que se encontram impressos, mais uma vez e para sempre, os maiores sinais do seu amor. Vamos interrogarmo-nos, porém, se, em nome desse amor, em nome das feridas de Jesus, estamos dispostos a abrir os braços a quem está ferido na vida, sem excluir ninguém da misericórdia de Deus, mas acolhendo todos; cada um como um irmão, como uma irmã. Deus acolhe todos."

 VN

13 abril 2023

RESSURREIÇÃO!


 
 
Esta coisa da ressurreição de Jesus Cristo é coisa que não me entra na cabeça!

Pensava ele como os “seus botões”, enquanto caminhava para o restaurante onde ia almoçar.
O anterior Domingo tinha sido o Domingo de Páscoa e ele tinha almoçado com a família, mas neste Domingo apetecia-lhe almoçar sozinho, e esperava bem que o restaurante não tivesse muita gente.

Entrou e viu uma mesa com vista para o mar, (o restaurante era numa praia), e sentou-se feliz por perceber que o local estava praticamente vazio.
Escolheu um peixe grelhado para almoçar, (se estava junto ao mar o peixe havia de ser bom), e deixou-se ficar à espera, olhando as ondas, enquanto aquele pensamento da ressurreição de Jesus não lhe saía da cabeça.

Ele até queria acreditar porque isso faria toda a diferença na fé cristã que há pouco tempo tinha começado e queria viver, mas era muito difícil conceber aquela ressurreição.

Trouxeram-lhe o peixe grelhado, mas mesmo comendo, o pensamento da ressurreição de Jesus tomava conta dele.

Passado pouco tempo apercebeu-se de alguém que se sentava do outro lado da mesa, e, levantando os olhos, deu com um homem ainda relativamente novo, com um sorriso cativante.
Embora surpreso com aquela situação estranha, não sabia porquê, mas agradava-lhe aquela companhia e por isso perguntou-lhe quem era e o que queria.

Ele respondeu-lhe com um sorriso ainda maior:
Não sabes quem eu sou? Mas só tens pensado em mim! Olha bem para mim, para as minhas mãos, para os meus pés, e, abrindo a camisa, acrescentou, e aqui para o meu lado!

Os seus olhos detinham-se extasiados nas feridas que via nas mãos, pés e lado daquele homem, mas mesmo assim, mesmo perante a evidência de que tudo aquilo lhe mostrava Jesus Cristo, continuava a duvidar da presença verdadeira do ressuscitado.

Então o Filho do Homem disse-lhe:
Não sejas incrédulo! Dá-me um pouco do teu peixe para Eu comer!
Metendo a mão no prato, o Filho do Homem comeu com gosto um pouco do peixe grelhado.

As dúvidas tinham desaparecido e ele, sem se importar do local onde estava, prostrou-se de joelhos e disse:
Meu Senhor e meu Deus!

Foi então que lhe tocaram no ombro e disseram:
Acorda que ainda tens que te vestir para chegares a tempo à Missa! Lembra-te que foste tu que insististe que querias ir à Missa no Domingo!

Percebeu então perfeitamente o sonho que tinha tido e exclamou:
Aleluia! Jesus Cristo ressuscitou! Aleluia!




Marinha Grande, 13 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves

 

12 abril 2023

O Papa: não se anuncia o Evangelho parado, na escrivaninha ou no computador

 
 
Na Audiência Geral desta quarta-feira depois da Páscoa, Francisco falou sobre o zelo evangélico: "Não se anuncia o Evangelho parado, fechado num escritório, na escrivaninha ou no computador a fazer polémicas como "leões do teclado" e substituindo a criatividade do anúncio pelo copiar e colar ideias tiradas daqui e dali". É preciso "estarmos livres de esquemas", "preparados para as surpresas".
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco prosseguiu com o ciclo de catequeses sobre a paixão de evangelizar na Audiência Geral, desta quarta-feira (12/04), realizada na Praça de São Pedro.

Há duas semanas atrás, vimos o impulso pessoal de São Paulo pelo Evangelho. Neste encontro semanal com os fiéis, o Santo Padre fez uma reflexão mais profunda sobre o zelo evangélico assim como o Apóstolo dos Gentios o descreve em algumas de suas cartas.

Zelo distorcido, observância de normas humanas e obsoletas

"Paulo não ignora o perigo de um zelo distorcido, orientado numa direção errada. Às vezes nos deparamo-nos com um zelo mal orientado, obstinado na observância de normas puramente humanas e obsoletas para a comunidade cristã", sublinhou o Papa.

Não podemos ignorar a solicitude com que alguns se dedicam a ocupações erradas mesmo na própria comunidade cristã; pode-se vangloriar-se de um falso zelo evangélico enquanto se persegue, na realidade, a vanglória ou as próprias ideias ou um pouco de amor próprio.

No capítulo 6° da carta aos Efésios, Paulo faz uma lista com as "armaduras" para a batalha espiritual. "Entre elas está a prontidão para propagar o Evangelho, traduzida por alguns como 'zelo'", disse o Papa, ressaltando que a prontidão é indicada como um "calçado". "Por quê? Porque aquele que vai anunciar deve mover-se, deve caminhar", respondeu Francisco.

“O zelo evangélico é o apoio no qual se baseia o anúncio, e os anunciadores são um pouco como os pés do corpo de Cristo que é a Igreja. Não há anúncio sem movimento, sem "saída", sem iniciativa. Isto significa que não há cristão se ele não estiver a caminho, se ele não sair de si para pôr-se a caminho e anunciar. Não há anúncio sem movimento, sem caminhar.”

Segundo o Papa, "não se anuncia o Evangelho parado, fechado num escritório, na escrivaninha ou no computador a fazer polémicas como "leões do teclado" e substituindo a criatividade do anúncio pelo copiar e colar ideias tiradas daqui e dali. O Evangelho é anunciado movendo-se, caminhando, indo".

O zelo evangélico é o oposto do desmazelo

O zelo evangélico "denota prontidão, preparação, alacridade. É o oposto do desmazelo, que é incompatível com o amor", sublinhou Francisco, ressaltando que um anunciador deve estar pronto para partir e "sabe que o Senhor passa de forma surpreendente. Ele deve estar livre de esquemas e predisposto a uma ação inesperada e nova: preparado para as surpresas. Aquele que anuncia o Evangelho não pode ser fossilizado em jaulas de plausibilidade ou no "sempre foi feito assim", mas estar pronto para seguir uma sabedoria que não é deste mundo".

Segundo Francisco, "é importante ter esta prontidão para a novidade do Evangelho, esta atitude que é um impulso, uma tomada de iniciativa, um 'ir primeiro'. É um não deixar escapar oportunidades para promulgar o anúncio do Evangelho da paz, aquela paz que Cristo sabe dar mais e melhor do que o mundo".

Por isso exorto-vos a ser evangelizadores que se movem, sem medo, que vão em frente, para levar a beleza de Jesus, para levar a novidade de Jesus que muda tudo. Muda também o coração: Estás disposto a deixar que Jesus mude o teu coração? Ou és um cristão morno, que não se move. Pensa bem: És um entusiasta de Jesus, vais em frente? Pensa um pouco.

VN

11 abril 2023

A MORTE VENCIDA

 

 

 
Estavas tu ó morte
toda convencida
e contente
quando ouviste a natureza gritar
num instante
num repente:
Ressuscitou!
O Senhor ressuscitou
vencendo a morte
e sendo vida para sempre.

Qual morte
qual pecado
qual derrota
qual crucificação.
A vida não é algo acabado
é tempo
é vitória
é ressurreição
em Cristo Jesus
nossa salvação.

Remete-te à tua pequenez
ó morte
porque a vida
acontece uma só vez
para sempre
e é tempo de esperança
é amor
e coisa terna
que se vive na confiança
e na esperança
em Jesus Cristo
vida eterna.


Marinha Grande, 9 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves

10 abril 2023

Papa: quando testemunhaste Jesus pela última vez?

 

 As mulheres ensinam-nos que encontramos Jesus, testemunhando-O,afirma Francisco 

 

Francisco rezou a oração mariana do Regina Coeli nesta Segunda-feira do Anjo (10), procurando tocar na consciência de todos ao questionar: diante da experiência das mulheres que encontraram o Cristo Ressuscitado e foram anunciá-Lo, "quando foi a última vez que testemunhei Jesus? Hoje, o que eu faço para que as pessoas que encontro recebam a alegria do seu anúncio?".

 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco, nesta "Segunda-feira do Anjo" (10) após a Páscoa que recorda a aparição do anjo às mulheres que foram ao túmulo de Jesus, rezou a oração mariana do Regina Coeli para os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Da janela do seu escritório no Palácio Apostólico neste dia de feriado no Vaticano e em Itália, o Pontífice recordou que foram as discípulas as primeiras a testemunhar o Cristo Ressuscitado, motivadas pelo anjo do Senhor a não terem medo de encontrá-Lo e testemunhá-Lo com alegria.

Encontrar Jesus, testemunhando-O

"Poderíamos perguntar a nós próprios: por que elas?", questiona o Papa no Regina Coeli que, durante o período pascal substitui o Angelus: "por uma razão muito simples", afirma ele, "porque são as primeiras a ir ao sepulcro". Ao contrário de todos os discípulos, elas não ficaram em casa tristes pela história de Jesus que parecia ter terminado. Enfrentando o medo e com muita alegria, descreve o Evangelho (Mt 28,8) ao encontrarem o sepulcro vazio, as mulheres correm para dar aos discípulos o anúncio da Ressureição de Jesus:

“No momento em que vão fazer esse anúncio, Jesus vem ao seu encontro. Observemos bem isto: Jesus encontra-as enquanto vão anunciá-Lo. É bonito isto: Jesus encontra-as, enquanto vão anunciá-Lo. Quando nós proclamamos o Senhor, o Senhor vem a nós.”

"Às vezes pensamos que a maneira para estar perto de Deus seja aquela de mantê-Lo bem perto de nós; porque então, se nos expomos e falamos sobre isto, chegam os julgamentos, as críticas, talvez não saibamos responder a certas perguntas ou provocações, e então é melhor não falar sobre isto e fecharmo-nos: não, isto não é bom. Em vez disto, o Senhor vem enquanto O proclamamos. Encontras sempre o Senhor no caminho do anúncio. Anuncia o Senhor e O encontrarás. Procura o Senhor e O encontrarás. Sempre em caminho, isto que as mulheres nos ensinam: encontra-se Jesus, testemunhando-O. Vamos colocar isto no coração: Jesus encontra-se testemunhando-O." 

Proclamar Jesus como o mais belo presente

O Papa, então, dá um exemplo prático de quando se recebe a notícia de que uma criança nasceu: a primeira intenção é partilhar com alegria entre os amigos já que, ao contá-la, tornamos a novidade ainda mais viva para nós mesmos:

"Se isto acontece por uma boa notícia, de todos os dias, ou de alguns dias importantes, acontece infinitamente mais por Jesus, que não é apenas uma boa notícia, e nem mesmo a melhor notícia da vida, não, mas Ele é a própria vida, Ele é 'a ressurreição e a vida' (Jo 11,25). Sempre que O proclamamos, não fazendo por propaganda ou proselitismo, aquilo não: anunciar é uma coisa, fazer propaganda e proselitismo é outra. O cristão anuncia, aquele que tem outro objetivo faz proselitismo e isso não é bom. Cada vez que O anunciamos, o Senhor vem ao nosso encontro com respeito e amor, como o mais belo presente para se partilhar. Jesus habita ainda mais em nós cada vez que nós O anunciamos." 

"Quando se encontra Jesus", continua Francisco, "nenhum obstáculo pode impedir-nos de proclamá-Lo". Basta pensar nas mulheres do Evangelho que, apesar dos medos e angústias, não guardaram a alegria da Páscoa e foram anunciá-la. Se, ao invés disso, guardamos para nós, alerta o Papa, "talvez é porque ainda não O encontramos verdadeiramente". E o Pontífice finaliza a oração mariana do Regina Coeli tocando a consciência de todos aos questionar:

“Irmãos, irmãs, diante da experiência das mulheres interroguemo-nos: diz-me, quando foi a última vez que testemunhaste Jesus? Quando foi a última vez que eu testemunhei Jesus? Hoje, o que eu faço para que as pessoas que encontro recebam a alegria do seu anúncio? E ainda: alguém pode dizer: esta pessoa é serena, é feliz, é boa porque encontrou Jesus? Da cada um de nós, pode-se dizer isto? Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a sermos alegres anunciadores do Evangelho.”

VN

09 abril 2023

DOMINGO DE PÁSCOA 2023! ALELUIA!

 

Jesus Cristo ressuscitou! Aleluia! Aleluia!


Que noite de Vigília Pascal Tu nos deste, Senhor!

A igreja cheia, o povo cantando e respondendo em uníssono com voz forte e bem audível, as Leituras lidas perfeitamente, os Salmos cantados primorosamente, um coro perfeitamente afinado e belíssimo, uma homilia profunda “pintada” de alegria e amor, os acólitos, em grande número, cumprindo na perfeição a sua missão, a alegria da Fé totalmente presente e viva numa comunidade paroquial que cresce em amor e em missão.

E depois, Senhor, depois o Baptismo de quatro adultos e uma criança.
Mais uma graça Tua à nossa Igreja.

E ainda, Senhor, a emoção carregada de fé do Baptismo da Ana, que me quis escolher para seu padrinho.
Que caminho de fé, Senhor, suscitastes e continuas a suscitar na sua vida!

Que alegria profunda ver um culminar de um caminho de entrega a Ti, que agora continua depois de baptizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e depois de crismada e cheia do Espírito Santo, Te receber na Sagrada Comunhão.

Por Tua graça, sem dúvida, deste-me ainda a sublime missão, a mim pobre pecador, de pelas minhas mãos pecadoras, Te dares como alimento divino àqueles que de Ti se abeiram, em Ti acreditam, e de Ti recebem o amor para se amarem uns aos outros.
Ver os sorrisos nas caras de todos eles, a alegria contida com que Te recebem, é milagre maior aos meus olhos.

E os escuteiros ainda presentearam todos com uma concorrida ceia num convívio vivido numa comunidade paroquial viva e pujante.

Obrigado, Senhor, obrigado!

Jesus Cristo ressuscitou! Aleluia! Aleluia!



Marinha Grande, 9 de Abril de 2023
Joaquim Mexia Alves