- Quem achas tu que és?
-
Oh, Senhor, essa pergunta, perdoa-me, deveria ser respondida por Ti,
pois Tu é que me conheces total e perfeitamente, como nem eu me conheço.
- Mas Eu não te perguntei quem és, mas sim quem achas tu que és?
-
Oh, Senhor, quem acho eu que sou? Perante Ti apenas posso responder que
sou um homem fraco e pecador que Te procura insistentemente para saber
verdadeiramente quem sou.
- Mas que dizes tu de ti próprio?
-
Digo que quando me confronto percebo que sou orgulhoso, vaidoso, muitas
vezes convencido de ser melhor do que outros e que isso é,
infelizmente, uma constante na minha vida.
- Não lutas tu contra tudo isso que agora me dizes?
-
Sim, Senhor, Tu sabes bem, todos os dias, mas é tantas vezes uma luta
que me parece não conseguir ganhar, embora tenha consciência de que,
apesar de tudo, vou tendo pequenas vitórias.
- E travas essa luta sozinho?
-
Eu julgo que não, Senhor, porque Te sei a meu lado, comigo, mas muitas
vezes parece que me deixas, permitindo que eu caia, para depois me
levantares e eu perceber que é em Ti e Contigo que estas lutas se
travam.
- Então tu achas que só tens defeitos?
-
Não, Senhor, verdadeiramente tenho de reconhecer, espero que
humildemente, que também tenho qualidades, dons ou talentos, porque me
vêm da Tua graça.
- E o que fazes com essas qualidades, com esses dons ou talentos que Eu te dou?
- Tento, Senhor, tento sempre colocá-los ao Teu serviço, servindo outros, mas infelizmente muitas vezes me ufano deles.
- Mas reconheces que não são teus, mas sim fruto da minha graça?
- Sim, Senhor, acredito, quero acreditar, que são Teus e apenas fruto da Tua graça.
- Achas então que não os mereces, ou melhor, que Eu não tos deveria conceder?
-
Oh, Senhor, quem sou eu para saber o que mereço ou não e o que Tu deves
conceder e a quem. Acredito que Tu não concedes essas graças por
qualquer merecimento, que nunca teremos, mas por Tua livre vontade, que
não conseguimos abarcar totalmente.
- Não fazes então nada para receber esses dons ou talentos que a minha graça te concede?
-
Se alguma coisa faço, Senhor, é porque Tu me conduzes e ajudas a
fazê-lo pelo Espírito Santo. Talvez, Senhor, eu esteja disponível, ou
melhor, me entregue a Ti e assim podes actuar em mim e servires-te de
mim para Te servir, servindo outros.
- E achas que isso é pouco? Achas que essa disponibilidade e entrega tentando fazer a minha vontade é pouco?
-
Que sei eu, Senhor, pobre de mim da verdade das minhas razões? Só Tu,
Senhor, sabes verdadeiramente da sinceridade dessa minha disponibilidade
e entrega. Abandono-me, ou desejo abandonar-me a Ti e que seja verdade
em mim também o Sim de Tua Mãe.
-
Olha, meu filho, quem mede o teu orgulho, a tua vaidade, o teu
convencimento, sou Eu e não tu, por isso descansa porque enquanto
reconheceres essa luta dentro de ti, Eu estarei sempre aqui para te
ajudar a lutar, e sempre te abençoarei com o meu perdão, cada vez que me
procurares com arrependimento, confessando as tuas fraquezas.
Baixo os olhos e digo cheio de alegria serena, de confiança reforçada, de esperança concretizada:
- Obrigado, Senhor, porque me amas apesar de mim!
Monte Real, 19 de Junho de 2023
Joaquim Mexia Alves
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