Suas sangue, de joelhos prostrado em oração.
Porque suas sangue, Senhor?
Por causa dos tormentos que sabes Te vão ser infligidos?
Acredito que não, Senhor, que suas sangue por saberes e perceberes os nossos corações duros que, mesmo perante o Teu sacrifício, teimam em não se converter.
Basta um coração que não se converta para que a Tua «alma esteja numa tristeza de morte» Mt 26, 38
Pelo Teu coração passam as vidas de todos nós e Tu anseias que todos, mas mesmo todos, possam ouvir a Tua voz, reconhecer o Teu amor, e assim se deixem converter e encontrar o caminho da salvação.
Sabes que vais sofrer e talvez o Teu ser Homem, (quem sou eu para o perceber), anseie por se livrar de tamanhos tormentos que Te esperam, mas o Teu amor por nós é muito maior do que essa ânsia, e assim, sabendo que tudo Te é pedido, com a face por terra, oras ao Pai, cheio de amor: «Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.» Mt 26, 39
Depois tudo se precipita!
Os algozes que Te vêm prender aproximam-se e nós fugimos deixando-Te só perante eles.
Talvez Te sigamos de longe, disfarçados, tentando perceber o que se vai passar, mas não somos capazes de partilhar contigo os terríveis vexames e dores que Te vão ser infligidos.
Mesmo ao longe e disfarçados para não nos reconhecerem, perante a pergunta que nos fazem se Te pertencemos, cobardemente dizemos que não, muito mais do que três vezes, e muitos mais do que três vezes, perante o Teu olhar de amor, nos arrependemos e choramos as nossas negações.
Depois, nenhum de nós que Te segue, se aproxima para Te ajudar a levar a cruz, e têm de chamar outro, que ainda não Te conhecia, para Te ajudar a levar a cruz dos nossos pecados.
E, no entanto, no nosso dia a dia, és Tu que sempre nos ajudas a levar a nossa cruz.
Talvez tapemos os nossos olhos com as mãos quando perfuram a Tua carne com os cravos que Te pregam à cruz, mas nada fazemos, para impedir que tal aconteça.
Ao longe, para que ninguém nos veja, desejávamos estar junto de Tua Mãe e de João, aos pés da Tua cruz.
Então talvez acolhamos Tua Mãe como nossa Mãe, sabendo que, sem dúvida, Ela já nos aceitou e ama como filhos seus.
Ouvimos a Tua voz repassada de amor, «Tudo está consumado» (Jo 19, 30), e num último suspiro entregas-Te nas mãos do Pai.
Choramos então amargamente e batemos com a mão no peito, porque finalmente reconhecemos que «verdadeiramente este homem era Filho de Deus» (Mc 15, 39).
Marinha Grande, 29 de Março de 2024
Joaquim Mexia Alves
Sem comentários:
Enviar um comentário