29 março 2024

SEXTA FEIRA SANTA 2024

 


 

Suas sangue, de joelhos prostrado em oração.

Porque suas sangue, Senhor?

Por causa dos tormentos que sabes Te vão ser infligidos?

Acredito que não, Senhor, que suas sangue por saberes e perceberes os nossos corações duros que, mesmo perante o Teu sacrifício, teimam em não se converter.

Basta um coração que não se converta para que a Tua «alma esteja numa tristeza de morte» Mt 26, 38

Pelo Teu coração passam as vidas de todos nós e Tu anseias que todos, mas mesmo todos, possam ouvir a Tua voz, reconhecer o Teu amor, e assim se deixem converter e encontrar o caminho da salvação.

Sabes que vais sofrer e talvez o Teu ser Homem, (quem sou eu para o perceber), anseie por se livrar de tamanhos tormentos que Te esperam, mas o Teu amor por nós é muito maior do que essa ânsia, e assim, sabendo que tudo Te é pedido, com a face por terra, oras ao Pai, cheio de amor: «Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.» Mt 26, 39

Depois tudo se precipita!

Os algozes que Te vêm prender aproximam-se e nós fugimos deixando-Te só perante eles.

Talvez Te sigamos de longe, disfarçados, tentando perceber o que se vai passar, mas não somos capazes de partilhar contigo os terríveis vexames e dores que Te vão ser infligidos.

Mesmo ao longe e disfarçados para não nos reconhecerem, perante a pergunta que nos fazem se Te pertencemos, cobardemente dizemos que não, muito mais do que três vezes, e muitos mais do que três vezes, perante o Teu olhar de amor, nos arrependemos e choramos as nossas negações.

Depois, nenhum de nós que Te segue, se aproxima para Te ajudar a levar a cruz, e têm de chamar outro, que ainda não Te conhecia, para Te ajudar a levar a cruz dos nossos pecados.

E, no entanto, no nosso dia a dia, és Tu que sempre nos ajudas a levar a nossa cruz.

Talvez tapemos os nossos olhos com as mãos quando perfuram a Tua carne com os cravos que Te pregam à cruz, mas nada fazemos, para impedir que tal aconteça.

Ao longe, para que ninguém nos veja, desejávamos estar junto de Tua Mãe e de João, aos pés da Tua cruz.

Então talvez acolhamos Tua Mãe como nossa Mãe, sabendo que, sem dúvida, Ela já nos aceitou e ama como filhos seus.

Ouvimos a Tua voz repassada de amor, «Tudo está consumado» (Jo 19, 30), e num último suspiro entregas-Te nas mãos do Pai.

Choramos então amargamente e batemos com a mão no peito, porque finalmente reconhecemos que «verdadeiramente este homem era Filho de Deus» (Mc 15, 39).

 

Marinha Grande, 29 de Março de 2024

Joaquim Mexia Alves

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