02 junho 2024

Papa no Angelus: contra a lógica do egoísmo, tornemo-nos cristãos "eucarísticos"

 

 
“Graças à Eucaristia, tornamo-nos profetas e construtores de um mundo novo. Quando superamos o egoísmo e nos abrimos ao amor, estamos a partir o pão das nossas vidas como Jesus”, disse o Papa Francisco no Angelus, referindo-se à festa de Corpus Christi, cuja solenidade a Igreja no Portugal celebrou  na última quinta-feira.
 

Thulio Fonseca - Vatican News

Neste domingo, 2 de junho, diante de milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa Francisco dedicou a meditação que precede a oração do Angelus à solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, celebrada hoje em Itália e noutros países. O Pontífice, na sua alocução, refletiu sobre o Evangelho da liturgia, que nos apresenta a Última Ceia de Jesus (Mc 14,12-26), durante a qual Ele realiza um gesto de entrega:

“No pão partido e no cálice oferecido aos discípulos, é Ele mesmo que se doa por toda a humanidade e oferece-se pela vida do mundo.”

Tornar-se "pão partido" para o próximo

Francisco sublinhou que, no gesto de partir o pão, há um aspeto importante presente nas palavras de Jesus: "e lhes deu", e completou: "A Eucaristia, de facto, remete antes de tudo à dimensão do dom. O Senhor toma o pão não para consumi-lo sozinho, mas para parti-lo e dá-lo aos discípulos, revelando assim a sua identidade e a sua missão", pois, de toda a sua vida, Jesus fez um dom.

"Compreendemos, assim, que celebrar a Eucaristia e alimentarmo-nos desse Pão, como fazemos especialmente aos domingos, não é um ato de culto desvinculado da vida ou um simples momento de consolação pessoal. Devemos lembrar-nos sempre, que Jesus tomou o pão, partiu-o e lhes deu e, portanto, a comunhão com Ele torna-nos capazes de também nos tornarmos pão partido para os outros, de compartilhar o que somos e o que temos."

Cristãos “eucarísticos”

Segundo o Papa, este é o chamamento de todo cristão: tornarmo-nos "eucarísticos", ou seja, pessoas que não vivem mais para si mesmas, na lógica da posse e do consumo, mas que sabem fazer das suas vidas um dom para os outros. Assim, graças à Eucaristia, tornamo-nos profetas e construtores de um mundo novo:

"Quando superamos o egoísmo e nos abrimos ao amor, quando cultivamos laços de fraternidade, quando compartilhamos os sofrimentos dos nossos irmãos e dividimos o nosso pão e os nossos recursos com os necessitados, quando colocamos à disposição de todos os nossos talentos, então estamos a partir o pão das nossas vidas como Jesus."

Dom de amor

Por fim, o Santo Padre convidou os fiéis a uma reflexão interior:

"Perguntemo-nos então: guardo a minha vida somente para mim ou dou-a como Jesus? Eu gasto-me pelos outros ou estou fechado no meu pequeno eu? E, nas situações do dia a dia, sei como compartilhar ou busco sempre o meu próprio interesse?"

"Que a Virgem Maria, que acolheu Jesus, o Pão descido do Céu, e se doou inteiramente junto com Ele, ajude também a tornarmo-nos um dom de amor, unidos a Jesus na Eucaristia", concluiu Francisco.

VN

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