21 maio 2024

REZANDO NO ESPÍRITO SANTO

 


 

Desde há uns anos para cá que sou muitas vezes “convidado” a fazer oração de invocação do Espírito Santo, como ontem à noite aconteceu, quer nos Percursos Alpha, quer com o Renovamento Carismático Católico, quer em momentos de louvor e em outras ocasiões.

Já lá vai muito tempo que o faço e tantas vezes, que quando o sou chamado a fazer já deveria, (humanamente falando), sentir-me à vontade, quase, digamos, com uma rotina que não me ofereceria dúvidas, hesitações ou “nervosismos”.

E, no entanto, de cada vez que sou chamado a fazer oração, sinto-me “incapaz”, ansioso, com os “nervos à flor da pele”, com o receio muito humano de não “dizer coisa com coisa” e, sobretudo, com o medo de que a oração não tenha “efeito” naqueles por quem rezo.

Claro que me preparo para fazer oração, mas é muito mais uma preparação invocando continuamente o Espírito Santo, do que tentar decorar umas quaisquer palavras ou frases, o que realmente nunca faço.

E rezo pedindo o dom da humildade, (para mim que sou tão orgulhoso), o dom da entrega, o dom da simplicidade, e, sobretudo, para que diga, eu o que disser, Deus toque aqueles por quem rezo, porque é Ele que o faz e não eu.

Nos momentos imediatamente anteriores, cresce dentro de mim um tremor que quase me leva a pensar que quando abrir a boca nada serei capaz de dizer, de rezar, e repito então para mim, na intimidade do meu coração, “Vem Espírito Santo”.

Depois, fecho os olhos, começo a oração e o coração acalma-se, desaparece a ansiedade, as palavras vão surgindo em oração, as imagens bíblicas, e não só, vão despertando em mim “motivos” de oração, e eu deixo-me levar, perdendo, por vezes, a noção do tempo e do espaço em que estou.

Quando acabo a oração, abro os olhos e fito os rostos e os olhos de quem está presente, e fico sempre espantado com as reações de cada um, o olhar diferente, o sorriso tímido ao princípio e depois já francamente aberto, as lágrimas de paz e serenidade que correm naquelas caras e percebo, então, que é Ele que tudo faz servindo-se de nós.

E, claro, pergunto-me porque é que não é mais fácil para mim todo o processo que me leva a fazer a oração?

E percebo então que assim é para que eu tenha a certeza de que não sou nada, que não sou “importante”, que é o Espírito Santo que reza em mim, nos outros e para os outros.

E fico sempre a pensar como é que Ele se quer servir de alguém tão orgulhoso e vaidoso como eu, para despertar a oração nos outros e para os outros?

Mas descanso, deixo de me preocupar e digo interiormente com toda a simplicidade de que sou capaz: Tu lá sabes o que fazes, Senhor!

Ah, e sejam quantas vezes forem as vezes que oro com os outros e para os outros, o processo é sempre o mesmo, o tremor acontece, a ansiedade faz-se presente, o nervosismo toma conta de mim, o sentimento de incapacidade avassala-me e, finalmente, Ele faz acontecer aquilo que Ele quer, porque eu sou apenas, e assim quero ser, um servo inútil nas Suas mãos, pois tudo deve ser sempre e “apenas” para a maior glória de Deus.

Vem, Espírito Santo!

 

Marinha Grande, 21 de Maio de 2024

Joaquim Mexia Alves

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