28 agosto 2022

O Papa no Perdão Celestino: humildade e mansidão para testemunhar a misericórdia

 

 

“Todos podemos experimentar um ‘terremoto da alma’, que nos coloca em contacto com a própria fragilidade, limitações e miséria. Nestas circunstâncias, pode-se aprender a mansidão, que junto com a humildade levam a guardar e testemunhar a misericórdia”. Palavras do Papa Francisco na homilia deste domingo (28) na cidade de L’Aquila por ocasião do “Perdão Celestino”
 

Jane Nogara - Vatican News

Na Basílica de Collemaggio em L’Aquila, o Papa Francisco presidiu à Santa Missa na segunda etapa da sua visita pastoral neste domingo, 28 de agosto. Ao falar aos fiéis na sua homilia o Papa inicio, recordando que os Santos são uma fascinante explicação do Evangelho. Pois as suas vidas, disse Francisco, são o ponto privilegiado a partir do qual podemos vislumbrar a boa nova que Jesus veio proclamar, ou seja, que Deus é nosso Pai e todos somos amados por Ele. Este é o coração do Evangelho, e Jesus é a prova deste Amor, da sua encarnação, do seu rosto.

A grandeza de Celestino V

“Hoje celebramos a Eucaristia num dia especial para esta cidade e esta Igreja: o Perdão Celestino”. Lembramos erroneamente a figura de Celestino V como "aquele que fez a grande recusa", segundo a expressão de Dante na Divina Comédia; mas Celestino V não era o homem do "não", ele era o homem do "sim". “De facto”, explica ainda Francisco, “não há outra maneira de realizar a vontade de Deus a não ser assumindo a força dos humildes”.

A força dos humildes

“A humildade”, disse, “não consiste em nos desvalorizarmos, mas naquele realismo saudável que nos faz reconhecer o nosso potencial e também as nossas misérias. Partindo precisamente das nossas misérias, a humildade faz-nos desviar o olhar de nós mesmos e voltar o nosso olhar para Deus, Aquele que pode fazer tudo e também obtém para nós o que não podemos ter por nós mesmos”.

“A força dos humildes é o Senhor, não as estratégias, os meios humanos, as lógicas deste mundo”

“Neste sentido”, pondera o Papa, “Celestino V foi uma corajosa testemunha do Evangelho, porque nenhuma lógica de poder poderia prendê-lo e administrá-lo. Nele admiramos uma Igreja livre das lógicas do mundo e testemunhamos plenamente o nome de Deus que é a Misericórdia.

A misericórdia

Há muitos século que L’Aquila, mantém vivo o dom que o próprio Papa Celestino V lhe deixou. “É o privilégio de lembrar a todos que com a misericórdia, e somente com a misericórdia, a vida de cada homem e de cada mulher pode ser vivida com alegria”.

“Misericórdia é a experiência de nos sentirmos acolhidos, restaurados, fortalecidos, curados, encorajados. Ser perdoado é experimentar aqui e agora o que mais se aproxima da ressurreição. O perdão vai da morte à vida, da experiência da angústia e da culpa à da liberdade e da alegria”

Compreender a dor dos outros

Falando aos presentes que sofreram por causa do terremoto de 2009, Francisco recordou que “aqueles que sofreram devem ser capazes de valorizar o seu próprio sofrimento, devem compreender que na escuridão que viveram, também lhes foi dado o dom de compreender a dor dos outros”. Recordando aos presentes:

“Vocês podem cuidar da misericórdia porque sofreram a experiência da miséria”

Refletindo que “todos na vida, sem necessariamente experimentar um terremoto, podem, por assim dizer, experimentar um ‘terremoto da alma’, que os coloca em contacto com a sua própria fragilidade, as suas próprias limitações, a sua própria miséria”. “Nesta experiência", disse, "pode-se perder tudo, mas também se pode aprender a verdadeira humildade. Nestas circunstâncias, a pessoa pode deixar-se enfurecer pela vida, ou pode aprender a mansidão”.

“Humildade e mansidão, portanto, são as características de alguém cuja tarefa é guardar e testemunhar a misericórdia”

Servir e não ser servido

Por fim o Papa recordou a todos os presentes:

O cristão sabe que a sua vida não é uma carreira à maneira deste mundo, mas uma carreira à maneira de Cristo, que dirá de si mesmo, que veio para servir e não para ser servido (cf. Mc 10, 45). Enquanto não compreendermos que a revolução do Evangelho reside neste tipo de liberdade, continuaremos a testemunhar guerras, violência e injustiça, que nada mais são do que o sintoma externo de uma falta de liberdade interior. Onde não há liberdade interior, egoísmo, individualismo, sobrepõem-se interesse próprio e opressão".

VN

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