Hoje em dia há persianas eléctricas, o que exige muito menos esforço de quem as fecha ou abre pois basta carregar num botão.
Às vezes parece que também queremos viver a fé cristã como as persianas eléctricas, ou seja, sem grande esforço da nossa parte.
E
a simbologia que veio ao meu coração também tem muito a ver, quanto a
mim, com esta imagem das persianas, se nos lembrarmos que a principal
maneira de encontrarmos Deus e vivermos a fé, é abrirmos o nosso coração
à presença de Deus, ou seja, simbolicamente abrirmos as “persianas” do
coração que estão tantas vezes fechadas, para deixarmos entrar a
verdadeira Luz.
O
facto de haver persianas eléctricas leva-nos a uma certa preguiça
física, a uma atitude bem mais passiva do que activa, ou seja, ficamos a
ver as persianas abrirem mas, no fundo, pouco contribuimos para isso.
Regressando,
então, a esta simbologia das persianas, podemos reflectir que muitas
vezes também, a procura e vivência da fé é um pouco como as “persianas
eléctricas”, isto é, pouco nos esforçamos por emendar as nossas
fraquezas, por mudar os nossos feitios e atitudes, por querer viver
realmente as celebrações e sacramentos, que tornam Deus presente nas
nossa vidas.
Ficamos apenas ali à espera que as “persianas abram”!
Carregamos
no “botão da fé” e agora esperamos que Deus faça o resto, que abra o
nosso coração, que envie a luz, que mude o que precisa ser mudado,
enfim, que o esforço seja d’Ele e não nosso.
Ora
o Senhor diz claramente que “está à porta e bate”, mas também diz que
“se alguém Lhe abrir a porta”, então Ele entra e ceia connosco.
Mas
Ele não diz que trás consigo a ceia, por isso quem tem de preparar a
ceia somos nós para que Ele a abençoe e a coma connosco, ou melhor,
somos nós que temos que nos preparar para, em estado de graça,
recebermos a Ceia que é Ele próprio, que se dá como alimento divino a
cada um de nós.
Ele não nos dá um “botão para carregarmos”, Ele dá-nos uma vida para vivermos.
Marinha Grande, 30 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves
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