Hoje uma boa amiga decidiu, (depois de conscientemente ter
discernido toda a sua situação), sair de um órgão de “governo” de uma
organização que serve a Evangelização, órgão do qual também faço parte.
Não saiu por se sentir incomodada ou qualquer outra coisa
parecida, mas sim porque, tendo analisado a sua situação percebeu que serviria
melhor a Igreja e essa mesma organização de modo diferente, embora com o mesmo
empenho que todos lhe reconhecemos.
Este texto não é, no entanto, sobre ela, que não necessita
elogios para ser quem é, mas sim sobre a necessidade que devem ter todos
aqueles que servem a Igreja em movimentos, obras e serviços, mormente em
situações de liderança e organização, de discernir de quando em vez se nos
encontramos “agarrados” a um “lugar”, se trazemos algo de novo e construtivo
naquilo em que nos envolvemos ou se apenas “estamos ali por estar”.
Muito especialmente discernir se estamos a servir a Cristo
em Igreja, ou se nos estamos a servir da Igreja de Cristo para nossa
notoriedade ou autorreferência.
Pode pensar-se que tal não acontece, mas a verdade é que há
em movimentos, obras e serviços, gente que se “eterniza” nessas funções,
acabando por “secar” à sua volta toda a iniciativa, toda uma possível
modernidade sã, enfim, até, todo o sopro do Espírito Santo.
Servir a Deus é servir em permanente doação, é dar-se com
todos os talentos que Ele próprio nos dá, e, obviamente, perguntar-Lhe
constantemente: Senhor, que queres que eu faça?
Servir a Deus é ser-se livre de tudo, (com as óbvias
condicionantes da vida de cada um), e por isso mesmo estar sempre disponível
para “partir” para onde o Espírito Santo nos enviar, sabendo nós muito bem que
Ele nunca nos envia a fazer nada que não seja compatível com o que somos e com
o nosso estado de vida.
O único “cargo” que devemos almejar em Igreja e que devemos
viver continuamente ao longo das nossas vidas, é o de “lavar os pés aos
outros”, tendo sempre Cristo no coração.
Marinha Grande, 26 de Abril de 2024
Joaquim Mexia Alves