Olho na Tua direção e fecho os olhos porque Te quero ver com os olhos do coração, com o olhar da Fé.
Lentamente parece que deixo de existir corporalmente, como se saísse de mim próprio, para apenas estar em Ti.
Abandono-me, ou és Tu que me fazes abandonar-me, e o tempo deixa de ser tempo para ser eternidade.
Abro as mãos como pedindo-Te que as tomes nas Tuas e parece-me sentir o Teu calor em mim.
Fico assim parado como a flutuar numa nuvem de amor, que só podes ser Tu, Senhor.
Já
não há uma hóstia consagrada, há sim a Tua presença viva, tangível,
sensível, que toma conta do meu silêncio e me faz amar com um amor que
eu nunca pensei que pudesse haver em mim.
Afinal és Tu e apenas Tu agora o tempo, por isso não se consegue medir, não se consegue perceber onde o tempo começa e acaba.
A música ao fundo, parece de anjos que Te louvam, e da minha garganta sai um silêncio que se faz coro com eles.
Vem
ao meu coração a palavra de Isabel para Tua Mãe e eu ouso dizer em
surdina: De onde me é dado que possa sentir assim o meu Senhor?
Por um momento saio do mundo e pairo apenas no etéreo que é tudo amor e todo verdade.
A
vida que és Tu, Senhor, toca-me por fim, e diz-me baixinho ao coração: É
bom sentires esta vida que Eu sou em ti, não é Joaquim?
Deixo
que os meus lábios e os meus olhos se abram, e digo muito simplesmente,
porque não consigo dizer mais nada: É sim, Senhor, é sim! Obrigado!
E ali fico, mais um pouco, extasiado Contigo, tentando eternizar aquele momento.
Capela da Garcia, 16 de Outubro de 2023
Joaquim Mexia Alves
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