Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o zelo apostólico na Audiência Geral desta quarta-feira (18/10). Aos fiéis presentes na Praça de São Pedro, o Pontífice propôs São Charles de Foucauld, "homem que fez de Jesus e dos seus irmãos mais pobres a paixão da sua vida".
Depois de ter vivido uma juventude longe de Deus, sem acreditar em nada a não ser na busca desordenada do prazer, Charles de Foucauld revela a razão do seu viver. Ele escreve: «Perdi o meu coração por Jesus de Nazaré». Segundo o Papa, "o irmão Carlos recorda-nos que o primeiro passo para evangelizar é ter Jesus no centro do coração, é “perder a cabeça” por Ele. Se isto não acontece, dificilmente conseguiremos mostrá-lo com a vida".
Em vez disto, corremos o risco de falar de nós mesmos, do nosso grupo, de uma moral ou, pior ainda, de um conjunto de regras, mas não de Jesus, do seu amor, da sua misericórdia. Vejo isto em alguns movimentos novos que estão a seguir. Falam da sua visão da humanidade, falam da sua espiritualidade, da própria espiritualidade. Eles sentem-se numa estrada nova. Mas, por que não falam de Jesus? Falam de muitas coisas, de organização, de caminho espiritual, mas não sabem falar de Jesus. Perguntemo-nos então: tenho Jesus no centro do meu coração, perdi um pouco a cabeça por Ele?
Aconselhado pelo seu confessor, Charles de Foucauld "vai à Terra Santa para visitar os lugares onde o Senhor viveu e caminhar por onde o Mestre caminhou. Em particular, é em Nazaré que compreende que devia formar-se na escola de Cristo. Vive uma relação intensa com Ele, passa longas horas a ler os Evangelhos e sente-se seu pequeno irmão. Conhecendo Jesus, nasce nele o desejo de torná-lo conhecido". "Acontece sempre assim, quando cada um de nós conhece mais Jesus, nasce o desejo de torná-lo conhecido, de partilhar este tesouro", ressaltou o Papa, "com a vida, porque «toda a nossa existência – escreve o Irmão Carlos – deve gritar o Evangelho». Muitas vezes na nossa existência gritamos mundanidade, gritamos coisas estúpidas, coisas estranhas. Mas, ele diz: não, toda a nossa existência deve gritar o Evangelho".
"Ele decide então estabelecer-se em regiões distantes para gritar o Evangelho no silêncio, vivendo no espírito de Nazaré, na pobreza e no escondimento. Vai ao deserto do Saara, entre os não-cristãos, e chega a eles como amigo e irmão, levando a mansidão de Jesus-Eucaristia. Fica em oração aos pés de Jesus, diante do tabernáculo, cerca de dez horas por dia, certo de que a força evangelizadora está ali e sentindo que é Jesus a aproximá-lo de tantos irmãos e irmãs distantes. Estou convencido de que nós perdemos o sentido da adoração. Devemos recuperá-lo. Começando por nós consagrados, pelos bispos, sacerdotes, religiosas, todos os consagrados. Perder tempo diante do tabernáculo. Recuperar o sentido da adoração", disse o Papa.
«Todo o cristão é apóstolo» escreve Charles de Foucauld a um amigo leigo, a quem recorda que «perto dos padres são necessários leigos que vejam o que o padre não vê, que evangelizem com uma proximidade de caridade, com uma bondade para todos, com um afeto sempre pronto a doarem-se. "Leigos santos e não carreiristas, mas aqueles leigos, aquele leigo, leiga apaixonados pelo Senhor, que fazem entender ao padre que ele não é um funcionário, mas um mediador, um sacerdote. Quanto nós sacerdotes precisamos ter perto de nós leigos esses leigos que acreditam realmente e com o seu testemunho ensinam-nos o caminho", sublinhou.
Desta forma, Charles de Foucauld "antecipa os tempos do Concílio Vaticano II, intui a importância dos leigos e compreende que o anúncio do Evangelho diz respeito a todo o povo de Deus".
São Charles de Foucauld, é uma figura que é profecia para o nosso tempo, que testemunhou a beleza de comunicar o Evangelho por meio do apostolado da mansidão: ele, que se sentia um “irmão universal” e acolhia a todos, mostra-nos a força evangelizadora da mansidão, da ternura. Não nos esqueçamos que o estilo de Deus são três palavras: proximidade, compaixão e ternura. Deus está sempre próximo, tem sempre compaixão e é sempre terno, e o testemunho cristão deve seguir esta estrada de proximidade, compaixão e ternura. E ele era assim manso e terno.
"Desejava que quem o encontrasse visse, por meio da sua bondade, a bondade de Jesus. A bondade é simples e pede que sejamos pessoas simples, que não tenham medo de dar um sorriso. Com o sorriso, com a sua simplicidade irmão Carlos dava testemunho do Evangelho, nunca proselitismo, nunca, mas testemunho. A evangelização não se faz por proselitismo, mas pelo testemunho, pela atração. Pecamos enfim, se levamos em nós e aos outros a alegria cristã, a mansidão cristã, a ternura cristã, a compaixão cristá, a proximidade cristã", concluiu o Papa.
VN
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