Fechado quase 25 anos naquele lugar sem luz, sem sentido, sem esperança, sem vida.
A
minha podridão de vida era tanta que já cheirava mal e as ataduras que
me ligavam, dos vícios e prazeres mundanos, tornavam o meu caminhar cada
vez mais trôpego, mais vacilante, mais sem direcção, ou melhor, na
direcção do abismo inexorável para que caminhava.
Tinha uma
pedra enorme do meu pecado que não me deixava sair daquele túmulo em que
vivia e já nada parecia restar em mim que tivesse forças ou razões para
sair daquele lugar em que eu próprio me tinha colocado.
Contudo alguns dos meus, juntos em oração ao longo do tempo com outras gentes, iam chamando Jesus Cristo, ao que soube depois.
Um dia, igual a outros tantos, ouvi através da pedra que me bloqueava o caminho uma voz que dizia: “Joaquim, vem cá para fora!”
A
voz foi tão imperativa e tão amorosa e terna ao mesmo tempo, que me
levantei vacilante e saí para fora, pois outros se tinham encarregado de
mover a pedra que não me dava saída.
Foi então que vi Jesus
Cristo, que me apertou nos seus braços e disse a quem ali estava à
espera da minha libertação: “Desligai-o e deixa-o andar.”
E
rezaram por mim, e envolveram-me em amor, e explicaram-me tanta coisa,
mas sobretudo levaram-me a perceber e a viver o amor de Deus.
E
depois … depois foi entregar-me a Ele, deixar-me tocar por Ele,
procurá-lo na Confissão, alimentar-me dEle na Comunhão, falar com Ele em
oração, gritar por Ele quando em tribulação, agarrar a minha cruz que
estava pelo chão, e viver, viver na abundância da vida que Ele me dá e
que eu partilho com os outros, em comunhão.
Ah, sim, esta foi sem dúvida a minha ressurreição!!!
Monte Real, 16 de Março de 2022
Joaquim Mexia Alves
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