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Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre a oração, na Audiência Geral desta quarta-feira (02/12). “A bênção”, uma dimensão essencial da oração, foi o tema deste encontro semanal realizado na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à pandemia da coronavírus.
“Nas narrações da criação Deus abençoa continuamente a vida. Abençoa os animais, abençoa o homem e a mulher, e no final abençoa o sábado, dia de descanso e de fruição de toda a criação. Nas primeiras páginas da Bíblia é uma repetição contínua de bênçãos. Deus abençoa, mas também os homens abençoam, e depressa se descobre que a bênção possui uma força especial, que acompanha o destinatário ao longo da vida e dispõe o coração humano a deixar-se mudar por Deus”, disse o Papa, acrescentando:
Portanto, no início do mundo há Deus que “diz bem”, que bendiz. Ele vê que cada obra das suas mãos é boa e bela, e quando chega ao homem e completa-se a criação, Ele reconhece que é «muito boa». Pouco tempo depois, aquela beleza que Deus imprimiu na sua obra será alterada e o ser humano tornar-se-á uma criatura degenerada, capaz de difundir o mal e a morte no mundo; mas nada poderá apagar a primeira marca de Deus, uma marca da bondade que Deus colocou no mundo, na natureza humana, em todos nós. A capacidade de abençoar e ser abençoado. Deus não errou com a criação, nem com a criação do homem. A esperança do mundo reside completamente na bênção de Deus: Ele continua a amar-nos, primeiro Ele, como diz o poeta Péguy, continua a esperaf o nosso bem.
A grande bênção de Deus é Jesus Cristo
O Papa frisou que “a grande bênção de Deus é Jesus Cristo, é o grande dom de Deus, é o seu filho. Uma bênção para toda a humanidade, uma bênção que salvou a todos nós. Ele é a Palavra eterna com o qual o Pai nos abençoou, «quando éramos ainda pecadores», diz São Paulo: Palavra que se fez carne e foi oferecida por nós na cruz”.
Segundo Francisco, “não há pecado que possa cancelar completamente a imagem de Cristo presente em cada um de nós. Nenhum pecado pode cancelar aquela imagem que Deus nos deu. A imagem de Cristo. Pode desfigurá-la, mas não a pode subtrair à misericórdia de Deus. Um pecador pode permanecer nos seus erros por muito tempo, mas Deus é paciente até ao fim, esperando que no final aquele coração se abra e mude. Deus é como um bom pai, é um bom pai, e como uma boa mãe. Ele também é uma boa mãe: nunca deixa de amar o seu filho, por mais que ele possa errar”.
Penso nas muitas vezes que eu vi as pessoas a fazerem fila para entrar nas prisões e muitas mães ali na fila para verem os seus filhos presos. Não deixam de amar o seu filho. Elas sabem que as pessoas que passam nos aitocarros, dizem: “Esta é a mãe do encarcerado”. Não têm vergonha disto, aliás, têm vergonha, mas vão em frente porque é mais importante o filho do que a vergonha. Nós para Deus somos mais importantes do que todos os pecados que cometemos. Porque Ele é Pai, Ele é mãe, Ele é puro amor, Ele abençoou-nos para sempre e nunca deixará de nos abençoar.
“Uma forte experiência é ler estes textos bíblicos de bênção numa
prisão, ou numa comunidade de recuperação. Fazer com que as pessoas que
permanecem abençoadas apesar dos seus graves erros, sintam que o Pai
celestial continua a amá-las e espera que elas finalmente se abram ao
bem”, disse ainda o Papa. “Se até os seus parentes mais próximos os
abandonaram, e muitos os deixam, não são como aquelas mães que enfrentam
a fila para verem os filhos, não se importam, porque são considerados
irrecuperáveis, para Deus eles continuam a serem sempre filhos. Deus não
pode cancelar em nós a imagem de filho. Cada um de nós é filho, é filha.
Às vezes acontecem milagres: homens e mulheres renascem, pois encontram
esta bênção que os ungiu como filhos. A graça de Deus muda a vida:
aceita-nos como somos, mas nunca nos deixa como somos”, disse ainda o
Papa.
Abençoar e não amaldiçoar
“A Deus que abençoa, também nós respondemos abençoando: Deus ensinou-nos a abençoar e devemos abençoar. É a oração de louvor, de adoração, de ação de graças”, sublinhou Francisco. “A oração é alegria e gratidão. Deus não esperou que nos convertêssemos para começar a amar-nos, mas fê-lo muito antes, quando ainda estávamos no pecado.” A seguir, disse:
Não podemos apenas bendizer este Deus que nos abençoa. Devemos bendizer tudo Nele. Todas as pessoas. Bendizer a Deus é abençoar todos os irmãos, abençoar o mundo. Esta é a raiz da mansidão cristã. A capacidade de me sentir abençoado e a capacidade de abençoar. Se todos nós fizéssemos assim certamente não haveriam as guerras. Este mundo precisa de bênção e nós podemos dar e receber a bênção. O Pai ama-nos. E tudo o que nos resta é a alegria de o abençoar e agradecer-lhe, e de aprender com Ele a não amaldiçoar, mas a abençoar.
O Papa dirigiu uma palavra às pessoas que estão acostumadas a amaldiçoar. “As pessoas que têm sempre na boca e no coração uma palavra má, uma maldição. Cada um de nós deve pensar se tem o costume de amaldiçoar e pedir ao Senhor a graça de mudar esse costume, porque temos um coração abençoado e de um coração abençoado não pode sair a maldição. Que o Senhor nos ensine a nunca a amaldiçoar, mas a abençoar”, conclui o Papa, concedendo a todos a sua bênção apostólica.
VN
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