14 julho 2022

Evitar incêndios é um “imperativo de cidadania”

 
 

O capelão nacional da Liga dos bombeiros presta homenagem aos “soldados da paz que estão no terreno, no combate às chamas”.

O capelão nacional da Liga dos bombeiros, D. Américo Aguiar, afirmou que o empenho de todos os portugueses na prevenção dos incêndios é um “imperativo de cidadania”. “Temos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para não provocar incêndios. Não é o tempo da discussão dos meios, nem das políticas, nem dos partidos: é o momento da ação, na luta contra os incêndios e na prevenção dos mesmos”, referiu, em declarações à Agência Ecclesia.
O bispo auxiliar de Lisboa começou por prestar homenagem ao trabalho dos bombeiros, os “soldados da paz que estão no terreno, no combate às chamas”. Para D. Américo Aguiar, é necessário medir os “discursos técnicos de correção, de condenação” à atuação de profissionais e voluntários, apostando em evitar a criação de condições para que os incêndios aconteçam, lembrando que alguns assumem dimensões “incontroláveis”. “Também nesta área da governação é preciso um acordo de cidadania alargado”, acrescenta.

O capelão nacional dos bombeiros recorda que mais de metade dos incêndios acontecem por causa humana, por negligência e mão criminosa, realçando ainda o “problema eterno do ordenamento do território”. O responsável católico pede, por isso, um “movimento de cidadania”, em que todos alinhem para que possam chegar a decisões. “É um problema que não se resolve por decreto, com multas ou perseguição policial”, indica, em entrevista que é emitida esta quinta-feira no Programa Ecclesia, na RTP2.
O prelado pede uma atenção redobrada às comunidades católicas, relativamente às festas e romarias, em contexto de floresta, recordando os riscos associados à utilização de fogo de artifício e à realização de piqueniques.
Quanto ao trabalho da capelania, junto dos bombeiros, D. Américo Aguiar fala na importância do “acompanhamento espiritual” destes homens e mulheres, que dão “um exemplo maior do que é o serviço, a entrega ao outro”. “O corpo de bombeiros voluntários em Portugal é exemplar, no mundo inteiro”, assinala.

O responsável evoca o impacto da experiência como capelão do Hospital da Prelada, da Misericórdia do Porto, onde, em 2013, acompanhou vários bombeiros feridos, em particular o jovem Daniel Falcão, de Miranda do Douro, que viria a falecer, com 25 anos de idade. “Quando conhecemos o rosto, o nome, a família, passamos a valorizar muito mais essa dádiva de vida, efetiva, ‘vida por vida’ como diz o lema dos bombeiros, que nos deve fazer respeitar muitíssimo esses homens e mulheres que se disponibilizam para uma luta totalmente desigual”.

Ecclesia

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