02 outubro 2021

Francisco aos juízes argentinos: não há democracia com a fome

 

 
  Villas argentinas  

Numa mensagem em vídeo enviada aos juízes do Capítulo argentino de um organismo pan-americano animado pela doutrina franciscana, o Pontífice lembra que a riqueza no mundo é cada vez mais vantajosa somente para algumas pessoas.
 

Silvonei José – Vatican News

"Nunca perca de vista o facto de que não há democracia com a fome, não há desenvolvimento com a pobreza, e muito menos justiça com desigualdade". Isto é o que o Papa enfatizou numa mensagem em vídeo enviada ao Capítulo argentino do Comitê Pan-Americano de Juízes para os Direitos Sociais e a Doutrina Franciscana. Formado no Vaticano em 2019, inspirado no magistério do Papa Francisco, este organismo opera em estreita relação com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais. Durante o encontro virtual, realizado entre 30 de setembro e 1 de outubro e promovido pelo Comité, foram examinados, em particular, os direitos sociais na Argentina. O Papa exortou os juízes a procurarem sempre "o bem do país", enfatizando que altos níveis de pobreza são o indicador mais claro "da injustiça distributiva que prevalece no mundo". Eles são também um sinal das falhas encontradas "na implementação dos direitos mais básicos". A pandemia, lembrou o Pontífice, tornou ainda mais agudos os "terríveis cenários sociais". É por isso que "respostas criativas e eficazes" são urgentemente necessárias para milhões de pessoas.

Procurar o bem e a felicidade dos povos

Na mensagem em vídeo, o Papa então deteve-se nas crescentes desigualdades que alimentam a pobreza e a injustiça. "A periferia está a crescer e o centro do poder, da riqueza, está a encolher cada vez mais". Noutras palavras", acrescentou Francisco, "a maior parte do dinheiro e das oportunidades beneficia poucas pessoas enquanto a maioria sofre com a pobreza". "Lembrem-se", disse então o Pontífice, "que o primeiro compromisso para o Estado é a felicidade das pessoas". O Papa enfatizou que é primordial prestar "atenção às necessidades essenciais do povo", ao que ele chama de "três T's: techo, tierra y trabajo (teto, terra, trabalho)". O Santo Padre exortou os magistrados do Comité Pan-Americano a procurarem o bem do povo, dos seus países. Referindo-se em particular à situação na Argentina, Francisco dirigiu enfim uma exortação especial aos juízes argentinos: "Procurem o bem de nosso país e, sobretudo, o bem do povo. Que Deus vos abençoe e que a Virgem Maria proteja todos vós".

VN

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