Papa Francisco com os Frades Menores na Sala Paulo VI, em 10/10/2019
(Vatican Media)
"A renovação da
vossa visão só pode partir deste novo olhar com o qual contemplar o
irmão pobre e marginalizado, sinal, quase sacramento da presença de
Deus. Deste olhar renovado, desta experiência concreta de encontro com o
próximo e com as suas feridas, pode nascer uma renovada energia para
olhar para o futuro como irmãos e como menores, como vós sois, segundo o
belo nome de "frades menores", que S. Francisco escolheu para si e
para vós."
Vatican News
“Vós tendes uma herança espiritual de riqueza inestimável,
enraizada na vida evangélica e caracterizada pela oração, a
fraternidade, a pobreza, a minoridade e a itinerância. Não se esqueçam
que receberam um olhar renovado, capaz de nos abrir ao futuro de Deus,
da proximidade com os pobres, as vítimas da escravidão moderna, os
refugiados e os excluídos deste mundo. Eles são vossos mestres. Abracem-nos
como S. Francisco!”
Esta foi a exortação do Papa Francisco na mensagem enviada aos
participantes do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores que elegeu o
novo Ministro Geral, P. Massimo Giovanni Fusarelli, que sucede ao P.
Michael A. Perry, ambos saudados pelo Santo Padre no início da mensagem.
O Papa começa recordando que esta experiência crítica que temos
vivido devido à pandemia estimula-nos, por um lado, “a reconhecer o
quanto a nossa vida terrena é um caminho a percorrer como peregrinos e
forasteiros, homens e mulheres itinerantes, dispostos a livrar-se das
coisas e pretensões pessoais”. Por outro lado, “é uma ocasião propícia
para intensificar a relação com Cristo e com os irmãos: penso nas vossas
comunidades – disse Francisco - chamadas a ser humilde presença
profética no meio do povo de Deus e testemunho para todos de
fraternidade e de uma vida simples e alegre.”
Celebrar o Capítulo Geral neste tempo difícil e complexo “já é motivo de louvor e de agradecimento a Deus”, disse o Pontífice, que inspirando-se no versículo de Efésios que guia o Capítulo - "Levanta-te ...
e Cristo te iluminará" – dirige-se aos Frades Menores dizendo ser esta
“uma palavra de ressurreição, que os enraíza na dinâmica pascal, porque
não há renovação e não há futuro senão em Cristo ressuscitado”. Neste
sentido, agradecidos, os frades devem estar abertos “para acolher os
sinais da presença e ação de Deus e redescobrir o dom do seu carisma e
da sua identidade fraterna e minoritária.”
Fazendo menção ao Testamento de S. Francisco, onde conta que o
princípio da própria conversão foi o encontro com os leprosos”, o Papa
disse que na raiz da espiritualidade dos franciscanos “está este
encontro com os últimos e com os sofredores, no sinal de ‘fazer
misericórdia’”:
“Deus tocou o coração de Francisco pela misericórdia oferecida ao
irmão e continua a tocar o nosso coração pelo encontro com os outros,
especialmente com os mais necessitados. A renovação da vossa visão só
pode partir deste novo olhar com o qual contemplar o irmão pobre e
marginalizado, sinal, quase sacramento da presença de Deus. Deste olhar
renovado, desta experiência concreta de encontro com o próximo e com as
suas feridas, pode nascer uma renovada energia para olhar para o futuro
como irmãos e como menores, como vós sois, segundo o belo nome de
"frades menores", que S. Francisco escolheu para si e para vós.”
A força renovadora de que os Frades Menores têm necessidade “provém
do Espírito de Deus” - enfatizou o Pontífice. “Aquele Espírito que
transformou a amargura do encontro de Francisco com os leprosos em
doçura de alma e de corpo, age ainda hoje para dar novo frescor e
energia a cada um de vós, se se deixarem provocar pelos últimos
de nosso tempo”.
O Papa então encorajou os Frades Menores “a ir ao encontro dos homens
e mulheres que sofrem na alma e no corpo, para oferecer a sua presença
humilde e fraterna, sem grandes discursos, mas fazendo sentir a sua
proximidade de irmãos menores”:
“[Encorajo-vos a ir na direção de uma criação ferida, da nossa casa
comum, que sofre de uma exploração distorcida dos bens da terra para o
enriquecimento de poucos, enquanto se criam condições de miséria para
muitos. A ir como homens de diálogo, tentando construir pontes em vez de
muros, oferecendo o dom da fraternidade e da amizade social num mundo
que luta para encontrar a rota de um projeto comum. A ir como homens de
paz e reconciliação, convidando os que semeiam o ódio, a divisão e a
violência à conversão do coração e oferecendo às vítimas a esperança que
vem da verdade, da justiça e do perdão. Destes encontros recebereis o
impulso de viver o Evangelho cada vez mais plenamente, segundo aquela
palavra que é o vosso caminho: «A vida e a regra dos Frades Menores é
esta: observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo» ( Regra
1, 1). ]”
E diante dos desafios da queda numérica e do envelhecimento, “não
permitam que a ansiedade e o medo vos impeçam de abrir os vossos corações e
mentes para a renovação e revitalização que o Espírito de Deus desperta
em vós e entre vós”, disse o Papa, concluindo com a sua Bênção
Apostólica.
VN
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