26 abril 2024

SERVIR DISCERNINDO

 


 

 

Hoje uma boa amiga decidiu, (depois de conscientemente ter discernido toda a sua situação), sair de um órgão de “governo” de uma organização que serve a Evangelização, órgão do qual também faço parte.

Não saiu por se sentir incomodada ou qualquer outra coisa parecida, mas sim porque, tendo analisado a sua situação percebeu que serviria melhor a Igreja e essa mesma organização de modo diferente, embora com o mesmo empenho que todos lhe reconhecemos.

Este texto não é, no entanto, sobre ela, que não necessita elogios para ser quem é, mas sim sobre a necessidade que devem ter todos aqueles que servem a Igreja em movimentos, obras e serviços, mormente em situações de liderança e organização, de discernir de quando em vez se nos encontramos “agarrados” a um “lugar”, se trazemos algo de novo e construtivo naquilo em que nos envolvemos ou se apenas “estamos ali por estar”.

Muito especialmente discernir se estamos a servir a Cristo em Igreja, ou se nos estamos a servir da Igreja de Cristo para nossa notoriedade ou autorreferência.

Pode pensar-se que tal não acontece, mas a verdade é que há em movimentos, obras e serviços, gente que se “eterniza” nessas funções, acabando por “secar” à sua volta toda a iniciativa, toda uma possível modernidade sã, enfim, até, todo o sopro do Espírito Santo.

Servir a Deus é servir em permanente doação, é dar-se com todos os talentos que Ele próprio nos dá, e, obviamente, perguntar-Lhe constantemente: Senhor, que queres que eu faça?

Servir a Deus é ser-se livre de tudo, (com as óbvias condicionantes da vida de cada um), e por isso mesmo estar sempre disponível para “partir” para onde o Espírito Santo nos enviar, sabendo nós muito bem que Ele nunca nos envia a fazer nada que não seja compatível com o que somos e com o nosso estado de vida.

O único “cargo” que devemos almejar em Igreja e que devemos viver continuamente ao longo das nossas vidas, é o de “lavar os pés aos outros”, tendo sempre Cristo no coração.

 

Marinha Grande, 26 de Abril de 2024

Joaquim Mexia Alves

18 abril 2024

BAPTISMO 75 ANOS

 

 

 

 

Passam hoje 75 anos que fui baptizado, que me tornei filho de Deus, templo do Espírito Santo, que me tornei Igreja, família de Deus.

A vida nova que o Baptismo nos dá, me deu, fica para sempre em nós e, mesmo que nos afastemos dela, que nos afastemos de Deus, (como foi o meu caso), o Espírito Santo continua a habitar em nós, esperando apenas que O deixemos fazer a Sua obra em nós.

Hoje, profunda e totalmente comprometido com a vida nova que o Baptismo me deu, vivo para Cristo, no amor do Pai, deixando-me guiar pelo Espírito Santo, embora tantas vezes falhe nesse meu comprometimento.

Mas o Pai de amor corre sempre para mim, para me abraçar, cada vez que reconheço as minhas falhas a as coloco nas Suas mãos pedindo perdão.

E este perdão de Deus, não é um perdão como tantas vezes nós damos, ou seja, um perdão condescendente, quase arrogante.

Não, o perdão de Deus é um perdão de amor que nos abraça, nos envolve no Seu amor, que nada guarda das falhas cometidas, mas antes pelo contrário restabelece total e verdadeiramente a relação que nós próprios cortámos com o nosso pecado.

Por isso hoje Te dou graças, Senhor, porque me deste pais que me levaram ao Baptismo e me educaram na fé católica, e me deste tanta gente que me ajudou a regressar a Ti, reavivando a Vida Nova que há 75 anos derramaste em mim pela água do Baptismo.

«Pelo Baptismo somos Igreja viva e peregrina»

Carta Pastoral de D. José Ornelas, Bispo de Leiria-Fátima

 

Marinha Grande, 18 de Abril de 2024

Joaquim Mexia Alves

 

15 abril 2024

ESCREVER?!


 

E por vezes é assim.

Sinto uma vontade, quase uma necessidade de escrever, e nada me vem à mente, nada me vem ao coração.

Inicio frases que não têm fim, pensamentos que não se completam, sentimentos que não se fazem sentir, e a escrita continua “muda sem se ouvir”.

Pois, se calhar é porque julgo que tudo sei, de que tudo sou capaz, que consigo escrever sobre Ti, ou melhor, sobre Ti em mim, sem me entregar primeiro a Ti.

Ouço então a Tua voz dizer-me: «Lança a rede para a direita» Jo 21, 6

Oh, Senhor, então estou aqui há tanto tempo e nada consigo escrever e Tu queres que eu continue a tentar de modo diferente?

E o que significa então “lançar a rede para a direita”, Senhor?

Ah, percebo!

Queres que eu me deixe levar por Ti e não que me ache capaz de escrever sozinho.

Sorris, olhas para mim, e dizes-me com esse Teu infinito carinho: Não é só a escreveres que te deves deixar levar por Mim, mas em cada momento da tua vida, porque Eu sei de tudo o que precisas e de tudo o que é melhor para Ti.

Agora sou eu que sorrio e Te digo com todo o amor que em mim consigo encontrar: Obrigado, Senhor! Fica então para a próxima vez, porque hoje, pelo visto, não escrevi nada de jeito.

Tu apenas sorris e meneias a cabeça, como quem me diz que continuo muitas vezes sem nada entender!

 

Marinha Grande, 15 de Abril de 2024

Joaquim Mexia Alves