Muitas vezes queremos apenas ver o Cristo divinamente glorioso, divinamente belo, divinamente extraordinário, divinamente grande, divinamente luz que enche as nossas vidas.
E
muitas vezes O vimos assim, quando sentimos a Sua presença viva em
certos momentos das nossas vidas, de tal modo que quereríamos viver
sempre nesses momentos e esquecermo-nos até de nós, como Pedro se
esqueceu dele próprio no Monte da Transfiguração.
Mas
Jesus convida-nos, mais do que convidar, insiste connosco para
descermos do monte e, no mundo, sermos testemunhas do Seu amor para o
outro.
Porque
muitas vezes Ele nos aparece “transfigurado” no pedinte, no sem abrigo,
no familiar “chato”, no vizinho incómodo, no idoso que abandonamos, no
drogado insuportável, etc., enfim, na gente de que a gente não gosta.
E é nessas alturas que precisamos de O ver, mas muitas vezes olhamos para o lado.
E,
para mim, o todos, todos, todos, do Papa Francisco significa isso
mesmo, todos, todos, todos devem ser acolhidos, amados e, depois, cada
um desses todos, todos, todos, deve abrir o seu coração e a sua vida a
Jesus Cristo, que se quer fazer presente na sua vida, mas isso já não
nos compete a nós a não ser no sentido de que não devemos deixar de
testemunhar com as nossas vidas, o nosso amor, a nossa entrega, o nosso
acolhimento, sem “pré-conceitos”, a certeza de que cada um deve ter, que
Jesus Cristo a todos infinitamente ama por igual.
E
hoje, no final desta JMJ, muitos jovens e não só, naquele recinto de
amor imenso, olham uns para os outros sorrindo, (talvez um sorriso
beatífico a que alguns chamariam de “vinho doce”), e não lhes apetece
sair dali, mas sim ali permanecer, naquele sentimento de amor tocado
pelo divino que nos faz esquecer de nós próprios, para “apenas” vivermos
entre nós e connosco o amor de Deus.
E,
então, é aí que o «não tenhais medo», repetido até à exaustão desde
Cristo há mais de dois mil anos, se torna premente, porque Ele nos
convida a descer do monte, para contarmos e testemunharmos ao outro, com
as nossas palavras e os nossos gestos diários, a beleza da
transfiguração que acabámos de presenciar.
E,
então, o Cristo transfigurado aparece aos olhos dos nossos corações,
tocados pelo Espírito Santo, na figura de todos aqueles que nos rodeiam e
precisam de ser amados com o amor de Deus, que vive em nós, para nós e
para o outro.
E,
então, a Igreja chegará àquele momento em que, com Jesus Cristo no
centro, guiada pelo Espírito Santo, no amor do Pai, o mundo dirá dela:
“vede como eles se amam”.
Marinha Grande, 6 de Agosto de 2023
Joaquim Mexia Alves
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