“O Senhor conhece cada uma das nossas tribulações deste tempo. Ele
está junto de quantos vivem a dolorosa experiência de ter sido
afastado; a nossa solidão – agravada pela pandemia – não O deixa
indiferente”
Francisco explica o motivo pelo qual proclamou justamente neste ano o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos:
“Mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o
Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão
repetindo-nos: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Di-lo a ti, di-lo a
mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis
celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo
isolamento e com uma retomada ainda lenta da vida social: oxalá cada
avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós
está mais sozinho – receba a visita de um anjo!”.
Os anjos que ajudam
O Papa recorda que o “anjo enviado por Deus, pode ter o rosto de um
familiar, de um conhecido”, mas o Senhor “envia-nos os seus mensageiros
também através da Palavra divina, que Ele nunca deixa faltar na nossa
vida. Cada dia, leiamos uma página do Evangelho, rezemos com os Salmos,
leiamos os Profetas! Ficaremos comovidos com a fidelidade do Senhor”.
Idosos evangelizadores
E alerta os idosos:
“Atenção! Qual é a nossa vocação hoje, na nossa idade?
Salvaguardar as raízes, transmitir a fé aos jovens e cuidar dos
pequeninos. Não vos esqueçais disto”
E reitera: “Não existe uma idade para te aposentares da tarefa de
anunciar o Evangelho, da tarefa de transmitir as tradições aos netos. É
preciso pores-te a caminho e, sobretudo, sair de tii mesmo para empreenderes
algo de novo”. Francisco recorda também que alguns idosos podem até
afirmar que não têm condições por um motivo ou outro, porém logo
encorajou-os: “Isso é possível – responde o Senhor –, abrindo o próprio
coração à obra do Espírito Santo, que sopra onde quer. Com a liberdade
que tem, o Espírito Santo move-Se por toda a parte e faz aquilo que
quer”.
E citou mais uma vez palavras que já afirmara noutras ocasiões: “Da
crise que o mundo atravessa, não sairemos iguais: sairemos melhores ou
piores”. “Ninguém se salva sozinho. Devedores uns dos outros. Todos
irmãos”.
Três pilares para a nova construção
“Nesta perspetiva – continua o Papa - quero dizer que há necessidade
de ti para se construir, na fraternidade e na amizade social, o mundo
de amanhã: aquele em que viveremos – nós com os nossos filhos e netos –,
quando se aplacar a tempestade. Todos devemos ser ‘parte ativa na
reabilitação e apoio das sociedades feridas’”. E sugere três pilares
sobre os quais sustentar esta nova construção: os sonhos, a memória e a
oração". E explica:
“A proximidade do Senhor dará – mesmo aos mais frágeis de nós – a
força para empreender um novo caminho pelas estradas do sonho, da
memória e da oração”
Aliança entre jovens e idosos
Ao falar sobre sonhos dos idosos e visões dos jovens o Pontífice
ponderou: “O futuro do mundo está na aliança entre os jovens e os
idosos. Quem, senão os jovens, pode agarrar os sonhos dos idosos e
levá-los por diante? Mas, para isso, é necessário continuar a sonhar:
nos nossos sonhos de justiça, de paz, de solidariedade reside a
possibilidade dos nossos jovens terem novas visões e, juntos,
construirmos o futuro. É preciso que testemunhes, também tu, a
possibilidade de se sair renovado duma experiência dolorosa”.
Recordar é viver
Francisco leva o seu pensamento também ao entrelaçamento entre sonhos e
memória e afirma: “Penso como pode ser de grande valor a memória
dolorosa da guerra, e quanto podem as novas gerações aprender dela a
respeito do valor da paz”. “Recordar é uma missão verdadeira e própria
de cada idoso: conservar na memória e levar a memória aos outros” afirma
o Papa. Depois de recordar Edith Bruck sobrevivente do Holocausto que
afirmou, ‘mesmo que seja para iluminar uma só consciência, vale a pensa a
fadiga de manter a recordação do que foi.... para mim recordar é
viver’, o Papa continua encorajando mais uma vez: “Penso também nos meus
avós e naqueles de vós que tiveram de emigrar e sabem quanto custa
deixar a própria casa, como fazem muitos ainda hoje à procura dum
futuro. Talvez tenhamos algum deles ao nosso lado a cuidar de nós. Esta
memória pode ajudar a construir um mundo mais humano, mais acolhedor.
Mas, sem a memória, não se pode construir; sem alicerces, tu nunca
construirás uma casa. Nunca. E os alicerces da vida estão na memória”.
A Oração
Por fim, a oração. “A tua oração é um recurso preciosíssimo: é um
pulmão de que não se podem privar a Igreja e o mundo", disse o Papa.
"Sobretudo neste tempo tão difícil para a humanidade em que estamos –
todos na mesma barca – a atravessar o mar tempestuoso da pandemia, a tua
intercessão pelo mundo e pela Igreja não é vã, mas indica a todos a
serena confiança de um porto seguro”.
O Papa Francisco conclui a sua mensagem com um auspício: “ Oxalá cada
um de nós aprenda a repetir a todos, e em particular aos mais jovens,
estas palavras de consolação que ouvimos hoje dirigidas a nós: ‘Eu estou
contigo todos os dias’. Avante e coragem! Que o Senhor vos abençoe”.
VN
Sem comentários:
Enviar um comentário