No vazio, na escuridão, no nada, procuro afanosamente o Tudo que me dá vida.
Ouço uma voz que me diz: O que procuras tanto e com tanto esmero? Queres ajuda?
Do alto da minha auto-suficiência, respondo com algum desdém: Não vale a pena, obrigado. Eu sei encontrar o que procuro.
Mas
a voz insiste e pergunta-me novamente, incisivamente: Olha que uma
ajuda nunca se recusa. Se quiseres eu estou aqui para te ajudar, porque
sei bem o que procuras.
Já
um pouco incomodado respondo, contendo a irritação: Obrigado. Mas, por
favor, deixa-me agora para que eu não me distraia na minha procura.
Fixo
os olhos ao longe, tento vencer a escuridão do vazio, tento preencher o
nada, mas não há uma luz, um sinal, um leve sentir, que me faça
encontrar o Tudo que procuro.
Olho para o lado e vejo a voz que me sorri com o sorriso de amor mais belo que um dia vi.
Então
escondo o olhar, baixo a cabeça, o mais humildemente que me é possível e
também com alguma vergonha de ter desdenhado da ajuda oferecida, e digo
muito baixinho: Podes me ajudar, então?
A
voz aproxima-se de mim, pede-me que lhe dê a mão, (surpreso reparo que é
uma Pessoa), e diz-me ternamente: Deixa-te tocar, abre o teu coração,
vê com os olhos do coração, sente com o amor para além do teu, deixa-te
envolver e vais ver o que procuras.
Pouco
a pouco o vazio vai-se enchendo de algo a que só posso chamar amor, a
luz rompe as trevas e deixa-me ver a maravilha da criação, o nada já não
é nada porque agora é o Tudo!
Deixo-me ficar ali estasiado, querendo que aquele momento nunca acabe, mas se torne vida em mim para sempre.
Ouço a voz que me diz: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põe em prática.»
Olho para a Pessoa que é a voz, sinto-a viva dentro de mim, e pergunto: Quem és Tu?
Não me reconheceste? Sou o Espírito Santo, Aquele que te faz encontrar o Tudo que procuras.
Monte Real, 15 de Dezembro de 2022
Joaquim Mexia Alves
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