A Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações sublinha importância do processo sinodal para Igreja em que todos possam «caminhar juntos».
O Papa defendeu numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano a necessidade de superar a ideia de separação entre sacerdotes e leigos, na Igreja Católica, destacando a necessidade de “caminhar juntos” no processo sinodal que decorre até 2023.
“É preciso acautelar-se da mentalidade que separa sacerdotes e leigos, considerando protagonistas os primeiros e executores os segundos, e levar por diante a missão cristã, conjuntamente, leigos e pastores como único Povo de Deus. Toda a Igreja é comunidade evangelizadora”, escreve Francisco, na mensagem para 59º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se celebra no próximo domingo.
O texto, com o tema “Chamados para construir a família humana”, evoca os “ventos gélidos da guerra e da opressão”, além de “fenómenos de polarização”.
Neste contexto, destaca o Papa, a Igreja continua o processo sinodal iniciado em 2021, atualmente a decorrer nas dioceses católicas de todo o mundo: “Sentimos urgente necessidade de caminhar juntos cultivando as dimensões da escuta, participação e partilha”.
“Juntamente com todos os homens e mulheres de boa vontade, queremos contribuir para construir a família humana, curar as suas feridas e projetá-la para um futuro melhor”, pode ler-se.
A reflexão pontifícia propõe um “amplo significado” na interpretação do que é uma vocação, “no contexto duma Igreja sinodal que se coloca à escuta de Deus e do mundo”.
"A palavra vocação não deve ser entendida em sentido restrito, referindo-a apenas àqueles que seguem o Senhor pelo caminho duma consagração específica. Todos somos chamados a participar na missão de Cristo de reunir a humanidade dispersa e reconciliá-la com Deus”.
Francisco
destaca uma vocação comum de ser “guardião” do próximo e da natureza,
construindo “laços de concórdia e partilha” que abram caminho a “uma
grande família humana unida no amor”.
“Quando falamos de ‘vocação’, não se trata apenas de escolher esta ou aquela forma de vida, votar a própria existência a um determinado ministério ou seguir o encanto do carisma duma família religiosa, dum movimento ou duma comunidade eclesial; mas trata-se sobretudo de realizar o sonho de Deus, o grande desígnio da fraternidade que Jesus tinha no coração”, precisa.
O Papa convida todos a acolher o “olhar de amor” de Deus, que revela em cada um novas “potencialidades”.
“Coloquemo-nos, pois, à escuta da Palavra, para nos abrirmos à vocação que Deus nos confia! E aprendamos a escutar também os irmãos e irmãs na fé, porque nos seus conselhos e exemplo pode esconder-se a iniciativa de Deus, que nos indica estradas sempre novas a percorrer”, recomenda.
A mensagem conclui-se com a evocação do exemplo concreto de José Gregorio Hernández (1864-1919), médico venezuelano conhecido pela sua dedicação aos pobres, beatificado em Caracas a 30 de abril de 2021 – e já conhecido pela população venezuelana como santo -, como “testemunha exemplar do que significa acolher a vocação do Senhor”.
Francisco destaca que o beato pensou numa vida de sacerdócio ou de consagração, antes de se dedicar à medicina.
Ecclesia
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