07 novembro 2022

Dom Paul Hinder: no Bahrein o Papa tocou o coração de todos, não só dos cristãos

 
 Papa Francisco com D. Paul Hunder no Bahrein (VATICAN NEDIA) Division Foto) 
 
“Francisco tocou o coração não só dos cristãos, mas dos próprios muçulmanos com a sua fragilidade, as suas dificuldades físicas, porém com a força de fazer essas viagens e de nos encontrar com humildade". Palavras de Dom Paul Hinder numa primeira avaliação sobre a importante viagem do Papa ao Bahrein que se realizou de 3 a 6 de novembro
 

Vatican News

O momento "mais emocionante" da visita do Papa Francisco ao Bahrein, que terminou ontem (06/11), foi "a missa celebrada no estádio", onde "o entusiasmo" dos fiéis de toda a região do Golfo "reunidos em oração para celebrar o mistério" era visível. É o que disse à agência AsiaNews Dom Paul Hinder, administrador apostólico do Norte da Arábia (Kuwait, Arábia Saudita, Qatar e Bahrein), que durante a visita de 3 a 6 de novembro esteve sempre em estreito contacto com o Pontífice. A visita foi caracterizada por muitos eventos significativos, mesmo "a nível pessoal", explica Dom Hinder, que já tinha recebido o Papa nos Emirados Árabes Unidos em 2019, um evento "histórico" que ainda está vivo na sua memória: "Esta segunda presença significou um grande envolvimento a nível pessoal, muito além das expectativas".

Discursos corajosos

Questionado sobre uma primeira avaliação da visita, o bispo nascido na Suíça, que está na região há muito tempo, primeiro como vigário do Sul da Arábia (EAU, Iêmen, Omã) e agora como administrador apostólico do Norte, fala de uma "visita na qual tudo correu muito bem: bem organizada por ambos os lados, pelo governo do Bahrein e pelo Vaticano". Ele conta que ficou "admirado" pela dedicação demonstrada "por essas pessoas que consagraram dia e noite para preparar até mesmo os menores detalhes". O prelado então enfatizou "os discursos do Papa", que ele descreve como "corajosos em enfrentar e abordar problemas básicos", tais como direitos humanos e liberdade religiosa, bem como fortes posições contra a guerra e a favor do trabalho numa realidade migrante. Para os cristãos da região, professar a fé é sempre um desafio, dada a "situação especial" em que eles se encontram e que "não são em grande número", observa Dom Hinder. Ao mesmo tempo, eles "têm uma tarefa a cumprir" como o próprio Pontífice recordou, porque "são chamados a viver o Evangelho na sua realidade de forma simples e humilde, mas ao mesmo tempo confiável", numa perspetiva de "paz". "E muito sobre os direitos, liberdade religiosa com referências à paz", acrescentou, "os que o escutaram e tinham que entender receberam o recado".

Aproximação com respeito

A viagem ao Bahrein segue-se à visita aos Emirados em 2019, uma novidade histórica para um pontífice numa nação do Golfo, e "certamente faz parte da mesma lógica e continuidade, embora ainda seja um processo em construção". Na mente do Papa segue-se um processo de "aproximação no respeito e na compreensão recíproca", especialmente "a nível de ação, embora [cristianismo e islamismo] sejam diferentes em religião e doutrina". Mas o objetivo é "chegar num dia, mas a insistência do Papa é um elemento de força e de confiança", mesmo não obtendo resultados imediatos e nem todas as expectativas sejam 100% cumpridas.

Arábia Saudita

No Bahrein não foi assinado nenhum documento, porque permanece válido o texto assinado em Abu Dhabi em 2019, que também é o coração da encíclica Fratelli tutti. Resta, acrescenta Dom Hinder, a "continuidade no ensino e na prática" das relações islâmico-cristãs. No encontro com sacerdotes, religiosas e leigos envolvidos no trabalho pastoral, foi dado um "forte encorajamento" para continuar a missão, depois o prelado confiou que ele falou "num momento não planeado e pessoal" com o Pontífice sobre a situação dos cristãos na Arábia Saudita, alguns dos quais tinham acompanhado ao vivo a viagem apostólica.  Entre os dois países "há uma ponte que não é apenas física" que favorece conexões e intercâmbios também para a comunidade cristã, enquanto está em andamento uma " discreta diplomacia " que "entendemos ser a mais eficaz" a fim de dar frutos no futuro.  

Papa tocou o coração de todos

Para os fiéis", conclui Dom Hinder, "a presença do Papa foi uma fonte de alegria e de grande orgulho". Três vezes em dois anos, considerando a pandemia da Covid-19 e a saúde do pontífice, faz-nos perceber que não somos esquecidos e este é um elemento de grande conforto. Além disso, Francisco tocou o coração não só dos cristãos, mas dos próprios muçulmanos com a sua fragilidade, as suas dificuldades físicas, porém com a força de fazer essas viagens e de nos encontrar com humildade".

(com AsiaNews)

VN

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