abro todo o meu viver, entrego tudo o que sou, deixo-me envolver em amor, porque vou agora, estar contigo, Senhor.
No Mistério dos mistérios, fazes-Te assim presente, tão vivo, e realmente, que Te posso tocar, que Te olhar, que Te posso comungar, e de Ti me alimentar.
Preparo o meu coração abro todo o meu viver, entrego tudo o que sou, deixo-me envolver em amor, e digo-Te com alegria: Obrigado, Senhor, pela Santa Eucaristia! Marinha Grande, 30 de Janeiro de 2022 Joaquim Mexia Alves
A Índia é o país com maior número de pessoas com hanseníase, seguido pelo Brasil
No Angelus, o Papa
Francisco recorda os doentes de hanseníase e a necessidade de
trabalhar para a sua integração social. Este é o 69º Dia Mundial Contra a
Hanseníase, celebrado em 150 países e criado para chamar a atenção sobre
esta doença, que é curável se diagnosticada a tempo.
Roberta Barbi - Cidade do Vaticano
Hoje é o Dia Mundial Contra a Hanseníase. O Papa Francisco recorda-o
nas suas palavras após a recitação do Angelus, exortando ao empenho a
favor das pessoas acometidas por este mal:
Manifesto a minha proximidade aos que sofrem desta doença e faço
votos para que não lhes falte apoio espiritual e cuidados de saúde. É
necessário trabalhar juntos para a plena integração dessas pessoas,
superando qualquer discriminação associada a uma doença que,
infelizmente, ainda atinge muitos, principalmente em contextos sociais
mais desfavorecidos.
Uma doença ainda disseminada no mundo
"Em cada três minutos é registado um novo contágio de hanseníase no
mundo e um doente em cada 10 é uma criança". Estes são os dados
atualizados da Organização Mundial da Saúde relatados por Guido Barbera,
presidente da associação "Quero viver" e membro do conselho da União
internacional Raoul Follereau, em comunicado publicado pela agência Sir
tendo com vista ao dia de hoje .
"O tempo médio de incubação da doença é de 5 anos, mas pode até
chegar a 10 - continuou - com a consequência óbvia de que durante este
tempo as pessoas assintomáticas podem disseminá-la". A hanseníase é uma
doença que afeta a pele e o sistema nervoso periférico, mas que pode ser
controlada com a aplicação de protocolos adequados. Infelizmente, este
não é o caso quando o diagnóstico é tardio: "Muitos doentes não foram
diagnosticados, 64% são agora graves e 7% são crianças. Todos os anos,
pelo menos 15 mil crianças são infetadas e 11 mil infetados sofrem
doenças irreversíveis".
Agravamento da situação com a pandemia de Covid
No relatório anual sobre hanseníase publicado pela OMS em setembro
passado, fica claro que essa doença ainda é um problema de saúde pública
em muitos países, mas apenas 127 Estados forneceram dados atualizados
até 2020, um sinal claro da dificuldade em encontrar informações com a
sobreposição da pandemia de Covid.
De acordo com o relatório, de facto, houve uma queda de 37,1% de
pacientes em 2020 em relação a 2019, mas a Índia (em primeiro lugar) foi
confirmada como um dos países mais atingidos por esse problema, seguido do Brasil e Indonésia.
A situação no Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia,
Filipinas, Madagascar, Mianmar, Moçambique, Nepal, Nigéria, Somália, Sri
Lanka e Tanzânia também é preocupante. Especialmente em África, de
acordo com os dados divulgados no site da Associação AIFO – Associação
Italiana de Amigos de Raoul Follereau, devido à baixa capacidade de
reconhecer os sintomas precocemente, ainda há 5,6% dos pacientes de
hanseníase que relatam deficiências graves, das quais 4,3% têm menos de
15 anos.
Jovens da Ação Católica Italiana soltaram balões na Praça São Pedro, como sinal de esperança
(Vatican Media)
Os longos anos de
caminhada podem levar-nos a pensar que conhecemos bem o Senhor, e assim fecharm-nos às suas novidades e surpresas, fixos nas nossas posições.
Para evitar isto, devemos ter a mente aberta e o coração simples e
humilde: "O Senhor pede uma mente aberta e um coração simples. E quando
uma pessoa tem uma mente aberta, um coração simples, tem a capacidade de
surpreender-se, de maravilhar-se. O Senhor surpreende-nis sempre, é
esta a beleza do encontro com Jesus".
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
“Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade, nos mostre
o caminho para acolher Jesus.” E para acolher as suas novidades,
devemos purificar-nos no "rio da disponibilidade e em muitos banhos
saudáveis de humildade."
A reflexão do Papa Francisco no Angelus deste IV Domingo do
Tempo Comum versa sobre o acolhimento a Deus e aos seus desígnios, e parte do
Evangelho de Lucas proposto pela Liturgia do dia, que “narra a primeira
pregação de Jesus na sua cidade, Nazaré”, e "o êxito foi amargo",
encontra "incompreensão e também hostilidade".
De facto, "os seus conterrâneos, mais do que uma palavra de verdade –
começa Francisco por explicar aos fiéis reunidos na Praça de S. Pedro -
queriam milagres, sinais prodigiosos”. Mas “o Senhor não realiza nenhum e
eles rejeitam-no, dizendo que já o conhecem desde criança, que é o
filho de José, e assim por diante”, o que leva Jesus a pronunciar a
célebre frase: "Nenhum profeta é bem recebido na sua terra".
Deus não coloca freios no seu amor
Mas se Jesus, conhecendo o coração dos conhecidos e sabendo do risco de ser rejeitado que corria, por ter ido pregar na sua cidade
assim mesmo? - pergunta o Papa -, ”porque fazer o bem a pessoas que não
estão dispostas a te acolher?”:
Esta é uma pergunta que também muitas vezes nos fazemos. Mas é
uma pergunta que nos ajuda a compreender melhor Deus: Ele, diante dos nossos fechamentos, não retrocede: não coloca freios no seu amor. Vemos
um reflexo disto naqueles pais que têm consciência da ingratidão dos seus
filhos, mas nem por isso deixam de amá-los e de fazer-lhes o bem. Deus é
assim, mas num nível muito mais elevado. E hoje ele convida-nos também a acreditar no bem, a não deixar de fazer o bem.
Humildade e disponibilidade
“Eles não foram acolhedores, e nós?”. A hostilidade em relação a
Jesus – observou Francisco - também nos provoca. E para ilustrar os
“modelos do acolhimento que Jesus propõe hoje aos seus conterrâneos e a nós”,
volta o seu pensamento para os dois livros dos Reis, que falam de dois
estrangeiros – a viúva de Sarepta de Sidónia e Naamã, o sírio – que
acolhem Elias – “apesar da fome e embora o profeta fosse perseguido
político-religioso” e Eliseu – “que o levou a humilhar-se, a banhar-se
sete vezes no rio, como se fosse uma criança ignorante”.
Quer a viúva como Naamã, “acolheram com a sua disponibilidade e
humildade. O modo de acolher Deus é sempre ser disponível, acolhê-Lo e
ser humilde". Ou seja, a fé passa pela “disponibilidade e humildade.
Eles “não rejeitaram os caminhos de Deus e dos seus profetas; foram
dóceis, não rígidos e fechados”:
Irmãos e irmãs, também Jesus percorre o caminho dos profetas:
apresenta-se como não esperávamos. Não o encontra quem procura milagres,
se nós procuramos milagres não encontraremos Jesus, que procura novas
sensações, experiências íntimas, coisas estranhas, não! Quem procura uma
fé feita de poder e sinais externos. Não, não o encontrará. Somente o
encontra, por outro lado, quem aceita os seus caminhos e os seus desafios, sem
lamentações, sem suspeitas, sem críticas e sem cara feia.
Para evitar fechamentos, o Senhor pede mente aberta e coração simples
Assim, Jesus pede-nos para acolhê-Lo na realidade quotidiana, na
Igreja de hoje, nos necessitados, nos problemas na família, nos pais,
nos filhos, nos avós, "acolher Deus ali, onde Ele está, e convida-nos a purificarmo-nos no rio da disponibilidade e em muitos banhos saudáveis
de humildade. É preciso humildade para encontrar Deus, para deixarmo-nos
encontrar por Ele”:
E nós, somos acolhedores ou nos assemelhamos aos seus
conterrâneos, que achavam saber tudo sobre ele? 'Eu estudei
teologia, fiz aquele curso de catequese...eu sei tudo sobre Jesus', como
um "tolo"... Não sejas tolo, tu não conheces Jesus. Quem sabe, depois de
tantos anos de crentes, pensamos tantas vezes conhecer bem o Senhor, com
as nossas ideias e os nossos julgamentos. O risco é de nos
acostumarmos com Jesus, fechando-nos às suas novidades, ao momento em
que Ele bate à porta e te diz uma coisa nova, quer entrar em ti. Nós
devemos sair desse estar fixos nas nossas posições. O Senhor pede uma
mente aberta e um coração simples. E quando uma pessoa tem uma mente
aberta, um coração simples, tem a capacidade de surpreender-se, de
maravilhar-se. O Senhor surpreende-nos sempre, é esta a beleza do
encontro com Jesus".
Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade - disse ao concluir - mostre-nos o caminho para acolher Jesus.
A pandemia agravou
situações difíceis para muitos trabalhadores, mas não se torna uma
desculpa para justificar omissões na justiça e na segurança. Esta é a
esperança expressa pelo Papa durante a audiência na Sala Clementina, no
Vaticano, a cerca de cem membros da Associação Italiana de Químicos do
Couro
Paolo Ondarza - Cidade do Vaticano
Solidariedade, qualidade do trabalho, laços intergeracionais,
proteção da Casa Comum. Estes são os pontos centrais do discurso do Papa
a uma delegação de membros da Associação Italiana de Químicos do Couro,
recebida no final da manhã deste sábado, 29, no Vaticano. Observando as
dificuldades no mundo do trabalho agravadas por dois anos de pandemia,
Francisco exortou a manter alta a guarda na justiça e na segurança:
A crise pode ser encarada como uma oportunidade para crescer
juntos na solidariedade e na qualidade do trabalho. Que o exemplo e a
intercessão de S. José vos ajude a não ceder ao desânimo, a valorizar
com criatividade os vossos talentos e a ossa grande experiência para seguir em
frente e abrir novos caminhos.
Um ponto de referência para todos aqueles que trabalham com coro no
mundo, a Associação Italiana de Químicos do Couro reúne técnicos,
graduados ou diplomados, funcionários das indústrias de curtumes e
tinturarias e de todas as empresas de um setor muito específico no qual
os conhecimentos e técnicas científicas são aplicados a uma antiga
tradição:
Vocês são uma categoria muito específica de trabalhadores, que no
grande “poliedro” da sociedade global oferece uma contribuição original e
característica. É muito importante encontrar a sabedoria dos idosos e o
entusiasmo dos jovens: imagino os jovens que se apaixonam por um setor
original como o vosso, e têm necessidade de encontrar "velhos do
ofício", que têm muito a ensinar, e não somente a nível técnico, mas
também humano.
Recordando os seus anos de juventude e os estudos num instituto
técnico com ênfase na química, na Argentina, o Papa disse estar próximo
da categoria dos trabalhadores recebidos em audiência.
Por fim, refletindo sobre o impacto ambiental das atividades que
utilizam produtos químicos para o tratamento de materiais destinados ao
uso quotidiano, não deixou de chamar a atenção para os cuidados com a
Casa Comum:
É muito precioso o fazer uma associação, pois são compartilhados
conhecimentos, experiências, além de atualizações jurídicas e técnicas; e
assim se ajuda a crescer juntos num estilo de responsabilidade social
e ecológica. Isto é muito importante!
A Secção Italiana da Sociedade Internacional de Químicos do Couro foi
fundada em 1904. Promover a cultura científica do mundo do couro é um
dos primeiros objetivos desta realidade, comprometida também em criar
contactos entre os colaboradores do mundo do curtimento e a apoiar
ativamente a formação escolar com bolsas de estudo nos principais
distritos de curtumes italianos.
Encontro do Papa com os membros do consórcio internacional da média católica "catholic fact chekhing"
"Se for
necessário combater as fake news, as pessoas devem sempre ser respeitadas porque muitas vezes aderem inconscientemente a elas".
Palavras do Papa no encontro com aos membros do Consórcio internacional
da média católica "Catholic fact-checking" nesta sexta-feira (28) no
Vaticano
Adriana Masotti – Vatican News
Dirigindo-se aos membros do consórcio internacional da média católica
"Catholic fact-checking", o Papa Francisco convida a refletir sobre o
estilo dos comunicadores cristãos diante de certas questões relacionadas
com a pandemia. Para isso, ele cita algumas expressões de S. Paulo VI
presentes na Mensagem para o Dia das Comunicações Sociais de 1972, onde
ele reconheceu o poder dos instrumentos de comunicação social sobre o
comportamento e as escolhas das pessoas. O Papa Paulo VI dizia ainda que
"a excelência da tarefa do informante consiste não apenas em destacar o
que é imediatamente percetível, mas também em procurar elementos de
enquadramento e explicação sobre as causas e circunstâncias de cada facto
que ele deve relatar". Uma tarefa, portanto, que requer um senso de
responsabilidade e rigor. Francisco continua:
“O Papa Montini falava da comunicação e da informação em geral,
mas as suas palavras estão muito de acordo com a realidade se pensarmos em
certas desinformações que circulam hoje na web. De facto, vocês
propõem-se chamar a atenção para as fake news e informações tendenciosas ou
enganosas sobre as vacinas Covid-19, e fazem-no, colocando na rede com
diferentes médias católicas e envolvendo vários especialistas.”
Estar juntos pela verdade
Francisco lembra que o objetivo do Consórcio é "estar juntos pela verdade". Estar juntos,
o trabalho em rede, disse, é fundamental no campo da informação e, num tempo de divisões, já é um testemunho. Hoje, além da pandemia,
observou, a "infodemia" espalhou-se, ou seja, "a distorção da realidade
baseada no medo, que na sociedade global faz ecos e comentários sobre
notícias falsificadas ou mesmo inventadas". A multiplicação de
informações e a circulação dos chamados pareceres científicos também
podem gerar confusão. É necessário, continua o Papa, citando o que ele
já tinha dito num discurso em outubro de 2021, "fazer aliança com a
pesquisa científica sobre doenças, que progride e nos permite combater
melhor", considerando sempre que o conhecimento deve ser compartilhado.
Isto também se aplica às vacinas, recordou o Papa:
“Há uma necessidade urgente de ajudar os países que têm menos, mas
isto deve ser feito com planos a longo prazo, não apenas motivados pela
pressa das nações ricas em serem mais seguras”
"Os remédios devem ser distribuídos com dignidade, e não como esmolas
de piedade. Para fazer um bem real, é preciso promover a ciência e a sua
aplicação integral. Portanto, estar corretamente informado, ser ajudado a
entender com base em dados científicos e não em fake news, é um direito
humano.
A palavra "para"
A segunda palavra que o Papa Francisco enfatiza é para uma
palavra pequena, mas cheia de significado: os cristãos, comentou, são
contra as mentiras, mas sempre em prol das pessoas. Não devemos esquecer
a "distinção entre as notícias e as pessoas". Se for necessário
combater as fake news, as pessoas devem ser sempre respeitadas porque
muitas vezes aderem inconscientemente a elas. E o Papa afirma ainda:
"O comunicador cristão faz seu o estilo evangélico, constrói
pontes, é um artífice da paz e sobretudo, também na procura da verdade. A sua
abordagem não é de oposição às pessoas, ele não assume atitudes de
superioridade, ele não simplifica a realidade, para não cair num
fideísmo do estilo científico. Na verdade, a própria ciência é uma
contínua aproximação à resolução dos problemas. A realidade é sempre
mais complexa do que pensamos, e devemos respeitar as dúvidas,
ansiedades e perguntas das pessoas, tentando acompanhá-las sem tratá-las jamais com superioridade".
O Papa Francisco sublinha mais uma vez o dever como cristãos de fazer
todo o possível para "evitar a lógica da contraposição", tentando aproximar sempre e acompanhar o percurso das pessoas. "Tentemos
trabalhar pela informação correta e verdadeira sobre a Covid-19 e sobre
as vacinas", afirmou, "mas sem criar muros, sem criar isolamentos".
Verdade
A terceira palavra que Francisco prende em consideração é verdade, que deve ser procurada sempre e respeitada pelos comunicadores. O Papa adverte a este respeito:
"A procura da verdade não pode ser levada numa perspetiva
comercial, aos interesses dos poderosos, aos grandes interesses
económicos. Ficar juntos pela verdade significa também procurar um
antídoto para algoritmos destinados a maximizar a rentabilidade
comercial, significa promover uma sociedade informada, justa, saudável e
sustentável. Sem uma correção ética, estes instrumentos geram ambientes
de extremismo e levam as pessoas a uma radicalização perigosa".
A verdade para o cristão, continuou o Papa, não se trata apenas de
coisas individuais, mas de toda a existência e também inclui
significados relacionais como "apoio, solidez, confiança". E o único
"verdadeiramente confiável e digno de confiança, com quem se pode
contar, que é 'verdadeiro', é o Deus vivo". Jesus disse de si mesmo: "Eu
sou a verdade". E conclui indicando novamente um estilo preciso de
comunicação:
“Trabalhar ao serviço da verdade significa, portanto, procurar o que
favorece a comunhão e promove o bem de todos, não o que isola, divide e opõe-se”
A Comissão de Proteção de Menores do
Patriarcado de Lisboa recebeu uma denúncia de abusos praticados, há mais
de 30 anos, por um sacerdote que exerceu o seu ministério nesta diocese
e que está, atualmente, incardinado na Diocese de Vila Real, de onde é
natural. A denúncia foi dada a
conhecer ao Bispo daquela diocese, que informou ter iniciado uma
investigação prévia e feito a comunicação às autoridades judiciais
competentes. A Comissão de
Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa prossegue o seu trabalho,
mantendo uma total disponibilidade para colaborar com as autoridades
competentes e tendo sempre como prioridade o apuramento da verdade e o
acompanhamento das vítimas.
Na Audiência Geral
desta quarta-feira, Francisco convidou os pais, diante dos problemas
dos filhos, a pensarem no Senhor, a pensarem em como José resolveu os
problemas, e a pedirem a José que os ajude. "Nunca condenar um filho",
acrescentou o Papa.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"São José, homem que sonha" foi o tema da catequese do Papa Francisco
na Audiência Geral, desta quarta-feira (26/01), realizada na Sala Paulo
VI.
O Papa explicou que "na Bíblia, como nas culturas dos povos antigos,
os sonhos eram considerados um meio pelo qual Deus se revelava. O sonho
simboliza a vida espiritual de cada um de nós, aquele espaço interior,
em que cada um é chamado a cultivar e a proteger, onde Deus se manifesta e
muitas vezes nos fala".
Segundo o Papa, "devemos dizer que dentro de cada um de nós não
existe apenas a voz de Deus: existem muitas outras vozes. Por exemplo,
as vozes dos nossos medos, experiências passadas, das esperanças; e há
também a voz do maligno que nos quer enganar e confundir. Portanto, é
importante ser capaz de reconhecer a voz de Deus no meio de outras
vozes. José demonstra que sabe cultivar o silêncio necessário e tomar as
decisões justas diante da Palavra que o Senhor lhe dirige
interiormente".
A oração faz nascer em nós a intuição do caminho de saída
Para entender como nos colocarmos diante da revelação de Deus, o Papa
retomou quatro sonhos relatados no Evangelho que têm José como
protagonista.
No primeiro sonho, o anjo ajuda José a resolver o drama que o aflige
ao saber da gravidez de Maria, quando o anjo lhe apareceu em sonho e lhe
disse para não ter medo de receber Maria como esposa. A resposta de
José foi imediata, pois quando acordou fez conforme o Anjo do Senhor lhe tinha mandado.
Muitas vezes a vida coloca-nos diante de situações que não
entendemos e parecem sem solução. Rezar, nesses momentos, significa
deixar que o Senhor nos mostre a coisa certa a ser feita. De facto,
muitas vezes é a oração que faz nascer em nós a intuição do caminho de
saída. Como resolver aquela situação. Queridos irmãos e irmãs, o Senhor
nunca permite um problema sem nos dar também a ajuda necessária para
enfrentá-lo. Ele não nos joga ali no forno sozinhos. Não nos joga no
meio dos animais ferozes. Não. O Senhor quando nos faz ver um problema
ou revela um problema, dá-nos sempre a sua ajuda, a ua presença para sair,
para resolvê-lo.
A coragem de José para enfrentar as dificuldades
O segundo sonho revelador de José ocorre quando a vida do menino
Jesus está em perigo. Ele pegou no menino Jesus e na sua mãe e fugiram para o
Egito e ficaram lá até à morte de Herodes.
Na vida fazemos a experiência de perigos que ameaçam a nossa
existência ou a de quem amamos. Nessas situações, rezar significa
escutar a voz que pode fazer nascer em nós a coragem de José para
enfrentar as dificuldades sem sucumbir.
O medo também precisa da nossa oração
No Egito, José espera de Deus o sinal para poder voltar para casa.
Este é o conteúdo do terceiro sonho. O anjo revela-lhe que aqueles que
queriam matar o menino morreram e ordena a José, partir com Maria e
Jesus e retornar à sua pátria. Mas na viagem de volta, "quando soube que
Arquelau reinava na Judéia, como sucessor de seu pai Herodes, teve medo
de ir para lá". Depois de receber o aviso em sonho, José partiu para a
região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Esta é a
quarta revelação.
O medo também faz parte da vida e ele também precisa da nossa
oração. Deus não nos promete que não teremos mais medo, mas que, com a sua
ajuda, o medo não será o critério das nossas decisões. José experimenta o
medo, mas Deus também o guia através do medo. O poder da oração ilumina
as situações sombrias.
Os pais diante dos problemas dos filhos
A seguir, o Papa recordou "as muitas pessoas que são esmagadas pelo
peso da vida e não conseguem esperar mais e nem rezar. Que São José as
ajude a abrirem-se ao diálogo com Deus, para reencontrar luz, força e
paz".
Francisco recordou também "os pais diante dos problemas dos filhos.
Filhos doentes, com doenças permanentes. Quanta dor há ali! Pais que veem
orientações sexuais diferentes nos filhos, como lidar com isto, acompanhar os filhos e não se esconderem no comportamento de condenação.
Pais que veem os filhos morrerem por uma doença, e o mais
triste, vemos todos os dias nos jornais, os jovens que fazem travessuras
e morrem em acidentes de carro. Pais que veem os filhos não
prosseguirem na escola, muitos problemas são os dos pais. Pensemos em como
ajudá-los. A esses pais eu digo que não se espantem. Há muita dor,
muita, mas pensem no Senhor, pensem em como José resolveu os problemas e
peçam a José que vos ajude. Nunca condenar um filho".
O Papa recordou as mães que visitam os filhos nas prisões. Uma mãe
diante de um filho que errou e está preso, mas não o deixa sozinho, dá a
cara e o acompanha. Esta coragem de pai e mãe que acompanham sempre o filho.
A oração não é um gesto abstrato ou intimista
O Papa concluiu, dizendo que "a oração nunca é um gesto abstrato ou
intimista, como querem fazer estes movimentos espiritualistas mais
gnósticos do que cristãos, não é isso. A oração está sempre
indissoluvelmente ligada à caridade. Somente quando unimos o amor à
oração, amor pelo filho e pelo próximo, conseguimos compreender as
mensagens do Senhor. José rezava, trabalhava e amava, e por isso recebeu sempre o necessário para enfrentar as provações da vida. Confiemo-nos a
ele e à sua intercessão".
Apelo pela paz na Ucrânia
No final da Audiência Geral, o Papa convidou a rezar pela paz na Ucrânia, e a fazê-lo muitas vezes durante este dia:
Peçamos ao Senhor com insistência para que aquela terra possa ver
florescer a fraternidade e superar feridas, medos e divisões. Que as
orações e súplicas, que hoje se elevam ao Céu, toquem as mentes e os
corações dos responsáveis na terra, para que façam prevalecer o diálogo,
e o bem de todos seja colocado acima dos interesses de parte. Rezemos
pela paz com o Pai Nosso: é a oração dos filhos que se dirigem ao mesmo
Pai, é a oração que nos faz irmãos, é a oração dos irmãos que imploram
reconciliação e concórdia.
A Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP) convidou hoje as dioceses e organismos católicos do
país a unir-se à jornada de oração pela paz na Ucrânia, esta
quarta-feira, uma iniciativa convocada pelo Papa Francisco. “Pede-se a
todas as Dioceses e organismos eclesiais que estejam em sintonia com a
intenção do Santo Padre, assumindo o dia 26 de janeiro como um dia de
oração pela paz, na solidariedade fraterna com o povo ucraniano e com os
cristãos e os bispos da Ucrânia”, refere uma nota do Secretariado-Geral
da CEP.
O texto recorda a intervenção do Papa, este domingo, após
a recitação do ângelus, com um “veemente apelo à paz na Ucrânia, face à
iminente situação de guerra”. A CEP assinala ainda que, na última
sexta-feira, os bispos da Europa exprimiram a mesma intenção: “Neste
momento extremamente delicado, pedimos aos cristãos para rezarem pelo
dom da paz na Ucrânia, para que os responsáveis sejam contagiados pelo
bem da paz e para que a crise seja superada exclusivamente através do
diálogo”.
Dia das Comunicações Sociais será celebrado em 29 de maio
(Vatican Media)
“Escutar com o
ouvido do coração” é o título da mensagem do Papa Francisco para o 56º
Dia Mundial das Comunicações Sociais. No texto, o Pontífice analisa a
dimensão na escuta em tempos de redes sociais e a sua importância no
processo sinodal da Igreja.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Foi divulgada esta segunda-feira, festa de São Francisco de Sales
(padroeiro dos comunicadores), a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano será celebrado em 29 de maio.
Depois de dedicar a mensagem precedente aos verbos “ir e ver”, o Papa
escolheu outro verbo decisivo na gramática da comunicação: “escutar”.
De que modo? Com o ouvido do coração.
A fé vem da escuta
O avanço da tecnologia comunicativa colocou à disposição podcasts e
áudios em aplicativos, que demonstram que a escuta continua sendo
essencial para a comunicação humana, condição para um autêntico diálogo.
Entre os cinco sentidos, Deus parece privilegiar a audição. S. Paulo
dizia que “a fé vem da escuta”.
“A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus”, escreve o Papa. É
esta ação que permite que Deus se revele como Aquele que, ao falar, cria
o homem à sua imagem, e ao ouvi-lo, o reconhece como seu interlocutor.
“No fundo, ouvir é uma dimensão do amor”, mesmo se às vezes o homem
tende a “tapar os ouvidos”.
“Existe de fato uma surdez interior, pior do que a física. Ouvir,
com efeito, não diz respeito apenas ao sentido da audição, mas à pessoa
toda.”
O verdadeiro órgão da audição, portanto, é o coração, ali sentimos o
desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. “Não somos
feitos para viver como átomos, mas juntos.”
A escuta como condição da boa comunicação
Todavia, Francisco alerta para o oposto da ação de escutar, que é
“espreitar”, “bisbilhotar”, sobretudo em tempos de redes sociais. Ao contrário de nos escutarmos uns aos outros, “falamos uns sobre os outros”.
Ao contrário de procurarmos a verdade e o bem, procuramos o consenso,
buscamos audiência. Estamos simplesmente à espera que a outra pessoa
acabe de falar, a fim de impor o nosso ponto de vista.
“A boa comunicação, ao contrário, não procura impressionar o público
com uma piada de impacto, com a finalidade de ridicularizar o
interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura
compreender a complexidade da realidade. É triste quando, até na Igreja,
se formam alinhamentos ideológicos, a escuta desaparece e dá lugar a
uma oposição estéril.”
Na verdadeira comunicação, acrescenta o Papa, o “eu” e o “tu” estão
ambos “em saída”, inclinados um para o outro. Portanto, a escuta é o
primeiro ingrediente indispensável do diálogo e da boa comunicação. “Não
há bom jornalismo sem a capacidade de ouvir.” Aliás, este é um dos ensinamentos do jornalista: ouvir várias fontes.
Os perigos da "infodemia"
Na Igreja, este preceito transforma-se em “ouvir várias vozes”, que
permite exercer a arte do discernimento e orientar-se numa sinfonia de
vozes.
Francisco cita o cardeal Agostino Casaroli, que falava de “martírio
da paciência” no seu trabalho como diplomata, necessário para ouvir e
ser ouvido.
Para o Papa, a capacidade de ouvir é mais valiosa do que nunca. De
facto, este tempo “ferido pela longa pandemia” levou à “infodemia”, isto
é, ao grande fluxo de informações sobre um tema específico – neste caso
sobre a Covid – nem sempre fundadas e críveis, gerando desconfiança na
sociedade.
Outro exemplo citado pelo Pontífice sobre a “arte de ouvir” vem do
desafio representado pela migração forçada. Ouvir as experiências dos
migrantes significa dar um nome e uma história a cada um deles. “Ouçamos
estas histórias!”, exclama Francisco, encorajando os jornalistas a
contá-las.
O "apostolado do ouvido"
O Papa conclui a mensagem analisando a dimensão da escuta dentro da
Igreja. “Quem não sabe escutar o irmão, em breve já não será capaz de
ouvir nem sequer Deus.”
Na ação pastoral, a obra mais importante é o “apostolado do ouvido”,
aponta Francisco. “Dar gratuitamente um pouco do seu tempo para ouvir as
pessoas é o primeiro gesto de caridade.”
A dimensão da escuta é ainda mais essencial no processo sinodal há
pouco iniciado. “Rezemos para que seja uma grande oportunidade de escuta
recíproca.”
“Na consciência de que participamos numa comunhão que nos precede e
nos inclui, possamos redescobrir uma Igreja sinfónica, na qual cada
pessoa é capaz de cantar com a própria voz, acolhendo como um dom as dos
outros, para manifestar a harmonia do conjunto que o Espírito Santo
compõe.”
Francisco propôs
que a próxima quarta-feira, 26 de janeiro, seja um dia de oração pela
paz. “Faço um forte apelo a todas as pessoas de boa vontade, para que
elevem orações a Deus omnipotente, para que cada ação e iniciativa
política esteja ao serviço da fraternidade humana”, disse o Pontífice no
final da oração do Angelus deste domingo.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O Papa voltou a manifestar a sua preocupação com as tensões na
Ucrânia, “que ameaçam infligir um novo golpe à paz” no país, colocando
em discussão a segurança da Europa.
“Faço um forte apelo a todas as pessoas de boa vontade, para que
elevem orações a Deus omnipotente, para que cada ação e iniciativa
política esteja ao serviço da fraternidade humana”, disse Francisco,
recordando que quem persegue os próprios fins em detrimento dos demais
despreza a própria vocação do homem, "porque todos fomos criados
irmãos".
Diante deste cenário preocupante, o Pontífice então propôs que a
próxima quarta-feira, 26 de janeiro, seja um dia de oração pela paz.
Diplomacia ativada
As crescentes tensões na fronteira entre Rússia e Ucrânia preocupam
não só o Papa, mas toda a comunidade internacional. A diplomacia está
a multiplicat as reuniões e videoconferências para evitar uma agressão
militar russa, que no momento nega qualquer possibilidade de uma medida
militar real.
No entanto, há mais de 120.000 soldados russos já posicionados na
fronteira ucraniana e no território do Donbass, onde, como em Kiev, os
exercícios estão na ordem do dia. Também prossegue o fluxo de munições e
instrutores militares dos países da OTAN. Um primeiro carregamento de
armas, cerca de 90 toneladas, já chegou sob as ordens do presidente dos EU Joe Biden.
A partir de segunda-feira, os ministros das Relações Exteriores dos
27 países da UE reunir-se-ão por videoconferência com o Secretário de
Estado norte-americano Blinken, que está a retornar das negociações com
Moscovo, em Genebra. Possíveis sanções em caso de invasão estão a set
consideradas. Também estão previstas conversações bilaterais entre o
Reino Unido e a Rússia.
O brasileiro Wanderson Saavedra Correia é instituído Catequista, pelo Papa Francisco
No Domingo da Palavra de Deus, a homilia do Papa foi repleta de
questões sobre a Igreja que somos e que queremos ser. E fez um
apelo: "Apaixonemo-nos pela Sagrada Escritura", que nos leva a Deus e
aos outros. Durante a celebração, Francisco instituiu leitores e
catequistas.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Ouvir, rezar e colocar em prática as Sagradas Escrituras: é o que nos pede o Papa Francisco neste Domingo da Palavra de Deus.
Para a ocasião, o Pontífice presidiu à celebração eucarística na
Basílica de S. Pedro, em que pela primeira vez foram instituídos
leitores e catequistas.
Regina de Sousa Silva (no centro) e Wanderson Saavedra Correia (à direita)
No centro da nossa vida está Deus e sua Palavra
Na sua homilia, o Pontífice comentou a primeira Leitura e o Evangelho
deste III Domingo do Tempo Comum, que têm como protagonista a Sagrada
Escritura. Primeiro, o sacerdote Esdras coloca em lugar elevado o livro
da lei de Deus, abre-o e proclama-o diante de todo o povo. Depois, Jesus
lê na frente de todos uma passagem do profeta Isaías.
“Estas duas cenas comunicam-nos uma realidade fundamental: no centro
da vida do povo santo de Deus e do caminho da fé, não estamos nós com as
nossas palavras; no centro, está Deus com a sua Palavra”, observou o
Papa.
A Palavra consola
Jesus encerra a leitura com algo inédito: "Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura" (Lc 4, 21).
A Palavra de Deus já não é uma promessa, explicou o Papa, mas sim,
realizou-se. Em Jesus, fez-Se carne. Mantendo os olhos fixos em Cristo,
Francisco convidou os fiéis a meditar sobre dois aspetos: a Palavra desvenda Deus e a Palavra leva-nos ao homem. Isto é, ao mesmo tempo consola e provoca.
A Palavra consola-nos porque Jesus desvenda o verdadeiro rosto de
Deus, que veio para libertar os pobres e oprimidos. Deus é misericórdia,
é pai e não patrão, não é neutro nem indiferente, mas compromete-se com
a nossa dor, “está sempre presente ali”. “Está próximo e quer cuidar de
nós. Esta é a sua característica: proximidade.”
O Papa então convida os fiéis a interrogarem-se: trazemos no coração
esta imagem libertadora de Deus, compassivo e terno ou O imaginamos como
um juiz rigoroso, um rígido guarda alfandegário da nossa vida? Ou
ainda: Qual é o rosto de Deus que anunciamos na Igreja: o Salvador que
liberta e cura, ou o Temível que esmaga avivando os sentimentos de
culpa?
Para nos convertermos ao verdadeiro Deus, Jesus indica por onde
começar: pela Palavra. Esta liberta-nos dos medos e preconceitos sobre
Ele, derruba os ídolos falsos e traz-nos de volta ao seu rosto
verdadeiro, à sua misericórdia.
“A Palavra de Deus alimenta e renova a fé: voltemos a colocá-la no centro da oração e da vida espiritual!”
A Palavra provoca
A Palavra, acrescentou Francisco, impele-nos a sair de nós mesmos
caminhando ao encontro dos irmãos, como revela Jesus na sinagoga de
Nazaré: Ele é enviado para ir ao encontro dos pobres (que somos todos
nós!) e libertá-los. Jesus revela ainda o culto mais agradável a Deus:
cuidar do próximo. "Devemos voltar a isso. De momento, há na Igreja as
tentações da rigidez, que é uma perversão. Acredita-se que encontrar
Deus é tornarmo-nos mais rígidos, com mais normas... Não é assim. Quando
vemos propostas rígidas, de rigidez, pensemos logo: este é um ídolo, não
é Deus. O nosso Deus não é assim."
“Irmãs e irmãos, a Palavra de Deus transforma-nos, não a rigidez:
esta esconde-nos. E a Palavra de Deus transforma-nos penetrando na alma
como uma espada.”
Se por um lado consola, por outro provoca. Pois não podemos viver
tranquilos quando o preço a pagar por esta tranquilidade é um mundo
dilacerado pela injustiça. Francisco citou a condição de milhares de
migrantes, rejeitados nas fronteiras inclusive por quem faz política “em
nome de Deus”. “Não há nada a fazer” ou “que posso fazer eu?” não são
mais justificativas. Exige que não sejamos indiferentes, mas diligentes,
criativos, proféticos.
A Sagrada Escritura, disse ainda o Papa, não foi dada para nos
entreter, mas para sair ao encontro dos outros e debruçarmo-nos sobre as
suas feridas.
“A Palavra que Se fez carne quer tornar-Se carne em nós.” E o quer no
tempo que vivemos, não num futuro ideal. Francisco propôs então mais uma
questão: queremos imitar Jesus, tornando-nos em ministros de
libertação e consolação para os outros?
Vamo-nos apaixonar pela Sagrada Escritura
Por fim, um pensamento aos leitores e catequistas que foram
instituídos nesta celebração, chamados à tarefa de servir o Evangelho,
anunciá-lo para que a sua consolação chegue a todos.
Esta, aliás, é também a missão de cada um de nós: ser arautos críveis, profetas da Palavra no mundo.
“Por isso, apaixonemo-nos pela Sagrada Escritura, deixemo-nos
interpelar profundamente pela Palavra, que desvenda a novidade de Deus e
leva-nos a amar incansavelmente os outros. Voltemos a colocar a Palavra
de Deus no centro da pastoral e da vida da Igreja! Vamos ouvi-la,
rezá-la e colocá-la em prática.”
Santa Missa no Domingo da Palavra de Deus em 24 de janeiro de 2021
(Vatican Media)
Com a Carta
Apostólica sob forma de Motu Proprio “Aperuit illis”, o Papa Francisco
instituiu em 30 setembro 2019 o Domingo da Palavra de Deus, a ser
celebrado no III Domingo do Tempo Comum, dia em que a Igreja celebra a
memória litúrgica de S. Jerónimo.
Vatican News
Em 23 de janeiro de 2022 será celebrado o terceiro Domingo da Palavra
de Deus. Durante a celebração presidida pelo Papa Francisco na Basílica
de São Pedro, com início às 9h30, horário local, sucederão alguns
momentos muito significativos. Pela primeira vez, o ministério do
Leitorado e do Acolitado será confiado também a leigos e leigas.
Na celebração, o Santo Padre realizará o rito pelo qual o ministério de
catequista será conferido a fiéis leigos, mulheres e homens. Cada um
desses dois ministérios é conferido por meio de um rito, preparado pela
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos,
apresentado pela primeira vez.
Os candidatos serão convocados antes da homilia, chamados pelo nome e
apresentados à Igreja. Após a homilia, aqueles que terão acesso ao
ministério do Leitorado recebem a Bíblia, a Palavra de Deus a que são
chamados a anunciar.
Aos catequistas, por outro lado, é confiada uma cruz, reprodução da
cruz pastoral usada primeiro por S. Paulo VI e mais tarde por S. João
Paulo II, para recordar o caráter missionário do serviço a que se preparam
para administrar.
Representando o Povo de Deus, receberão o ministério do Leitorado
alguns fiéis leigos provenientes da Coreia do Sul, Paquistão, Gana e de
várias partes da Itália.
Para receber ao ministério de catequista, estarão presentes dois
leigos provenientes do Vicariato Apostólico de Yurimaguas (Peru), na
Amazónia; dois fiéis do Brasil que já estão envolvidos na formação de
catequistas; uma mulher proveniente de Kumasi, Gana; o presidente do
Centro de Oratórios Romanos, fundado pelo catequista Arnaldo Canepa -
que dedicou mais de quarenta anos da sua existência à fundação e direção
de Oratórios para jovens, o primeiro dos quais em 1945 - e um leigo e
uma leiga de Łódź e Madrid, respetivamente.
Por motivos relacionados com as dificuldades de deslocação provocadas
pelas restrições sanitárias atualmente em vigor, não será possível a
presença dos dois fiéis da República Democrática do Congo e de Uganda
Autor do guia
de leitura que conduziu o ano da Palavra no Patriarcado de Lisboa, no
ano pastoral 2017/18, o padre Ricardo Figueiredo considera que o Domingo
da Palavra de Deus, instituído pelo Papa Francisco e que a Igreja
celebra neste dia 23 de janeiro, é uma oportunidade para “reconhecer a
importância da Palavra de Deus, que tantas vezes fica esquecida”. “Temos
de pôr a Palavra de Deus no coração daquilo que são as nossas
práticas”, aponta.
Foi
através do Motu Proprio ‘Aperuit illis’, de 30 de setembro de 2019, que
o Papa Francisco estabeleceu que “o III Domingo do Tempo Comum seja
dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. Para o
padre Ricardo Figueiredo, que escreveu o guia de leitura para o ano da
Palavra na diocese, no ano pastoral 2017/18, esta iniciativa do Papa
teve coincidência com o que o Patriarcado de Lisboa tinha vivido. “Na
altura em que foi criado o Domingo da Palavra de Deus, em 2019, em tom
de brincadeira dissemos que o Papa estava atento à Diocese de Lisboa,
que tinha tido o ano da Palavra”, observa o sacerdote, ao Jornal VOZ DA
VERDADE, acrescentando depois que “o Papa teve esta necessidade de
instituir este dia para todo mundo” para se “reconhecer a importância da
Palavra de Deus”. “Fazendo o diagnóstico com seriedade, havia um défice
da Palavra de Deus naquilo que é a vida da Igreja. Muitas vezes,
contamos apenas com os nossos critérios pessoais e não usamos a Palavra
de Deus como aquilo que ilumina a nossa vida cristã, a nossa vida
comunitária, a vida paroquial, a vida diocesana”, alerta o padre
Ricardo. O Domingo da Palavra de Deus
acontece, a cada ano, “quase no início do ano” civil. “O Papa vem
reconhecer que toda a nossa vida, enquanto Igreja, tem de ser marcada
por esta centralidade da Palavra de Deus. Portanto, foi com grande
alegria que recebi isto. Ter um Domingo da Palavra recorda-nos que tudo
aquilo que é a nossa ação na Igreja, aquilo que é na nossa pregação,
aquilo que é a nossa oração, tem de ser alimentado, fecundado, pela
Palavra de Deus”, deseja. O lugar onde nasce a fé O
Patriarcado de Lisboa dedicou então o ano pastoral 2017/18 ao tema
‘Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé’, naquele que foi o
primeiro ano da receção sinodal, após o Sínodo Diocesano 2016. O padre
Ricardo Figueiredo recorda que o tema “tinha sido retirado da
Constituição Sinodal de Lisboa” e foi mesmo “dos mais votados”. “As
prioridades para os quatro anos de receção sinodal foram pontos da
Constituição Sinodal de Lisboa que foram votados e este ponto da Palavra
de Deus foi um dos mais votados nas várias instâncias que foram
consultadas, penso que de forma quase unânime, como uma grande
necessidade que há na nossa diocese – e na Igreja em geral, diria –, de
termos a Palavra de Deus como uma realidade central daquilo que é a
nossa vida cristã. De facto, é reconhecer a importância da Palavra de
Deus, que tantas vezes fica esquecida. Já nem é ler outras coisas, é de
facto vivermos numa sociedade e num ambiente tão rápido, com tanta
oferta digital, com tanto som, com tanta coisa, que a Palavra de Deus,
muitas vezes, pode ser esquecida”, alerta o sacerdote, que nesta próxima
semana faz 32 anos. Neste sentido, para o jovem pároco, esse ano
pastoral na diocese “sinalizou a Palavra de Deus como algo essencial
para a vida cristã”. “O primeiro ponto fundamental é pôr a Palavra de
Deus no coração daquilo que são as nossas práticas, daquilo que é nossa
oração, daquilo que são os nossos critérios pastorais, daquilo que são
as nossas vivências enquanto Igreja. Ser tudo alimentado a partir da
Palavra de Deus e não só da nossa criatividade – ou melhor, a nossa
criatividade ser fecundada pela Palavra de Deus e pelos critérios da
Palavra de Deus”, explica.
Leia o artigo completo na edição do dia 23 de janeiro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível aqui e nas paróquias ou em sua casa.
Papa Francisco no encontro com os participantes na Plenária da Congregação para a Doutrina da Fé
Dignidade,
discernimento e fé foram as três palavras refletidas durante o discurso
do Papa Francisco aos participantes na Assembleia Plenária da
Congregação para a Doutrina da Fé, recebidos nesta manhã (21/02) no
Vaticano
Jane Nogara - Vatican News
Na manhã desta sexta-feira (21/01) o Papa Francisco recebeu os
participantes na Assembleia Plenária da Congregação para a Doutrina da
Fé. O Papa iniciou o seu discurso comunicando que iria partilhar com os
presentes algumas reflexões, agrupando-as em torno de três palavras: dignidade, discernimento e fé.
Dignidade
Ao refletir sobre a palavra dignidade o Papa recordou que na
nossa época, “marcada por tantas tensões sociais, políticas e até mesmo
relacionadas com a saúde, há uma tentação crescente de considerar o outro
como um estranho ou um inimigo, negando-lhe a verdadeira dignidade”.
Advertindo que “especialmente neste momento, somos chamados a lembrar,
‘em todas as ocasiões oportunas e inoportunas’ e seguindo fielmente um
ensinamento da Igreja de dois mil anos, que a dignidade de todo o ser
humano tem um caráter intrínseco e é válida desde o momento da conceção
até a morte natural”.
“A afirmação da dignidade é o pré-requisito inalienável para a
proteção de uma existência pessoal e social, e também a condição
necessária para que a fraternidade e a amizade social sejam realizadas
entre todos os povos da Terra”
“A Igreja – continuou o Pontífice - desde o início da sua
missão proclamou sempre e promoveu o valor intangível da dignidade
humana. O homem é de facto a obra-prima da criação: é querido e amado por
Deus como parceiro nos seus planos eternos, e pela nossa salvação Jesus deu
a sua vida ao ponto de morrer na cruz por cada homem, por cada um de
nós".
Discernimento
Ao falar sobre o discernimento o Papa refletiu três aspetos, o
primeiro referia-se sobre "a maior necessidade de espiritualidade nos nossos tempos que, porém, nem sempre encontra o seu ponto de referência no
Evangelho. Assim, não é raro lidar com supostos fenómenos
sobrenaturais, para os quais o povo de Deus deve receber indicações
confiáveis e sólidas", aconselhou Francisco.
O segundo aspeto do discernimento “encontra uma aplicação necessária na luta contra abusos de todo tipo".
“A Igreja com a ajuda de Deus, leva adiante com determinação o seu
compromisso de fazer justiça às vítimas de abusos por parte dos seus
membros, aplicando com especial cuidado e rigor a legislação canónica
prevista”
Recordando também que recentemente atualizou as “Normas sobre crimes
reservados à Congregação para a Doutrina da Fé", com o desejo de tornar a
ação judicial mais incisiva. "Isto por si só não pode ser suficiente
para conter o fenómeno, mas é um passo necessário para restabelecer a
justiça, reparar o escândalo e emendar o réu”.
E o terceiro aspeto do discernimento referia-se “`*à dissolução do vínculo matrimonial in favorem fidei”.
“Quando – explicou Francisco - em virtude do poder petrino, a Igreja
concede a dissolução de um vínculo matrimonial não-sacramental, não se
trata apenas de pôr um fim canónico a um casamento, que já falhou de
facto, mas, na realidade, através deste ato eminentemente pastoral,
pretendo favorecer sempre a fé católica - in favorem fidei! - na nova união e na família, da qual este novo casamento será o núcleo”.
Francisco destaca ainda um outro importante aspeto: "E aqui também gostaria de focalizar a necessidade de discernimento no caminho sinodal.
“Um caminho sinodal sem discernimento não é um caminho sinodal. É
necessário discernir continuamente opiniões, pontos de vista e
reflexões. Não se pode percorrer o caminho sinodal sem discernir”
Este discernimento é o que fará do Sínodo um verdadeiro Sínodo, no
qual - digamos - o personagem mais importante é o Espírito Santo, e não
um parlamento ou uma pesquisa de opiniões que a média possa realizar. É
por isso que ressalto: o discernimento é importante no caminho sinodal"
A fé
Por fim o Papa refletiu sobre a palavra fé. Iniciou recordando
o fundamento da Congregação que é o de “não apenas para defender, mas
também para promover a fé. Sem fé, a presença de crentes no mundo seria
reduzida à de uma agência humanitária”. “Nunca devemos esquecer -
afirmou - que uma fé que não nos põe em crise é uma fé em crise; uma fé
que não nos faz crescer é uma fé que deve crescer; uma fé que não nos
questiona é uma fé sobre a qual nos devemos questionar; uma fé que não
nos anima é uma fé que deve ser animada; uma fé que não nos sacode é uma
fé que deve ser sacudida"
Concluindo disse aos presentes:
“Não nos contentemos com uma fé morna e habitual. Colaboremos com o
Espírito Santo e uns aos outros para que o fogo que Jesus trouxe ao
mundo possa continuar aceso e incendiar o coração de todos”