30 novembro 2020

O Papa: a caridade de Santo André, força para os tempos difíceis

 
Papa Francisco e Bartolomeu I no encontro de oração de 20 de outubro na Praça do Capitólio  (Vatican Media)

 

Francisco escreve ao Patriarca Ecuménico Bartolomeu I no dia da festa do Apóstolo, santo padroeiro do Patriarcado. O cardeal Koch participou com uma delegação vaticana da Divina Liturgia celebrada em Istambul.

Alessandro De Carolis/Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem, nesta segunda-feira (30/11), ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, por ocasião da festa de Santo André, Apóstolo, Padroeiro do Patriarcado Ecumênico.

 

“A paz pode ser negociada, mas isto não extinguirá as guerras do mundo até que as pessoas entendam que são irmãos e irmãs.” Para o Papa da Encíclica “Fratelli tutti” esta é uma certeza. Um pensamento contido na mensagem dirigida ao Patriarca Bartolomeu I, na Festa do Apóstolo André, lida pelo presidente do Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, no final da Divina Liturgia celebrada na Igreja de São Jorge, em Istambul, na Turquia, que contou com a presença de uma delegação vaticana. Uma antiga tradição igualmente respeitada pelos representantes do Patriarcado Ecuménico, que participaram da missa para a Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, em 29 de junho.

Guerras e vidas roubadas

Ao recordar o encontro ecuménico de 20 de outubro passado, realizado em Roma, na Praça do Capitólio, com Bartolomeu e outros líderes religiosos, Francisco observa que para além da pandemia, a guerra continua “a afligir muitas partes do mundo” e novos conflitos armados roubam a vida de homens e mulheres. “Sem dúvida”, escreve o Papa na mensagem, “todas as iniciativas tomadas por organismos nacionais e internacionais para promover a paz são úteis e necessárias, mas o conflito e a violência nunca cessarão até que todas as pessoas tenham uma consciência mais profunda de que têm uma responsabilidade recíproca como irmãos e irmãs”.

Igrejas irmãs

Uma fraternidade que Francisco afirma ter experimentado “em primeira pessoa” nos vários encontros com o Patriarcado Ecuménico, reconhecendo que o “desejo de aproximação e compreensão cada vez maior entre os cristãos” foi manifestado por Constantinopla “antes que a Igreja católica e outras Igrejas se comprometessem com o diálogo”. O Papa cita como demonstração deste facto uma carta encíclica do Santo Sínodo do Patriarcado Ecuménico enviada às Igrejas de todo o mundo, há cem anos atrás. “Quando as várias Igrejas se inspiram no amor, e o colocam em primeiro lugar no seu julgamento dos outros”, lê-se na carta do Santo Sínodo, “elas serão capazes, em vez de aumentar e ampliar as divergências existentes, diminuí-las ao máximo possível” e, além disto, “com a sua disposição a dar, sempre que surgir a oportunidade, uma mão de ajuda e assistência, então farão e realizarão muitas coisas boas para a glória e o benefício tanto de si mesmas como de todo o corpo cristão”.

Objetivo, a unidade

“Um texto que não perdeu a sua atualidade”, enfatiza o Papa, “que acompanha os votos ao Patriarca Bartolomeu I para a festa de Santo André com a constatação do notável crescimento nas relações entre a Igreja Católica e o Patriarcado Ecuménico no século passado. “Muito embora os obstáculos permaneçam, estou confiante de que, caminhando juntos no amor recíproco e procurando o diálogo teológico” será possível alcançar o objetivo “de restaurar a plena comunhão expressa através da participação no mesmo altar eucarístico”, de “reunir todos os homens num só corpo, e na pedra angular da Igreja una e santa”.

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O tempo da misericórdia é hoje e sempre

 

  

Há cinco anos, o Papa Francisco inaugurava o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, abrindo a Porta Santa em Bangui e nas Basílicas papais: "Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia."

 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

Misericórdia é uma das palavras-chave do pontificado de Francisco.

 

Exatamente há cinco anos atrás, a Igreja foi convocada para viver um Jubileu Extraordinário, que já iniciou “extraordinário” pela maneira como foi inaugurado.

Bangui, a capital espiritual do mundo

O Papa Francisco escolheu a Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, para a abertura da Porta Santa - ato solene que depois foi repetido nas Basílicas papais. Era o dia 29 de novembro de 2015:

“Hoje, Bangui torna-se a capital espiritual do mundo. O Ano Santo da Misericórdia chega adiantado a esta terra; uma terra que sofre, há diversos anos, a guerra e o ódio, a incompreensão, a falta de paz. Mas, simbolizados nesta terra sofredora, encontram-se também todos os países que estão a passar através da cruz da guerra. Bangui torna-se a capital espiritual da súplica pela misericórdia do Pai. Todos nós pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor… para Bangui, para toda a República Centro-Africana, para o mundo inteiro. Para os países que sofrem a guerra, peçamos a paz; todos juntos, peçamos amor e paz.”

Antepor a misericórdia ao julgamento

No dia 8 de dezembro, na Basílica de São Pedro e na presença do Papa emérito, o Pontífice afirmou:

“Este Ano Extraordinário é dom de graça. Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que nos procura, é Ele que vem ao nosso encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia. Que grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma, em primeiro lugar, que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor, diversamente, que são perdoados pela sua misericórdia (cf. Santo Agostinho, De praedestinatione sanctorum 12, 24)! E assim é verdadeiramente. Devemos antepor a misericórdia ao julgamento.”

Que o Senhor abra a porta do nosso coração

Extraordinária foi também a abertura da Porta Santa na sede da Cáritas de Roma, no dia 18 de dezembro.

“Hoje abrimos esta Porta e pedimos duas coisas. Primeiro, que o Senhor abra a porta do nosso coração, a todos. Todos temos necessidade disto, somos todos pecadores, temos necessidade de ouvir a Palavra do Senhor e que a Palavra do Senhor venha. Segundo, que o Senhor faça entender que o caminho da presunção, das riquezas, da vaidade, do orgulho, não são caminhos de salvação. Que o Senhor nos faça compreender que a sua carícia de Pai, a sua misericórdia, o seu perdão, existem quando nos aproximamos de quantos sofrem, dos descartados na sociedade: ali está Jesus.”

A intenção de Francisco é que o Jubileu fosse não só geograficamente descentralizado, ou seja, sem necessariamente peregrinar a Roma, mas fosse vivido em cada diocese, em cada paróquia do mundo, mas – sobretudo - como peregrinação espiritual dentro da vivência católica.

“Este é o tempo da misericórdia”, afirmou o Papa, tempo que, para Francisco, é hoje e sempre.

VN

29 novembro 2020

Homilia no Primeiro Domingo do Advento e Ordenação de Diáconos

 

 

O raiar da aurora de Cristo que vem

Caríssimos irmãos: Em Domingo de Advento e de Ordenação de Diáconos, aqui estamos, como assembleia celebrante, corpo eclesial de escuta, louvor e  missão. E em ação de graças, sempre e apesar da pandemia, lembrando especialmente os que mais sofrem, por si ou pelos seus. Ação de graças por não estarmos sós, mas sempre acompanhados pelo Senhor que veio, vem e há de vir, na sequência total do seu Advento.
Assim o preanunciara Isaías, a um povo arduamente desenganado de si mesmo: «Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos». 
Aqui escutámos a Palavra que ilumina, aqui celebramos o sacramento que alimenta e em tudo recebemos o serviço do Senhor Jesus, assim mesmo apresentado: «Eu estou no meio de vós como um diácono» (cf Lc 22, 27). O Advento de Jesus traduz-se desse modo, como presença certa e cuidadosa, Bom Samaritano da humanidade inteira. 
É certo que vos destinais ao presbiterado, caríssimos ordinandos, mas o tempo de diáconos não se reduz a uma etapa. É a base essencial de tudo o mais, unindo-vos sacramentalmente a Cristo servo. E o serviço é muito especialmente esse mesmo, de assegurar a quem esteja só, doente, ou mais atingido pelas atuais circunstâncias, que pode contar com a presença de Cristo, que por vós lhe advém.

A palavra que hoje mais ressoa é: “Vigiai!” Alude aos antigos vigias, de olhos fixos na escuridão e até raiar o sol. Mas indica sobretudo a atitude que este tempo litúrgico nos aviva, muito para além da gramática comum. Vigiamos, porque a noite é densa e anoitece-nos também. Mas quem vigia adivinha a aurora e assim se confirma – a si e aos outros. 
Sim, a casa deste mundo tem realmente um Senhor, que a ganhou ao preço da sua própria vida. Partiu donde estava para voltar agora e em qualquer circunstância. À tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou já de manhãzinha; como nos correr o tempo ou o estado de alma, Ele advém. E o que mais nos toca é sabê-lo assim e despertar a todos. 
Não deixemos que qualquer “noite” nos reduza a expetativa, pessoal, social ou eclesial que seja. Nós sabemos e faremos saber que não há realidade que o Advento de Cristo não possa alcançar e salvar. 
Deixemo-nos preencher também por esta certeza, para que de nós chegue a muitos e por nós se apresse. Há hoje tanta urgência a reclamá-la… Retenhamos, a propósito, estas palavras fortes da Mensagem da CEP para este Advento: «O Deus que vem não vem mudar as situações. Vem mudar os corações. E são os nossos corações mudados que podem mudar as situações. […] Sim, porque a resposta de Deus hoje somos nós. […] O Deus do Advento vem para o meio desta pandemia, pega na nossa mão, muda o nosso coração e envia-nos a mudar a situação». 
O vosso serviço, caríssimos ordinandos, e convosco o de nós todos, é ser Advento de Cristo e manifestação da sua presença no mundo. O Advento, que na altura foi do Natal, é agora pascal, na omnipresença do Ressuscitado. Veio, vem e virá, cabendo-nos a nós demonstrar, por palavras e obras, o realismo do seu Advento, para ser mais patente em tudo e a todos.  
Muito depende de nós, para que tal aconteça, desejando mais e manifestando melhor a chegada desse dia total e conclusivo. Assim mesmo se dizia aos primeiros cristãos: «… como deve ser santa a vossa vida e a vossa piedade, enquanto esperais e apressais a chegada do dia de Deus» (2 Pe 3, 11-12). 

O Evangelho que escutámos refere os “plenos poderes” que o senhor deixou a cada um dos seus servos... Detenhamo-nos um pouco neste passo, aplicando amplamente a parábola. Vejamo-nos a nós como aqueles servos, incumbidos de vigiar por si e por todos e na iminência da vinda do Senhor. Vejamo-nos também como ativadores duma expetativa salvadora e única. No que a cada um diz respeito, significará viver em Advento, sem que nada nos distraia do objetivo final que é estar com Cristo em Deus, como Deus vem ao nosso encontro em Cristo. 
O mundo que integramos é uma dimensão a respeitar e a servir, para que todos possam viver e crescer, fruindo e compartilhando a criação. Mas tal só acontecerá, com verdadeira justiça para cada um, se o horizonte não se encerrar aqui, mas se alargar como Cristo o alargou e O desejarmos plenamente a Ele. Para alcançarmos quem já nos alcançou, para resumir a nossa vida como Paulo resumiu a sua: «Não que já o tenha alcançado [a Cristo] ou já seja perfeito; mas corro, para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus» (Fl 3, 12).
Manter este espírito em nós e compartilhá-lo com os outros, sobretudo os que se encerram em desejos curtos, ou as circunstâncias atingem mais pesadamente, por doença, carência ou solidão, pode ser difícil e parecer impossível, dada a nossa falta de aptidão ou coragem. Recordemos porém, que o Advento é de Cristo e o poder é exclusivamente seu, mesmo quando atua em nós para chegar aos outros. 
É de novo São Paulo quem o experimenta e declara, em trechos como este: «É, pois, em Cristo Jesus que me posso gloriar de coisas que a Deus dizem respeito. Eu não me atreveria a falar de coisas que Cristo não tivesse realizado por meu intermédio, em palavras e ações» (Rm 15, 17-18).  Ou, como ouvimos há pouco, na segunda leitura desta Missa: «Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito, pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus. Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e em todo o conhecimento; e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo. De facto, já não vos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo».

 

Caríssimos ordinandos, caríssimos irmãos aqui presentes: Deixemos que esta certeza nos preencha, por nós e para todos. Saibamos entrever, “embora seja noite”, a alvorada de Cristo, plena manhã do mundo. Deste mundo, que hoje dói a tantos, de horizonte cerrado por pandemias várias, físicas, mentais, ou espirituais que sejam. Deste mundo que não deixa de esperar, como em dores de parto, a revelação dos filhos de Deus. Dos que o são em Cristo, que os une a si, pessoa e missão (cf. Rm 8, 19-22). 
Ajude-nos a Virgem Maria, cujo sim permitiu o primeiro Advento. Sejamos com Ela o raiar da aurora de Cristo que vem.

Sé de Lisboa, 29 de novembro de 2020
+ Manuel, Cardeal-Patriarca 

NOTA: Se está a utilizar o seu TELEMÓVEL, o acesso ao VIDEO contido nesta página, apenas será possível se seguir as instruções indicadas AQUI

Patriarcado de Lisboa

TEMPO DE ADVENTO, TEMPO DE ESPERA

 

Começa o Tempo do Advento, o tempo da espera.

Esperar O que há-de vir, mas que já está entre nós.

Mas não é um uma espera passiva, “sentados num sofá”, à espera que Ele venha.

«Preparai os caminhos do Senhor», diz João Baptista.

Portanto este é um tempo de espera activa, de empenhamento total, de reflexão e ao mesmo tempo de acção.

Devemos “construir” a “manjedoura” que O vai receber, ou seja, sermos pedras vivas da Igreja na sua construção.

Devemos encontrar as “palhas” em que Ele se vai reclinar, ou seja, “fazer o bem sem olhar a quem”.

Devemos ser “pastores”, ou seja, estar sempre de partida à Sua procura, para nos extasiarmos com a Sua vinda e o louvarmos, bendizermos e adorarmos.

Devemos ser “magos”, ou seja, deixarmo-nos guiar pela Sua Luz, oferecendo-nos como presentes vivos a Ele e, depois do encontro, deixarmos que Ele nos faça “regressar” por diferente caminho.

Enquanto há tempos de espera em que não temos a certeza de que chega ou não o que esperamos, este é um tempo de espera seguro, pois sabemos, acreditamos, que Ele sempre chegará, que Ele já está no meio de nós.

Jesus,

aqui estou!

Quero despir-me de mim, de tudo aquilo que não me deixa esperar-Te de coração puro, simples e aberto ao Teu amor.

Já me encontraste, Senhor, e eu deixei-me encontrar, mas quero, melhor peço-Te, que esse encontro seja permanente e para sempre.

Que eu sempre Te espere, porque sempre me encontras.

Sou pobre, Jesus, de fé e de obras, mas ofereço-me a Ti como presente vivo para fazer a Tua vontade.

Obrigado, Jesus.

 

Marinha Grande, 29 de Novembro de 2020

Joaquim Mexia Alves

 

O Papa no Angelus: nas tempestades da vida Deus estende sempre a sua mão

 Papa - Angelus  (Vatican Media) 

Hoje tem início um novo ano litúrgico. O Advento – disse o Papa - é um apelo incessante à esperança: recorda-nos que Deus está presente na história para o conduzi-la ao seu último fim e à sua plenitude, que é o Senhor Jesus Cristo.

Silvonei José – Vatican News

No Angelus deste domingo, primeiro do tempo de Advento, o Papa Francisco recordou que "a liturgia de hoje convida-nos a viver o primeiro 'tempo forte' do ano litúrgico, o Advento, que nos prepara para o Natal, como um tempo de espera e de esperança:

"O nosso Deus é o Deus que vem: Ele não desilude a nossa espera! Ele veio num momento preciso da história e tornou-se homem para tomar sobre Si os nossos pecados; Ele virá no fim dos tempos como juiz universal; Ele vem todos os dias para visitar o Seu povo, para visitar todos os homens e mulheres que O acolhem na Palavra, nos Sacramentos, nos seus irmãos e irmãs".

Jesus, diz-mos a Bíblia, está à porta e bate. Todos os dias. Ele  - continuou o Papa - está à porta dos nossos corações. Ele bate. "Consegues ouvir o Senhor bater à porta? Quem veio hoje visitar-te, que bate no seu coração com uma inquietação, com uma ideia, com uma inspiração? Ele veio a Belém, virá no fim do mundo. Mas todos os dias ele vem até nós. Estejam atentos, vejam o que sentem no coração quando o Senhor bate à porta".

A coragem nasce da esperança

A vida", disse o Pontífice, "é feita de altos e baixos, de luzes e sombras".  Cada um de nós experimenta momentos de desilusão, de fracasso e desorientação:

“Além disto, a situação em que vivemos, marcada pela pandemia, gera em muitas pessoas preocupação, medo e desânimo; corremos o risco de cair no pessimismo, no fechamento e na apatia. Como devemos reagir a isto? O Salmista sugere-nos: "A nossa alma espera pelo Senhor, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. Nele se alegra o nosso coração” (Sl 32,20-21). A espera confiante do Senhor faz-nos encontrar conforto e coragem nos momentos sombrios da existência. E de onde nasce esta coragem e esta aposta confiante? Nasce da esperança”.

 Fiéis na Praça de S. Pedro 

  

Deus estende sempre a sua mão

A esperança, disse enfim o Papa, marca este período do ano litúrgico de preparação para o Natal:

"O Advento é um apelo incessante à esperança: recorda-nos que Deus está presente na história para a conduzi-la ao seu último fim e à sua plenitude, que é o Senhor Jesus Cristo. Deus está presente na história da humanidade, Ele é o "Deus connosco", Ele caminha ao nosso lado para nos apoiar. O Senhor nunca nos abandona; Ele acompanha-nos nos nossos acontecimentos existenciais para nos ajudar a descobrir o significado do caminho, o significado da vida quotidiana, para infundir coragem nas provações e na dor. No meio das tempestades da vida, Deus estende-nos sempre a sua mão e liberta-nos das ameaças".

Na conclusão o Papa invocou Maria Santíssima mulher da espera, para que “acompanhe os nossos passos neste novo ano litúrgico que estamos a iniciar, e nos ajude a cumprir a tarefa dos discípulos de Jesus, indicada pelo apóstolo Pedro: dar razão à esperança que há em nós”.

 Palácio Apostólico 

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Papa: despertar do sono da mediocridade e da indiferença com oração e amor

 
 Celebração Eucarística com os novos cardeais 
 
“Rezar e amar: aqui está a vigilância. Quando a Igreja adora a Deus e serve o próximo, não vive na noite. Ainda que esteja cansada e provada, caminha rumo ao Senhor.” O Papa Francisco presidiu à missa no I domingo do Advento na Basílica de São Pedro. Com o Pontífice, concelebram os novos cardeais.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

“Senhor, fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.” Com esta invocação, o Papa Francisco concluiu a sua homilia ao presidir à Santa Missa na Basílica de São Pedro neste I Domingo do Advento.

Concelebraram com o Pontífice os cardeais criados ontem no Consistório Ordinário Público. Ao comentar as leituras do dia, Francisco ressalta duas palavras: proximidade e vigilância.

 

Proximidade de Deus e vigilância nossa

O Advento, afirmou, é o tempo para nos lembrarmos da proximidade de Deus, que desceu até nós. O primeiro passo da fé, explicou, é dizer ao Senhor que precisamos Dele, da sua proximidade. E a primeira mensagem do Advento e do Ano Litúrgico é também reconhecer Deus próximo.

“Façamos nossa esta invocação característica do Advento: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). Podemos dizê-la no princípio de cada dia e repeti-la com frequência, antes das reuniões, do estudo, do trabalho e das decisões a tomar, nos momentos importantes e de provação: Vem, Senhor Jesus!”

Invocando assim a sua proximidade, treinaremos a nossa vigilância. Esta palavra, aliás, é repetida quatro vezes no Evangelho deste domingo. É importante permanecer vigilantes, porque na vida é um erro perder-mo-nos em mil coisas e não dar-mos conta de Deus. Arrastados pelos nossos interesses e distraídos por tantas vaidades, corremos o risco de perder o essencial. Vigiar é não nos deixarmos dominar pelo desânimo, é viver na esperança. 

A fé é o contrário da mediocridade 

Para o Pontífice, dois sonos nos ameaçam: o sono da mediocridade e o da indiferença. 

A mediocridade sobrevém quando esquecemos do primeiro amor e avançamos apenas por inércia, prestando atenção somente ao viver tranquilos. 

“E isto corrói a fé, porque a fé é o contrário da mediocridade: é desejo ardente de Deus, audácia contínua em converter-me, coragem de amar, é caminhar sempre para diante. A fé não é água que apaga, mas fogo que queima.”

A vigilância da oração é o que nos pode despertar do sono da mediocridade. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não se pode ser cristão sem rezar. 

Não se pode ser cristão sem caridade

Já quem dorme o sono da indiferença vê tudo igual, não se interessa por quem está perto de  si. “Quando orbitamos apenas em torno de nós mesmos e das nossas necessidades, indiferentes às dos outros, a noite desce sobre o coração”, disse o Papa.

Trata-se de um sono que atualmente acomete muitos e só poderemos despertar com a vigilância da caridade. 

“A caridade é o coração pulsante do cristão: tal como não se pode viver sem pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade.”

Ajudar os outros não é ser perdedor; pelo contrário, é ser vitorioso, pois é com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor. 

“Rezar e amar: aqui está a vigilância. Quando a Igreja adora a Deus e serve o próximo, não vive na noite. Ainda que esteja cansada e provada, caminha rumo ao Senhor.”

O convite final do Papa é para fazer a seguinte invocação: “Vinde, Senhor Jesus! Vós sois a luz: despertai-nos do sono da mediocridade; despertai-nos das trevas da indiferença. Vinde, Senhor Jesus! Tornai vigilantes os nossos corações distraídos: fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.”

VN

28 novembro 2020

Neste sábado o Consistório: números, recordes e curiosidades do "senado" da Igreja

Consistório para a criação de 13 novos cardeais: foto de 2019  (Vatican Media)

O Consistório deste 28 de novembro, o sétimo convocado pelo Papa Francisco, eleva o número de presenças no Colégio Cardinalício para 229 (101 não-eleitores). Notícias e dados de uma instituição que tem 900 anos de vida.

Alessandro De Carolis, Silvonei José – Vatican News

Por alguns séculos tinham sido 30. Depois Sisto V em 1586 elevou-os a 70, mas nada tem a ver com a amplitude que conhecemos hoje, um grupo de pessoas que representa também geograficamente os evangélicos "extremos confins da terra". O Colégio dos Cardeais na sua dimensão e composição atuais é uma escolha que amadurece gradualmente no século XX. Foi João XXIII quem primeiro "violou" o limite histórico de Sisto V, tanto que as púrpuras que no final dos últimos Pontificados entre os séculos XIX e XX tinham oscilado numa média de 60 membros, na morte do Papa Roncalli eram 82 e entre eles há traços somáticos inéditos, com os primeiros cardeais filipino, japonês, africano.

Colégio "global”

Passaram-se poucos anos e Paulo VI completou o trabalho. Ele criou 143 cardeais, ampliando ainda mais a "latitude" das suas proveniências (o primeiro neozelandês, o primeiro malgaxe, o primeiro cingalês, etc.), determinou o lugar dos Patriarcas Orientais no Colégio e, sobretudo, estabeleceu o limiar ainda hoje válido de 80 anos para ter direito a voto num eventual Conclave. Na morte do Papa Montini havia 129 cardeais, um número que é um prelúdio de uma nova mudança realizada por João Paulo II. Com o Papa Wojtyla, o Colégio Cardinalício tornou-se uma expressão completa da mundialidade e dos 231 cardeais de cerca de setenta países por ele criados em nove Consistórios (até mesmo 42 no Consistório de 2001, um recorde para a Igreja), existem ainda 16 cardeais eleitores dos 65 presentes no grupo, o mais velho dos quais é Jozef Tomko, de 96 anos, criado em 1985.

Mais idoso, mais jovem

O Pontificado de Bento XVI viu também a entrada no Colégio de 90 cardeais em cinco Consistórios. Entre aqueles que obtiveram o barrete do Papa emérito há atualmente 39 eleitores e 30 não-eleitores, incluindo o mais idoso de todo o grupo, o francês de 96 anos Albert Vanhoye, que foi criado cardeal em 2006. Ao Papa Francisco pertence à criação dos mais jovens cardeais vivos, Dieudonné Nzapalainga - com apenas 49 anos de idade em 2016 no momento da publicação - que, nas vestes de Metropolita de Bangui, é também o primeiro cardeal nascido na República Centro-Africana.

Francisco, cardeais e periferias

Com o deste de 28 de novembro, Francisco terá presidido ao seu sétimo Consistório e criado um total de 101 cardeais, 73 dos quais encontram-se atualmente entre os que têm direito de voto num eventual Conclave. Para o Papa das "periferias" a convocação deste sábado também mostra o início e o retorno. Ao primeiro caso pertence Brunei e Ruanda - países que fazem a sua entrada histórica no Colégio - ao segundo caso pertence Malta, que por um pouco tempo não estava representada, ou seja, desde a morte do cardeal Prosper Grech ocorrida em dezembro de 2019. Ao Pontificado de Francisco também pertencem outros recordes.

Entre outros, o das sedes cardinalícias em países que nunca a tiveram (além da já citada República Centro-Africana, Brunei e Ruanda, também Haiti, Dominica, Birmânia, Panamá, Cabo Verde, Tonga, Bangladesh, Papua Nova Guiné, Malásia, Lesoto, Mali, Suécia, Laos, El Salvador, Luxemburgo), o primeiro cardeal afro-americano (o metropolita  de Washington Wilton Gregory), o primeiro nascido após o Concílio (Nzapalainga), o primeiro convertido ao catolicismo desde os tempos de Jean-Marie Lustiger (Bispo de Estocolmo Anders Arborelius, luterano de nascimento).

Curiosidade

Alguns nomes estão ligados a algumas curiosidades estatísticas. Por exemplo, o tailandês Michael Michai Kitbunchu, de 91 anos, emérito de Bangcoc, é o que faz parte do Colégio dos Cardeais há mais tempo (37 anos). Um recorde de duração partilhado com o neozelandês Thomas Stafford Williams, 90 anos de idade, ordinário militar emérito do seu país. Ambos receberam o barrete do Papa Wojtyla em 1983.

Outro dado diz respeito à presença de famílias religiosas no atual Colégio: são 26, para um total de 51 cardeais (29 eleitores) que vestem o hábito do seu Instituto sob a púrpura. Os mais representados são os Salesianos (9), seguidos pelos Jesuítas (7). Note-se que com o Padre Mauro Gambetti, guardião do Sacro Convento de Assis, a Ordem dos Franciscanos Conventuais também se torna parte do grupo dos cardeais.

Também a geografia, como foi dito, especialmente pela vontade do Papa Francisco, continua a redesenhar-se, expandindo o mapa do Colégio, que atinge agora 90 países representados, da Albânia ao Vietnam, com o grupo dos cardeais italianos (47) o mais numeroso, seguido pelos Estados Unidos (15) e Espanha (14). Do ponto de vista dos continentes, a Europa conta, entre eleitores e não-eleitores, 106 cardeais, África 30, Ásia 27. A América do Norte conta 26, América do Sul 25, América Central 9 e finalmente Oceânia 6. O Brasil tem 9 cardeais, 4 eleitores e 5 não eleitores: AGNELO Geraldo Majella; ASSIS Raymundo DAMASCENO; AVIZ João BRAZ de; da ROCHA Sérgio; FALCÃO FREIRE José; HUMMES Cláudio; SCHEID Eusébio Oscar; SCHERER Odilo Pedro; TEMPESTA Orani João.

Portugal tem 5, três dos quais eleitores.

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27 novembro 2020

“Novo ritmo” no caminho de preparação da JMJ Lisboa 2023


Daniela Calças e Guilhermino Sarmento foram os jovens representantes do Patriarcado de Lisboa que receberam os símbolos da JMJ, no Vaticano.


Daniela Calças, da paróquia do Parque das Nações, já tinha como “adquirido” que, devido à pandemia, não seria possível viajar até Roma, juntamente com centenas de jovens portugueses, para a entrega dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude. No entanto, tudo se proporcionou para ser uma de dez jovens portugueses que, no Domingo passado, 22 de novembro, na Basílica de São Pedro, receberam a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’. “Quando soube que, afinal, ia estar presente, acabei por viver tudo muito intensamente”, afirma, ao Jornal VOZ DA VERDADE, esta jovem que completou 26 anos no dia em que segurou, juntamente com outra jovem portuguesa, o ícone mariano. “Foi um bombardear de emoções e ainda estou a tentar gerir o que vivi”, revela.
Para já, a surpresa da viagem a Roma e o facto de ter sido escolhida para custodiar o Ícone de Nossa Senhora, desafiou Daniela a refletir na presença de Maria na sua vida. Apesar de não se considerar “muito mariana”, reconhece que “Ela” sempre esteve presente nas coisas que “quis muito”. “A primeira vez, foi na Missão País, na Faculdade Belas Artes, em 2017, em que o tema também era sobre Maria. A seguir, enquanto chefe geral da missão, o tema foi sobre Maria. Depois, como já participei em três JMJ’s, sempre tive o sonho de poder ter, um dia, uma Jornada Mundial da Juventude no meu país. Esse senho realizou-se e o tema é também relacionado com Maria!”, conta. Perante todos estes “sinais concretos”, Daniela Calças reconhece que Maria se faz presente. “Ela está mesmo aqui ao meu lado e eu parece que não dou o valor que devia”, reconhece.
Para esta jovem do Parque das Nações e que faz parte do COV (Comité Organizador Vicarial) e do COP (Comité Organizador Paroquial), a entrega dos símbolos da JMJ é o impulso para poder começar o trabalho de preparação junto da sua realidade eclesial. “Há muita vontade de começar a trabalhar e de podermos contribuir para a JMJ. Pode ser bom para os jovens da comunidade, até para os que não estão inseridos em nenhum grupo. Estamos com esta vontade de começar a trabalhar”, revela. 


“Momento de viragem”
A missão de Guilhermino Sarmento, da paróquia de Massamá, foi a de receber a Cruz da JMJ, juntamente com mais dois jovens portugueses de outras dioceses. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, este jovem de 27 anos destaca a emoção vivida junto do Papa Francisco e garante que este acontecimento sublinha a “dimensão universal da Igreja”. “Esta experiência mostra que esta Jornada, este receber os símbolos, não acontece só para nós, portugueses, mas para todos aqueles que irão participar na JMJ, em 2023”, realça. “Receber a Cruz significa que há vida para além da Cruz, que Deus está vivo, que a Igreja está viva e que nós precisamos de anunciar o próprio Cristo”, referiu. 
Guilhermino faz parte da equipa do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa e foi nessa missão que viajou até Roma – uma cidade onde, tal como Daniela, nunca tinha estado. De tudo o que viu e viveu nesta peregrinação, este jovem destaca o “ambiente familiar” que sentiu na comitiva de 35 portugueses que esteve em Roma para assinalar a passagem dos símbolos do Panamá – local onde decorreu a JMJ 2019 – para a diocese que vai acolher a próxima JMJ, em 2023, Lisboa. “Senti-me especialmente confirmado nesta nova missão que é recebermos a Jornada. O receber os símbolos foi também o tomar consciência da proximidade do acontecimento. Vamos ao trabalho!”, desafiou.
Agora, com os símbolos recebidos, Guilhermino acredita que este pode ser um “momento de viragem” no caminho de preparação da JMJ Lisboa 2023, “não só enquanto Diocese de Lisboa, mas enquanto país organizador”. “Uma das coisas que gostei de ver foi a comunhão que se viveu. A experiência de Igreja prende-se também com isto, é um trabalho conjunto e tem de ser feito em Igreja”, afirma.


Leia a reportagem completa na edição do dia 29 de novembro do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.

Patriarcado de Lisboa

O Papa acompanha a situação na Etiópia e convida a rezar pelo país

Milhares de etíopes fugiram para o Sudão por causa do conflito   (AFP or licensors)

"Os confrontos, que se intensificaram a cada dia, estão a causar uma grave situação humanitária. O Santo Padre convida à oração por este país e faz um apelo às partes em conflito para que cessem a violência", ressalta a nota da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Vatican News

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, divulgou um comunicado, em nome do Papa Francisco, na tarde desta sexta-feira (27/11), sobre a situação na Etiópia.

Eis o que diz o texto:

“O Santo Padre acompanha as notícias que chegam da Etiópia, onde há algumas semanas está em andamento um conflito militar que afeta a Região de Tigré e as áreas vizinhas. Devido à violência, centenas de civis morreram e milhares de pessoas são obrigadas a fugir das suas casas para o Sudão.

Durante o Angelus de 8 de novembro, o Papa Francisco, referindo-se ao conflito na Etiópia, disse: “Exorto a rejeitar a tentação do conflito armado e convido todos à oração e ao respeito fraterno, ao diálogo e à solução pacífica das discórdias.”

Os confrontos, que se intensificam a cada dia, estão a causar uma grave situação humanitária.

O Santo Padre convida à oração por este país e faz um apelo às partes em conflito para que cessem a violência, salvaguardem a vida, especialmente dos civis, e que as populações possam reencontrar a paz.”

VN

26 novembro 2020

Papa Francisco: para nós, cristãos, o futuro é a esperança

 


O Papa Francisco assim inaugura o Festival italiano da Doutrina Social: “A esperança é a virtude de um coração que não se fecha na escuridão, não pára no passado, não sobrevive o presente, mas sabe ver o amanhã. Para nós, cristãos, o que significa o amanhã? É a vida redimida, a alegria do dom do encontro com o amor trinitário”.

Vatican News 

Teve início esta quinta-feira, 26 de novembro, a X Edição italiana da Doutrina Social, sobre o tema “Memória do futuro”. Até ao dia 29, participam no evento empresários e profissionais do âmbito da cooperação, da economia e da cultura. A abertura foi feita pelo Papa Francisco, através de uma videomensagem em que exorta a “frequentar o futuro”, a ter o olhar e o coração “orientados escatologicamente”.

“Para nós, cristãos, o futuro tem um nome e este nome é "esperança". A esperança é a virtude de um coração que não se fecha na escuridão, não para no passado, não sobrevive o presente, mas sabe ver o amanhã. Para nós, cristãos, o que significa o amanhã? É a vida redimida, a alegria do dom do encontro com o amor trinitário. Neste sentido, ser Igreja significa ter o olhar e o coração criativos e orientados escatologicamente, sem ceder à tentação da nostalgia, que é, para todos os efeitos, uma verdadeira “patologia espiritual”.”

Viver a memória do futuro

O Papa convida a colher a mais autêntica “dinâmica dos cristãos”, que “não é reter nostalgicamente o passado, mas ter acesso à memória eterna do Pai, e isto é possível vivendo uma vida de caridade”. Portanto, “não à nostalgia que bloqueia a criatividade e nos torna pessoas rígidas e ideológicas também no âmbito social, político e eclesial”. Mas a memória “intrinsecamente relacionada com o amor e à experiência, que se torna uma das dimensões mais profundas da pessoa humana”. O Papa Francisco evoca então o sentido do Festival deste ano:

"Viver a memória do futuro significa empenhar-mo-os a fazer do modo que a Igreja, o grande povo de Deus (LG, 6), possa constituir na terra o início e o broto do reino de Deus. Viver como fiéis imersos na sociedade, manifestando a vida de Deus que recebemos como dom no Batismo, para que se possa fazer memória agora daquela vida futura na qual estaremos juntos diante do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esta atitude ajuda-nos a superar a tentação da utopia, de reduzir o anúncio do Evangelho no simples horizonte sociológico ou de nos comprometer no marketing das várias teorias económicas ou fações políticas. No mundo, é preciso estar com a força e a criatividade da vida de Deus em nós: assim, saberemos fascinar o coração e o olhar das pessoas ao Evangelho de Jesus, ajudaremos a fazer fecundar projetos de nova economia inclusiva e de política capaz do amor."

O programa do Festival prevê inúmeros eventos, entre os quais seminários e conferências, que poderão ser seguidos no site www.dottrinasociale.it ao vivo.

VN