Quando, nestes nossos tempos, lemos as notícias diariamente, não há um só dia em que alguém não tenha matado alguém, a maior parte das vezes por motivos insignificantes, por violência gratuita, por puro ódio.
E não me refiro aos que morrem nas guerras e atentados por este mundo fora, mas sim àqueles que morrem nesta sociedade do dia a dia, que cada vez mais vai perdendo valores, sobretudo o valor da vida.
E também já nem sequer me refiro à incrível “matança” de bebés não nascidos e àqueles que vão sendo mortos a coberto de leis iniquas que pretendem determinar quando uma pessoa deve viver ou morrer, mesmo que a decisão seja da própria pessoa, o que nem sempre acontece como muito bem sabemos.
Numa sociedade que enche a boca com a liberdade, nunca se foi tão vigiado como hoje em dia, com todos os meios tecnológicos que deviam estar ao serviço do homem, e parecem estar antes ao serviço do controle do homem.
Num mundo que se diz plural, onde se combate, e muito bem, o racismo, continua a haver, ou verdadeiramente até há uma maior clivagem entre ricos e pobres, quer no acesso aos bens de primeira necessidade, quer nas condições minimamente dignas de habitação, quer na proteção da vida de cada um.
O acesso à justiça está cada vez mais determinado pelas condições financeiras de cada um.
Os que têm posses e por isso podem pagar a advogados em permanência, inundam os tribunais de recursos sobre recursos, impedindo que as decisões que cheguem a ser tomadas num qualquer julgamento, “entrem em vigor”, acabando por chegar muitas vezes à prescrição.
O comum cidadão é julgado e condenado, (por vezes erradamente), mas como não tem posses para pagar a advogados permanentes, por ali fica, vítima da sua condição.
E afinal tudo isto acontece porque o homem se afasta de Deus.
Não, não é castigo de Deus, é a ausência de Deus na vida de cada um, na vida da sociedade.
Deus não castiga.
Deus ama e acolhe, e ensina que todos somos iguais, e por isso nos devemos amar uns aos outros como Ele nos ama.
É a enorme diferença que o ensinamento de Jesus Cristo nos traz.
Ele não nos diz: “não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti”.
Ele diz-nos antes: “Faz aos outros aquilo que queres que te façam a ti”.
Ah, se assim acontecesse, a começar por mim, como seria diferente este mundo e esta sociedade em que vivemos!
Por todas as razões fáceis de perceber e até pela liberdade, que então sim viveríamos, porque viveríamos do amor de Deus, («Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro.» 1 Jo 4, 19), para Deus e para os outros, e o verdadeiro amor é inteiramente livre, por isso mesmo Deus nos criou livres, até de O aceitarmos ou não nas nossas vidas.
Se assim fosse, viveríamos então num tempo em que: «Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um.» Act 2, 44-45
Permitamo-nos sonhar, porque a Deus nada é impossível, assim o homem queira!
Marinha Grande, 23 de Julho de 2024
Joaquim Mexia Alves
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