De que temos medo?
De que tenho eu medo, Senhor?
Olho-Te no Sacramento da Eucaristia e deixo-me tocar pelo Teu olhar.
Há uma paz, uma serenidade, uma bonança, que sinto vir de Ti e cada vez mais me deixo envolver no Teu amor.
Mas ainda tenho medo, Senhor!
Medo de quê?
Só Tu és o amor, a paz, a alegria, de que hei-de então ter medo, Senhor?
Não é um medo físico, mas qualquer coisa inexplicável que não me deixa abandonar-me inteiramente a Ti.
Mas o Teu amor, Senhor, reconheço que é o amor perfeito, o amor que tudo vence, o amor que se deu por mim, que se deu por todos nós.
Então porque tenho medo, Senhor?
Porque tenho ainda esta reserva dentro de mim, como seu fosse eu que soubesse o caminho, ou se como soubesse como caminhar, como encontrar o amor, a liberdade, o tudo que, afinal, só Tu podes dar.
Abate, Senhor, as minhas muralhas, as muralhas que construí com o meu medo, com a minha fraca vontade, com as minhas dúvidas ou certeza erradas.
Deita abaixo, Senhor, todos esses muros, tudo aquilo em que sou apenas eu, um eu que não se deixa tomar inteiramente por Ti.
Quero ser Teu, Senhor, inteira e totalmente Teu, e por isso Te lanço este grito de alma!
Vence-me, Senhor, derrota-me, Senhor, quero ser vencido pelo Teu amor, faz com que eu Te pertença por inteiro, porque essa é a minha vontade, assumida na liberdade que Tu me dás, porque eu sozinho não sou capaz de me vencer.
Recebe, Senhor, este meu pobre amor, nele vai a minha vontade de Te amar cada vez mais, por toda a vida que me quiseres ainda dar.
Marinha Grande, 18 de Março de 2024
Joaquim Mexia Alves
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