Se quiser ser verdadeiramente honesto comigo próprio, preciso de perceber que nesta entrega que Te faço de mim deixo muitas coisas fora, como se as guardasse para me servir da minha própria vontade, consoante o que eu penso ser melhor para mim.
Mas então isso significa que a minha confiança em Ti, ou seja, a minha confiança de que Tu só queres o meu bem e o meu melhor, é uma confiança fraca, cheia de “buracos”, porque me guardo afinal de me entregar por completo.
Pobre de mim quando constato isto mesmo.
Saberei eu por acaso o que é melhor para mim?
Saberei eu por mim mesmo, que caminho devo seguir?
Poderei eu salvar-me a mim próprio?
E, no entanto, guardo-me, escondo-me, (como se me pudesse esconder de Ti), e dou-Te aquilo que eu penso que queres, mas não me dou por inteiro, não me entrego cheio de confiança nas Tuas mãos, não me entrego decididamente ao Teu amor.
Sim, eu sei, Senhor, que este entregar por inteiro a Ti, não significa ficar quieto à espera de qualquer coisa que me queiras dar, que queiras fazer em mim.
Tu não me queres passivo, mas activo.
Sim queres que eu não faça o mal, mas queres, sobretudo, que eu faça o bem.
E o que guardo eu para mim, que não Te entrego confiadamente?
Tantas coisas, Senhor!
Muitas delas coisas materiais, a segurança do dinheiro, por exemplo, sabendo eu, tendo eu consciência perfeita de que Tu nunca me faltaste, mesmo em momentos terríveis que passei quase sem esperança de encontrar sustento para viver.
Acredito, Senhor, que Tu não queres que me despoje de tudo, mas apenas que não me apoquente tanto com o futuro, porque se viver entregue a Ti, com certeza me guiarás em tudo o que devo fazer e nunca me faltarás.
Senhor
que nesta Quaresma eu me entregue um pouco mais a Ti.
Que deixe as minhas reservas mentais de lado e me abandone decididamente em Teus braços.
Eu confio, Senhor, mas aumenta a minha confiança.
Amen.
Marinha Grande, 1 de Março de 2024
Joaquim Mexia Alves
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